Hoje é o Dia Internacional da Memória do Holocausto. Talvez em preparação para este dia importante, a BBC dedicou a sua conta do Twitter As Grandes Questões (#BBCTBQ) para esta ocasião da seguinte maneira: “Nossa grande questão desta manhã: Está na hora de deixar de falar no Holocausto?” Se alguma olhou para um exemplo de zeitgeist, este título é bastante indicador.
Mas por todo o desânimo que tais afirmações evoquem, o que realmente me preocupa é como nós, Judeus, tratamos nosso passado. Se títulos tais como Judeus Americanos Devem Deixar De Se Obcecar Com o Holocausto podem ser casualmente atribuídos a indivíduos proeminentes tais como o Prof. Jacob Neusner, aqui está verdadeira causa para nos preocuparmos.
Tenho de admitir que eu, também, não sou entusiasta de nos demorarmos sobre o passado. Mas não podemos normalizar o Holocausto pois não há nada de normal nele. O Holocausto é um claro lembrete de que a aculturação (que nada mais é senão o eufemismo de assimilação) que a maioria dos Judeus Americanos procuram nunca vai acontecer, não agora, nem nunca, não na América, nem em lado algum.
Há seis séculos atrás tentámos ser assimilados na Espanha e todos sabemos como isto terminou. Há noventa anos atrás tentámos fazê-lo na Alemanha e tornou-se uma tragédia ainda maior que na Espanha. Agora estamos a tentar fazê-lo nos EUA. Não há razão para esperar que acabe bem.
Embora seja verdade que se olhar para os valores que a sociedade Americana nutre, parece não haver razão para pensar que o que aconteceu na Alemanha venha a acontecer aqui. Mas os Judeus na Espanha e os Judeus na Alemanha também não viram a onda a vir na sua direcção.
Para mim, está claro como o dia que se continuarmos a perseguir nossa presente trajectória social, enfrentaremos uma terceira catástrofe. Não se trata simplesmente da minha própria visão, mas uma que “herdei” do meu professor e do pai do meu professor (Yehuda Ashlag, autor do comentário Sulam (Escada) sobre O Zohar). O último escreveu sobre isso nos seus Escritos da Última Geração. Devo admitir que eu, também, sou um firme crente de que suas previsões tiveram uma exactidão de levar à letra.
Nós somos, sempre fomos e sempre seremos considerados e tratados como diferentes, porque o somos. Podemos não o ver quanto a nós mesmos e certamente não temos desejo de sermos considerados e tratados como o eterno culpado, mas este é um facto da vida. Não há razão para que o Antissemitismo se está a espalhar pela Europa não rasteje para a América.
Na realidade, em muitos aspectos, a situação em muitas universidades Americanas é pior que na maioria dos países Europeus. E se nos lembrarmos que foi precisamente este grupo etário que conduziu a toda a transformação social na América desde Woodstock ao Occupy, então podemos ver que não devemos baixar nossa guarda.
Mas fazer a mala e fazer aliyah em massa não é a solução. Aqui em Israel também não estamos a fazer o que devíamos em prol de prevenir o próximo cataclismo.
Em vez de fugirmos uns dos outros e tentarmos ser assimilados, nós temos de fazer o oposto. Nos devemos unir acima das nossas diferenças e dar um exemplo de solidariedade social e responsabilidade mútua. Nós devemos fazê-lo aqui na América e devemos fazê-lo entre Israel e os Judeus Americanos. O mundo já se encontra a observar todos os nossos movimentos ao microscópio. Agora devemos dar-lhe o que ele necessita.
E o que o mundo necessita é a habilidade de se unir acima das diferenças. As pessoas são odiosas e alienadas umas das outras, narcisistas e solitárias. É por isso que a depressão é a mais comum doença no mundo Ocidental. Mas a única cura para ela é união e camaradagem entre nós, que ninguém sabe como criar. As pessoas não querem ser oprimidas ou ser forçadas a ser idênticas. Pelo contrário, elas querem ser únicas e excepcionais.
Nós, Judeus, em tempos possuímos a habilidade de nos unirmos sob o lema, “ama teu próximo como a ti mesmo.” Este lema permite-o ser tanto único quanto se unir e esta é a combinação que o mundo procura. Somente quando contribuirmos sua singularidade para o benefício da sociedade seremos capazes de construir uma sociedade que se sinta pessoalmente concretizada enquanto contribuindo nossas aptidões e talentos para o beneficio da sociedade. Hoje, somente tal sociedade é sustentável.
É nosso papel enquanto Judeus reacender esta habilidade dentro de nós e a transmitirmos ao mundo. As nações não se importam quantos vencedores de Prémios Novel vêm de descendência Judia, ou quantos fundos doam os Judeus às caridades (muito além da nossa proporção na população global). E mais importante, a história e o presente estado das coisas provam que estas estes louvores não ajudaram um pouco para mitigar o Antissemitismo. Até que aprendamos a nos unir e a espalhar o método da união pelo mundo, as pessoas continuarão a nos culpar por tudo o que há de errado com o mundo e continuarão a nos considerar não só redundantes neste planeta, mas nocivos para suas vidas. E elas farão o que puderem para se livrarem de nós.
Podemos pensar que não nos podemos unir enquanto formos tão diferentes, mas isso é porque estamos a olhar só do nosso presente nível. Mas Einstein, um Judeu justamente inteligente, já disse que “os problemas significativos que temos não podem ser solucionados no mesmo nível de pensamento com os quais os criámos.” O que precisamos é deixar nossas diferenças intactas e nos unirmos acima delas. Se tentarmos, teremos sucesso. Está nos nossos “genes nacionais” inerentes e tudo o que é necessário para os despertar é um pequeno esforço da nossa parte.
Publicado originalmente no The Times of Israel