Fenda entre os Judeus na América e os Judeus em Israel se tornou tão ampla que pode colocar ambas as comunidades em perigo real
Agora que todos purificamos nossas almas em Yom Kipur, está na hora de dar uma nova e honesta vista de olhos na realidade. Se há um pecado que nós Judeus cometemos numa base diária, é permitir a divisão entre nós. E uma das piores manifestações desta alienação é a crescente divisória entre a Judiaria americana e o Estado de Israel.
Sob a administração Obama, a fractura entre os Judeus americanos e Israel se expandiu a um ponto que quase nos tornámos duas comunidades Judaicas separadas e até hostis. Se deixarmos a fenda entre nós nos aprofundar mais ainda, isso vai colocar ambas as comunidades em perigo real. Tal como a separação do Judaísmo não ajudou os Judeus na Alemanha nesse tempo, a separação do estado Judeu agora não ajudará a Judiaria americana. Com o antissemitismo que se espalha rapidamente, os Judeus estão sob ameaça e o remédio para esta situação é a união.
Em face dos incansáveis esforços das entidades separatistas Judaicas que promovem a dissociação do Estado de Israel sob o disfarce do liberalismo, a comunidade Judaica americana e Israel têm de construir um laço entre si. Este laço, e não a ajuda militar e condenação aberta de Israel, é a chave para nossa sobrevivência num mundo que cada vez mais é antissemita, até enquanto você lê estas palavras.
Fartura de Ódio Aos Judeus
A operação militar Margem Protectora de 2014 em Gaza acendeu o entusiasmo anti-Israel por todo o mundo e desenfreou sentimentos antissemitas que até então estavam tenuemente velados pelo politicamente correcto. Na Europa, insultos há muito esquecidos ressurgiram acompanhados de acusações fabricadas de crimes de guerra foram arremessados contra o estado Judeu. Passados dois anos, é evidente que as tiradas anti-Israel eram apenas uma desculpa para soltar sentimentos antissemitas na Europa e agora até sinais nas janelas das lojas que afirmam, “Não nos envolvemos em política,” não servem de nada quando você é Judeu.
Mas com toda sua malícia, o antissemitismo europeu é muito menos perigoso que seu duplo americano. Em Fevereiro de 2015, Charles Asher Small, director do Instituto para o Estudo Global do Antissemitismo e Política, afirmou que a relutância da administração americana em denunciar o antissemitismo “não só é imoral, mas lhe chamaria ‘antissemitismo institucionalizado.'” Para mim, esta forma discreta de ódio aos Judeus é muito mais alarmante.
Quando escuta o assessor máximo de Clinton, Huma Abedin, se relacionar à AIPAC como “esse público” e lê o porta-voz não-oficial da administração, conhecido como, The New York Times, numa resolução oficial, dispondo as linhas orientadoras para um acordo de paz que cobre assuntos tais como a segurança de Israel, o futuro de Jerusalém, o destino dos refugiados palestinianos e fronteiras para ambos os estados” poucas dúvidas lhe restam quanto à aspiração da presente administração a zelar pelo desaparecimento de Israel. Caso Clinton seja eleita, ela seguirá a mesma linha que seu predecessor e provavelmente com mais vigor.
A Ilusão do Poder
O pensamento predominante à volta do estabelecimento do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial era que se houvesse um estado Judeu durante a guerra, a tragédia do Holocausto teria sido prevenida pois os Judeus teriam um porto seguro. Durante muitos anos, este foi também o pensamento predominante entre os Judeus americanos.
Todavia, à medida que os Judeus americanos ficaram mais confiantes na sua protecção política nos EUA e na sua habilidade de controlarem seu destino, mais e mais começaram a ver Israel como um fardo em vez de um bem valioso. Esta tendência encaixa-se perfeitamente nas ambições da presente administração e seus esforços de fortalecer organizações anti-Israel dentro da comunidade Judaica sob o disfarce do liberalismo e liberdade de expressão têm sido cada vez mais bem sucedidos. Há quinze anos atrás, uma organização tal como a J Street não seria levada a sério. Hoje ela é a organização Judaica mais popular entre os Judeus com menos de 35 anos de idade.
