Ainda somos donos do nosso destino; a escolha ainda está nas nossas mãos. Não a percamos novamente.
Eu nasci um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Durante meus anos de formação, falámos da maioria dos meus membros de família no pretérito passado. Eles haviam desaparecido, pereceram no Holocausto. Estava escrito na parede mas a maioria dos Judeus se recusava a lê-lo. Agora está na parede novamente, irrompendo sobre nós nas manchetes dos jornais e publicações nas redes sociais. Se fecharmos os olhos novamente, um segundo Holocausto vai acontecer e mais expansivo que o primeiro. Nós podemos preveni-lo, mas não devemos esperar.
Os 50 estranhos membros suspensos do Partido Trabalhista britânico não são maçãs podes numa entidade inversamente liberal de progressista; eles são a ponta do icebergue. Os Judeus foram, são e permanecerão párias e excluídos onde quer que estejam, enquanto refrearem assumir sua velha tarefa: trazer o mundo à paz.
Para onde quer que olhemos, o mundo está a rodar para o caos. Os super-poderes estão brincar de “faz-de-conta” com aviões de combate; grupos terroristas aterrorizam o mundo com picapes Toyota, facas do mato e crueldade desumana; taxas de juro zero nos mercados financeiros estão a tornar os podres de ricos mais ricos e mais podres; e cada outra pessoa consome antidepressivos como se fossem vitaminas. É admiração que as drogas, que o antigo Presidente, George Bush, descreveu à menos de trinta anos atrás como “a mais grave ameaça doméstica que enfrenta nossa nação,” se tenham tornado o nosso novo melhor amigo?
Há menos de trinta anos atrás Shimon Peres ainda falava sobre “O Novo Médio Oriente.” Sonhámos emular o modelo bem sucedido da União Europeia em outras partes do mundo e os EUA pela África cantaram “We Are the World.”
Ninguém está a cantar agora. O mundo está em modo de sobrevivência.
Nosso mundo se tornou denso, apertado, interconectado e interdependente. Ao mesmo tempo, nos tornámos distantes e alienados uns dos outros. A tensão entre nossas tendências anti-sociais e nossas conexões apertadas obrigatórias se tornou tão alta que ela se pode rasgar a qualquer momento.
Todavia, não nos podemos afastar. Tal como todas as outras partes da realidade, nos tornámos uma mistura inseparável cujas partes dependem umas das outras para a sobrevivência. Mas ao contrário do resto da realidade, nós detestarmos ser dependentes dos outros. Nós queremos governar, dominar, comandar ou pelo menos que nos deixem em paz.
Nada disto é possível. Conexão é a lei da vida. Sem ela não há criação ou evolução. Nada persiste sem conexões positivas e recíprocas com seu meio circundante. Desta forma, os humanos devem aprender a se conectar desse modo, também.
Quando nós não nos conseguimos conectar voluntária e positivamente, somos forçados a fazê-lo através de certa tragédia que nos conecta juntos, ou um tirano que nos une juntos através de certa forma de fascismo, que recebe seu nome da palavra, fascis, que em Latim significa “feixe.”
E quando as coisas se tornam difíceis, os Judeus se escaldam. Isso não acontece porque certo governante astuto nos culpa em prol de evitar ser culpado pelos seus próprios fracassos. A ira das massas para os Judeus é genuína. Elas sentem que (de alguma maneira) os Judeus causaram seus problemas. Elas podem não ser capazes de explicar essa ira através da lógica, mas seus sentimentos vêm de bem fundo no interior. Assim foi na Espanha do século 15, na Rússia do século 19, na Alemanha do século 20 e assim hoje é.
Mas nós os Judeus devíamos saber a resposta, pois em tempos estivemos muito mais conscientes do nosso papel. Nossos antepassados sabiam que todos os nossos problemas vêm de más conexões entre as pessoas. Foi por isso que se tornaram uma nação somente depois de terem se terem comprometido a amar seu próximo como a eles mesmos. Eles sabiam que más conexões conduzem os povos para a guerra em vez de para a paz, a denegrir em vez de elogiar, a receber em vez de dar e a matar em vez de curar. E somente eles, nossos antepassados, conseguiram se conectar de uma maneira não egocêntrica.
