Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Economistas e Especialistas no Novo Mundo

Do livro “Os Benefícios da Nova Economia”

Os economistas irão desempenhar um papel fundamental na adaptação da sociedade humana ao mundo global integral

Pontos-chave

  • A rede de laços egoístas tecidos no mundo desde a revolução industrial esgotou seu potencial e levou a humanidade a uma crise econômica mundial.
  • Os economistas mais proeminentes estão confusos. Todas as tentativas para resolver a crise econômica através da tradicional caixa de ferramentas falharam porque os paradigmas existentes já não correspondem à realidade global integral.
  • Sem uma transformação altamente necessária dos paradigmas econômicos para se conformar às leis do mundo global integral, a humanidade não vai superar os problemas que ameaçam a sua existência.
  • Aprender as leis do mundo global integral é uma pré-condição para a compreensão da rede de conexões e para a construção de uma nova sociedade
  • Os economistas e especialistas em ciências sociais têm um papel fundamental a desempenhar na adaptação dos laços econômicos entre todas as partes da sociedade humana no mundo global integral.

“As idéias dos economistas e dos filósofos políticos, quer seja quando elas estão corretas ou quando estão erradas, são mais poderosas do que é comumente entendido. Na verdade, o mundo é governado por pouco mais. … Tenho certeza de que o poder de interesses é muito exagerado em comparação com o avanço gradual das idéias. … Mas, cedo ou tarde, são as idéias, e não os interesses escusos, que são perigosas para o bem ou o mal.”84

                      –J.M. Keynes

O Papel Único dos Economistas

A crise econômica está despertando a ansiedade entre os economistas e os tomadores de decisão de todo o mundo. A crise global é a pior crise econômica do mundo desde  a Grande Depressão dos anos 1930. Ela atinge cada um de nós e nos obriga a não só examinar cuidadosamente as causas da crise, mas a abordar ativamente as deformações que têm crescido em nossa economia desequilibrada e corrigi-las. O papel singular dos economistas é ajudar o resto de nós a entender a crise e conduzir à reparação do sistema econômico global.

A Crise do Pensamento Econômico

Ao analisar as causas da crise, parece que os paradigmas econômicos existentes não  mais atendem a realidade global das nossas vidas. Enquanto os velhos padrões de pensamento que dominaram o  mundo  por mais de  cem anos parecem significativamente  fineficientes,  os  novo padrões de pensamento que correspondem à realidade atual e ajudaria a lidar com a crise são simplesmente inexistentes.

Muitos economistas e investidoress discordam sobre os modos de ação ou previsões, mas isto apenas destaca as falhas dos paradigmas existentes para enfrentar os desafios econômicos e financeiros do mundo. No entanto, a crise não espera por ninguém. A cada dia, à medida que ela se expande e se torna mais sistêmica, o risco de uma recessão econômica global se intensifica.

No final das contas, é uma crise que se origina da lacuna entre o pensamento econômico dominante atualmente e o conceito que deve prevalecer no mundo global integral em que vivemos. Como Prof Joseph Stiglitz definiu em uma palestra intitulada “Imaginando uma Economia que Funciona: Crise, Contágio e a Necessidade de um Novo Paradigma”, “O teste de qualquer ciência é a previsão. E se você não pode prever algo tão importante como a crise financeira mundial ou a magnitude do que estamos passando, obviamente, algo está errado com o seu modelo”85

A Nova Caixa de Ferramentas em Pesquisa Econômica

Ao estudar os organismos vivos, o cientista primeiro simplifica e explica como os vários órgãos fincionam, em seguida, explica sobre os diferentes sistemas e suas inter-relações, assim, executando a análise e a síntese. Estudando as inter-relações entre os sistemas, os cientistas das ciências da vida apontam para uma força unificadora que sustenta todas as células de um organismo. As células absorvem o que é benéfico e secretam o que não é benéfico, criando assim uma vida de equilíbrio e harmonia.

Como um fisiologista deve ser equipado com  as ferramentas certas para esse campo de pesquisa,

o economista precisa das ferramentas certas para seus estudos. Uma ausência de ferramentas adequadas para construir ou definir um novo modelo impede a descoberta de soluções para a  crise global atual. O novo modelo aborda o fato de que hoje o sistema é global e conectado por laços de dependência mútua. Por enquanto, esse modelo pode estar inteiramente claro para nós, devido às limitações impostas pela teoria econômica desenvolvida ao longo do século passado.

