Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
Assim como muitas pessoas não corrigidas, ainda tenho muitas perguntas, preocupações e receios: o que acontecerá aos criminosos, ladrões e outras pessoas que poderiam usar essa realidade delicada, construída sobre um equilíbrio ultrassensível? E se elas chegam, roubam tudo e assumem todo o sistema?
− Você entende que metade da população da Terra estará envolvida nesse sistema? Quem pode ir contra isso? Onde estão os ladrões, os ativistas e os criminosos? Eles serão simplesmente esmagados pelas massas e não serão capazes de colocar o nariz para fora. Além disso, a eles também serão oferecidos uma vida decente, um salário igual ao de todos os demais. Não penso que essas dificuldades ocorrerão.
Haverá muitos problemas, mas todos solucionáveis, porque não há outro caminho para irmos. A Natureza está nos forçando a resolvê-los. Se não fizermos o que a Natureza dita e não nos equilibrarmos com ela, será o nosso fim. Você pode intelectualizar e filosofar tanto quanto quiser, mas existe uma lei da Natureza operando aqui.
Hoje, metade da humanidade passa fome e a outra metade não sabe o que fazer com todos os extras que possui. Corrigindo-se esse desequilíbrio, será estabelecida uma sociedade humana normal.
Mais importante, a sociedade humana deve ser semelhante à Natureza, internamente equilibrada, gentil e boa. Assim deixaremos de temer o aniquilamento.
− Eu entendo que você não gosta da palavra “punição”, mas não deve haver algum tipo de mão firme presente, como uma vara que, se poupada, estragará a criança? Pelo que você diz, parece que não há lugar para isso.
− Não, claro que há um lugar para isso.
− De que forma? Como?
− Sob a forma de uma muito poderosa reprovação social que, porém, deve ser dosada para não matar o “humano” na pessoa, de modo a não atropelar sua dignidade. A pessoa tem de ser influenciada pelo respeito, pela aprovação pública, ela não pode ser influenciada de qualquer outra maneira.
O último, mais notório criminoso também se orgulha: “Eu sou um ladrão no meu próprio direito. Olhe quem eu sou; olhe para a minha prisão! Respeite-me!”.
Não há meio mais poderosos sobre elementos negativos na sociedade do que lhes dar oportunidades de se elevar, ou vice-versa, colocá-los em um ambiente que os menospreze.
Eles têm uma atitude exagerada para com o seu próprio “eu”, que é fácil tratar. Eles são realmente pequenas crianças que podem ser manipuladas, dando-lhes a oportunidade de brilhar, ou, ao contrário, com uma ligeira reprovação, mostrando-lhes que determinadas ações os diminuirá aos olhos dos outros.
− Sou um adulto que está cercado por crianças. De repente, uma das crianças faz algo que me aborrece. Posso mostrar à criança que isso me irrita?
− Isso não será educação. Uma criança é educada por um meio ambiente que é igual a ela. A sua insatisfação, portanto, deve ser expressa por meio de seus parceiros. Para ela, eles são um meio ambiente respeitado e a opinião deles é importante, enquanto um adulto está em algum lugar acima. Suas emoções são percebidas por uma criança como um trovão do céu. Você “troveja” no mundo inteiro, mas você não está próximo de mim, você não é meu. Não dê, portanto, um passo à frente contra a criança, nem a transforme em um oponente. Isso só vai aumentar o egoísmo dela. Em vez disso, apenas a coloque em uma posição neutra e lhe mostre o caminho certo para agir, usando o exemplo de alguém.
A maneira de influenciar as crianças é fazê-las discutir, avaliar, defender e se analisar enquanto assistem a vídeos de seus comportamentos. Devem-se mostrar às crianças fragmentos de seu comportamento e deixá-las discutir suas ações. Assim é como uma criança começa a entender que, se ela se encontrar naquela situação novamente, não agirá da mesma forma.
A coisa mais importante na nossa educação é ensinar às crianças por meio de exemplos. Isso lhes permite realizar debates e analisar o comportamento dos outros e, em seguida, relacionar essa experiência para si mesmas.