Do livro “Como Um Feixe de Juncos”
A humanidade merece estar unida em uma única família. Nessa altura todas as discussões e a má vontade que derivam de divisões de nações e suas fronteiras cessarão. Contudo, o mundo necessita de mitigação, através da qual a humanidade será aperfeiçoada através das características únicas de cada nação. Esta carência é o que a Assembleia de Israel complementará.
O Rav Kook, Orot HaRaiá [Luzes de Raiá], Shavuot, pg. 70
Não foi fácil escrever este livro. Escrevi dezenas de livros, mas nenhum foi tão emocionalmente exigente ou intelectualmente desafiante. Durante muitos anos até então, que conheço a tarefa que se encontra perante nós, mas sempre hesitei acerca de escrever diretamente aos meus irmãos Judeus. Não desejo ser percebido como condescendente ou arrogante, e ser tediosamente maçador ou repreensivo não está propriamente na minha lista de “coisas a fazer”.
E todavia, os meus estudos de Cabalá com o Rabash ensinaram-me que a direção na qual o mundo está se movendo está alinhada para acabar em mutilação. Foi por isso que o pai do Rabash, Baal HaSulam, bem como seu filho, estavam mais propensos a circular a sabedoria oculta como uma cura para o crescente egoísmo da humanidade que qualquer outro Cabalista anterior.
Baal HaSulam estava ansioso com a crescente interdependência global no princípio dos anos 30, quando poucas pessoas no mundo estavam sequer conscientes do processo. Ele sabia que isso conduziria a uma crise insolúvel se a humanidade não apoiasse essa dependência mútua com garantia mútua, que a natureza humana não seria capaz de tolerar o contraste entre interdependência e aversão mútua.
Ao mesmo tempo, até na fase inicial da nossa globalização, Baal HaSulam percebeu que o processo era irreversível, que porque somos partes de uma única alma, um único desejo, estamos naturalmente conectados. Ele também sabia, como todos os sábios citados neste livro, que a meta para a qual fomos criados não foi para que as pessoas fossem estranhas e odiosas, mas para se conectarem e se unirem através da qualidade de doação.
Hoje vemos quão certo ele estava. Estamos desesperadamente ligados de forma enferma, e veementemente rancorosos acerca disso. Nossos sistemas sociais, tais co mo a economia, saúde e educação, assumem que a má vontade é a base das relações humanas, e desta forma cada entidade cobre-se a si mesma através de regulamentações, legislações e solicitadores.
Mas este modus operandi é insustentável. Como as boas famílias assumem a boa vontade entre membros da família, todos os membros da humanidade têm de aprender a confiar uns nos outros.
Contudo, como demonstrado no decorrer do livro, porque nossos egos evoluem constantemente e enfatizam nossa singularidade em vez de no ssa união, precisamos de um método para nos ajudar a alcançar união acima de nossa disparidade, sem a suprimir ou anular. Esse método está enraizado no património espiritual de nosso povo, e ele é a dádiva dos Judeus à humanidade, a salvação que todas as nações esperam dos Judeus.
A dádiva que pode ser entregue através da sabedoria da Cabalá, através da Educação Integral, pelo meio que Baal HaSulam sugeriu em A Nação, ou por qualquer outro meio que renda uma mudança fundamental na natureza humana da divisão para a união, da animosidade para a empatia e preocupação. Se alcançarmos essa união, então quanto mais diferirmos na nossa personalidade, mais forte e quente será nosso laço. Como Rabi Nathan Sternhertz o descreveu, “Depende principalmente do homem, que é o coração da Criação, e sobre o qual tudo depende. É por isso que ‘Ama teu próximo como a ti mesmo’ é a grande klal [“regra”, mas também “coletivo”] da Torá, para incluir nela união e paz, que é o coração da vitalidade, persistência, e correção do todo da criação, pelas pessoas de visões diferentes sendo incluídas juntas em amor, união e paz”.271
Certamente, a beleza de nosso povo está na sua união, sua coesão. Nossa nação começou como um grupo de indivíduos que compartilharam um desejo comum: de descobrir a força essencial da vida. Nós descobrimos que ela era, numa palavra, “amor”, e nós a descobrimos porque desenvolvemos essa qualidade dentro de nós. Essa força de amor nos uniu, e no espírito do amor, procuramos compartilhar nossa descoberta com qualquer um que o quisesse.
Com o tempo, perdemos nossa conexão, primeiro uns com os outros, então com a força que havíamos descoberto através de nosso laço. Mas agora o mundo precisa que reacendamos esse laço, primeiro entre nós, e subsequentemente entre o todo da humanidade.
Somos uma nação abençoada, uma nação com a dádiva do amor, que é a qualidade do Criador. Receber esta dádiva é a meta para a qual a humanidade foi criada, e nós somos a única conduta pela qual este amor pode fluir para todas as na ções. Desde a aurora da humanidade, “nunca tão poucos deveram tanto a tantos, para parafrasear as palavras de Winston Churchill. E contudo, nunca tão poucos foram capazes de dar tanto a tantos.
Certamente, como Baal HaSulam diz, “Cabe à nação Israelita qualificar a si mesma e a todas as pessoas do mundo … a se desenvolverem até que tomem sobre si mesmas essa obra sublime do amor aos outros, que é a escada para o propósito da Criação, que é Dvekút [equivalência de forma] com Ele”.272