Interconexões Numerosas que Não Podem ser Previstas com Segurança

O objetivo de toda teoria é a de simplificar a realidade, e as teorias em economia não são excepção. No entanto, cada pesquisador sabe que a congruência perfeita entre teoria e prática é raramente encontrada. A teoria econômica atual pressupõe que cada pessoa deseja maximizar seu benefício pessoal, e descreve um sistema de relações entre consumidores, fabricantes, empresas e países de acordo com essa premissa..

A teoria propõe que cada elemento do sistema tem um conjunto diferente de prioridades e visa alcançar os melhores resultados para si. Estes elementos juntam-se em sistemas mais complexos, tais como empresas, corporações, mercados e países que funcionam em um mundo global e integral. Este último elemento, o mundo global, integral, é o que traz as dificuldades para construir modelos econômicos que contemplam todas as etapas de tomada de decisão na cadeia. Esta é uma razão pela qual a teoria econômica atual é imperfeita e limitada em sua aplicabilidade.

 

Incapacidade para Quantificar e Prever o Comportamento Humano

A Economia usa ferramentas estatísticas que permitem o isolamento de variáveis para detectar quais conexões que se repetem, e em que condições. Usando essas ferramentas estatísticas, os pesquisadores aprendem com os eventos passados e constroem modelos de comportamento ao longo do tempo. Eles podem usar essas ferramentas matemáticas porque é possível quantificar os vários parâmetros. No entanto, o que acontece quando os modelos devem incluir parâmetros não quantificáveis? O comportamento humano é exatamente tal parâmetro, e porque a economia está diretamente relacionada ao comportamento humano, que torna todo o campo de estudo limitado e inexato.

A razão pela qual o comportamento humano é imprevisível é que a tomada de decisões inclui elementos que nem sempre são racionais. Somente através da combinação de diferentes métodos de pesquisa, diferentes paradigmas, tais como a economia clássica, que se refere aos elementos quantitativos e a economia comportamental, que se relaciona com a natureza humana, é possível estudar todo o sistema. Isso permite que os pesquisadores entendam o comportamento humano, reconheça os limites do sistema, e compreendam as conexões que o trazem ao equilíbrio. Somente assim nós alcançamos tudo o que pode detectar com precisão as causas do desequilíbrio que levou à crise atual.

A abordagem integrativa é uma pré-condição, válida especialmente hoje, quando um completo novo sistema econômico que é radicalmente diferente do seu antecessor está sendo construído. O novo sistema é baseado nas leis de integração de todo o sistema. Tal como no estudo de organismos como sistemas fechados, no novo sistema econômico um economista será capaz de seguir as alterações, definir causalidades, e quantificar os parâmetros para o bom funcionamento das inter-relações entre os elementos do sistema.

 

A Nova Teoria Econômica-Global Integração

Até agora, a teoria econômica conseguiu caracterizar o comportamento das unidades econômicas em nível de unidades particulares, bem como em nível geral. No entanto, a teoria funcionou apenas enquanto as unidades poderiam ser vistas como elementos particulares. Isto criou uma divisão natural em segmentos de pesquisa econômica, como “economia do trabalho”, que busca entender a dinâmica do mercado de trabalho, ou “macroeconomia”, que lida com o desempenho, estrutura, comportamento e tomada de decisão da economia como um todo. Essa divisão explicava suficientemente as conexões entre as unidades econômicas e a dependência entre elas dentro mercado de cada país, incluindo casos de mercados fechados ou as relações comerciais entre os diferentes países.

No entanto, a economia não conseguiu integrar essas unidades de estudo em uma peça única e sólida que unem todas as unidades como uma, como requerido no mundo global e conectado. A incapacidade de conectar os sistemas em um é o principal desafio da economia hoje. A desconexão os torna incongruentes com as leis de integração que estão se manifestando  no mundo interconectado de hoje.

 

Hoje, as unidades econômicas e financeiras operam em um único ambiente global. Elas estão atadas entre si por necessidade e dependem uma da outra, em conexões cada vez mais rigorosas.  É um processo evolutivo que chegou agora a um ponto crítico, porque as ferramentas nas mãos de economistas não são mais eficazes. Elas foram desenvolvidas e aperfeiçoadas em um mundo completamente diferente do de hoje.

