Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
Já se passaram alguns meses desde que nós iniciamos nossas conversas sobre psicologia integrada e, durante esse tempo, temos tentado aplicar o método que você descreveu. Baseado nessa experiência, tenho algumas observações e questões que eu gostaria de colocar para você hoje.
– Como se constata, as crianças estão muito mais preparadas do que seus pais para aceitar o método da psicologia integrada.
– E talvez as crianças estejam até mesmo mais preparadas que os próprios instrutores; as crianças estão à frente de todos.
– Os pais têm de estar preparados tanto para não interferir no desenvolvimento de suas crianças, como também para entender que esse método irá ajudá-las. Afinal, qual é a função dos pais nesse método?
– Atualmente as crianças são completamente diferentes. Nós não conhecemos as características do novo mundo, então nos parece que as crianças de hoje são estranhas e excêntricas. Certamente elas não são como nós. Elas parecem estranhas para nós, porque nasceram com rudimentos pré-existentes do próximo estado social do mundo, que é global e integrado, de acordo com o desafio que a Natureza nos apresenta hoje. Pressionando-nos por dentro e por fora, a Natureza está nos forçando a adotar uma nova forma de conexão entre nós, pela qual nós, adultos, sequer sentimos desejo.
E mais, as crianças de hoje já nascem com predisposição para a percepção integrada, por isso, enquanto a nova realidade parece estranha a nós, para elas é completamente natural e até mesmo desejável. As crianças entendem isso tão bem que poderiam ter vindo de outro mundo e não serem realmente absolutamente nossos filhos. Elas percebem tudo como natural, porque a percepção integrada é realmente natural. Ela é a natureza da realidade que está sendo gradualmente revelada hoje.
Além disso, não são as crianças que têm problemas, são seus pais e professores que estão tentando implementar um novo método de conexão entre as pessoas, um método
oferecido pela Natureza. Os adultos ainda estão numa fase de transição, enquanto as crianças já estão maduras para isso.
Agora é realmente uma época especial. Nós estamos bem no meio de uma transição de um nível egoísta, proprietário, individual, para um nível altruísta, integrado e global, em que todos devem estar interconectados.
Como podemos fazer esta transformação? Somente com a ajuda das mídias de massa. Essa transformação será possível se os representantes públicos e as pessoas influentes do mundo entenderem a necessidade da mudança e cuidarem da geração futura.
Como de costume, porém, tudo recai sobre os ombros dos professores e do departamento de educação, que ainda não estão focando a educação, mas sim o educar. É por isso que todo o sistema educacional está se despedaçando.
Eu penso que a internet, juntamente com a chamada para nos tornamos integrados — o clamor da Natureza à humanidade — é a resposta para a questão “Como vamos alcançar a educação e a formação globais?”. Isso só pode ser feito a partir da internet. A internet é a plataforma mais barata, mas ela provê a melhor acessibilidade e pode facilitar a criação de um novo ser humano, que não seja restrito por nenhuma fronteira. Além do mais, nós não estamos formando apenas um novo ser humano, mas um mundo completamente novo, que será realizado dentro dele.
Como “o mundo” é definido? O mundo é o que nós percebemos. Certamente, se nossas sensações mudarem de egoístas para altruístas, o mundo irá mudar da mesma forma, porque iremos percebê-lo de maneira diferente. Afinal de contas, o mundo é percebido por sensações, o que significa que ele pode parecer para nós de um modo completamente diferente.
Essa é a abordagem materialista comum, a científica. Nós vemos que nossa percepção ou atitude frente à realidade muda completamente o modo como nós percebemos a realidade. A realidade, portanto, é relativa.
Engels, Einstein e todas as mais novas teorias, incluindo a psicológica, concordam com isso. Nós não estamos dizendo nada novo. Estamos simplesmente convidando o mundo para ver essa educação global, integrada, formando nosso novo nível humano pelo qual nós entramos atualmente no mundo da relatividade de Einstein, o mundo do próximo nível.
Não há distância entre esse mundo e o próximo nível, porque a distância é mensurada por sensações, e as nossas sensações não irão mais repelir umas as outras, mas, em vez disso, irão unir-se umas às outras. É como se nós superássemos as distâncias entre nós. Elas se tornam psicologicamente reduzidas a zero, porque nós atingimos o princípio de “Amar ao próximo como a si mesmo”.
Assim nós alcançamos um estado em que o tempo se torna restrito. Agora mesmo o tempo está entre nós e o nosso egoísmo. Se todos nós, porém, estamos dentro de uma única esfera de desejo, então, em termos práticos, o tempo não existirá. Estando nessa esfera, nós gradualmente aceleramos o tempo, contraímos o espaço e mudamos de um mundo de sensações físicas para um mundo virtual.
Esse é o chamado da Natureza por unidade. O chamado não é somente para nós superarmos a repulsão entre nós, mas para nos elevarmos a um novo nível de percepção da vida.
Muitas pessoas já começaram a perceber o mundo dessa maneira. E nós também vemos como a juventude espera alcançar esse mundo e entrar nele.