Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Evento para a Paz Global Aproxima Liberalistas e Conservadores

A crescente divisão entre a direita e a esquerda pintam um quadro horripilante para o futuro da América. Liberalistas e conservadores terão de achar um terreno comum e trabalhar juntos. Alguns deles virão a um evento para a paz global em Israel esta semana para aprender como fazer isso.

As animosidades políticas na América atingiram um nível alarmante. O professor de Standford de Sociologia Rob Willer, explica que a divisão política tem paralisado o governo federal, o prevenindo de funcionar com eficácia. Os custos culturais e interpessoais são também muito reais, diz ele. A divisão social na América está agora a tornar-se uma ameaça existencial com repercussões preocupantes por todo o mundo.

Estamos a chegar a uma encruzilhada: Ora continuamos por este caminho destrutivo de polarização social, ou, como Einstein celebremente sugeriu, nos elevamos acima do padrão que cria nossos problemas, a um nível inteiramente novo de pensamento.

Da minha perspectiva, a divisão crescente é uma fase natural, inevitável e necessária da nossa evolução social. Os padrões e comportamentos de divisão se provaram infrutíferos e ameaçadores, mas isto nos levará a novos modelos sociais e políticos: aqueles que consigam aproximar pessoas de visões, religiões, mentalidades e valores diferentes e contraditórios, para criar uma realidade sustentável para todos.

Uma das razões porque estou certo disto é que o Evento para a Paz Global na Convenção Mundial de Cabala está a tomar lugar em Israel esta semana. Nove mil pessoas de sessenta países vêm para experimentar e praticar o método autêntico que trata inteiramente de achar o espaço compartilhado entre as pessoas, onde completos opostos se conseguem aproximar e complementar. E sim, entre pessoas da América do Sul e do Norte, Ásia, Europa e África, Liberalistas e Conservadores lá estarão também.

Quando Opostos Se Aproximam

Pessoas com visões conflituosas que praticam este método desenvolvem uma nova capacidade mental e emocional. Embora estejam bem conscientes do conflito entre sua visão e a dos outros, elas também vêem como suas diferenças formam uma nova sabedoria colectiva que é compartilhada por todos e ainda assim não pertence a ninguém em especial. As diferenças não desaparecem nem são elas silenciadas sequer um pouco. De facto, elas até se intensificam, mas este novo tipo de conexão formada entre os participantes converte o maior contraste na maior harmonia.

O Livro do Zohar descreve este conceito na porção Aharei Mot: “Estes são os amigos enquanto se sentam juntos e não se separam uns dos outros. Inicialmente eles parecem pessoas em guerra, desejando se matar uns aos outros. Então eles retornam a estar em amor fraterno. E vós, os amigos que aqui estão, tal como estavam em afeição e amor anteriormente, doravante também não vos separareis. E pelo vosso mérito haverá a paz no mundo.”

Toda a natureza funciona deste modo. Duas forças opostas, mais e menos, interagem para formar diferentes níveis da vida. Do positivo e negativo no mais pequeno átomo, até aos hemisférios esquerdo e direito no nosso cérebro, a conexão entre os opostos é necessária para criar a própria infraestrutura da natureza. Opostos não precisam de ser apagados, mas em vez disso se complementar um ao outro para criar seu estado futuro, tal como o macho e fêmea dão vida a uma terceira entidade que é a combinação dos dois e ainda assim é também um novo ser em si mesmo.

Embora esta dinâmica seja instintiva nos níveis inanimado, vegetal e animal da natureza, no nível humano ela tem de envolver nossa transformação consciente.

O Destino da Sociedade É Nosso Bebê Comum

Estabelecer a realidade da conexão acima das diferenças é essencial agora mais que nunca. Com o futuro em mente, temos de começar a aplicar tais práticas à sociedade numa escala massiva. Seja em escolas, universidades, locais de trabalho ou entre líderes, isso é vital para criar novos padrões pensamento e comportamento que conduzam nossas sociedades para maior estabilidade.

Nosso futuro comum exige que todos nos tornemos parceiros. A colisão entre nós não nos deve levar a abdicar das nossas visões e opiniões, em vez disso vermos como podemos nos complementar uns aos outros. Quando um casal discute sobre a educação e crescimento do seu bebê, eles têm de procurar um terreno comum em prol de zelarem pelo futuro do seu bebê. Nós também, devemos trabalhar juntos pelo futuro da nossa sociedade. O conflito entre diferentes visões vai continuar inevitavelmente, mas ele deve ser construtivo em vez de destrutivo.

A Convenção Mundial de Cabala é possivelmente o maior evento de paz mundial e um exemplo vivo para como pessoas de todas as nacionalidades, visões políticas, religiões e cores, conseguem ver além dos seus hábitos e se juntam para criar um modelo da humanidade que funciona realmente.

Publicado originalmente no Jewish Business News

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Venha e Junte-se à União

 

Somente através da liberdade de expressão e contribuir nossa singularidade para a humanidade, nossa união vai crescer e nossa felicidade vai aumentar. Nossas vidas têm sentido somente quando contribuímos para a sociedade.

