Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
– Enquanto crianças costumávamos jogar “antixadrez” e outros “anti-jogos.” Por exemplo, no futebol a meta não era vencer, mas abdicar e perder. Você fala deste tipo de anti-jogo?
– Não! No nível do nosso mundo nós temos de jogar observando rigidamente todas as regras. E cada um de nós joga concretizando as oportunidades que lhe são dadas, sem abdicar para ninguém.
Mas acima desta competição mecânica, como elevamos nossa intenção, construímos união e a atitude certa de uns para os outros? Como competimos uns com os outros? Isso é feito na intenção e não apenas na competição física.
O jogo continua o mesmo, mas torna-se mais correcto e conduzido segundo as regras. Ele é jogado sem quaisquer ofensas especificamente duras, de uma maneira muito “educada”, mas não mais do que isso.
Acima disto nós construímos relacionamentos dentro de cada equipe e entre as equipes para que o sistema composto de 22 jogadores num campo verde pareça absolutamente harmoniosa para os espectadores, composto de elementos que são opostos todavia interconectados por uma conexão harmoniosa e consciente.
Isto tem de ser realizado em todas as formas de actividade humana. O mundo permanece o mesmo mundo material, composto de muitas qualidades e controlado por duas forças opostas, que se têm de unir. O homem é o ser que conecta todas as forças opostas da Natureza em prol de alcançar uma única meta, harmonia.
– Digamos que há um campeonato mundial de futebol e chegou à final. Dois biliões de pessoas assistem a este evento. Há duas equipes que realizam sua mestria ao máximo. O jogo progride lindamente, em grande estilo. E você diz que não importa quem vence? Então qual é o resultado dele?
– Todos os jogadores e espectadores alcançam profunda união. Esta é a meta do processo chamado “futebol.”
– E isto não acontece no presente campeonato mundial?
– De que você fala?! No presente campeonato mundial é pago 10 milhões de dólares a um jogador, a outro são pagos 5 milhões e outro recebe 2 milhões e todos eles jogam apenas por isto. Eles nem sequer se importam por que equipe eles jogam. Eles irão para onde quer que lhes paguem mais.
Dê-me um bilião de dólares e eu reúno uma equipe que vai emocionar o mundo inteiro. É apenas uma questão de dinheiro e nada mais. Mas se a desigualdade das equipes se tornar óbvia, então as pessoas perderão o interesse no jogo e nada haverá que as faça assistir. O futebol é um negócio, então há um consenso entre os concorrentes para reunirem equipes que sejam mais ou menos iguais em prol de atrair os espectadores para a arena.
Isto é uma pura mentira, um espectáculo. Os próprios jogos são viciados e como eles vão agir é sabido até antes do jogo começar. Dois biliões de pessoas ficam excitadas porque alguém as agita, alguém as faz processar intencionalmente, as enrolando com “pão e circo.”
E mais importante, qual é o resultado? Um espancamento em massa dos fãs.
– Habitualmente, sim.
– Aí está a celebração da amizade e do esporte para você.