Estes antigos Hebreus se tornaram a nação de Israel quando prometeram ser “como um homem com um coração.” Colocando de parte as diferenças de etnia e fundo, eles adoptaram a máxima, “Ama teu próximo como a ti mesmo” e acharam nela um tesouro de poder e vitalidade. Como Abraão lhes havia ensinado, eles perceberam que é assim que a vida deve ser, que o mundo estava longe disso e que eles devem assumir sobre si mesmos a tarefa de serem “uma luz para as nações,” de trazer o Tikkun Olam, a correcção ao mundo, através da conexão especial que haviam descoberto.
E todavia, em vez de espalharmos nosso método de conexão especial, há dois mil anos atrás prontamente descemos para o hedonismo. E embora tivéssemos sido banidos e expulsos dos mais altos lugares, confinados a nossas shtetls, nossas cidades Judias, não perdemos nossa fé que um dia seríamos emancipados e nos seria permitido ser como todos os outros.
Eruditos tais como Liev Tolstói questionaram, “O que é um Judeu? … Que espécie de criatura é esta a quem todos os governantes de todas as nações do mundo desgraçaram e esmagaram e expulsaram e destruíram; perseguiram, queimaram e afogaram e que, apesar de sua ira e sua fúria, continua a viver?” Outras pessoas de direito, tal como Mark Tain, reflectiram sobre os Judeus e finalmente concluíram que “Todas as coisas são mortais menos o Judeu; todas as forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo da sua imortalidade?” E todavia, nunca nos ocorreu que há uma razão para a nossa sobrevivência.
Depois do Holocausto nos foi dado um intervalo, uma chance de nos reconectarmos a nossa tarefa e uns aos outros. Nós escolhemos usar esta liberdade sem precedentes e fazermos exactamente o nos propusemos fazer há 2000 anos atrás quando fomos exilados—nos misturarmos com as nações ao ponto do esquecimento.
Mas se desaparecermos, o mundo perderá sua única esperança de achar o modo certo de se conectar, através do amor pelos outros e responsabilidade mútua. E assim o mundo nos tem de juntar novamente e a janela de oportunidade de adoptarem nossas conexões agradavelmente está a fechar-se.
A UNESCO decidiu que Israel não tem direito, nem sequer histórico, ao Monte do Templo. Políticos britânicos especulam que seria uma esplêndida ideia se Israel estivesse, digamos, na América. Quanto ao resto do mundo, ele está a começar a pensar que “Talvez votar para estabelecer um estado Judeu em 1947 não tivesse sido uma ideia muito inteligente; talvez esteja na hora de mudar isso.”
Nós podemos mudar a maré. Tudo o que temos de fazer é aprender a nos conectar tal como antes. A semente do amor pelos outros está dentro de nós. Nós só precisamos de a “regar” um pouco com alguma boa vontade para transcender nossa indignação farisaica de uns para os outros e vermos que somos todos uma nação, conectada por uma meta comum — de beneficiar a humanidade ao compartilhar o modo certo de se conectar.
Ser-se “uma luz para as nações” não é certa noção sublime e arcaica. Ela é uma tarefa muito terrena: Nos conectarmos uns aos outros até que nossos corações se conectem, então ensinar aos outros a fazerem o mesmo através do nosso exemplo. O mundo sofre por isso e acusa-nos de causar todas as guerras pois não sente que estejamos a espalhar o amor. Se aprendermos a nos amar uns aos outros e compartilhar este conhecimento com o mundo, então as pessoas não sentirão que causamos as guerras. Elas saberão que nós somos os portadores da Paz, da Tikkun Olam.
Nós podemos prevenir o segundo Holocausto. Tudo o que temos de fazer é pouco-a-pouco, nos unirmos “como um homem com um coração.” Ainda somos donos do nosso destino; a escolha ainda está nas nossas mãos. Não a percamos novamente.
Publicado originalmente no The Jerusalem Post