Se nos dispersarmos, como Soros e seus companheiros gostariam, o mundo não saberá como alcançar a paz e a sociedade humana se desmoronará para o caos completo.
(Perguntas e Respostas de Rabbi Michael Laitman para os Leitores do JPost)
Talvez devesse ter antecipado esta reacção, mas eu chamo-lhe como o vejo e por vezes minhas palavras podem ser retiradas do contexto. Minha “agenda,” se preferirem, é somente esta: O bem-estar do povo Judeu e o bem-estar do mundo dependem da união da nossa nação e subsequentemente a união do mundo inteiro. Foi isto que aprendi dos meus professores e dediquei minha vida a transmitir essa mensagem.
Na verdade, fico grato aos críticos por me darem uma oportunidade para elaborar sobre a questão do papel de Israel no mundo e nas fontes que me conduziram a acreditar no que eu acredito.
Quem, ou O Quê, É o Povo de Israel?
O povo Judeu é único. As nações são habitualmente formadas a partir de uma cultura ou etnia comuns, ou de ambas. O povo Judeu é exactamente o oposto. O Midrash (Bereshit Rába) e Maimónides (Mishnê Torá) fornecem detalhadas descrições da formação do nosso povo. Nas palavras de Maimónides: “Abraão começou a clamar para o mundo inteiro … deambulando de cidade em cidade e de reino em reino até que ele chegou à terra de Canaã… E quando se reuniram à sua volta e o questionavam sobre suas palavras, ele a todos ensinava…até que os trouxe de volta para o caminho da verdade. Finalmente, milhares e dezenas de milhares se reuniram à sua volta e eles são o povo da casa de Abraão.”
Entender nosso fundo é portanto a chave para entender que o povo Judeu não é uma nação no sentido comum da palavra, mas um grupo de pessoas que subscrevem uma ideia! Os primeiros Hebreus vieram de todo o Crescente Fértil e o Médio Oriente dos dias de hoje e pertenciam a muitas tribos e culturas diferentes. Eles eram uma companhia ecléctica que se juntou somente segundo a ideia de que há uma força que governa o universo e não certo sistema politeísta. Eles também perceberam que esta força é uma de misericórdia, amor e união e que ela é a única coisa que nos consegue conectar acima das nossas diferenças.
Enquanto os antigos Hebreus desenvolveram seu povo, eles estreitaram seu laço até ao ponto que concordaram se unir “como um homem com um coração.” Nesse ponto, o pé do Monte Sinai, eles receberam o código de leis para conduzirem uma sociedade cujos membros estão unidos no coração.
Tikun Olam, Também Conhecido Como, uma Luz para as Nações
Abraão foi um pioneiro. Mas tal como ele circulava seu conhecimento para qualquer um que quisesse ouvir, os descendentes de Abraão foram encarregues de continuar o seu trabalho e espalharem as noções do seu antepassado para o resto da humanidade.
Nossos sábios estavam muito conscientes desta obrigação e frequentemente o exprimiram nos seus escritos: “A intenção da criação foi que todos fossem um feixe… mas a matéria foi estragada. A correcção começou na geração da Babilónia, portanto a correcção da reunião e união das pessoas que começou com Abraão. …E a correcção final será quando todos se tornarem um feixe” (Shem Mishmuel).
É portanto óbvio das fontes que o Tikun Olam (correcção do mundo) se trata de trazer a união ao mundo. Todavia, hoje muitos Judeus não acreditam que a tarefa de serem “uma luz para as nações” ainda se mantém verdadeira para nós. Mas se você lhe chamar “luz para as nações” ou Tikun Olam, nosso papel no mundo não mudou, nós temos de liderar o caminho para a união ao desenvolver e implementar o método da correcção e desta forma servindo como modelo exemplar.
A única coisa que mantinha nossos antepassados juntos como uma nação, apesar do feroz ódio e ocasionais conflitos sangrentos que irrompiam entre eles, era o entendimento de que todos estes crimes surgiam somente para que eles os cobrissem com amor e mantivessem nossa obrigação para o mundo. “Todas as guerras na Torá são pela paz e pelo amor,” escreve O Livro do Zohar (Beshalach). Se nos esquecermos disto, imediatamente regredimos de sermos a nação de Israel e nos tornamos uma vez mais as tribos eclécticas das quais viemos.
