O ano de 2011 encontra o mundo no meio de uma crise multidimensional que tem estado a “cozinhar durante muitos anos, mas apenas recentemente se materializou na nossa consciência. Estamos a testemunhar uma crise ecológica juntamente com um ponto de ruptura expansivo financeiro que estão a ameaçar a nossa própria existência, emergências humanitárias, crises crescentes na educação, ciência e relações familiares, uma subida alarmante no abuso de drogas e um aumento mundial no terrorismo.
Uma abordagem à gestão da crise propõe soluções locais e discretas para cada uma das áreas afectadas, tais como a economia, política, ecologia, educação e assim por diante. Queremos oferecer uma abordagem diferente e mais ampla: estamos diante de uma crise global, o que requer deste modo uma solução global. Mas para sugerir tal uma solução, precisamos primeiro de analisar e compreender as causas que provocaram esta crise global.
Da Existência Local à Existência Global
Desde a alvorada da história, a força propulsora da humanidade tem sido a evolução perpetua do egoísmo. No passado, o nosso egocentrismo inerente permitiu à humanidade sobreviver, crescer e eventualmente prosperar. Quanto maior era o nosso desejo de satisfazer as nossas necessidades, mais sofisticadas eram as maneiras que inventámos para as satisfazer.
Inicialmente, vivemos em clãs isolados. Então os clãs cresceram e lutas pelo povo e território resultaram. Ao mesmo tempo, desenvolvemos a agricultura, que rendeu comércio e laços comerciais mais elaborados entre nós. Mais tarde ainda, revoluções sociais, culturais e educativas apareceram em cena, fortalecendo mais ainda os laços entre nós.
O entendimento de que poderíamos extrair bem maior ao combinar esforços e unir forças produziram a era industrial (assim como o sistema de educação), seguindo-se a era moderna e finalmente, a revolução da informação, que elevou as conexões entre os humanos a todo um novo e sofisticado nível. Depois de dezenas de milhares de anos, o mundo tornou-se uma aldeia global, na qual estamos todos conectados social, política e economicamente.
E neste preciso ponto do tempo, a mudança fundamental que começou nos século 21 foi exposta: o poder que impulsionou indivíduos até então foi invertido de ego pessoal para ego global e ligou-nos a todos num círculo vicioso. Isto, por sua vez, induziu uma série de eventos de mutação do mundo:
- A humanidade tornou-se um sistema integral e global no qual todos são interdependentes.
- A partir do momento em que a humanidade se tornou um sistema integral e global, as regras que se aplicam a qualquer tal sistema na natureza começaram a aplicar-se ainda mais importantemente à humanidade também. Porque o sistema da natureza procura sempre equilíbrio, a sobrevivência de qualquer sistema depende da extensão à qual cada um dos seus elementos recebe o que é necessário para a sua existência e usa o resto dos seus esforços para beneficiar o sistema como um todo.
- Enquanto continuarmos a relacionar-nos uns aos outros de modo egoísta (apesar do facto de que o mundo se tornou integrado), estamos a agir contra as leis que se aplicam a qualquer sistema fechado na Natureza. Neste sentido, somos como células que se consumem a si mesmas num organismo. No caso do corpo humano, o resultado é um tumor cancerígeno. No caso da humanidade, o resultado é uma crise em cada reino da vida moderna.
- Solução para a crise: Devemos elevar a nossa rede de conexões para um nível verdadeiramente global. Cada pessoa deve reconhecer a natureza do mundo em que vivemos e perceber que no século 21, o destino de uma pessoa depende da sua atitude para as outras pessoas.
Desta perspectiva, torna-se claro que o novo mundo que aparece perante nós no início do século 21 não é u.m que requisite soluções materiais, financeiras ou políticas.
Em vez disso, primeiro e antes de mais, ele requer uma solução educacional.