Até se Israel censurar com razão a resolução da ONU, ela também deve ver que esta votação unânime de ódio e raiva contra ela transporta uma forte mensagem. O mundo espera que Israel conduza o caminho para uma solução e rápido. Mas cabe a Israel perceber qual será a solução.
No final deste ano de terrorismo, que os líderes mundiais não souberam como prevenir e enquanto o mundo testemunha a Europa a sofrer os resultados mortais da sua abordagem de fronteiras abertas para os imigrantes Muçulmanos, estes líderes tiveram a audácia de tentar forçar os mesmos erros liberais sobre Israel sem a mais menor preocupação das implicações de segurança que se deveria ter com tão minúsculo estado. Pois que solução concreta para o conflito está a ONU a oferecer? Como pode Obama, os líderes Europeus e os líderes dos países tais como a dilacerada pela criminalidade Venezuela, ensinar a Israel coisa alguma sobre resolver os problemas basilares que dividem os Israelitas e Palestinianos?
Tal como os líderes mundiais pensaram irresponsavelmente que ao deixarem simplesmente entrar milhões de pessoas de culturas completamente diferentes na sua terra, sem prévia preparação para esta assimilação no nível humano e psicológico, magicamente resultaria num paraíso pacifico, eles agora forçam uma solução artificial de dois-estados que pode transportar o título de “independência” mútua e acalmar a consciência liberal, mas nada fará para alcançar a coexistência pacífica entre as duas nações.
Israel aprendeu dos seus erros. A retirada da Faixa de Gaza terminou com o agravamento da violência para Israel. As terras agrícolas dos colonos judeus foram transformadas em plataformas de lançamento de mísseis com túneis terroristas subterrâneos por baixo delas, incitando a uma guerra inevitável que trouxe com ela tantas baixas, especialmente do lado Palestiniano. Nada nos pode garantir que o mesmo não venha a acontecer com uma retirada para todas as outras fronteiras anteriores a 1967.
Aquilo que o Mundo Não Sabe
Por muito ineficazes que sejam os esforços, há uma boa razão para os líderes mundiais tentarem fazer com que este conflito seja resolvido. A quantidade de pressão e atenção que este conflito recebeu durante todo o percurso não só é indicativo do tremendo tendencialismo contra Israel. O próprio ex-secretário geral da ONU Ban Ki Moon admitiu o viés, com 233 resoluções da ONU passadas na última década a condenar Israel, mas somente 6 a condenar a Síria, a localização da crise humanitária mais horrível desde a Segunda Guerra Mundial. É também indicador de como o mundo sente de algum modo que ESTA crise é a fonte de todas as outras, que solucionar este conflito vai ser o modelo para o mundo remediar todos os seus outros males.
O enigma desta atitude para Israel está profundamente enraizado no passado de Israel e seu futuro. No presente é claro vermos que subconscientemente, o mundo espera que Israel solucione seus problemas, ele só não entende como.
Acima da Direita e da Esquerda
Cabe a Israel achar as respostas. Porém, embora Israel esteja certa em recusar repetir os erros do passado, que vai colocar em perigo sua segurança, isso não significa que ela vá na direcção certa. Enquanto Israel aperta suas medidas de segurança e evita o contacto com o outro lado, o problema não é na realidade tratado, assegurando que a guerra e conflito continuem.
Novas soluções são necessárias que vão além do que já foi tentado até agora. A típica abordagem esquerdista evoca conciliações que irresponsavelmente negligenciam as diferenças culturais, o ódio, as ideologias religiosas, enquanto a típica abordagem da Direita política é a manutenção da segurança e avançar as metas de Israel, viver para sempre segundo a espada, sem tomar verdadeiros passos para alcançar a coexistência que venha a trazer o conflito à sua solução. O que eu acredito que PODE resultar é algo completamente diferente.
Israel Tem a Chave
O que primeiro deve ser reconhecido é que a coexistência quando ódio tão profundamente enraizado está presente não nasce de decisões tomadas no papel ou ao trocar as terras, mas da verdadeira mudança de relações e atitudes entre os dois lados. Sem tal mudança na realidade da animosidade entre as duas nações, elas continuarão a lutar uma contra a outra numa guerra de soma zero até que um dos lados seja completamente exterminado.
