Do livro “Conectados Pela Lei da Natureza”
Escravos do Mundo Moderno
Para uma pessoa na sociedade do século 21, o trabalho é centro da vida. A própria sociedade criou essa situação, tanto que até nosso tempo livre, no que concerne atividades sociais e férias, são algumas vezes gerenciados e iniciados pelos nossos lugares de trabalho. Algumas dessas atividades são organizadas pelos nossos lugares de trabalho afim de fortalecer a conexão entre trabalhadores. Atividades como treinamentos, dias de diversão, viagens, eventos culturais e até iniciativas de suporte familiar como creches e acampamentos. É inclusive uma das razões pelo qual o vício em trabalhar tem se tornado um dos maiores vícios, especialmente na classe média.
No passado, as pessoas não se sentiam escravizadas pelos seus trabalhos. Elas se sentiam bem mais livres, se comparadas “à escravidão nos dias modernos”. Hoje, a maior parte do nosso tempo é gasto no trabalho, indo para ele e dele retornando. O trabalho se tornou nossa atividade primária e que domina nossas vidas.
Quando conhecemos alguém, nós imediatamente queremos saber sua ocupação e à avaliamos em concordância. Nós não perguntamos “O que você gosta de fazer?” “Do que você gosta?”. Ao invés, perguntamos “O que você faz para viver?” Uma vez que o trabalho ocupa papel muito significante em nossas vidas. Por essa razão, uma grande preocupação para muitos de nós, é se seremos despedidos, e se formos, se vamos ser capazes de encontrar outro trabalho.
Hoje, nosso foco é quase completamente em nossos trabalhos. Nós temos medo de aposentar, medo de não sabermos lidar com todo o tempo livre. Não temos ideia do que significa ser livre, e nem o desejo de nos tornar.
Mesmo às vezes, quando estamos em casa após o trabalho ou durante às férias, continuamos trabalhando, checando nossos e-mails e fazendo chamadas telefônicas para nossos lugares de trabalho. A comunicação moderna nos ajuda a estar em contato com o sistema, nos tornando reféns de nossas vidas de trabalho.
Nas últimas várias décadas, nossa abordagem com nossas vidas tem se tornado tais que não nos enxergamos como livres. “Livre” deveria significar que limitamos o tempo dedicado ao trabalho para três horas por dia, nas quais nos dedicamos no necessário para manter nossa sociedade. Desta maneira, podemos fornecer bens à nossa sociedade após fornecer a nós mesmos. O resto do tempo deve ser usado para desfrutar de outras coisas.
Ainda sim, nós não percebemos isso como possível. Pensamos que se não trabalharmos, nós não temos mais o que fazer, ainda que isso seja longe da verdade.
Esta mentalidade de trabalho, trabalho e trabalho, não nos favorece como seres humanos. Estamos arruinando e esgotando os recursos da Terra, e estamos imersos nesse padrão como crianças imersas em jogos até que seus pais às retirem dos mesmos, dizendo “Basta, você precisa mudar de atividade”.
No entanto, não conseguimos parar de jogar; estamos viciados. O mundo e a opinião pública nos mantém nesse jogo. A sociedade moderna criou uma realidade baseada em conexões limitadas e intencionais, cuja mira é alcançar objetivos bastante limitados. Ao lado da experiência de conexões limitadas, nós começamos a sentir um sentimento de insignificância nas nossas vidas. Isto está criando uma crise em todos os reinos de nossa vida pessoal e social.
Hoje, estamos no limite de uma revolução. A lacuna entre o ambiente que criamos e as regras da Natureza, está cobrando seu pedágio. Novas condições, em nós mesmos e em nosso ambiente, nos pressionam com intensidade crescente, mudando-nos por dentro e desintegrando os modelos de opressão da sociedade humana. A Natureza está nos empurrando para alcançar um novo estágio de evolução como humanos, para vir enxergar à vida sob uma perspectiva diferente.
A realidade onde o trabalho ocupa maior parte do nosso tempo está à beira de mudar. Quando isso ocorrer, as pessoas não ficarão ociosas, mas começarão a procurar um outro sentido para suas vidas. Isto ocorrerá quando realmente aprendermos o que significa “ser humano”. Enquanto as horas de trabalho diminuirão para o mínimo necessário que garanta sustento, nós nos preencheremos com compromissos apropriados para nosso nível de ser humano, compromissos em que sentiremos nossas almas.
