No decorrer da história, o povo Judeu tem visto companheiros Judeus se virarem contra seu próprio povo.
Nós não precisámos de Cornel West, a escolha de Bernie Sanders, apoiante do BDS e atacante de Israel, para participar em escrever a plataforma Democrata, para saber o que ele sente sobre Israel. Em Maio de 1985, quando Sanders ainda era prefeito de Burlington, Vermont, ele convidou seu colega crítico de Israel (Judeu), Noam Chomsky, para dar um discurso na câmara municipal. Sanders não protestou quando Chomsky despreocupadamente afirmou que Israel “não quer um estabelecimento político” no Médio Oriente, ou quando ele afirmou que Israel serviu como assassino “substituto” para os EUA e levou a cabo assassinatos em massa “na África, Ásia e principalmente na América Latina,” onde, de acordo com Chomsky, Israel massacrou “milhares, senão dezenas de milhares de pessoas” no Nicarágua.
Com tal registo em mente, ninguém deve ficar surpreendido que Sanders acredite que Israel matou “mais de 10,000 pessoas inocentes” no último conflito em Gaza, quando até a mais alta casualidade do Hamás são um quarto desse número.
Do Extremo ao Mainstream
Se nos anos 80, Sanders e Chomsky eram uma espécie rara entre o credo, hoje são todos senão mainstream. Sidney Blumenthal, por exemplo, o ajudante e próximo associado dos Clinton, não é mais advogado de Israel que Sanders. E se olhar para as fileiras de topo do movimento Boycott, Divestment, and Sanctions (BDS) vai encontrar muitos Judeus e antigos Israelitas entre eles. O movimento Jewish Voice for Peace (JVP) é outro flagrante exemplo de organizações Judias dedicadas a debilitar e demonizar Israel.
No decorrer da história, o povo Judeu viu companheiros Judeus se virarem contra seu próprio povo. O Chefe Encarregado de Tito, Tibério Júlio Alexandre, que era o sobrinho de Fílon e cujo pai doou os portões dourados ao Templo, ordenou tanto a destruição de Jerusalém como o massacre de 50,000 da sua comunidade Judia nativa em Alexandria. No século 15, Tomás de Torquemada, de descendência Judia, foi o primeiro Grande Inquisidor da Espanha e o arquitecto por trás da expulsão dos Judeus da Espanha.
Durante a Segunda Guerra Mundial houveram Judeus que lutaram e espiaram pela Alemanha Nazi. O assistente pessoal de Estaline, Alexander Poskrebyshev, era Judeu e o assistiu em tudo, incluindo seu plano de exilar todos os Judeus da Rússia para a Sibéria.
Dizem que os Judeus são únicos, mas esta auto-aversão não só é única, ela é também muito perigosa.
Exilados desde o Primeiro Dia
Bem desde o início, os Judeus eram diferentes. Até nos dias em que éramos chamados “Hebreus”, vivíamos por códigos morais e sociais diferentes. Enquanto o resto das nações viviam pela espada, os antigos Hebreus exercitavam o amor fraternal e tentavam amar seus próximos como a si mesmos. E enquanto o mundo nutria o individualismo, os Hebreus nutriam a abnegação.
Nossos antepassados eram um “grupo” ecléctico. Eles não vieram de uma tribo ou localidade especifica, mas eram uma colecção de indivíduos que seguiram a ideia de que misericórdia e amor fraterno eram os princípios pelos quais viver. Ao contrário de seus contemporâneos Babilónios e Cananitas, eles não tentaram jogar ego contra ego para ver quem ficava de pé. Eles haviam acabado de chegar de tais sociedades e não queriam mais viver desta maneira. Em vez disso, reconheceram que o ego, que eles chamaram de “inclinação do mal,” é realmente mau, que é um traço inerente (“o mal rasteja à porta”) e que o único modo de o superar é o cobrir com amor. Colocando-o nas palavras do Rei Salomão (Provérbios, 10:12): “Ódio incita a contenda e o amor cobre todos os crimes.”
