Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
– Gostaria de tocar no tema das drogas. Isto é também uma espécie de jogo porque através das drogas a pessoa entra num novo estado e muda. Então, o que há de tão mau nas drogas?
– O facto da pessoa se tornar desconexa da realidade, nada mais há de mau acerca disso. A pessoa torna-se desconexa da sociedade e da vida. Ela não faz coisa alguma de mau para alguém e ela caminha pacificamente pela rua abaixo com um olhar vidrado, não vendo ninguém. Ela não pode ser considerada um elemento socialmente prejudicial, mas ela causa danos indo contra a Natureza e nós não concordamos com isto.
No geral, as drogas são muito baratas. É possível constantemente dá-las às 3 ou 4 biliões das pessoas “excessivas” na terra para que o resto possa viver em paz. Podemos desligá-las de todos os problemas desse jeito. Podemos entregar drogas às massas e a criminalidade imediatamente cairia. Podíamos albergá-los com reservas e deixá-los sentados lá pacificamente, ficando drogados e se divertindo.
Contudo, o facto é que nos opomos inatamente a este tipo de atitude para a vida. A humanidade não consegue concordar com isto apesar do facto de que estas acções sejam inofensivas para a sociedade e até úteis em certo sentido. A Natureza prescreveu a meta da nossa existência tão poderosamente dentro de nós que não conseguimos observar passivamente uma pessoa que se desconexa a si mesma voluntariamente de uma vida sóbria adulta.
Portanto, não concordamos com isso. Não queremos usar esta oportunidade para estar em nirvana o resto das nossas vidas e então morrer pacificamente. Na superfície pode parecer que nada há de melhor. Afinal, a vida é cheia de desilusões, buscas, problemas e depressão. Mas ainda assim não conseguimos concordar com isto.
E podemos derrotar este mal dando à pessoa satisfação com aquilo que ela faz, a sensação de uma vida concretizada. Então ela não vai precisar de se separar a si mesma da vida. Mas se sua vida inteira é composta de sofrimento e vazio intermináveis, então não a podemos culpar por optar pelas drogas.
Li um discurso do chefe do ministério da saúde da Rússia onde ele diz que na próxima década, até metade da população do país estará deprimida e hoje a percentagem está já nos 25%. E esta é uma declaração do chefe do ministério da saúde; estes são os números que ele anuncia ao público! E quantas mais pessoas existem que não são contabilizadas? O que pode ser feito com uma massa tal?
É a mesma situação pelo mundo fora. Há países com percentagens ainda mais altas. Divórcio, violência numa escala massiva, terrorismo, tudo faz parte do problema comum de tremendo vazio interior. E isso tem de ser preenchido por alguma coisa. Inversamente…
Nós não devemos combater as drogas, mas em vez disso combater a razão que faz que as pessoas as queiram. E essa razão é o vazio dentro de nós, que pode ser preenchido somente por aquilo que a Natureza preparou para nós.
Por que é que a sensação de vazio surge? E com o que a podemos preencher? No nosso tempo temos de nos elevar ao nível da unificação integral de todos e nos preenchermos com isso. É assim que viremos a sentir a natureza comum, sua eternidade e perfeição e seremos incluídos nela, nos identificaremos com ela. Nós fluiremos nessa eternidade.
Ainda viveremos a vida na terra, onde concretizamos nossa integração com os outros, enquanto nos sentindo numa ordem acima deste mundo, no nível do ser humano em vez daquele de um animal ou de um elemento social parcialmente bem sucedido.
Fazendo com que uma pessoa seja parte da sociedade global e integral, a faremos se afastar das drogas e ela não precisará mais delas. Ela vai experimentar estados de realização, da busca da perfeição e ela vai adquirir harmonia que é milhares de vezes mais poderosa que quando ela está sob a influência de qualquer substância química.