Essa mudança radical implica na reorganização da sociedade humana como um todo. Essa mudança é mandatória; nós temos que passar por esse processo através de pressões internas e externas, ou com consciência e iniciativa, para imediatamente começar a pavimentar o caminho em direção ao nosso novo destino. Assim, nossa percepção da vida mudará, nossa economia mudará, e as indústrias diminuirão e mudarão de superprodução para somente o que é necessário para nosso sustento.
O trabalho se tornará nada além do que uma ferramenta necessária para sobrevivência, e a nossa percepção do desemprego crescente mudará. Nosso tempo livre será canalizado em direção ao propósito principal de nossas vidas – para responder à questão, “Por que estamos aqui nessa vida?”. Esta questão se levantará na maior parte da humanidade, e se tornará o problema que direciona nossas vidas e todos os nossos compromissos.
Nosso objetivo agora é preparar a infraestrutura para um ambiente alternativo, que ofereça um caminho adicional pelo qual nós conduziremos nossos relacionamentos. Por exemplo, na nossa futura comunidade, quando eu conhecer alguém, não perguntarei sobre sua profissão ou trabalho (o que a pessoa “domina”). Não importará se o emprego é em alta tecnologia, banco ou engenharia mecânica. Ao contrário, estarei interessado no que a pessoa estuda, em suas áreas de interesse e nos círculos sociais que ela participa.
Em outras palavras, me relacionarei com a pessoa à minha frente como um ser humano, ao invés de um escravo preso por seu trabalho. O trabalho perderá seu estado de regulador das pessoas, porque estas se comprometerão apenas no que é essencial à sociedade.
Para nos adaptarmos à esta imagem futura, necessitamos imaginar e planejar como mudaremos da imagem atual para a que projetamos. Necessitamos de uma mudança interna, o que não é uma tarefa fácil. A mudança envolverá revolucionar nossas percepções, sensações e abordagens com a realidade – um redesenho de todos os
nossos padrões de pensamentos. Não há revolução maior que esta.
Tal mudança afeta a essência da vida, a razão pela qual acordamos e vamos dormir à noite, os pensamentos que passam por nossas cabeças durante o dia, nossas conquistas e como nos relacionamos com os outros. Até a estrutura da sociedade mudará de acordo, e obviamente, o sistema de educação evoluirá completamente diferente.
Enquanto a Natureza dessa mudança ainda é desconhecida para maioria de nós, é no entanto, nosso futuro. Os pequenos passos que iniciarmos nos preparando para isso, gradualmente movendo nessa direção, nos permitirá a enxergar a direção da mudança, compreender e dar boas-vindas ao processo que está fadado a acontecer.
É similar a uma criança andando no jardim de infância pela primeira vez. Ela não sabe onde entrou. Ela não sabe que é parte de um sistema educacional que o acompanhará durante todo o resto da infância. Da mesma forma, ainda não estamos conscientes do sistema global e dos processos que estão prestes a se desenrolar.
A Natureza demanda que estejamos em “equivalência de forma”, quer dizer, “em equilíbrio”. Como a Natureza é circular, um sistema completamente harmônico em todas suas ações, assim a sociedade humana deve ser construída – circular e sincronizada em todas as suas partes.
Nós nos beneficiaremos enquanto partes de um estado equilibrado, e as conexões corretas entre nós nos garantirão “a Benção da Natureza”.
“Conectar apropriadamente” significa aplicar uma forma integral para todos os reinos da vida, incluindo educação, cultura, vida familiar, nossa atitude com a Natureza e para todos os reinos da vida. Esta é o único caminho que pode ser salvo dos golpes prestes a nos atingir, cujas ameaças já podemos sentir nas tensões das crises globais na ecologia, economia, valores familiares e sociedade.
No entanto, uma nova perspectiva se abrirá para nós, nos colocando no curso, em direção para resolver a grande crise que passamos hoje. No final das contas, a crise é apenas a contradição entre a maneira pela qual nos direcionamos e a essência da Natureza, que representa a si própria integralmente a cada nível de nossas vidas.
Essa realidade da Natureza somente foi revelada no último século. Antes disso, a crise não era abrangente, mas parecia ser parte do processo gradual de desenvolvimento e da prosperidade da sociedade humana. Apenas tardiamente começamos a perceber que a Natureza tem se fechado em nós, se apresentando como uma rede integral, e nos apresentando nossa inabilidade de unir-nos a essa rede.
