Se não quisermos acordar uma manhã e descobrir que perdemos toda uma geração, temos que mudar o mais rapidamente possível o sistema de educação que prepara os nossos filhos para a vida. Mas enquanto todas as pesquisas indicam a necessidade urgente de mudança, o Ministério da Educação está focado somente na transmissão de conhecimentos e nas notas. Qual é a solução?
Em Cooperação com a Cabala
Se você fosse um dos tomadores de decisão no país, qual serviço público você melhoraria em primeiro lugar? Os serviços de assistência médica, o Instituto Nacional de Segurança, os tribunais, ou o sistema de ensino? Centenas de israelenses responderam a esta pergunta em uma pesquisa conduzida pelo Bureau Central de Estatísticas e os resultados foram publicados esta semana.
Se você é pai/mãe animado com os filhos que estão começando um novo ano escolar esta semana, provavelmente já sabe a resposta a esta pergunta. Mais de 30% da população acredita que o sistema educacional israelense precisa ser melhorado: 48% dos pais em Israel estão decepcionados com a maneira como ele opera; 60% procuram alternativas, e 81% dos pais se queixam de que o sistema educativo não prepara as crianças para a vida adulta no século XXI.
O cliente tem sempre razão, e neste caso são os pais. Que ferramentas nossos filhos terão para gerir a sociedade após 12 anos de escola? Quais são os valores que eles vão aprender na escola? O racismo está crescendo, a divisão no país aumentou, e o discurso nas redes sociais está se tornando mais violento. Quem está preparando nossos filhos para lidar com esses problemas reais e muitos mais?
Pais, vocês se importam?
Esta semana a escola vai voltar a ser a instituição central que influencia a vida e o futuro do seu filho. O sistema de educação pública foi estabelecido na medida em que a revolução industrial do século XIX se acelerou com a intenção de treinar muitos trabalhadores para as linhas de montagem. Ele não mudou muito desde então …. Acontece que o foco principal está no ensino de habilidades profissionais que servirão melhor o sistema econômico e vai ajudá-los a se desenvolver. Enquanto as escolas continuarem sendo uma fábrica para a produção de cidadãos bons e competitivos, e o teste de realização for o único critério para medir o sucesso, não há razão para enviar nossos filhos à escola.
O sistema escolar deve primeiro se concentrar em ensinar valores e não informações. Melhorar os temas centrais e aumentar o número de alunos que tiram cinco pontos nos exames finais de Inglês e Matemática (o mais alto nível) e reescrever frases em estudos sociais é importante, mas este é o papel do Ministério da Informação e não do Ministério da Educação.
Profunda Re-educação
Por enquanto, há um declínio acentuado no número de jovens que querem servir no exército. Muitos jovens pensam em deixar o país e estamos nos tornando cada vez mais indiferentes uns aos outros todos os dias. Em um Estado que está lidando com um problema nacional chamado ódio infundado, cujas sementes foram plantadas com a destruição do Templo, temos que agir e ensinar a ideia nacional do “ama teu amigo como a ti mesmo”.
“A pessoa que se preocupa com os dias, planta trigo; com os anos, planta árvores; com as gerações, educa as pessoas” (Janusz Korczak). Todo pai se preocupa com o futuro de seus filhos e faz o seu melhor para que eles aprendam a manter as relações familiares entre eles. É assim como todos nós juntos também devemos nos preocupar com o futuro da próxima geração. Devemos incentivar a melhoria das relações interpessoais para que possamos descobrir o poder da unidade, e o bem-estar e segurança que ela oferece, não como resultado do falso espírito de garantia mútua que emerge nos momentos de dificuldade. “Nossa única esperança é reorganizar profundamente a educação de nossos filhos, para descobrir e reacender o amor natural que está piscando em nós, e reviver os músculos nacionais em nós, que estiveram inativos por dois mil anos” (Os Escritos de Baal HaSulam).
Uma Lição em Conexão
Se não quisermos acordar uma manhã e descobrirmos que perdemos toda uma geração, sugiro que comecemos o dia escolar como Baal HaSulam diz em seu artigo, com pelo menos uma hora de consolidação das atividades de unidade. Não devemos perder o momento; temos que nos sentar no banco da escola novamente. “Nós, a nação, devemos levar a uma interação que irá criar uma micro sociedade entre os estudantes, onde todos se preocupam com todos os outros como em uma pequena família. Isto irá preparar as crianças para estabelecer uma conexão calorosa no topo de toda a tensão e conflitos naturais entre si, e trazer para fora toda a criatividade e o potencial nelas. (“Educação não cria nada de novo, mas traz à tona o que já está em uma pessoa”, Rav Kook).
Durante a “hora de conexão”, os professores vão fornecer as ferramentas básicas para a construção de uma conexão forte e saudável entre os estudantes, trazendo exemplos de dependência mútua positiva e consideração, e vão orientar os alunos em como lidar melhor com o mundo global, que afeta todos os aspectos da nossa vida. As crianças vão se sentar em círculo em que todos são iguais e podem ver e ouvir uns aos outros, e não atrás de mesas dispostas em uma fileira. Todo mundo vai aprender a ouvir uns aos outros, sem impor sua opinião até que atinjam uma compreensão geral. Aos poucos, eles vão aprender a superar sua natureza egoísta, e, finalmente, vão sentir parceria, conexão e amor, como está escrito: “O amor cobre todas as nossas transgressões”.
Um Professor para a Vida
O professor também vai fazer parte do círculo e se sentar com as crianças e conversar com elas no mesmo nível. Ele irá substituir a sua autoridade e superioridade com a arte de perguntas direcionadas que ajudam as crianças a descobrir a informação por si só, comunicando e falando entre si. É assim que a informação é assimilada de forma muito mais significativa e qualitativa.
Uma criança que cresce em um ambiente que mede seu sucesso de acordo com a sua consideração pelos outros, e de acordo com sua contribuição para com toda a sociedade, tem a garantia de florescer e ser educada. Como um adulto, ela vai, sem dúvida, enfrentar a vida com uma perspectiva muito mais ampla do mundo e com um sentimento de responsabilidade e cuidado em relação à construção de uma sociedade igualitária atenciosa, assim como o ambiente em que ela cresceu.
“É uma vergonha admitir”, diz Baal HaSulam no mesmo artigo, “que uma das qualidades mais preciosas e importantes que temos perdido durante o nosso tempo no exílio, é a nossa consciência nacional, ou seja, o sentimento natural que conecta e sustenta toda nação. É porque os fios de amor que unem a nação de Israel se deterioraram e foram cortados de nossos corações, foram perdidos e se foram. “Nossa nação tem uma grande sabedoria de conexão, uma ideologia que foi estabelecida para as gerações. Tudo o que temos a fazer é implementar o método de conexão que está enraizado no amor de misericórdia de Abraão entre os nossos queridos filhos. Não é um sonho, está bem aqui nas relações entre nós.
Publicado originalmente no Ynet