9000 participantes unidos durante os três dias da Convenção Mundial de Cabala de 2016. (foto: ASHER BITON)

Somente dois eventos tomam lugar numa base regular, em que milhares de pessoas de dezenas de países se reúnem em um lugar. O primeiro é um evento de competição de hostilidade. Ele toma lugar uma vez em cada quatro anos e é chamado os Jogos Olímpicos. O segundo é o exacto oposto: é um evento de amizade e colaboração. Este evento ocorre todos os anos e é chamado a “Convenção Mundial de Cabala.” Nos Jogos Olímpicos, as pessoas de todo o mundo vêm para competir umas com as outras e para provarem a superioridade dos seus países. Na Convenção Mundial de Cabala, pessoas de todo o mundo vêm para se unir umas com as outras e provarem a superioridade da união sobre as diferenças. 11000 atletas competiram durante os dezaseis dias dos últimos Jogos Olímpicos no Rio, enquanto 9000 participantes se uniram durante (apenas) três dias da Convenção Mundial de Cabala do ano passado.

Na semana que vem no Ganei Hataarucha, em Tel-Aviv, o milagre da união vai ocorrer novamente. De toda a América Latina e Central, os EUA e Canada, Europa do Leste e Europa Ocidental, pessoas vão afluir para Israel para se unirem. África, também, terá uma representação considerável, bem como o Japão, China, Índia, as Filipinas, Austrália e Nova Zelândia. Mas talvez a cereja no topo do bolo seja a crescente presença de países muçulmanos, principalmente da Túrquia, mas também da Autoridade Palestiniana.

A Convenção Mundial de Cabala é provavelmente o maior evento de paz mundial e ocorre todos os anos. Além do mais, eventos regionais relacionados tomam lugar várias vezes por ano em vários lugares pelo mundo. Cada ano, uma Convenção de Cabala é realizada na América Latina, América do Norte, Europa Ocidental e Europa do Leste. Devido a questões de segurança, os participantes de países onde o regime muçulmano é mais rigido têm tendência a ir a convenções na Europa em vez de em Israel. As únicas palavras que podem ser ditas sobre estes encontros é “ver para crer.”

Um participante do Japão se concentra durante uma aula na Convenção Mundial de Cabala 2016. (foto: ASHER BITON)

Por Que As Pessoas Vêm

Até meio dos anos 90, muito poucas pessoas sabiam verdadeiramente da Cabala. Ela estava envolta em mistério, medo e mal entendidos. Mas quanto mais as pessoas ficavam desesperadas para perceber o que estava a ocorrer com as suas vidas, mais esta antiga sabedoria ganhou reconhecimento. O maior cabalista do século 20, Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam pelo seu comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar, explicou na introdução a uma das suas principais composições, O Estudo das Dez Sefirot, para quem se destina a sabedoria da Cabala. Nas suas palavras: “Se dispusermos nossos corações para responderem senão uma pergunta muito famosa, estou certo que todas as dúvidas [sobre estudar Cabala] vão desaparecer do horizonte. Esta pergunta indignada é uma pergunta que o mundo inteiro faz, nomeadamente, ‘qual é o sentido da minha vida?’ É certamente verdade que os historiadores se cansaram de a contemplar. Especialmente na nossa geração, ninguém a deseja sequer considerar. Todavia a pergunta permanece tão amarga e veementemente como nunca. Por vezes ela nos encontra sem ter sido convidada, debica nossas mentes e nos humilha até ao chão antes de acharmos a famosa táctica de fluirmos inconscientemente com as correntes da vida como sempre.”

Desde meio dos anos 90, houve um surto de pessoas que procuram entender o mundo em que vivem, por que nasceram e por que estão aqui. Porque a Cabala responde a estas perguntas no nível mais profundo, elas vêm para estudar.

Por Quê Especificamente a União

Até na antiguidade, nossos antepassados sabiam bem demais que “a inclinação no coração do homem é má desde sua juventude” (Génesis 8:21). O livro, Pirkei de Rabi Eliezer (Capítulos de Rabi Eliezer) nos diz que no tempo da Babilónia, o ego reinava supremo. Segundo o livro, os construtores da Torre da Babilónia “empurrariam para cima os tijolos [para construir a Torre] do oriente, então desciam do ocidente. Se um homem caia e morria, eles não lhe prestavam atenção. Mas se um tijolo caísse eles se sentavam e lamentavam ‘Ai de nós, quando virá outro para tomar o seu lugar?’ Abraão, filho de Terách, passou por lá e viu-os a construir a cidade. Ele os amaldiçoou e disse, ‘Que o Senhor engula sua língua.'”

Quando o egoísmo se aprofundou entre os conterrâneos de Abraão, sua maldição se concretizou de uma maneira muito pavorosa. Pirkei de Rabi Eliezer explica depois que os Babilónios “queriam falar uns com os outros mas não conheciam a língua uns dos outros. O que fizeram eles? Cada um pegou sua espada e lutaram uns com os outros até à morte. Certamente, metade do mundo ali foi morto e de lá eles se dispersaram por todo o mundo.”

Abraão entendeu que o ego não podia ser subjugado, nem devia ser. Ele percebeu que a inteira finalidade do ego não é elevar uma pessoa acima da outra, mas obrigar as pessoas a se unirem acima dele. Hoje podemos ver quão verdadeira esta noção é. Quanto mais evitamos nos unir, mais egocêntricos nos tornamos e mais deprimidos isto nos torna à medida que nos tornamos mais solitários.

Para ajudar as pessoas a se elevarem acima dos seus egos e a se unirem, Abraão desenvolveu um método de conexão e o apresentou aos seus conterraneos, os Babilónios. Em Mishneh Torá (Capítulo 1), Maimónides descreve a luta de Abraão com o Rei Nimrod, governante da Babilónia, que não subscreveu sua ideia de união acima do egocentrismo. Assim que o rei expulsara Abraão da Babilónia, o último deambulou para Canaã e reuniu no seu grupo qualquer um que visse o mérito do seu caminho.

