Uma Judiaria Americana em Declínio
Judeus que protestam contra Trump podem reivindicar que sua resistência a esta mudança é na realidade uma defesa dos seus valores judaicos; porém, aquilo que devemos ver é que a judiaria americana estava prestes a desaparecer graças ao período de afluência, aceitação e igualdade que ela trouxe consigo a assimilação, casamentos mistos e baixas taxas de natalidade. As sondagens mostram um quadro muito negro da saúde da população judaica americana, como Jack Wertheim, Professor da História da Judiaria Americana, o coloca, com a rápida assimilação que varre todo o ramo do judaísmo com a excepção do ortodoxo. Seus laços a Israel também fraquejavam. Nas recentes eleições que trouxeram o inteiro sistema liberal a uma paragem, com a meta de virarem suas costas ao percurso destrutivo em termos de economia e absoluta instabilidade à qual o mundo chegou, mas também chocou a base da comunidade judaica que alegremente perdia sua identidade em troca do seu sucesso. Para os judeus, a eleição levantou o antigo conflito entre serem indivíduos bem sucedidos e um povo que permanece fiel às suas raízes.
A História se Repete
Durante a história os judeus têm passado pelo mesmo padrão, serem assimilados em parte para uma cultura estranha, seja a cultura grega dos dias dos Macabeus, aquela de Espanha antes da expulsão de Espanha, ou a Alemanha do século 20 antes da ascensão de Hitler. Nestes e muitos outros casos, nosso povo percebeu de maneiras terríveis que se tornar parte da manada recebeu sempre recompensa de grande surto de antissemitismo que os forçaria a regressar às suas identidades judaicas e à sua própria cultura.
Durante séculos os cabalistas sabem a razão desta terrível repercussão. Eles entenderam que os judeus, por muito divididos que possam parecer, na realidade guardam dentro deles uma antiga promessa para pavimentar o caminho para a união e paz de toda a humanidade.
Os judeus americanos que lutam com os resultados da eleição enfrentam agora este mesmo conflito histórico entre lutarem pelo seu lugar numa cultura estranha e procurarem novas respostas dentro de sua própria herança que possa verdadeiramente transformar a realidade. Eu os insto a não esperarem que os antissemitas os rotulem como judeus, mas em vez disso a saberem que são eles que seguram seu futuro nas suas próprias mãos, bem como o futuro da América e do mundo no geral. Não se trata de Trump ou Bannon, ou qualquer das repercussões que vemos como resultado desta eleição. A chave para a calma, paz e para os valores que eles desejam defender está dentro das nossas identidades judias e da conexão com o estado de Israel. Pois dentro do nosso povo está uma antiga sabedoria e capacidade de se tornar o exemplo dos relacionamentos que todos queremos ver nas sociedades modernas.
O Clamor dos Nossos Sábios
Infelizmente, Ben Gurion nunca aceitou estas recomendações como linhas orientadoras para seu caminho e sofremos os resultados até este dia.
Enquanto saímos da crise neo-liberalista, nos encontramos num mundo que procura uma cura para as suas profundas divisões e conflitos. Esta terrível necessidade a que chegou a humanidade não é coincidência; nem é coincidência que Israel e os judeus tenham estado sempre no centro de todos os infortúnios do mundo. A razão é que os judeus têm o poder para curar e prevenir todas estas crises ao modelar e transmitir a inclinação de ser “como um homem com um coração” e de “amar o seu próximo como a si mesmo” para o resto da humanidade pelo seu exemplo pessoal. Mas eles primeiro têm de descobrir esta verdade sobre eles mesmos. Os cabalistas tentaram explicar variadas vezes que é a falta deste entendimento que faz com que as nações do mundo continuem a exigir que os judeus mudem suas condutas, como está escrito, “Nenhuma calamidade vem ao mundo senão por Israel (Yevamot 63). É esta a razão pelo aparente ódio infundado, que ironicamente, para sempre impede os judeus de fugirem do seu papel desconhecido.
Encontrados na Encruzilhada
O povo judeu nunca foi capaz de escapar à sua missão histórica. Paradoxalmente, foram os inimigos dos judeus que mantiveram o judaísmo vivo. Mas isso não tem de ser desse modo para sempre. Esta eleição trouxe a possibilidade da mudança de um caminho que podia parecer ser confortável por agora, mas eficientemente trazia os judeus americanos à extinção e o mundo ao caos absoluto. Nesta encruzilhada crítica, devemos quebrar o antigo padrão que faz sentido para a razão ocidental e liberal, mas é na realidade ilusório e prejudicial para a alma judaica. Ao se oporem a Trump, os judeus não se opõem ao racismo ou ódio, eles meramente tentam regressar a um sistema que lhes permitia as liberdades de fugirem do seu destino. Eles devem escolher se reconectar com Israel e ao seu verdadeiro destino de que lhes reserva a luz para as nações. Este é o único caminho que vai garantir que a presidência de Trump se afasta da extrema direita para o caminho do meio, se tornando uma oportunidade histórica para reformar as relações fracassadas e atitudes do passado, trazendo com ele a segurança, bem-estar e prosperidade para todos.
Publicado originalmente no The Jerusalem Post