Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
– Poderiam as pessoas melhorar os seus conhecimentos profissionais viajando para outros países para trocar experiências?
– Penso que é necessário criar um Conselho Supremo de educadores, semelhante à UNESCO ou como parte da UNESCO. Deve ter grande autoridade e ser altamente respeitado. Suas tarefas incluirão o desenvolvimento de métodos e recomendações, mantendo contato com o mundo inteiro e adaptando o método da educação integral a diferentes partes da sociedade.
A sociedade humana atual consiste em sete ou oito civilizações cujo contato entre si é muito negativo e conflituoso. Devemos criar um método de educação para cada um delas que suavizará o seu contato com as outras, até que se tornem completamente incluídas umas nas outras. Esta é uma tarefa enorme que só pode ser realizada por um grande número de especialistas. Mas deve haver um centro responsável.
– O que é esse centro responsável? Como está estruturado?
– Consistirá em pessoas que entendam o que está a acontecer na Natureza e na sociedade humana e têm a habilidade de discernir inequivocamente quais qualidades que em nós podem ser corrigidas usando a nossa liberdade de escolha, quais as nossas qualidades que podemos realmente mudar, a fim de tornar-nos uma parte harmoniosa da natureza.
Estas pessoas podem sentir o que nos separa da Natureza – conflitos, separação e antagonismo. Eles percebem a nossa oposição à Natureza profundamente e, portanto, podem discernir o que devemos mudar e como podemos fazê-lo.
Estas pessoas existem, e elas precisam ser fomentadas. Elas constituirão a espinha dorsal do ministério da educação da humanidade.
– Um governo de sábios sempre atraiu às pessoas. Ao longo de toda a história, as pessoas sonhavam com uma sociedade que fosse governada por sábios.
Você disse que existem várias civilizações e os conflitos entre elas podem ser suavizados pela educação. Pode dar um exemplo de pelo menos duas civilizações e como você vê a unificação acontecer?
– Hoje existem conflitos entre as civilizações Europeia, Americana, Sul-Americana, Africana e Asiática, a Asiática ainda se divide em várias: China, Índia e países Árabes.
É uma enorme reunião de civilizações que estão coercivamente conectadas e misturadas, e que estão em fricção umas com as outras. Infelizmente, estamos conectados por tecnologias comuns e somos obrigados a estar em contato uns com os outros.
Anteriormente, estávamos divididos. Dentro de cada uma dessas civilizações, o egoísmo funcionava corretamente, as pessoas se entendiam, conheciam as condições de uma coexistência não conflitante e tudo era normal. Mas hoje as civilizações estão começando a colidir e a se irritar umas às outras com bordas afiadas. Por exemplo, veja o que está acontecendo entre a civilização europeia e o islamismo.
A China está em ascensão, sendo um corpo obscuro que existe em todo o mundo sob a forma de centenas de milhões de imigrantes da China. Apenas algumas décadas atrás, esta era um país completamente fechado! Mas hoje é o contrário. Está se tornando aberta a todos e está vindo para todos os países do mundo.
O mundo está a mudar muito rapidamente, enquanto a nossa educação não está a acompanhar essas mudanças. A Natureza está a nos unir, enquanto estamos relutantes em nos comunicar uns com os outros. Isto é particularmente evidente na Europa, que está sendo invadida por outras civilizações. Eles vivem lá em ilhas isoladas, implantando a sua cultura e desejando viver à sua maneira. Mas a Europa não pode absorvê-los dessa forma, e, como resultado, surgem fricções. Por enquanto, estamos tentando suavizá-los de alguma forma, mas é uma situação explosiva. Quando explode, será uma explosão extremamente poderosa que repercutirá no mundo todo porque essas misturas impróprias existem em todos os lugares.
– Então você está a dizer que a educação integral tornará as crianças de civilizações diferentes semelhantes umas às outras?
– Não haverá qualquer diferença entre elas! Nós fazemos isto nos nossos grupos e não há diferença entre as crianças. Mas este tipo de educação não pode ser implantado pela força. As pessoas têm de “querê-la”.
Tudo tem de estar sujeito ao “nós” comum, a união, que a Natureza exemplifica para nós. E não há qualquer outra opção. Quem quer que esteja contra ela é um inimigo da Natureza (mas não nosso, meu ou o seu inimigo pessoal). Ele simplesmente não tem direito a continuar a exisitr nesta forma, ele tem de se mudar a si mesmo.
– Estamos no presente a expor e oferecer este método a diferentes civilizações. Elas vão aceitá-lo para sua educação?
– Nós não podemos ir contra a Natureza porque existimos dentro dela. Não podemos inventar nossas próprias leis se há leis da gravidade, preservação da energia, informática e etc.
É necessário discernir claramente as leis da interacção interpessoal adequada no mundo integral. E se alguém não quiser estudar e manter estas leis, não aceitaremos tais pessoas no nosso sistema. Depois elas vão perceber que é impossível ir contra a Natureza, ou simplesmente verão o tipo de sofrimento e perdas a que isto conduz.
O futuro tem de ser integral. É isto que hoje estamos a descobrir.
– Será assim tão óbvio?
– Você consegue encontrar milhares de artigos no Google, pesquisas em qualquer campo da ciência, que descrevem no que se está a tornar o nosso mundo. Eles dizem que o mundo é redondo e integral, que todas as suas partes estão interconectadas e mescladas umas nas outras e que somente a humanidade é egoísta, oposta à Natureza. Nós vamos sobreviver somente se nos ajustarmos adequadamente nos equilibrando com a Natureza.
Estas não são minhas teorias pessoais. Eu leio sobre isso em milhares de artigos de cientistas sérios que pesquisam este problema de diferentes lados e posições. Eles incluem representantes de diferentes civilizações e não são fanáticos. Eles entendem que nós temos de seguir a Natureza em vez de sermos teimosos resistindo a ela.