Durante séculos, duas coisas ocorreram ao grupo de estudantes que se esforçavam para se unir acima das suas diferenças. A primeira foi que se tornaram uma nação assim que prometeram ser “como um homem com um coração” e procurar viver segundo o lema “ama teu próximo como a ti mesmo,” deste modo implementando o legado de Abraão. A segunda coisa que aconteceu foi que o método de conexão que Abraão desenvolvera continuava a mudar segundo as necessidades das épocas.

Moisés trouxe o método de Abraão ao seu povo e também ele queria corrigir o mundo inteiro do egoísmo. O Comentário de Ramchal sobre a Torá escreve que “Moisés desejou completar a correcção do mundo nesse tempo. … Contudo, ele não teve sucesso por causa das corrupções que ocorreram no caminho.” Como resultado, o povo que se unira no pé do Monte Sinai e se tornara a nação israelita, continuou a desenvolver o método de conexão segundo o lema de Rei Salomão (Provérbios 10:12): “O ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes.”

O método de conexão de Abraão continuava a se adaptar às necessidades dos tempos. No tempo em que o Livro do Zohar foi escrito, ele já havia adquirido o nome, “A Sabedoria da Cabala.” Porém, ele mantinha o lema original: união acima do ego. Na porção, Aharei Mot, o Livro do Zohar descreve este lema perfeitamente, bem como sua meta destinada de unir o mundo inteiro: ‘”Eis, quão bom e quão agradável é que os irmãos se sentem juntos.’ Estes são os amigos quando se sentam juntos e não se separam uns dos outros. Inicialmente, eles parecem pessoas em guerra, desejando se matar uns aos outros. Então, eles regressam a estar em amor fraterno. E vós, os amigos que aqui estão, tal como estavam em afeição e amor anteriormente, doravante também não se separarão. E pelo vosso mérito haverá a paz no mundo.”

A Diferença entre Antes e Agora

No tempo em que foi escrito o Zohar, o mundo ainda não estava pronto para a noção da união acima do ego. Ele estava demasiado preocupado com aspirações egoístas e procurava emular as culturas grega e romana. Como resultado, o Zohar foi escondido até ao tempo em que a humanidade estivesse farta dos “prazeres” que o ego consegue fornecer.

Hoje, nosso planeta quase não nos consegue abastecer pois nós o poluímos. Ficamos fortes o suficiente para exterminar a humanidade dentro de algumas horas e somos tão solitários que a depressão é a causa numero um de doenças no mundo ocidental. Como resultado, hoje estamos mais abertos a soluções que sugerem que nos devemos elevar acima do ego em vez de tentar derrotá-lo, que estamos a começar a perceber que é absolutamente impossível.

Este entendimento é o que trás mais e mais pessoas à sabedoria autêntica da Cabala, o método de conexão que Abraão desenvolveu há quase quatro milénios atrás. As pessoas que vêm até aqui chegam com muitas visões diferentes. Alguns são muçulmanos, alguns são cristãos, alguns são judeus e alguns não têm religião. Alguns são democratas e esquerdistas e alguns são republicanos e de direita. Porém, eles se reúnem não para discutir, mas para usarem seus pontos de vista diferentes como pontos de apoio para pisarem e se conectarem acima delas.

Os participantes das Convenções Mundiais de Cabala vêm a Israel pois quando eles se unem, eles percebem que a humanidade é uma entidade singular composta de biliões de pessoas, que são suas células e órgãos e o papel único de cada pessoa é precioso para todos nós. Escreveu Baal HaSulam sobre esta singularidade no seu artigo, “A Liberdade“: “Tal como a face de toda e cada pessoa difere, também suas visões diferem. Não há duas pessoas pessoas na Terra cujas opiniões sejam idênticas. Portanto, a sociedade é alertada a preservar a liberdade de expressão do indivíduo. Cada indivíduo deve manter sua integridade e a contradição e contrariedade entre pessoas devem permanecer para sempre, para que para sempre fique assegurado o progresso da sociedade livre.”

Certamente, somente se assegurarmos nossa liberdade de expressão e contribuirmos nossa singularidade para a humanidade, nossa união vai crescer e nossa sensação de confiança e felicidade vão aumentar. Nossas vidas têm sentido somente quando contribuímos para a sociedade. Com esta mentalidade de nos unirmos acima das nossas diferenças e contribuirmos nossas aptidões para criar uma humanidade energética de qual todos lucramos, cada um vai encontrar preenchimento e um propósito nas suas vidas e em cada acção sua.

Encorajo a qualquer um que queira provar a que sabe a união acima de todas as diferenças a vir até à Convenção Mundial de Cabala e compartilhar a alegria connosco. Vai achar toda a informação que necessita em Kabbalah.info ou ao marcar 1-700-509-209 (em Israel). Até se não tiver prévio conhecimento de Cabala, um momento especial será dedicado a você, venha simplesmente e junte-se à união.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Liberalistas, Republicanos e os Judeus No Meio Deles

A judiaria americana sobressai mais que qualquer outra comunidade judaica na história. Eles vão determinar se isto trabalha a seu favor ou contra eles.

Durante vários meses até agora, tenho escrito sobre a exposição da natureza totalitária do liberalismo de hoje, a manipulação da opinião pública através dos media e a necessidade da sociedade americana abraçar todas as visões, não só todas as cores e etnias. Durante estes meses, a divisão entre democratas e republicanos só se aprofundou. Se ainda tivéssemos esperança que as atitudes depreciativas para o outro lado, as ofensas pessoais e as campanhas de deslegitimação diminuíssem após a a eleição, agora essa esperança desapareceu. A inteira coluna esquerdista da página principal do The New York Times se tornou uma secção intitulada, “O 45º Presidente” e está inteiramente dedicada a atingir Donald Trump e o partido republicano. A CNN também criou uma secção notável na sua página principal chamada “A Presidência Trump,” que dedica a maioria dos seus itens à mesma finalidade do citado jornal.