A direção da humanidade se tornou oposta à da Natureza, e agora sentimos esse contraste como uma crise. Essa é a essência do problema. A solução é simples: precisamos nos equilibrar com a Natureza, nos alinhar com ela. Estes são os objetivos dos estudos que agora estamos oferecendo. Está se tornando claro para nós que, mesmo com toda sofisticação, a Natureza ganhará, e esse entendimento está crescendo claramente em virtude dos problemas que estamos vendo em todos os sistemas que temos construído, que agora mal podemos gerenciar.
Nos próximos anos, o desemprego se espalhará por todo o mundo. O desempregado verá que as chances de encontrar um trabalho serão pequenas, e a distância do mercado de trabalho levará a frustração e desilusão com a vida.
Ainda, este processo terá espaço ao lado de uma mudança que está para acontecer, no qual o tempo livre se tornará qualitativo, e onde os desempregados aprenderão a real “humanidade” – isto é, o que significa ser um ser humano. Toda a humanidade aprenderá a nova informação que ajudará as pessoas a se moverem para o novo estágio de evolução.
Com a ajuda das matérias de estudos integrais, entenderemos nossa situação, o estado do mundo, e as razões para tudo o que está acontecendo. Sem o conhecimento é impossível alcançar o nível de humano. A diferença entre o ser humano e outros animais é que o homem tem consciência: entendemos e conscientemente e voluntariamente participamos da vida. Nós sabemos onde vivemos, como somos operados, e como devemos operar. No final, nós aprenderemos a agir como parte de um sistema de humanidade integral porque a realidade nos comanda.
Os arcabouços do estudo se tornarão os novos arcabouços para todos com tempo ilimitado. As pessoas tratarão esses arcabouços como trabalho, mas diferente de nossos sentimentos atuais sobre trabalho, nos encontraremos nestes estudos, como crianças, em constante rejuvenescimento.
As leis integrais causarão um grande impacto em nossas vidas. Por exemplo, qualquer negócio que operar sem a aspiração de auto sustentabilidade será tratado
como uma infecção que deve ser removida. Isto é, o sistema ecológico sugere que mantenhamos apenas o necessário. Esta é a nova abordagem, ao contrário de alguém que diz hoje “Eu quero fazer algo novo porque posso vender”. Ao invés, adotaremos a abordagem oposta pela qual quanto menos produzimos e menos vendemos, melhor. Como resultado, tudo mudará.
No futuro imediato, haverá uma inclinação íngreme no desemprego, redução de alimentos, e outros problemas decorrentes de problema ecológicos que nós criamos. Altas taxas de desemprego invocarão revoltas, ocasionando desintegração de governos e então, anarquia. Governos não terão outra opção a não ser colaborar e dividir os recursos existentes. Eles serão obrigados a implementar um plano global inovador, semelhante àquele que estamos apresentamos aqui. Do contrário, a sociedade humana entrará em colapso completamente e acontecerá uma guerra mundial.
Na divisão global de recursos, a participação econômica do homem na sociedade tomará lugar somente de acordo com as necessidades essenciais. Os horários das pessoas serão gerenciados pela Internet de maneira que elas trabalhem em torno de três horas para satisfazer suas necessidades pessoais, dedicando a maior parte de seu tempo, digamos cinco horas por dia, aos estudos acadêmicos, que contatam como trabalho.
O desempregado do futuro não será considerado um rejeitado pela sociedade, mas receberá um salário descente e será recompensado pelo tempo de estudo, no qual ele ou ela dedicará a maior parte do seu tempo. Isto assegurará a contribuição e investimos futuros da pessoa no desenvolvimento da sociedade humana.
Os quadros de tempo não mudarão em comparação com o que estamos acostumados, mas o conteúdo do nosso tempo, como o tipo de trabalho que fazemos, mudará. Não haverá mais tanta ênfase no trabalho, como quando as pessoas pensavam como lucrar e ter sucesso. Contrariamente, o novo arcabouço servirá como um “suporte gentil”, garantindo que não seremos jogados nas ruas, mas podemos continuar a ter uma vida descente.
