Como escrevi antes das eleições, o novo presidente terá o prato cheio. De facto, penso que o prato transborda tanto com problemas que nenhum presidente consegue lidar com ele sozinho. Está na hora dos soldados rasos despertarem e tomarem iniciativa. Estamos num ponto crítico no tempo. Se ficarmos inertes neste momento, amanhã pode ser tarde demais para concertar a sociedade.
Do Incompleto ao Completo
Vamos dar uma vista de olhos no mundo ao nosso redor. Todas as coisas na vida avançam do incompleto para o completo. Alguma vez tentou comer um fruto verde? Não o faça, é extremamente amargo e muito pouco saudável. Mas quando está maduro, é exactamente o oposto: doce, delicioso e pleno.
Similarmente, os pediatras usam tabelas para rastrear o desenvolvimento das crianças da infância à idade adulta pois eles conhecem as fases do crescimento da infância à maturidade. Por outras palavras, também nós nos desenvolvemos do incompleto ao completo. Porém, isto não nos impede de pensarmos que as crianças são lindas, uma vez que vemos nelas seu grande potencial. Se pensássemos que elas iam permanecer como são, sentiríamos pena por elas em vez de pensarmos que são lindas.
Adicionalmente, na maioria, quanto mais desenvolvido é o ser, mais demora para que alcance seu estado final e menos apelativo parece enquanto se desenvolve. Portanto, os humanos, indubitavelmente as mais complexas criações no planeta, atravessam os estados mais longos e menos apelativos no caminho para a perfeição. E todavia, o resultado inevitável será mais belo e agradável que qualquer um poderá imaginar.
Tal como acontece com todas as coisas da existência, a natureza nos levará ao nosso estado final e completo independentemente do residente da Casa Branca. Seria sábio que nos focássemos em alcançar este estado tão rápido, indolor e agradavelmente quanto possível.
Até agora, nossa única preocupação tem sido como nos empanturrarmos de comida, gadgets, riqueza e poder. Mas podemos ver que este caminho rapidamente se esgota a si mesmo. Agora temos de pensar em como tornamos nossas vidas agradáveis de uma maneira mais sustentável, uma que coincida com o nosso estado perfeito predeterminado.
Tudo Estava Bem até Nós Chegarmos
Na natureza, perfeição significa equilíbrio. Em todos os níveis da realidade, inanimado, vegetal e animal, a vida está completamente equilibrada. Ela não é estática ou estagnada, mas flutua num movimento de fluxo e refluxo sob a influência de duas forças mutuamente complementares, uma positiva e outra negativa. Estas forças mantêm um equilíbrio dinâmico que sustenta todas as coisas. Amanhecer e anoitecer são igualmente necessários, tal como são as estações e tal como são a vida e a morte. O calor se expande para áreas mais frias e a alta pressão se espalha para a baixa pressão. Tudo é dinâmico, todavia tudo é equilibrado.
Até à chegada dos humanos, tudo evoluía no seu curso natural. Nós, humanos, mudámos tudo. Em nós, a força negativa se manifesta como egoísmo e a força positiva como altruísmo. Ainda assim, somos a única parte da criação, que até então evoluiu aparentemente sem a força do altruísmo. “A inclinação no coração do homem é má desde sua juventude” (Gén. 8:21) não é meramente um versículo da Bíblia; ele é um facto da vida.
Praticamente desde o começo do século 20, o egoísmo dominou e nosso desenvolvimento foi acelerado exponencialmente. Dentro de poucas décadas, conseguimos colocar tudo aquilo que a natureza construiu durante biliões de anos em risco de extinção.
Terceira Guerra Mundial ou Nenhuma Terceira Guerra Mundial — Essa é A Questão
Esta eleição provou que nada impulsiona os candidatos senão ganância e a cobiça do poder. Não podemos esperar que estas qualidades fortaleçam o destino do nosso planeta. De facto, podemos ter a certeza que a menos que nós o povo forcemos o governo a se transformar numa administração pró-povo, em contraste com um governo pró-elite, nos encontraremos no meio de outra guerra mundial e desta vez uma nuclear. Se alguma coisa positiva resultou desta eleição, é a realização da verdadeira natureza de nossos líderes e a desilusão que sentimos sobre suas intenções. Agora que sabemos quem eles são e o que eles querem, temos de uma chance de implementar uma mudança. Anteriormente, estávamos adormecidos.
Em Vez de Tirarmos de Nós Devemos Acrescentar aos Outros
Esta pode parecer uma grande tarefa de mudarmos nossa conduta do egoísmo desinibido para algo mais equilibrado, mas na realidade é muito mais fácil do que pensamos. A primeira coisa que precisamos de saber é que não é necessário sufocarmos nosso egoísmo. Não há razão para o fazer; ele gerou todas as coisas que temos: abundância de comida, medicina avançada, tecnologia que facilita a vida e todas as outras amenidades da vida moderna. Seria descabido abdicar destes confortos.
Em vez de tirarmos de nós mesmos, precisamos de acrescentar aos outros. Precisamos de começar a pensar mais social que individualmente. Cada um de nós tem tremendo potencial. Tristemente, com mais frequência que o inverso, nunca desenvolvemos nosso verdadeiro potencial pois desperdiçamos tremendas quantidades de esforço em manter nosso estatuto social no meio social hostil e desconfiado que construímos para nós. Em vez de lutarmos incessantemente, todos beneficiaríamos se usássemos nossos talentos para beneficiar a sociedade.
Similarmente, quando todas as células num corpo contribuem para seu bem-estar ao realizarem suas tarefas individuais na perfeição, isso se manifesta como saúde robusta. Se olharmos para a humanidade como um organismo do qual todos somos partes, podemos aplicar a mesma regra. Sentiríamos que contribuir para a sociedade é equivalente a contribuir para nós mesmos. O Rei Salomão chamou a este truque das nossas mentes, cobrir o ódio com amor (Prov. 10:12).
Colocando-o simplesmente, precisamos de instar na nossa sociedade um forte sentido de responsabilidade mútua e consideração mútua para equilibrar a enorme quantidade de má vontade que temos estado a injectar na sociedade durante mais de um século.
Uma Acção Consciente de Equilíbrio
Não é necessário imenso para inverter a presente tendência negativa que conduz a uma guerra à grande escala. De facto, quando executado numa escala massiva, qualquer quantidade de boas intenções genuínas produzirão um mundo de diferença. E no nosso caso, isto significa literalmente um mundo diferente.
Para alcançar isto, tudo o que precisamos de fazer é perceber que o nosso problema é o nosso egoísmo e então querermos mudar. “Perceber e querer” é uma fórmula que, quando aplicada em massa, permite que a força positiva antes mencionada nos impacte. Tal como a água flui pela bacia, quando criamos uma vontade pela força positiva, ao percebermos que precisamos dela em prol de endireitarmos nossa sociedade, essa força vai preencher a vontade dentro de nós e vai nos mudar. Foi por isso que eu disse que é mais fácil que pensamos, pois não precisamos de a criar, simplesmente precisamos de perceber e a querermos.
Então vamos unir-nos acima de todas nossas diferenças, atrair esta força positiva para nossas sociedades e tornemos nossa bela diversidade o tesouro que ela pode ser, para o benefício de todos. Não esperemos mais; façamos-o simplesmente!
Publicado originalmente no The Jerusalem Post