A Convenção Internacional de Cabalá realizada na semana passada no Centro de Convenções de Tel Aviv, despertou a curiosidade e a necessidade entre muitos de entender o que está escondido atrás do misticismo. O Rav Dr. Michael Laitman lança um pouco de luz sobre a autêntica sabedoria da Cabalá, desafiando os mitos e respondendo a todas as perguntas que você não teve tempo de perguntar.
Na semana passada, no Centro de Convenções em Tel Aviv, ocorreu a Convenção “Os Bons” dos centros de “Cabalá para o Povo”. A Convenção foi assistida por cerca de 8.000 pessoas de 64 países, incluindo Chile, Nova Zelândia, Turquia, Japão e até mesmo Gana.
Sob o lema: “A Cabalá Mundial Torna Israel Mais Forte”, milhares de estudantes do país e do exterior se reuniram com o objetivo de fortalecer a unidade e a conexão do povo de Israel. De fato, tal demonstração de conexão, unindo-se uma vasta gama de pessoas acima das diferenças de opinião e estratos sociais, acima das etnias e seitas, acima das religiões e nacionalidades, poderia ser possível somente graças ao poder da conexão inerente ao estudo da sabedoria da Cabalá.
A exitosa Convenção despertou entre muitos uma série de questões sobre a natureza do estudo da sabedoria da Cabalá. À luz de muitos pedidos, nós preparamos especialmente para você, um “Guia aos Desorientados Sobre a Sabedoria da Cabalá”, que inclui respostas às perguntas e aborda mitos comuns.
O que é Cabalá?
Se você resumir os milhares de livros e palavras em uma frase, a Cabalá é o método para descobrir a força suprema que governa nossas vidas. Os Cabalistas descobriram que a realidade em que vivemos é gerida por um sistema chamado “HaTeva (A Natureza)” ou “Elohim (o Divino)” – dois termos cujo valor em Gematria (numerologia) é 86.
A Cabalá nos permite reconhecer o sistema que gerencia a realidade e aprender como podemos mudar nosso destino para melhor. Ela fornece ferramentas para lidar com sucesso com os problemas da vida diária em uma variedade de áreas como economia, saúde, educação, relacionamentos, segurança, ecologia, etc.
Qual é o propósito da Cabalá?
O objetivo da Cabalá é estabelecer dentro da nação de Israel e em toda a sociedade humana relações adequadas e boas entre as pessoas, até a relação de “amor ao próximo”. Como resultado, nós nos comunicamos com o sistema que nos gere, de modo que podemos influenciar o nosso destino.
Qual é a origem da Cabalá?
A Cabalá foi descoberta pela primeira vez na antiga Babilônia cerca de 3.800 anos atrás, no fundo de uma crise social que eclodiu na sociedade babilônica e chegou ao ódio abismal entre os seus membros. Abraão, um grande sacerdote babilônico, reuniu os moradores da Babilônia e ensinou-lhes sobre a conexão e amor ao próximo. A Cabalá é a ciência que os conectou e os levou a viver “como um homem com um coração”, similar à unidade e integridade da natureza.
Desde então, o amor ao próximo tem sido o valor mais elevado, e só através dele é que o equilíbrio pode ser trazido ao ego humano (a força que é passível de conduzir à separação quando está em desequilíbrio). O grupo acabou se tornando o povo de Israel, Yashar-El (direto ao Criador), por seu desejo de descobrir o “Divino”, o poder da unidade que existe na natureza.
Para quem é a Cabalá?
A Cabalá é destinada a qualquer um que sinta a pergunta sobre o sentido da vida ardendo dentro de si. É apropriada para qualquer um que sinta a necessidade do desenvolvimento espiritual, independentemente de idade, sexo, religião ou raça.
Existem pré-requisitos para o estudo? Não, qualquer um que tenha o desejo em seu coração é bem-vindo.
O que não está incluído na Cabalá?
A Cabalá autêntica não é misticismo, numerologia, amuletos, milagres, magia, feitiços, fitas vermelhas, água benta, cartas de tarô, astrologia, ou qualquer coisa do tipo … A Cabalá é uma investigação científica com base na experiência, na qual a pessoa estuda sua natureza egoísta. Ao estudar essa ciência e o seu desenvolvimento com ela, a pessoa adquire gradualmente a característica de doar e muda a sua natureza egoísta no amor ao próximo.
Quem é um Cabalista?
