Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
-Nós falamos que o educador deve afinar-se com a interação geral. E é inaceitável mostrar preferência por certa criança. E se esse sentimento continuar a aparecer?
-O educador deve manter-se acima de si mesmo. De outra maneira ele não será um educador. O educador deve trabalhar somente com o coletivo. Ele não tem nenhuma opinião ou sentimento pessoal.
Ele apenas se apresenta como mediador ou estabilizador do ambiente. Ele tem uma direção clara e objetiva a partir da qual ele atua. Ele é como uma máquina que trabalha apenas para desenvolver seus participantes dentro do time ou do grupo, sem efetuar nenhuma mudança em seus próprios desejos.
– Quando a pessoa sente um desejo desagradável, ela tenta ignorá-lo, suprimi-lo. Tomando isso em consideração, é necessário monitorar o educador?
– Naturalmente. Nos grupos em que conduzimos as pesquisas e desenvolvemos as técnicas, tudo é gravado. Isso nos obriga a observar a dinâmica que lá existe. Os instrutores falam sobre os problemas que encontraram dentro dele ou no grupo, mas ainda existem certas coisas que enxergamos de fora, e outras não. É um processo.
O instrutor, contudo, rapidamente encontra sentido nessa prática. É simples e não requer nenhuma teoria complicada, origina-se de integridade, unidade, conexão, globalidade e flexibilidade.
O que se opera aqui é uma aspiração natural da pessoa. E isso é algo que não requer muitas teorias e métodos. O educador compreende os métodos necessários bem rapidamente. Ele vive dentro deles, encontra seu caminho em volta deles e se torna sensível a eles. Ele começa a adquirir suas próprias técnicas e sente como se afinar às crianças segundo o modo certo de interação. Há muito espaço para variações, buscas e estados. Dentro desse processo e fazendo isso, a pessoa sente que, estudando nossa natureza, nós nos manipulamos e manipulamos a Natureza, com o intuito de nos trazer para a unidade, que é a nossa meta.
-Os educadores se reúnem para assistir aos vídeos com suas participações e debatem isso com os outros? Existe lugar para críticas construtivas?
-Os educadores também deveriam ter seus próprios grupos, nos quais eles podem debater tudo. Eles devem estudar a experiência de cada pessoa e também suas experiências conjuntas, materiais e impressões. Afinal de contas, por que outra pessoa deveria cometer o mesmo erro? Se alguma coisa aconteceu no grupo, eles deveriam tentar comparar isso com outro grupo e ver o que aconteceu. Eles deveriam tratar esse processo como vivo e atual e entender que as crianças são como massinha de modelar, assim como nós.
Vamos tentar isso. Nenhum mal pode ser feito, tudo está sob nosso controle e, se tentamos isso em nós mesmos, alcançamos impressões do que está certo e do que está errado, e essa é uma experiência valiosa da qual precisamos.
O progresso na coletividade deve incluir a sensação de se estar imerso em imagens negativas, fenômenos, conexões e conflitos. Devemos sempre aprender com eles.
Coisas positivas crescem somente sobre coisas negativas depois de as termos experimentado e discernido. Temos de sentir nossa natureza em sua mais profunda negatividade. Somente então seremos capazes de construir algo positivo em cima disso.