Todo mês, milhões de pessoas perdem seus trabalhos sem nenhum substituto em vista. Elas são ocasionalmente enviadas para treinamentos desnecessários. Mas no novo paradigma de vida, emprego não será oferecido ao desempregado, como no caso de hoje. Ao contrário, será oferecida a eles uma nova abordagem para o mundo, uma que constrói nosso caminho para o novo estágio de nos tornarmos humanos.
O problema é que hoje todos querem ser escravos, exceto por poucos magnatas que desfrutam da sua fictícia liberdade e tempo livre. As pessoas sentem que estar ocupadas com alguma coisa preenche suas vidas. Ao contrário, com o que elas irão se preencher?
Uma pessoa que procura a realização, procura por algo que a ajude a perceber seu potencial. Pode ser educação, cultura ou tecnologia, mas as pessoas querem ser especiais, especialistas em alguma coisa, se sentirem seguras. Elas acreditam que o trabalho fornecerá esta sensação e criará um ambiente social para elas. Nós todos estamos procurando pelas mesmas coisas.
Portanto, as pessoas terão muitas opções para desenvolver esta vivência nova e integral: comunicação, relações humanas, alta tecnologia e qualquer coisa que possa ser usada para unir as pessoas no sistema.
O sistema integral requer quaisquer profissões que possam ajudar as pessoas a treinar e se adaptar ao sistema. As pessoas então se tornam produtivas e criativas com qualquer coisa que aprendem e quer fazer. Ao lado dos novos estudos, uma pessoa imediatamente começa a ascender sua consciência, na percepção geral.
Isto é o porquê precisamos e leis para educação e ocupações obrigatórias. Caso contrário, em um estado futuro, quando 80% das pessoas não terão trabalho mas precisarão de alimentos, elas destruirão os 20% restantes.
O estado financeiro de desemprego não será limitado ao desemprego, uma vez que alimentos, atendimento de saúde, aquecimento e moradia são necessidade que devem ser dadas a todos, não apenas aos desempregados. Caso contrário, haverá o caos. As pessoas estão guardando dinheiro para aposentadoria, achando que viverão dignamente quando aposentarem e sentarem confortavelmente no Caribe pelo resto de suas vidas.
Isto não ocorrerá. Elas mal poderão custear alimentos e medicação.
O mundo não será capaz de fornecer mais do que é necessário para viver. O mundo precisa ser organizado de maneira que todos tenham suas necessidades básicas. Do contrário, isto será apenas fornecido àqueles que adentrarem a nova abordagem de trabalho, assumindo estudo mandatórios e atendendo as necessidades da comunidade.
Em resumo, no novo mundo, as pessoas que pensam apenas em si próprias não serão capazes de competir. Temos que considerar o bem estar de toda comunidade.
Esta é a lei da Natureza, que está se manifestando nos dias de hoje. A sociedade tem que cultivar preocupação mútua onde cada pessoa se importa com todos os outros como se fossem parte de um só corpo.
Nós estamos começando a sentir preocupação mútua, um desejo mútuo. Esta é a vida comum – o desejo de união entre nós. Com a percepção que começamos a sentir porque estamos saindo de nossos desejos pessoais e começando a experimentar outros maiores, os do coletivo.
O mundo deve ser construído por um sistema não egoísta e todos os sistemas no estado devem ser direcionar para um objetivo – em direção a um plano único de integralidade e “responsabilidade mútua”, que são necessários para a sociedade hoje. Se evitarmos fazer isto, todos nos tornaremos presas do oportunismo e destruição, e teremos um contraste ainda maior com a Natureza. Precisamos nos certificar que vivemos como uma família em uma boa vizinhança, em uma boa cidade, em um bom país, em um bom mundo.
Hoje podemos estudar e compreender o processo que estamos passando. Isto é maravilhoso. Não estamos mais cegamente tateando no escuro e nem fugindo do campo de batalha em todas as direções. Nós podemos nos unir, marchar para frente e sermos bem sucedidos na resolução dos processos pelos quais estamos passando.
A “Educação Integral” trata da estrutura da nova sociedade do novo mundo em três aspectos: o mundo, que é a Natureza; a humanidade dentro da Natureza; e o ser humano como parte da Natureza. Educação Integral também explica como nós chegamos ao estado atual através da evolução do ego, e como devemos proceder doravante em direção a um novo objetivo e futuro comuns.