Foto: A conta de Twitter de Donald Trump, Licença: N/A2017-02-12

Donald Trump assina ordens para permitir os oleodutos de Keystone XL e DaKota Access. A conta de Twitter de Donald Trump

O jornalismo tendencioso, protestos organizados, tais como pelo oleoduto de Dakota Access e a violência e declamações contra os oradores conservadores não indicam qualquer apaziguamento da batalha dos media e da elite financeira contra a nova administração. Mais cedo ou mais tarde, a tensão vai estalar e o resultado pode ser devastador. Desde motins civis violentos a toda uma guerra civil, qualquer coisa é possível neste momento.

E no meio de toda esta balagan (confusão), os Judeus. Os Judeus são já jogadores de topo em ambos os lados do conflito. Se ele se tornar violento, os Judeus podem ser os primeiros a ser escaldados.

Antissemitismo Impestado

A imprensa liberalista frequentemente argumenta que eleger Donald Trump libertou elementos antissemitas da extrema direita, que sempre se manteve relativamente sossegada até agora. Talvez isto seja verdade, mas implicar que esta é a razão para o aumento no antissemitismo nos EUA é completo absurdo. O antissemitismo tem aumentado nos EUA e por todo o mundo há anos até agora, especialmente em círculos liberalistas, tais como universidades e liceus americanos. Em Fevereiro de 2015, o mais notável especialista em antissemitismo nos EUA, o Prof. Charles Asher Small, falou sobre o “antissemitismo institucionalizado” nos EUA, inferindo que o próprio governo, que nesse tempo era a Administração Obama, era antissemita.

Somando a tudo o citado, o principal papel que alguns Judeus, tais como George Soros, desempenham em inflamar a tempestade de tóxica que se espalha pelos EUA coloca os Judeus numa posição precária. Como sempre ocorreu durante a história, se as coisas derem para o torto nos EUA, os Judeus serão culpados por isso e eles receberão a punição.

Conexão É o Segredo

Os Judeus não são como outras pessoas e não devem ser tratados como tal. Até quando as pessoas pretendem elogiar os Judeus, frequentemente salientam ainda mais que os Judeus são diferentes. Bem recentemente, durante o seu discurso do Dia da Memória do Holocausto, António Guterres, o novo Secretário da ONU, notou o papel vital que os Judeus desempenharam na história do seu próprio país, Portugal. Lamentando a deportação da judiaria portuguesa no século 16, Guterres disse sobre a decisão do Rei Manuel de os expulsar: “Este foi um hediondo crime e um acto de enorme estupidez. Ele causou tremendo sofrimento à comunidade judaica e privou Portugal de muito do dinamismo nacional. Há muito, o país entrara num ciclo prolongado de empobrecimento.” Subsequentemente, Guterres descreve aquilo que os Judeus lisboetas fizeram na Holanda, quando se restabeleceram. “A perda de Lisboa foi o ganho de Amesterdão,” disse Guterres, “pois a comunidade judaica portuguesa desempenhou um papel chave em transformar a Holanda numa potência global económica do século 17.”

Cerca de um século mais cedo, a Espanha havia cometido o mesmo erro, expulsar seus Judeus e acabar com séculos de prosperidade para a Espanha. Mas os Judeus que fugiram de Espanha não ficaram sem tecto. Dr. Erwin W. Lutzer e Steve Miller escreveram em A Cruz na Sombra do Cristianismo, que o sultão otomano, Bayezid II, estava tão deliciado com a expulsão dos Judeus de Espanha e sua chegada à Turquia que ele “sarcasticamente agradeceu a Fernando por lhe enviar alguns dos seus melhores súbditos, assim empobrecendo suas próprias terras enquanto enriquecia as dele.”

Os Judeus não levaram riqueza com eles quando fugiram de Espanha ou quando foram deportados de Portugal. Eles não roubaram coisa alguma destes países, mas sua partida negava estes países de um traço que é mais vital que qualquer metal precioso, a capacidade de fazer conexões. O segredo judaico para a riqueza e poder é a capacidade de fazer conexões e as utilizar para suas necessidades.

Todavia, é precisamente este traço que nos causa tanto ódio. Estamos a usar nossa capacidade única para finalidades egocêntricas e isto é algo que o mundo não consegue perdoar.

A Reunião dos Exilados

A maioria das nações são forjadas durante gerações de proximidade geográfica ou afinidade biológica. Assim não são os Judeus. Nossa nação é a criação de uma ideia, um modus operandi que nenhuma outra nação na história da humanidade implementou. Tal como próprio Abraão, os antigos hebreus eram exilados. Eles fugiram das suas tribos e se juntaram a Abraão quando ele lhes falara da sua ideologia, que a diversidade de visões e personalidades é bem-vinda, desde que ela seja usada para o bem comum. Nossos antepassados eram individualistas, eles não conseguiam colocar de fora suas visões e serem pessoas na frente do acontecimento. Na tenda de Abraão, eles acharam um modo de serem eles mesmos e ao mesmo tempo pertencerem.