Secundariamente, a separação completa não é possível. Evacuar os judeus de todas as colónias e criar uma “zona livre de judeus” não vai curar o ódio e o perigo para Israel, quando a carta régia do Hamas afirma suas intenções de a destruir e crianças são educadas para assassinar todos os judeus. Além do mais, Israel não é “livre de muçulmanos”, ela é uma sociedade incorporada de muitas religiões e culturas. Portanto, alcançar um melhoramento na qualidade dos relacionamentos entre os Israelitas e Palestinianos é crucial para todos.
Alguns podem dizer que é impossível alcançar tamanha união, mas devem saber que isso não é verdade. Durante milénios os Judeus desconhecedoramente transportaram dentro de si o único método que consegue conectar as pessoas acima de todas as diferenças.
A Descoberta de Abraão
Há milhares de anos atrás Abraão, o pai de todas as religiões Abraâmicas e o pai comum dos Judeus e Palestinianos, descobriu o segredo da unidade de toda a vida. Ele ensinou aos seus discípulos o método para alcançar a harmonia entre os seres humanos. Esta profunda sabedoria que o mundo veio a conhecer, sempre superficialmente, segundo os preceitos de “ama teu próximo como a ti mesmo” e “não faças aos outros aquilo que tu odeias,” foi esquecida pela maioria. Mas não se perdeu. Ela foi transportada durante gerações e elaborada pelos sábios judeus da Cabala em muitos textos tais como o Livro do Zohar e mais recentemente, os escritos de Baal Hasulam. Hoje, enquanto recebe suas formas práticas dos tempos modernos, ela tem sucesso em aproximar Judeus e Muçulmanos em todas as oportunidades que é aplicada a essa tarefa.
O método de Abraão vem da raiz de ambas as nações e então é o único modo de avançar para a cura deste antigo conflito de família. Escreveu o Rabi Kook sobre o futuro destas relações que “o amor fraterno de Esau e Jacob, de Isaac e Ismael, os levantarão acima da calamidade, causada pelo mal e os transformará em luz e misericórdia” (Igrot Haraia 1, 142).
Eu tive o privilégio e responsabilidade de transportar essa sabedoria e a transmiti-la a muitos dos meus estudantes, que já a implementaram em círculos de discussão por Israel.
Eles tiveram muito sucesso em aproximar os Judeus e Árabes como aqui e aqui podem ver, repetidas vezes. Este sucesso pode ser duplicado e deve ser a base para qualquer processo de paz, pois a paz começa com o povo, com a educação, com mudança de mentalidades e predisposições. Somente ao cuidadosamente construirmos tal paz nas nossas sociedades podemos esperar que as decisões que são tomadas pelos líderes sejam duradouras e tragam bons resultados para nossas vidas.
Não devemos abdicar da terra ou comprometer a segurança sem primeiro nos certificarmos que um processo de educação para a paz na realidade tenha alterado o panorama dos corações e mentes das pessoas. Essas devem ser as colónias pelas quais devemos lutar, as colónias do amor e amizade entre nós, a construção de pontes entre nossos corações. Somente então seremos capazes de viver nossas vidas em felicidade e segurança. Sim, Israel deve se defender a si mesma, mas também procurar que este tipo de mudança tome lugar.
Previsão Para 2017
Eu prevejo que o mundo vai continuar cegamente a pressionar Israel para tomar a iniciativa. Embora Trump possa facilitar as coisas para Israel, ela não deve pensar que pode repousar nos seus louros. Ela deve continuar a procurar criar a coexistência entre judeus e árabes que somente Israel consegue alcançar, isso dará o exemplo que o mundo desesperadamente necessita de como criar a paz em sociedades conflituosas.
Se Israel conseguir se pressionar a si mesma para achar esta solução raiz para o conflito, ela ganhará imensamente. Por fim, uma Israel unida trará o fim da guerra e do grande ódio que as nações compartilham para ela, quando finalmente assumir sua posição destinada enquanto líder espiritual do mundo, pavimentando o caminho para a paz. Para as nações eu digo, pressionem Israel para se unir, não para a retirada. Para os Judeus eu digo, não fiquem tentados a tomar posições, unam-se acima das vossas diferenças. Somente quando perceberem que seguram a chave e acharem um modo de criar a paz dentro de vocês, será este conflito e todos os outros curados.
Publicado originalmente no The Jerusalem Post