Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
Se uma pessoa percepcionasse o mundo como um todo integral, ela veria que todos seus impulsos são realizados na forma de contacto correcto com os outros, positivos e negativos de igual forma. Então ela não teria de guardar quaisquer sentimentos acumulados, tendo de se oprimir a si mesma.
Tomemos o futebol como exemplo. Se este jogo for realizado correctamente, se as equipes estiverem permeadas pela amizade, então o jogo pode ser preenchido de amor. Ele será uma competição de amigos que recebem satisfação do processo em si do jogo.
Neste jogo, a superioridade de uma pessoa sobre a outra residirá na resposta às perguntas: Qual foi a sua experiência interior? Qual foi a meta pela qual jogamos? Como nos confrontamos com os outros? Como foram exprimidas nossas características positivas ou negativas?
Você pode experimentar os estados mais surpreendentes aqui: se você jogar um jogo com o seu egoísmo e contra ele, estabelecendo contacto com os seus amigos e com o opositor, suprimindo a aspiração a sobressair ou vice versa, se expressando e sobressair, mas pelo bem da equipe. Hoje nada disto existe no futebol, ele tornou-se um negócio.
Esta pesquisa moral, interior, espiritual de si mesmo e dos outros durante este jogo extremamente duro contém enormes oportunidades para jogadores de futebol “intelectuais”.
Penso que qualquer competição, com a excepção daquelas onde infligimos danos aos outros, tal como a caça, são um espaço onde podemos discernir a atitude da pessoa para com as outras e exprimi-la num relevo saliente. Os elementos do jogo permitirão à pessoa desenvolver e alcançar um estado de enorme auto-realização.
– Devemos mudar as regras do jogo, ou discutir e analisar como ocorreu depois do jogo? Devemos assistir a registos de vídeo do jogo e passar pelas situações que ocorreram durante o jogo?
– Penso que o jogo deve ser pausado em cada dez minutos em prol de “reiniciar” e devolver todos os jogadores ao estado correcto. Eles devem verificar: O que alcançamos durante estes 10 minutos? Que tipo de trabalho interno cada pessoa teve sucesso em realizar? Como é que ela olhou para as outras? Como recebeu ela o seu passe? Como é que ela roubou a bola? Como é que ela participou em se conectar com as outras? E como ameaçou ela o seu oponente?
Dez minutos de trabalho interior é imenso. A bola, o campo e o jogo são apenas desculpas externas para conduzir uma auto-análise interior.
Hoje não conseguimos sequer imaginar como conduzir uma verdadeira avaliação da nossa realização interior, que é o trabalho dos vencedores. Mas penso que vamos chegar lá e vamos aprender a tomar os gastos energéticos e de intenções em conta. Isto nos permitirá pesar as equipes de jogadores como um todo e cada jogador em particular.
– Qual é a mentalidade certa num jogo?
– A mentalidade certa é aquela que está direccionada para a união e integralidade. Na Natureza, há duas forças aparentemente opostas, uma positiva e uma negativa. A oposição num jogo depende de como combinamos nossos vectores individuais e egoístas dentro de uma equipe.
Quando nos unimos numa equipe, o que jogamos com os oponentes? Por outras palavras: Qual é a vitória? É muito importante discernir isto. Uma meta que alguém alcançou não é uma vitória. No nível do nosso mundo é uma concretização física. Mas acima dele, internamente, nós jogamos um jogo de unificação, o jogo de nos suprimirmos e nos conectarmos num nível superior, acima de nós mesmos.
Qual foi o resultado que alcançamos através deste jogo interior, os passes das nossas forças egoístas e altruístas e características? Que pontos cada um de nós contabilizou para si mesmo? Quanto avançou ele na sua auto-análise durante este jogo?
Estes jogos têm tremendo potencial para nos ajudar a passar por níveis de desenvolvimento interior rapidamente. Esta é uma pergunta para o futuro, mas não acho que esteja muito longe.
Quaisquer outras formas de actividade humana, especialmente formas que incluam elementos competitivos no nível do nosso mundo, podem dar-nos uma oportunidade enorme para construir acções opostas acima deles e para analisarmos.