Maimónides escreveu no Mishneh Torá (Capítulo 1) que Abraão fora expulso da Babilónia quando ele discutiu com Nimrod, rei da Babilónia, sobre se haviam ou não forças múltiplas a governar o mundo ou apenas uma força. Abraão venceu o debate mas perdeu seu lar. Enquanto ele deambulava para Canaã, ele e Sara falariam com qualquer um que desejasse escutá-los. eles acolhiam qualquer um, todos os solitários, exilados, rejeitados e expulsos que não se podiam exprimir nas suas próprias comunidades. Na tenda de Abraão, eles aprenderam que todas as coisas são manifestações de uma única força e então todos eles pertenciam a ela, todavia são sua representação única. Aqui eles legitimaram serem quem eles eram, todavia se tornavam parte de um todo maior, a família da humanidade.

Foto: N/A, Licença: N/A2017-02-12

Captura de imagem de “Crossing the Line 2 – The New Face of Anti-Semitism.”

Os discípulos e descendentes de Abraão desenvolveram os ensinamentos de seu pai e continuaram a absorver qualquer um que subscrevesse sua noção de que todos são diferentes, todavia pertencem ao mesmo todo maior. Porque todos somos diferentes, não gostamos uns dos outros. Mas porque todos somos partes de um todo maior, nos unimos independentemente. A ideologia era simples: “Ódio promove o conflito e o amor cobre todos os crimes.” (Provérbios 10:12).

No tempo em que os Judeus saíram do Egipto, os seus números eram de cerca de três milhões de pessoas. Ainda assim, a mesma regra se aplicava, conexão acima do ódio. O resultado de seus esforços para se unirem acima das diferenças foi a revelação de uma lei que os permitia se unirem no mais alto nível, amarem seus amigos como a si mesmos. A razão pela qual eles receberam essa lei, que chamamos de Torá, especificamente no pé do Monte Sinai é que a palavra “Sinai” vem da palavra hebraica sinaá (ódio) e a escalada de Moisés ao Monte Sinai simboliza o compromisso do povo subir acima do seu ódio recíproco e se unir.

Durante séculos após a recepção da Torá, os Judeus continuaram a polir suas técnicas para alcançarem a união. Quando tinham sucesso, eles prosperavam, quando falhavam, eles sofriam. Mas após cada fracasso, sempre se elevaram e se uniram acima do seu ódio. Gradualmente, os Judeus se tornaram os mestres da conexão.

Mark Twain uma vez questionou por que os Judeus sobreviveram como nação distinta desde a antiguidade. No seu ensaio, “Sobre os Judeus,” escreveu Twain, “O egípcio, o babilónio e o persa se levantaram, preencheram o planeta com som e esplendor, então esvaeceram para a coisa de que são feitos os sonhos e faleceram; o grego e o romano se seguiram e fizeram um vasto alarido e desapareceram. O Judeu viu todos eles, os derrotou a todos e agora é aquilo que sempre foi. Todas as coisas são mortais menos o Judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo da sua imortalidade?” O segredo é a capacidade de se conectar acima das diferenças.

Está escrito no livro, Likutey Etzot (Conselhos Sortidos), “A essência da paz é conectar dois opostos. Assim, não fique alarmado se vir uma pessoa cuja visão é o completo oposto da sua e pensar que nunca será capaz de fazer a paz com ela. Também, quando vir duas pessoas que são o completo oposto uma da outra, não diga que é impossível fazer a paz entre elas. Pelo contrário, a essência da paz é tentar fazer a paz entre dois opostos,” ao nos unirmos acima deles.

Similarmente, Eliezer Ben Yehudá, o reanimador da língua hebraica, escreveu em Os Escritos Completos de Eliezer Ben Yehuda (Vol. 1): “Ainda estamos para abrir nossos olhos e ver que somente a união nos pode salvar. Somente se todos nos unirmos … para trabalharmos em favor da nação inteira, nosso trabalho não será em vão.” Similarmente, Aaron David Gordon, o chefe ideólogo do Sionismo, afirmou em Ohr ha’Chaim (A Luz da Vida) sobre o Dia da Pequenez: “‘Todos de Israel são responsáveis uns pelos outros’ … Somente quando as pessoas são responsáveis umas pelas outras há Israel. Além do mais, todas as pessoas são responsáveis umas pelas outras e somente onde as pessoas são responsáveis umas pelas outras há um povo (e há uma nação, uma nação humana). Se não há nenhuns que sejam responsáveis uns pelos outros, o que há? Nós, que viemos para construir [o Estado de Israel], certamente não será construído na base das relações da geração da separação [geração da Babilónia, quando as pessoas estavam separadas].”

E finalmente, o grande estadista britânico Winston Churchill foi citado em Churchill e os Judeus: “Os Judeus foram uma comunidade sortuda pois eles tinham esse espírito empreendedor, o espírito da sua raça e fé. …Esse poder especial que eles possuíam os permitiria trazer vitalidade para suas instituições, que nada mais daria.”

Por Que as Nações Nos Culpam

Aproximadamente há dois milénios atrás, perdemos nossa capacidade de nos conectarmos acima das nossas diferenças. Caímos para o ódio infundado e portanto perdemos a capacidade de sermos “uma luz para as nações,” os mensageiros da conexão acima das diferenças. Por causa disso, perdemos nossa terra e nos misturamos com as nações.