Respectivamente, muitos millenials vêem o Estado de Israel como um incomodo. Se pudessem de algum modo fazê-lo desaparecer, não hesitariam. Eles não percepcionam Israel como um porto de abrigo possível que deva ser preservado para um dia chuvoso. Em vez disso, frequentemente a vêem, ou pelo menos a suas políticas, como a causa dos seus problemas com os antissemitas americanos. Aos olhos de muitos Judeus americanos, A existência de Israel está a fazer com que os americanos não-Judeus os odeiem também.
Do mesmo modo que os Judeus alemães evitaram sua fé antes da emancipação do Nazismo e ate enfatizaram sua desconexão da sua herança depois de Hitler ter subido ao poder, muitos Judeus americanos agora evitam o estado Judeu. Com o aumento do antissemitismo, eles repetem o mesmo erro e de se orgulharem a si mesmos do seu afastamento de Israel.
Pretextos Variam, mas o Antissemitismo Está Sempre na Causa Original
Durante a história, o ódio aos Judeus vestiu roupas diferentes. Envenenamento de poços, cozer matzot com o sangue de crianças Cristãs (e agora Muçulmanas), provocar a guerra, avareza, conspirar dominar o mundo e espalhar doenças (desde a Peste Negra ao Ébola) são apenas uma fracção das acusações ridículas arremessadas aos Judeus durante os séculos. O último delírio é o genocídio, aparentemente cometido pelo exército Israelita contra os palestinianos. Não faz diferença se a população palestiniana estiver a crescer rapidamente, ou se os Palestinianos que vivem sob a lei Israelita estão muito melhor e desfrutam de um padrão superior de vida que seus conterrâneos sob o governo Palestiniano. O ódio não precisa de provas.
Os Judeus americanos devem se lembrar que quando o Antissemitismo se espalha profunda e amplamente na sociedade Americana e isso vai acontecer, o facto de não apoiarem Israel não lhes será útil. Tal como no passado, os Judeus serão responsabilizados por qualquer que seja o problema que esteja na agenda. Esta é a natureza do anti-Semitismo.
Reconstruir uma Ponte Segura
A Torá nos define como povo obstinado e certamente o somos. Todavia, nos tornámos uma nação precisamente quando colocamos o orgulho de lado e nos unimos “como um homem com um coração.” Durante a história, quando estávamos juntos, éramos fortes. Agora precisamos de achar a força para construir uma ponte entre as duas comunidades Judaicas chave no mundo
Não se pode exagerar com a importância da união do nosso povo. Se quisermos ter um futuro, a comunidade Judaica americana e o Estado de Israel devem reforçar a aliança entre elas; esta é nossa única rede de segurança.
Antissemitismo nos EUA se vai espalhar. Atualmente cozinha em todo o campus de liceu, em breve vai derramar e cobrirá todos os cantos do país. Muitos estudantes americanos Judeus já sabem que tiradas anti-Israel são de facto antissemitismo disfarçado como preocupação com os palestinianos. E breve a comunidade inteira o saberá. Essa será a altura para empregar uma rede de segurança. Mas em prol de usá-la nessa altura, devemos construíl-la agora.
Claramente, há muitos problemas controversos entre as duas comunidades. Além das visões políticas diferentes, há disputas sobre práticas Judaicas, legitimidade de certas denominações, distribuição de fundos e donativos e mais. Estes são todos problemas pesados dignos de séria discussão. Porém, acima de todos nossos desacordos, devemos concordar com isto: Não importa o que acontecer, nos mantemos juntos como uma nação.
Tal como os irmãos que ferozmente discordam, mas sempre se lembram que fazem parte da mesma família, o Estado e Israel e a Judiaria americana devem sentir o mesmo tipo de lanço subjacente. Se o fizermos, vamos lidar com a tempestade juntos. Se não o fizermos, a tempestade nos vai afogar a todos.
Publicado originalmente no Hareetz