Claramente, não é fácil aspirar constantemente a corrigir seu ego e amar seu próximo como a si mesmo. Desde o início, alguns Judeus não conseguiam viver de acordo com esse ideal e abandonaram o credo. De facto, após o exílio na Babilónia, a maioria dos Judeus abandonou sua fé e se misturou com as nações. Os poucos que regressaram à terra de Israel se tornaram o povo Judeu que hoje conhecemos. Eles foram aqueles que foram confiados com transmitir a ideologia de Israel de seus antepassados: a ideia de que “amor cobre todos os crimes” é o modo de viver e que “ama teu próximo como a ti mesmo” é a grande klal (lei toda inclusiva) da Torá, a lei Judia.
O Nascimento do Antissemitismo
Quando os Judeus remanescentes de Israel declinaram para o ódio infundado, eles não conseguiram manter sua unidade, o Templo foi arruinado e os Judeus se desintegraram em comunidades exiladas. Foi só adequado que aquele que arruinou o Templo, Tibério Júlio Alexandre, era o próprio um Judeu.
Pouco depois da ruína do Templo, o Antissemitismo na sua forma mais contemporânea de libelos de sangue, teorias da conspiração e acusações de deslealdade, começou a dominar a atitude das nações para os Judeus. No máximo, a aristocracia os tolerava pela sua perspicácia económica e financeira. No pior, foram assassinados e empurrados para longe.
Desprovidos da habilidade de viver de acordo com o princípio que eles mesmo haviam engendrado, os Judeus tornaram-se tão egoístas como suas nações anfitriãs e uma boa porção deles não conseguia entender por que deviam eles manter a lealdade a sua religião. Estes Judeus assimilados se tornaram os inimigos mais ferozes da nossa nação, guardando profundo rancor pelos seus parentescos. Eles sabiam que nasceram num credo que estava destinado a ser “uma luz para as nações,” mas não queriam ser o povo escolhido e se ressentiam do facto de que o mundo esperava que eles fossem diferentes, mais éticos que os outros, quando de facto não eram.
Antissemitas não-Judeus fazem-o com relativa facilidade; eles simplesmente odeiam Judeus e raramente precisam de o racionalizar. Os Antissemitas Judeus têm uma vida muito mais difícil: eles sentem-se constantemente obrigados a se justificarem a si mesmos e ao mundo sobre por quê odeiam o seu próprio povo.
Ao assim fazerem perpetuam e aprofundam a desunião Judia, nos afastando mais da fraternidade que nos haviam originalmente promovido para a nacionalidade. E quando não conseguimos formar fraternidade, não podemos ser “uma luz para as nações” e desta forma intensificamos o ódio das nações para nós. Esta é a razão pela qual as piores catástrofes acontecem aos Judeus em países onde eles estão mais assimilados e menos unidos, tal como aconteceu na Espanha e mais tarde na Alemanha.
O Takeaway
Bernie Sanders é só um exemplo. Na verdade, todos temos uma parte dentro de nós que se ressente da sua origem e contesta nossa tarefa. Tal como nossos antepassados, isto é algo que temos de superar ao nos unirmos acima de nossos egos. Se deixarmos esse odioso de Judeus no interior dominar, vamos aumentar a separação entre nós e o ódio para nós vai crescer ainda mais.
Quanto mais fundo o mundo cai para o egoísmo desenfreado, mais ele precisa de um método para lidar com isso e mais ele se virará contra os Judeus. Sendo os únicos que uma vez tiveram um modo bem sucedido de trabalhar com o ego — ao nos unirmos acima dele em fez de fazermos tentativas infrutíferas de o esmagar — o mundo nos culpará pelos seus males, não se apercebendo que tudo o que ele quer realmente de nós é que nos conectemos e apresentemos um exemplo de união.
Embora possamos não ser capazes de mudar o Bernie Sanders no exterior, ou dentro de nós, podemos usá-los como lembretes de nossa tarefa: de nos unirmos ao cobrir nosso ódio com amor, em prol de o compartilhar pelo meio do exemplo com o mundo. Devemos ao mundo nosso método único de conexão. Até que o implementemos em prol de o compartilhar, vamos permanecer os exilados do mundo, quer apoiemos o socialismo ou capitalismo. Nosso caminho para a liberdade reside não em nos odiarmos uns aos outros e nos conectarmos com o mundo; mas reside em nos amarmos uns aos outros primeiro e então nos conectarmos com o mundo.
Publicado originalmente no The Jerusalem Post