Anteriormente, podia-se explicar como as conexões entre as unidades econômicas e financeiras foram formadas. Era possível exprimir a ligação entre os elementos distintos de uma forma quantificável. Agora uma lei integrativa opera em todo o mundo, levando em conta todas as conexões possíveis. Combinando os atuais sistemas econômicos e sociais para que esta lei leve necessariamente a um mundo que aspira ao equilíbrio e harmonia precisamente, pois ela  considera todas as conexões possíveis. Por outro lado, a incongruência com esta lei vai ser experimentada como uma crise galopante.

 

A Queda dos Velhos Paradigmas que Levaram à Crise

O paradigma econômico atual que nos levou a esta crise criou – entre outros males – uma base legal e moral para explorar mão de obra barata, principalmente no leste da Ásia, e o consumo exagerado dos recursos naturais. Essa base tem levado a dependência mútua de que não podemos mais escapar. Os EUA, por exemplo, tornaram-se uma superpotência de serviços financeiros e de consumo. A China, por outro lado, assim como a Índia e outros países em desenvolvimento, tornaram-se as fábricas do mundo. O sistema global está mais conectado do que nunca, e os economistas devem construir um paradigma econômico que suporta esta dependência mútua.

A humanidade evoluiu do individualismo, da competitividade, manipulações para um sistema global interconectado que exige dos economistas a elaboração de um novo paradigma que a reflita. Esse paradigma deve levar em consideração o fato de que estamos vivendo em um sistema global integral, e somente quando entendermos as suas leis, seremos capazes de estabelecer corretamente as conexões econômicas que nos levarão a uma vida de felicidade e equilíbrio.

A globalização não é mais uma grande descoberta. É uma realidade a qual os economistas geralmente se referem em suas declarações e discursos. O economista Mark Vitner descreveu a interconexão  global de  uma  forma  bastante  palpável:  “É  como  tentar  separar  ovos mexidos.

Simplesmente não pode ser feito facilmente. Eu não sei se absolutamente isso pode ser feito.””86

E, no entanto, as soluções que os economistas oferecem aos tomadores de decisão ainda se apoiam nas ferramentas do obsoleto paradigma do mundo das entidades separadas. Sugerem medidas tais como o corte das taxas de juro, despejando recursos no sistema (eufemismo para a impressão de dinheiro), ou redução de despesas do governo.

Talvez esses meios monetários e fiscais pudessem prestar os primeiros socorros, mas eles são completamente  ineficazes  quando  se  trata  de atacar  as  raízes  da  crise  e  garantir um sistema viável, sólido e sustentável. Estas soluções falham porque esquecem a raiz da crise – o descompasso entre o funcionamento do sistema econômico atual e o necessário funcionamento dentro do sistema global integral. Os programas de resgate da crise financeira de 2008 basearam- se em teorias antigas e, portanto, falharam amargamente, levando-nos a enfrentar uma versão ainda mais ameaçadora do que esta crise apenas três anos mais tarde.

Ao tentar resolver os novos problemas, sem entender as leis pelas quais o sistema global integral opera, estamos apenas agravando a crise. Além disso, a incongruência dos sistemas econômicos com o atual modus operandi do mundo coloca-os em risco imediato de colapso econômico, revoluções e guerras civis. A Primavera Árabe de 2011, agora derramando em 2012, é um exemplo dos perigos que as pressões econômicas podem representar. A influência de elementos e partidos extremistas e nacionalistas de todo o mundo está aumentando. Os protestos na Europa e os EUA podem levar à violência, minar a paz doméstica, chacoalhar os sistemas políticos dentro dos países, e até mesmo aumentar a chance de uma guerra de grandes proporções.

Os economistas têm o dever e a responsabilidade de adquirir um conhecimento profundo das leis da nova economia mundial. Nele, as leis refletem os sistemas de relações humanas que estão se movendo em direção à colaboração, sinergia, solidariedade, coesão e harmonia. Apenas quando  os economistas entenderem esta nova direção eles serão capazes de desenvolver modelos adequados para descrever o sistema global integral e como ele deve funcionar. Isto, por sua vez, irá resultar na criação de uma economia inteiramente nova.

