Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
– É aconselhável haver uma divisão por sexo ou idade nos espaços on-line nos quais as pessoas ficarão juntas, ou a audiência pode ser completamente diversa, como em uma situação natural em que cada pessoa simplesmente procura o espaço mais interessante e mais próximo?
– Tudo depende do grau de extensão em que vamos nos adaptar à internet, esse espaço virtual. Hoje ele ainda está em um estado rudimentar. Isso exigirá grandes esforços para criar novas e apropriadas formas de comunicação. Não há programas que permitam a milhares de pessoas participarem simultaneamente de um fórum, socializar e ver a si mesmas em um espaço virtual se elas não estiverem na mesma sala. Isso ainda é muito difícil de realizar.
A internet precisa elevar-nos acima da sensação do espaço físico. Ela tem de criar a ilusão ou a sensação do espaço, um sentimento de estarmos incluídos um no outro. Nós não temos tais instrumentos ainda, mas eu espero que eles sejam desenvolvidos.
Nós temos de usar o que temos. Nós acreditamos que a Natureza é livre de erros, que ela está nos guiando para frente, dando-nos precisamente as oportunidades de que nós precisamos a fim de avançarmos. Temos de usar essas oportunidades como um exercício que gradualmente nos prepara para os estados futuros. Esses estados, então, irão surgir e evocar o aparecimento das novas tecnologias que o revestem.
– Nessa comunicação virtual, há espaço para os talentos e as habilidades individuais?
– Penso que a diferenciação acontecerá em seu próprio termo. Pessoas se reunirão como elas fazem na sociedade normal, de acordo com suas características, interesses e assim por diante. Eu também penso que não há necessidade de fazermos qualquer distinção entre homens e mulheres. Quando nós damos às pessoas a chance de socializar, nós não deveríamos criar nenhum tipo de fronteira.
É claro, porém, que seria melhor se os homens se socializassem mais com outros homens e as mulheres com mulheres. Por outro lado, é muito difícil para a mulher socializar em ambientes exclusivamente femininos.
Os homens têm de desenvolver certo tipo de conexão que não seja baseada em interesses materiais, mas em um nível mais alto: o nível humano em vez do nível animado. Eles têm de ter oportunidade de se comunicarem, se conectarem, se favorecerem e se unirem, separados da comunidade feminina.
Nós vemos que essa divisão acontece em toda sociedade: há um setor masculino e um feminino. Por exemplo, até mesmo Hollywood, não importa quão liberal seja, faz alguns filmes direcionados principalmente para os homens e outros para as mulheres.
Você não pode fazer nada para mudar isso. Nós somos uma parte da Natureza e somos naturalmente divididos. Essa divisão entre os sexos é a mais vívida e a mais estrita. Ela divide tudo de cima a baixo, em todos os níveis — inanimado, vegetativo, animado e humano.
Além do mais, eu penso que nossa formação também irá diferenciar as pessoas por sexo. Elas, no entanto, têm de fazer sua própria análise, encontrar o melhor lugar para socializar e decidir o quanto devem evitar o sexo oposto a fim de atingir unidade com o elemento do próprio sexo. Talvez as mulheres também possam se unir de alguma forma, porém num nível diferente, porque a unificação do homem é inerente à Natureza, ao contrário da unificação feminina.