Numa noite fria e chuvosa, em 1979, eu não conseguia dormir, pensamentos me atormentavam. De repente eu me encontrei ao volante, dirigindo sem direção. Uma grande placa interrompeu meus pensamentos: “Bnei Brak”. Entrei. As ruas estavam desertas. Na esquina da rua Chazon Ish eu encontrei um transeunte. “Onde é que eles estudam aqui?”, perguntei. Ele olhou para mim e respondeu: “Vá ao final da rua, lá você vai ver um pomar, do outro lado da rua”.
Assim, pela primeira vez encontrei meu mestre, Rav Baruch Shalom Ashlag, o filho mais velho e herdeiro de Baal HaSulam (o maior Cabalista do século XX). A partir deste momento minha vida mudou consideravelmente.
Durante doze anos, eu servi como seu assistente pessoal e aluno, e absorvi dele tudo o que sei sobre a sabedoria da Cabalá. Todo dia ele se retirava para o segundo andar e escrevia. É assim que nasceram seus artigos profundos que pavimentaram o caminho espiritual mais adequado para cada pessoa hoje. Ninguém antes dele escreveu numa linguagem tão simples e prática. Como um pai que orienta seus filhos para o caminho, ele pega os leitores pela mão e leva-os até que eles descubram o verdadeiro significado da vida.
Rabash seguiu os passos de seu pai, Baal HaSulam, o Cabalista famoso por ter escrito o “Comentário Sulam do Livro do Zohar“. Ambos absorveram a antiga sabedoria da cadeia de Cabalistas que os precedeu, e foram o elo que a adequou a nossa geração. “Eu estou contente de ter nascido em tal geração em que é permitido revelar a sabedoria da verdade”, escreve Baal HaSulam (“O Ensino da Cabala e sua Essência”).
Tempo de Agir
No ano de 1922, onze anos antes de Hitler subir ao poder, Baal HaSulam previa a ameaça de aniquilação diante do povo Judeu na Europa.
Ele teve o cuidado de avisar os chefes da comunidade Judaica em Varsóvia que a afiada espada nazista já havia sido colocada em cima de seus pescoços. Ele exortou-os a unir-se e voltar à terra de Israel, mas eles se recusaram a dar atenção às suas chamadas e o condenaram ao ostracismo, e ele emigrou para Israel sozinho. A Segunda Guerra Mundial veio e não ignorou os membros dessa comunidade Judaica, que pereceram nos campos de extermínio.
Nos anos trinta, Baal HaSulam fez enormes esforços para se reunir com os chefes do Yishuv (assentamento): David Ben-Gurion, Zalman Shazar, Moshe Sharett, Chaim Nachman Bialik, Chaim Arlozorov e outras figuras públicas. Ele tentou falar com eles sobre a importância da unidade e a necessidade de conectar as partes dos Yishuv Judaicos que estava emergindo na terra de Israel.
Em 1940, apesar das objeções dos círculos ultraortodoxos de se engajarem na sabedoria da Cabalá, Baal HaSulam publicou um jornal chamado, A Nação, o primeiro jornal de seu tipo dedicado à unidade sócio espiritual do povo Judeu. Seus adversários voltaram-se para o governo Britânico e cuidaram do fechamento do jornal.
Baal HaSulam esperava que, precisamente em nossos dias, a religião perderia a sua influência sobre as pessoas, a base política desmoronaria, e o facciosismo social destruiria todas as suas partes boas – até que a humanidade permanecesse sem uma resposta. Ele tentou falar sobre isso com todos os que concordam em se encontrar com ele. O assunto ardia nele, e ele sentiu a necessidade da hora. Ele sabia que o único remédio para o sofrimento esperado para Israel e o mundo era restaurar a unidade que sempre foi a fundação da nação, caso contrário eles se levantariam contra nós para nos aniquilar.
A Última Geração
A mensagem de unidade que Baal HaSulam gerou, é mais relevante do que nunca. Ondas de ódio emergente e antissemitismo estão ameaçando nossa existência continuada. “Nós nos reunimos aqui para estabelecer uma sociedade para todos que desejam seguir o caminho e método de Baal HaSulam” começou meu professor Rabash em seu primeiro artigo (“Dargot HaSulam,”Propósito da Sociedade 1″).
Depois de sua partida, em 1991, pessoas começaram a se reunir em torno de mim cujos corações estavam ardendo com o desejo de descobrir o propósito de sua existência. Aos poucos, o grupo Bnei Baruch foi fundado, em homenagem ao Rav Baruch Ashlag, que se tornou a organização “Cabalá para o Povo”.
Todas as manhãs nós estudamos dos livros dos Cabalistas: O Estudo das Dez Sefirot, O Livro do Zohar com o comentário Sulam e outros escritos do Baal HaSulam e Rabash. Nós tentamos continuar e disseminar o método para todos os que querem isso, exatamente de acordo como meu professor transmitiu a sabedoria de seu pai para mim.
Até o dia de hoje somos cerca de dois milhões de estudantes em Israel e no mundo, e vemos o nosso papel como a realização no caminho dos dois grandes luminares, e assim como Baal HaSulam enfatizou, “… só através da expansão da sabedoria da Cabalá nas massas é que vamos obter redenção completa “(Introdução ao Livro, Panim Meirot uMasbirot).
Nestes dias nós comemoramos a partida dos dois maiores da geração. Eu espero que tenhamos a sensação de caminhar fielmente em seu caminho.
Publicado originalmente no YNet