Equívoco

Para demonstrar a ligação entre as leis do sistema global integral e nossa capacidade de identificar as suas características devemos nos voltar para outros campos da ciência. Primeiro, precisamos tomar consciência de que nós não percebemos a realidade como ela é, mas por aquilo que acreditamos que seja. Em um ensaio on-line intitulado “Ciência Objetiva: um Oxímoro Inerente”, o Dr. Johnston Laurance, ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano, escreveu, “Toda observação científica, mesmo no nível mais fundamental, é afetada pela consciência do observador. A este respeito, a declaração: ‘Eu vou ver quando eu acreditar’ é mais apropriado do que a afirmação inversa comumente usada.” 87

Nesse ensaio, o Dr. Laurance citou vários outros cientistas e pensadores, tal como o neurologista do século 19 Jean Martin Charcot, considerado o fundador da neurologia moderna: “Em última análise, vemos apenas o que estamos prontos para ver, o que nós fomos ensinados a ver. Nós eliminamos e ignorar tudo o que não faz parte dos nossos preconceitos.”

Assim, para conceber a solução certa para a crise, precisamos primeiro nos ajustar a ela para que as ferramentas com as quais abordarmos os problemas, sejam as ferramentas certas. Há economistas que já podem oferecer soluções viáveis para a crise? Lamentavelmente, por muitos anos a academia nos ensinou como produzir riqueza financeira, ao invés de equilíbrio econômico e harmonia em nossa sociedade. A fim de pelo menos abordarmos a crise com a atitude mental correta, devemos nos começar a nos reeducar sobre muitos aspectos da economia.

Estudando a Realidade Global-Integral

A grande lacuna entre a realidade global integral a qual a sociedade humana desenvolveu e os atuais paradigmas econômicos, que não mudaram significativamente desde  a  revolução industrial, é a verdadeira razão para a crise. Compreender a diferença é o primeiro passo em direção à solução da crise, e este é o grande desafio que os economistas enfrentam hoje.

O pensamento integral, que leva em conta todos as possíveis conexões entre as partes do sistema, pode suprir um pesquisador com ferramentas para realizar os cálculos e previsões precisas de qualquer tipo. Ele pode dizer aos economistas o que eles precisam mudar nos sistemas existentes e como. Mas primeiro eles devem livrar-se dos velhos padrões de pensamento e estudar os padrões de pensamento do sistema global integral, e o paradigma econômico incumbente. O primeiro a adotar o padrão de pensamento integrante devem ser aqueles cujo papel torna-os mais sensíveis a mudanças e dinâmicas na sociedade humana, tais como, economistas, políticos e sociólogos.

Uma Oportunidade para Construir uma Nova Economia

Os sistemas existentes não podem ser descartados repentinamente. Temos um grande desafio pela frente que implica em uma profunda mudança de percepção da nossa parte. Essa mudança exige uma transformação em nossa maneira de pensar; dos atuais modelos de benefício pessoal e local para modelos que se concentram em primeiro lugar e acima de tudo na satisfação das necessidades de todas as pessoas; substituindo a busca pela riqueza, o excesso de consumo e os símbolos de status por uma nova, com benefícios não materiais que vêm da contribuição para a sociedade humana global-integral.

A oportunidade diante dos economistas é uma joia rara, evento único em há muitas gerações. A humanidade está no limiar de uma nova era em que aparecem novas causalidades. Os economistas têm o privilégio de serem os pioneiros que irão ajustar a estrutura da sociedade humana à nova realidade. Entre aqueles que são sábios o suficiente para construir a nova economia, de acordo com o princípio de que estamos todos conectados em uma rede global integral será bem recompensado. O destino do mundo repousa sobre sua capacidade de fazer essa mudança e levar a humanidade à prosperidade e abundância global.

84 John Maynard Keynes, The General Theory of Employment, Interest and Money, (U.K., Palgrave Macmillan, 1936), pp 383-4

85 “Short films from the 2011 Lindau Nobel Laureate Meeting in Economic Sciences,” The New Palgrave Dictionary of Economics Online, http://www.dictionaryofeconomics.com/resources/news_lindau_meeting http://www.dictionaryofeconomics.com/resources/news_lindau_meeting (see Stiglitz’s lecture, minute 1:36)

86 Associated Press, “Recession will likely be longest in postwar era,” MSNBC (March, 2009), http://www.msnbc.msn.com/id/29582828/wid/1/page/2/

87 Laurance Johnston, “Objective Science: An Inherent Oxymoron” (April 2007), http://brentenergywork.com/OBJECTIVE_SCIENCE_ARTICLE.htm

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