Todavia, em vez de usarmos nossa capacidade de nos conectarmos em prol de solidificar a sociedade, começamos a usá-la para o benefício pessoal. Nossa capacidade de nos conectarmos fez de nós mais perceptivos, ágeis e sociáveis que qualquer outra nação. É de admirar que sempre estejamos no centro dos acontecimentos? Nos conectamos às pessoas e ajudamos as pessoas a se conectarem umas com as outras. Mas ao contrário dos nossos antepassados, nós fazemos isto somente se ganhamos alguma coisa com isso. Naturalmente, as pessoas nos temem, nos admiram, querem estar perto de nós e nos detestam tudo ao mesmo tempo. E quando as coisas não dão certo porque as pessoas não se conseguem dar bem, que é a única razão pela qual alguma coisa dá errado, eles culpam os Judeus por isso. Nós, os Judeus, que é suposto sermos os mestres da conexão, lhes falhamos então eles nos expulsam ou nos matam.

Viver em Tempos Históricos

Hoje a judiaria americana está encorajada e vociferante que qualquer outra comunidade judaica na história. Judeus são figuras dominantes em Wall Street, nas indústrias do cinema e da televisão, na Internet e nas redes sociais e certamente na política. Se a sociedade americana se desmoronar e o caos se suceder, os Judeus vão receber a culpa. O único modo de eles poderem evitar uma tragédia de proporções épicas é ao se conectarem aos seus irmãos do outro lado do mapa político e dizerem, “Sim nós discordamos e sim nós nos odiamos, agora, vamos conectar-nos acima de tudo isto.”

Os Judeus têm de assumir o papel principal pois eles são ainda os mestres da conexão. Agora só têm de se forçar a si mesmos a usarem-a para o benefício da sociedade em vez de para seu próprio. Ao fazerem isso, eles se tornarão “uma luz para as nações,” mostrando a uma nação dividida como transcender todas as disputas e achar um novo poder na conexão, tal como nossos antepassados.

Vivemos em tempos históricos. Habitualmente, tempos históricos envolvem horrível derramamento de sangue. Mas podemos tornar este tempo diferente. Nós podemos impulsionar nossa sociedade para uma era de paz não por um dos lados exterminar o outro mas porque ambos os lados decidiram contribuir sua singularidade para o sucesso da sociedade como um todo. A aldeia global, da qual todos somos partes, pode se tornar um Céu ou um inferno na terra, dependendo somente da decisão dos Judeus se elevarem acima das suas diferenças e se unirem com seus irmãos, ou não.

Publicado originalmente no Haaretz

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Por Que o Activismo Político Judaico Conduz ao Antissemitismo

Durante séculos, nos foi dito que nossa união nos salvará bem como à humanidade. Não queremos escutar e o mundo nos odeia por isso.

No resultado das eleições americanas, as vozes de muitos Judeus notáveis são escutadas bem alto e quase sempre com o mesmo refrão: “Trump é um intolerante, um racista e é desadequado para ser nosso Presidente.” A comediante Sarah Silverman evocou um golpe de estado militar para derrubar o Presidente Trump. A cantora israelita, Noah chamou ao Presidente de Hitler. Outros Judeus evocaram os americanos “para se mobilizarem em solidariedade contra Trump.” Similarmente, a Jewish Voice for Peace lançou uma campanha oferecendo “Ferramentas para Resistir à Islamofobia de Trump.” Como a revista Tablet o colocou, “Desde a União Ortodoxa ao Movimento Reformista, e ‘Comentário’ à J Street, os Judeus americanos falam em defesa dos refugiados e Muçulmanos” e contra o Presidente Trump.

Foto: Ali Shakar/VOA, Wikimedia, Licença: N/A2017-02-03

Sarah Silverman na DNC, Julho 2016 Foto: Ali Shakar/VOA, Wikimedia

Em primeira impressão, é perfeitamente legitimo e democrata protestar contra aquilo que você pensa que está errado. Esse é um direito consagrado pela Primeira Emenda. Mas as coisas são diferentes quando se tratam de Judeus. Nós queremos nos inserir; queremos pertencer, mas ninguém nos trata como pessoas normais.

“Se vós nos picais, não sangramos nós? Se vós nos fazeis cocegas, não rimos nós? Se vós nos envenenais, não morremos nós?” questiona Shylock o Judeu no Mercador de Veneza de Shakespeare. Hoje, todos somos um pouco como Shylock, sempre tentando melhorar nossa mesmisse, sempre encontrando a incredulidade. Até se encontrarmos declarações favoráveis, tais como aquelas recentemente feitas pela primeira ministra britânica, Theresa May, no que envolve acções, tais como as do Conselho de Segurança da ONU, o Reino Unido vota contra nós.

Tal como nos EUA, os Judeus na Europa têm votado pelos partidos liberais democratas durante décadas. Todavia, precisamente estes partidos se tornaram os viveiros do mais sinistro antissemitismo europeu. A judiaria europeia despertou, mas é tarde demais. Eles podem ora deixar a Europa ou ficar e esperar que as questões se tornem muito piores e muito mais perigosas fisicamente.

Os EUA estão a atravessar exactamente o mesmo percurso. os Académicos, que são dominados por uma mentalidade opressiva esquerdista, usaram a manhosa ferramenta do politicamente correcto para realizar uma purificação ideológica de qualquer ideia que não seja ultra-liberalista. Os media, muito como os académicos, têm realizado o assassinato de caracter contra Trump desde o dia que foi anunciada sua intenção de concorrer à presidência. Juntos, os media e os académicos apresentam uma falsa imagem de um Presidente que não tem o apoio do povo americano. Esta maculada campanha orquestrada contra um Presidente legal e honestamente eleito aprofundou a divisão dentro da sociedade americana a um nível que se aproxima muito de motins e muito pouco de protestos legítimos.