Quando quer que alguém me pergunte, “Você sabe que a essência do povo de Israel se trata de cobrir as diferenças com a união e que nossa tarefa é unirmos o mundo?” Eu me refiro a eles com este belo excerto de O Zohar (Aharei Mot): “‘Vede, quão bom e quão agradável é que os irmãos também se sentem juntos.’ Estes são os amigos quando se sentam juntos e não estão separados uns dos outros. Inicialmente, eles parecem pessoas em guerra, desejando se matar uns aos outros. Então retornam eles a estarem em amor fraterno. …E vós, os amigos que aqui estão, tal como estavam em afeição e amor anteriormente, doravante também não partirão … E pelo vosso mérito haverá páz no mundo.”
Exemplos dos sábios que escreveram sobre nosso papel no mundo abundam. “Os filhos de Israel se tornaram fiadores para corrigir o mundo inteiro … tudo depende dos filhos de Israel” (Sefat Emet). “Noé foi criado para corrigir o mundo no estado em que estava nesse tempo. …Moisés desejou completar a correcção do mundo nesse tempo. Foi por isso que ele levou a multidão misturada, pois ele pensou que então seria a correcção do mundo … Contudo, não teve ele sucesso por causa das corrupções que ocorreram no caminho” (Adir Bamarom).
Certamente, enquanto os líderes de outras nações quiseram conquistar o mundo, nossos sábios quiseram corrigi-lo através da união.
De Prejudicial a Benéfico
Apesar dos nossos esforços, dois mil anos atrás nossa união se desmoronou e sucumbimos ao ódio infundado. Nos dispersamos pelo mundo, o Templo foi arruinado e perdemos a soberania sobre a terra onde nos era suposto realizar a correcção da nossa união.
Desde esse tempo, as pessoas começaram a sentir que os Judeus não faziam aquilo que eram suposto fazerem. Mas por não poderem especificar o que é suposto que os Judeus façam, elas começaram a culpar os Judeus por cada problema e obstáculo que encontram no seu caminho.
Se não tivessem dinheiro, isso seria por os Judeus o roubarem através da avareza. Se estivessem doentes, isso seria por os Judeus envenenarem os poços. Se conflitos surgiam, isso era por os Judeus serem belicistas. Se um país perdia na guerra, isso seria por os Judeus serem uma quinta-coluna. Todo o problema teria uma causa: “Foram os Judeus que o causaram.”
Mas na verdade, não foi o que os Judeus fizeram; foi o que eles não fizeram que os tornou culpáveis, eles não se uniram. Eles não deram um exemplo de união ao mundo, então a humanidade não se conseguia unir e os problemas em breve se seguiam. “Em Israel,” escreveu o Rav Kook, “está o segredo da união do mundo” (Orot HaKodesh).
Até o notável Antissemita, Henry Ford, sentiu que a culpa dos Judeus era que não traziam ao mundo o benefício que era suposto trazerem: “A sociedade tem uma grande reivindicação contra ele o Judeu que ele … comece a concretizar … a antiga profecia que através dele todas as nações da terra devem ser abençoadas” (O Judeu Internacional — O Principal Problema do Mundo).
A Grande Oportunidade
O estabelecimento do Estado de Israel reabriu ante nós a possibilidade de instar a união dos corações que inicialmente nos tornou uma nação. A tarefa que nos foi dada é tão válida agora como era nessa altura e o mundo exige que a levemos a cabo. É Israel prejudicial para o mundo? Enquanto não nos unirmos acima de nossas diferenças, deste modo infligindo conflito sobre o mundo, nós somos prejudiciais. “Cabe à nação Israelita se qualificar a si mesma e a todas as pessoas do mundo … para se desenvolverem até que assumam sobre si mesmos essa sublime obra do amor aos outros, que é a escada para o propósito da Criação,” escreveu Rav Yehuda Ashlag.
Se nos dispersarmos, como Soros e seus companheiros gostariam, o mundo não saberá como alcançar a paz e a sociedade humana se desmoronará para o caos completo. Em vez disso, “Os filhos de Israel corrigem o mundo quando retornam a ser uma nação… a correcção deve ser que nos corrigimos e encontramos a raiz da união a partir da separação” (Sefat Emet).
Eventualmente, todos veremos que “a principal defesa contra a calamidade é o amor e união” (Maor VaShemesh). Podemos chegar a isto através da pressão do mundo, ou de nossa própria vontade. A escolha nos pertence, tal como, como o implementar. Certamente, se as nações querem encontrar a paz, a única coisa que devem fazer é inverter sua hostilidade para Israel em pressão sobre Israel para se unirem e darem o exemplo ao mundo, pois se nos unirmos traremos ao mundo um benefício que mais ninguém consegue trazer e que todos subconscientemente esperam de nós: paz, fraternidade e união.
Publicado originalmente no The Jerusalem Post