Um Cabalista é uma pessoa que, por meio do estudo da Cabalá, atinge o amor ao próximo e o amor do “Criador”, a força geral na realidade. A partir da conexão com a força superior, ele revela as leis ocultas da natureza, e agora é capaz de ajudar os outros a mudar a sua atitude perante a vida da mesma forma.
Qual é a conexão entre religião e Cabalá?
Ao longo da história, o amor ao próximo foi a chave para o sucesso e prosperidade do povo de Israel. Enquanto estávamos conectados uns aos outros e o amor habitava entre nós, o povo estava em sua completa glória espiritual e material. No entanto, quando perdemos o poder de conexão, o povo dividiu-se, separou-se, e até mesmo perdeu seu lugar de direito no mapa das nações.
Desde a descoberta da Cabalá por Abraão até a destruição do Templo, o povo de Israel cumpriu o mandamento do amor ao próximo, que inclui no seu interior 613 Mitzvot (mandamentos), contra os 613 desejos egoístas inerentes em nós. Ao mesmo tempo, na replicação completa e acomodação a essas correções internas, existem também ações entre as pessoas formadas por essas 613 Mitzvot. Como resultado da destruição do templo, o povo “caiu” do amor fraterno ao ódio infundado, negligenciando a correção do coração e tudo o que restou foi um foco na realização prática das 613 Mitzvot (10).
Desde a época do Santo Ari no século XVI em diante, os Cabalistas determinaram que a geração estava pronta para voltar ao estudo da ciência e à reconstrução das relações entre o homem e seu semelhante (11). Em outras palavras, era hora de se envolver em corrigir a “inclinação ao mal” – os 613 desejos “quebrados” – com a ajuda da “Torá”, a força superior. A Torá nos foi dada apenas para construir relacionamentos de amor absoluto; caso contrário, não vamos pertencer ao poder supremo. Desde então, as restrições foram removidas do estudo da Cabalá e a sabedoria está agora disponível a todos em todos os lugares: seculares, religiosos, judeus e não-judeus.
Qual é a causa da oposição à sabedoria da Cabalá?
O Santo Ari, o Baal Shem Tov, e todos os grandes Cabalistas dos últimos quinhentos anos acreditavam que a correção do mundo vai acontecer através do estudo da Cabalá e sua disseminação em Israel e em todo o mundo. Aqueles que se opõem à sabedoria da Cabalá têm uma opinião contrária. Eles afirmam que é proibido estudar a sabedoria da Cabalá até que a descoberta venha da boca do Messias.
Por muitos anos, houve uma discórdia entre os Hasidim e os Mitnagdim (seus adversários) em relação ao tratamento da Cabalá; uma disputa que começou nos dias do Baal Shem Tov no século XVIII e continua até hoje. Apesar da luta que surgiu ao longo do tempo, nós esperamos que aqueles círculos que se opõem ao estudo da Cabalá entendam o erro amargo que tem dividido o povo de Israel, especificamente no ponto de sua fundação.
O povo de Israel foi fundado em torno da sabedoria da Cabalá e em torno do “ama ao próximo”. Eles vivem e existem graças a isso, e todo o seu papel e essência é divulgar ao mundo o poder da conexão inerente no coração da ciência.
Então, o que acontece depois? De onde vem a necessidade e a vontade de estudar a sabedoria hoje?
A natureza egoísta do homem levou a humanidade à criação de modos de vida fundados na exploração dos outros, um processo que culminou hoje. Depois de milhares de anos de progresso e desenvolvimento, a maioria dos sistemas de vida que temos construído está no meio de uma difícil crise: o sistema econômico está em uma morte prolongada, a cultura e as artes estão morrendo, os sistemas educacionais estão em colapso, a unidade familiar está se desintegrando, e acima de tudo destaca-se o estado do ecossistema, o qual parece estar completamente desequilibrado.
Nós chegamos a um ponto decisivo a partir do qual já não podemos continuar a gerir egoisticamente os modos de vida como estamos acostumados. A natureza está nos trazendo gradualmente a um nível de desespero e decepção com a vida, exortando-nos a mudar a nossa atitude para com a realidade, obrigando-nos a parar de usar o egoísmo como o único incentivo para o desenvolvimento. Para mudar a nossa maneira, cabe a nós reconhecer e aprender as leis que controlam a realidade e começar a operar em harmonia com a natureza, “como um homem com um só coração”: é assim que vamos alcançar a felicidade que almejamos.
Publicado originalmente no YNET