Uma coisa são os Judeus escolherem um dos lados. Outra coisa por completo é que os Judeus condenem vigorosamente o outro lado ao usarem a vulgaridade, palavrões e deslegitimação, como no debate aceso que presentemente se revela nos EUA. Tal como aconteceu logo após o tuite de Sarah Silverman, quando nós Judeus provocamos a separação, nós evocamos o antissemitismo.

O Que Há de Errado com o Activismo Judaico?

A resposta para a pergunta no título é que não há nada de errado com o activismo judaico, desde que ele promova a união em vez da divisão.

A nação judaica foi forjada através da união quando milhões de indivíduos de diferentes descendências se comprometeram uns aos outros ao jurarem ser “como um homem com um coração.” Assim que fizeram esse voto, lhes foi dada a tarefa de passar a união ao resto do mundo, deste modo se tornando “uma luz para as nações.” Pode não parecer assim na superfície, mas enquanto os Judeus mantêm sua união, eles são valorizados. Quando eles se desassociam e deste modo abandonam seu compromisso para a humanidade, eles deixam de ser uma luz para as nações e assim fazendo evocam o ódio para com eles.

Eu fui frequentemente criticado por exprimir esta visão. Porém, esta não é minha visão pessoal mas a visão de nossos sábios durante as gerações. Nesse sentido, eu sou somente o mensageiro.

O Midrash (Bereshit Rába, 66) fala sobre os Judeus: “Esta nação, a paz mundial habita dentro dela.” O Talmude fala em Maséchet Yevamot: “Nenhuma calamidade vem ao mundo senão por causa de Israel.” O Midrash Tanhumá (Devarim, Porção Nitzavim) diz, “Israel não serão redimidos até que eles sejam todos um feixe.” O Mishná (Okatzin 3:12) afirma, “O Senhor não achou um receptáculo para segurar uma bênção para Israel senão a paz, como foi dito (Salmos 29), ‘O Senhor dará a força ao Seu povo, o Senhor abençoará o Seu povo com a paz.'”

O Livro do Zohar diz na porção, Acharei Mot: “‘Eis, quão bom e quão prazenteiro é que os irmãos se sentem juntos.’ Estes são os amigos enquanto se sentam juntos e não partem uns dos outros. Inicialmente, eles parecem pessoas em guerra, desejando se matar uns aos outros. Então, eles retornam a estar em amor fraterno. E vós, os amigos que aqui estão, tal como antes estavam em afeição e amor, doravante também não partirão. E pelo vosso mérito haverá a paz no mundo.”

Não só nossas antigas fontes falaram da importância da união para o povo de Israel e para o mundo inteiro. Nossos sábios continuaram a falar sobre ela durante as gerações.

“Quando Israel têm união, não há fim para a sua realização,” está escrito no livro, Noam Elimelech (A Agradabilidade de Elimelech). “A principal defesa contra a calamidade é o amor e união. Quando há amor, união e amizade entre uns e outros em Israel, nenhuma calamidade consegue chegar sobre eles,” acrescenta o Rabi Kalonymus Halevi Epstein em Maor VaShemesh (A Luz e o Sol). “Nos é ordenado em cada geração a fortalecer a união entre nós para que nossos inimigos não governem sobre nós,” escreveu o Rabi Eliyahu Ki Tov no Livro da Consciência. O Ramchal também escreveu no Comentário do Ramchal sobre a Torá: “Moisés desejou completar a correcção do mundo nesse tempo. … Todavia, ele não teve sucesso devido às corrupções que ocorreram no caminho.”

No século passado, os dois maiores líderes espirituais da geração, o Rav Kook e Rav Yehuda Ashlag, autor do comentário completo Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar, escreveram extensamente sobre o papel de Israel para o mundo e a parte vital que a união de Israel desempenha em levar a cabo sua tarefa. Em Orot (Luzes), Rav Kook escreveu, “A construção do mundo, que presentemente está amassado pelas medonhas tempestades de uma espada ensanguentada, requer a construção da nação israelita … em antecipação de uma força cheia de união que se encontra em Israel.” Similarmente, afirmou Rav Ashlag, “Cabe à nação israelita se qualificar a si mesma e a todas as pessoas do mundo para se desenvolverem até que assumam sobre si mesmos essa sublime obra do amor pelos outros, que é a escada para o propósito da Criação” (“A Arvut” [Garantia Mútua]).

Regressando ao Livro do Zohar, o famoso Tikun nº 30 salienta que quando Israel não estão unidos, eles “trazem À existência a pobreza, ruína, roubo, pilhagem, matança e destruições no mundo.”

Foto: Moshe Pridan, Licença: N/A2017-02-03

Christian Pineau, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros de França, numa visita a David Ben Gurion em Israel, Janeiro de 1959 Foto: Moshe Pridan

Estabelecer o Activismo Construtivo

Se nós Judeus queremos ajudar a curar a sociedade americana, certamente uma aspiração louvável, devemos regressar a nossas raízes. Somente a união acima das diferenças, sem suprimir qualquer visão mas em vez disso abraçando a diversidade acima das disputas e desdém recíproco, servirá como exemplo digno de seguir. Jogar abusos às pessoas pelas suas visões politicas não nos concederá a estima. Isso também não fará de nós mais aceitáveis na sociedade americana. Aquilo que as nações querem de nós é a liderança pelo modo do exemplo, não pelo modo da retaliação.

