Por muito negras que as coisas possam parecer, Israel tem mais potencial para a prosperidade que qualquer outro país.
O pai de meu professor, Rav Yehuda Leib Halevi Ashlag (Baal HaSulam), autor do comentário Sulam(Escada) sobre O Livro do Zohar, guardava uma faca especial de Shabat no seu armário. Ele tinha uma gravura especial no seu cabo onde se lia, Medinat Ysrael (Estado de Israel) e Baal HaSulam só a usava para fatiar a chalá enquanto ele abençoava Hamotzi na noite de Shabat. Ele acarinhava Israel e orava para que ela se tornasse aquilo que ele achava que ela devia ser.
Hoje celebramos o nosso 68º Dia da Independência. Nosso país começou pobre, minúsculo e altamente dependente dos seus aliados. Quase 70 anos mais tarde, Israel ainda é pequena, mas é de longe mais robusta, confiante, habitada e tecnologicamente avançada. Ela até se tornou um poder militar regional. Mas será que Israel se tornou independente?
Um Boicote Mundial
Se formos segundo o Dicionário Miriam Webster, ser-se independente significa que não somos sujeitos aos outros e não precisamos ou dependemos de algo ou de alguém. Julgando pelo nosso estatuto internacional, claramente não nos encaixamos na categoria. Não só somos dependentes dos outros países, mas nossa dependência está a ser usada contra nós à medida que mais e mais instituições, organizações e países estão a boicotar Israel política, académica e economicamente.
Não é que Israel seja o único país que está dependente dos outros para sua sobrevivência. Na verdade, nenhum país no planeta pode afirmar independência. Numa era de globalização, auto-suficência é uma fabricação de políticos e governantes sedentos de poder, que ostentam a palavra diante da multidão em tempos de festividades para as massas. Eles clamam, “Nós manteremos nossa independência e nossa soberania hoje e doravante,” quando na verdade, nenhum país pode sobreviver sozinho, especialmente não Israel, cujo próprio direito à existência está a ser questionado diariamente.
Num sentido, até a recente declaração da UNESCO de que Israel não tem parte histórica sobre o Monte do Templo é uma espécie de boicote. E julgando pela esmagadora maioria que apoiou a decisão, não será difícil para a organização passar uma declaração semelhante a respeito do direito histórico de Israel a Jerusalém e subsequentemente a toda a Israel. Daí em diante será só uma questão de tempo até que o Conselho de Segurança da ONU decidir cancelar a resolução de 1947 de dar aos Judeus um lar na Palestina.
O Futuro Está nas Nossas Mãos
Você pode argumentar que se for esse o caso então não há causa para celebração. Eu penso que há. Por muito negras que as coisas possam parecer, Israel tem mais potencial para a prosperidade que qualquer outro país. Apesar das ameaças, é o único país no mundo cujo futuro está nas suas próprias mãos. Se perseguirmos o papel para o qual nos foi dada soberania, nos tornaremos o favorito das nações, em vez de nossa presente situação.
Somente Se Todos Nos Unirmos…
Perseguir nosso papel significa viver como é requisitado da nação Israelita. Nosso povo foi estabelecido como nação sobre a base de responsabilidade mútua e amor pelos outros. União era nosso lema e enquanto fomos capazes de manter até um rasto dela, fomos capazes de manter a soberania sobre a terra. E assim que perdemos nossa união, fomos também exilados da terra.
Com o passar das eras, nossos sábios estavam gravemente conscientes da importância da união, tal como estavam nossos líderes nos primeiros anos do estado. Escreveu David Ben Gurion, “‘Ame seu próximo como a si mesmo’ (Levítico, 19:18) é o mandamento superior no Judaísmo. Com estas três palavras, a lei eterna e humana do Judaísmo foi formada… O estado de Israel será digno do seu nome somente se sua estrutura social, económica, política e judicial forem baseadas sobre estas três eternas palavras.”
A.D. Gordon ecoou as palavras de Ben Gurion quando escreveu, “‘Todos de Israel são responsáveis uns pelos os outros’ … [e] somente onde as pessoas são responsáveis umas pelas outras há Israel.” E finalmente, Eliezer Ben Yehuda, reanimador da língua Hebraica, acrescentou, “Ainda nos falta abrir nossos olhos para ver que somente a união nos pode salvar. Somente se todos nos unirmos … para trabalhar a favor da nação inteira, nosso trabalho não será em vão.”
Sobre Luz e Independência
Porém, a unidade de Israel nunca foi destinada a ser uma meta em e por si mesma. Quando nos unimos e nos tornámos uma nação, isso não foi em prol de sermos uma estrela solitária tenuemente brilhando num céu cheio de escuridão. Nós fomos destinados a ser “uma luz para as nações”—para mostrar ao mundo o caminho para a união. O Livro do Zohar diz (Acharei Mot), “‘Quão bom e quão agradável é que irmãos também se sentem juntos.’ …Vós, os amigos que aqui estão, como estavam em afeição e amor antes, doravante também não partirão … e pelo vosso mérito haverá paz no mundo.”
Este sentido de propósito Judeu de corrigir o mundo impregnou a mentalidade Judia com o passar das eras. Martin Buber escreveu, “Nós queremos o estado de Israel não para os Judeus; nós o queremos para a humanidade. A construção da nova humanidade não tomará lugar sem o poder especial do Judaísmo.” E o Rav Kook acrescenta em semelhança: “O propósito de Israel é unir o mundo inteiro numa única família.”
Hoje, para onde quer que nos voltemos, o mundo nos culpa por algumas transgressões. A única coisa que precisamos de fazer é nos unir. Nossos sábios e nossas escrituras estavam certas; a paz mundial depende da nossa união, como está escrito (Sefat Emet [Língua da Verdade]), “Os filhos de Israel se tornaram responsáveis para corrigir o mundo inteiro.”
Sucede-se que nossa força e deste modo nossa independência e a força do mundo e independência dependem inteiramente de nossa voluntariedade em nos unirmos. Se escolhermos a união, em prol de a transmitirmos ao mundo, veremos uma mudança dramática para o melhor. Este será o começo de sermos “uma luz para as nações.”
Se nos unirmos, a dependência mútua que sobrecarrega o mundo se transformará em apoio mútuo. Não precisaremos de ensinar as nações sobre união; elas simplesmente sentirão que é assim que é suposto ser. E tal como agora quanto mais se odeiam umas às outras mais elas se voltam contra nós, quanto mais elas se amarem umas às outras, mais elas elas se voltarão para nós.
Então neste Dia da Independência, vamos finalmente começar a ser Medinat Ysrael. Sejamos um país que está unido em responsabilidade mútua, cujo povo procura amar seus próximos como a eles mesmos e desejemos passar essa união ao mundo inteiro.
Feliz Dia da Independência a todos
Publicado originalmente no The Jerusalem Post