Surpreendentemente, alguns dos piores inimigos do povo Judeu foram pessoas que estavam agudamente conscientes da sociedade judaica e do nosso papel para a humanidade. O famoso industrialista antissemita, Henry Ford, escreveu no seu infame livro, O Judeu Internacional – O Principal Problema do Mundo: “Os reformistas modernos, que constroem os sistemas sociais modelo no papel, fariam bem ao olharem para o sistema social sob o qual os primeiros Judeus se organizavam.” Noutro lugar no livro, escreveu Ford, “A sociedade tem uma grande reivindicação contra o Judeu … que ele comece a concretizar … a antiga profecia de que através dele todas as nações na terra venham a ser abençoadas.”

Rav Yehuda Leib Arié Altar (o ADMOR de Gur) escreveu em Sefat Emet (Língua da Verdade): “Porque eles pecaram, essa força da união foi levada dos ímpios e foi dada aos filhos de Israel…Devíamos confiar nela pois por nossa intenção ser boa, é certo que teremos sucesso, uma vez que a força da união nos assiste.” Rav Yehuda Ashlag acrescentou similarmente no seu ensaio, “A Arvut” (Garantia Mútua), quando ele explicou o significado de ser “uma luz para as nações”: “Sereis Meu Segulá [remédio, virtude] de entre todos os povos. Significa isto que centelhas de purificação e limpeza [do ódio infundado] passarão através de vós para todos os povos e nações do mundo.”

Eliezer Ben Yehudá, o reanimador da língua hebraica, escreveu nos Escritos Completos de Eliezer Ben Yehudá (Vol. 1): “Ainda nos falta abrir nossos olhos e vermos que somente a união nos pode salvar. Somente se todos nos unirmos … para trabalharmos em favor da inteira nação, não será em vão nosso trabalho.” Similarmente, A.D. Gordon, o ideólogo chefe do Sionismo, afirmou em Luz da Vida sobre o Dia da Pequenez: “’ Todos de Israel são responsáveis uns pelos outros’ … Somente onde as pessoas são responsáveis umas pelas outras há Israel. Além do mais, todas as pessoas são responsáveis umas pelas outras e somente onde as pessoas são responsáveis umas pelas outras há pessoas (e há uma nação, uma nação humana). Se não há nenhuns que sejam responsáveis pelos outros, o que há afinal? Nós, que vamos construir [o estado de Israel], certamente não construiremos sobre a base das relações da geração da separação [geração da Babilónia, quando as pessoas estavam separadas].”

E finalmente, David Ben Gurion, o primeiro Primeiro Ministro de Israel, afirmou o seguinte na Revolução do Espírito: “Ama teu próximo como a ti mesmo é o mandamento superior no Judaísmo. Com estas três palavras, a eterna lei humana do Judaísmo foi formada… O estado de Israel será digno do seu nome somente se suas estruturas sociais, económicas, políticas e judiciais forem baseadas nestas três eternas palavras.”

Com estas poucas citações de muitas outras encontradas em numerosos escritos dos nossos sábios, tentei transmitir a sua simples mensagem que o papel o povo Judeu não é de serem activistas políticos. Em vez disso, é de ser um modelo exemplar de união. Se isto fizermos, traremos a paz sobre nós e sobre o mundo, uma vez que seremos “uma luz para as nações.”

Para mais excertos e elaboração sobre a causa do antissemitismo e sua cura, especialmente no nosso tempo, por favor visite “Por Que As Pessoas Odeiam Judeus.” Encorajo todos os meus leitores a compartilharem seus pensamentos sobre esta mensagem ao escreverem para [email protected]. Tentarei responder a estas questões em futuras colunas no melhor da minha capacidade, ou na minha página do Facebook.

Publicado originalmente no Haaretz

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Um Olhar Sóbrio Sobre a Proibição aos Imigrantes de Trump e Seu Protesto

Inflado pelos principais meios de comunicação, o protesto certamente se tornou uma coisa da moda: transportar cartões que evocam o amor e nos aproximarmos contra o mal supremo Trump. Mas será que isto vai mudar realmente as coisas para o melhor? Não é esta uma abordagem um pouco superficial demais para que uma discussão séria sobre a imigração tome lugar?

Deixem-me salientar isto primeiro: Não vejo olhos nos olhos com o Partido Democrata ou Republicano. Nenhum deles representa aquilo que eu considero verdade estabilidade social. Mas a atmosfera dos media a ser criada é que alguma coisa que Trump faça é automaticamente considerado racista, fascista, insano e inaceitável. Por outras palavras, se você ama a paz, você deve odiar Trump, certo?

Se quiser considerar um olhar sério sobre a questão da proibição da imigração, além dos dramas dos media, continue a ler.

Imigração em Massa Exige Verdadeira Integração

Da minha perspectiva sobre o desenvolvimento humano, nossa maior concretização enquanto humanidade será que todas as nações se aproximem como uma família. Contudo, esse é um ideal. E sua distância da realidade precisa de ser cruzada, não ignorada. Verdadeira integração pode ser alcançada somente através de um profundo e deliberado processo de consciência e educação que vão induzir a afinidade, bem como criar metas comuns e honesta preocupação recíproca entre as pessoas de diferentes culturas. Somente então podemos nós esperar que a coexistência floresça.

O problema com as ideias sublimes do liberalismo em termos de integrar diferentes culturas é a expectativa que grandes diferenças em ensino, ideologia, comportamentos e padrões de pensamento magicamente se solucionem sozinhas. Bem, a realidade como a Europa agora conhece bem, nos mostra que não. A presente tendência de idealismo que clama para fundir pessoas de diferentes culturas e especialmente de ideologias religiosas que se tornaram extremistas nos nossos tempos, é certamente perigosa dentro também dos EUA.

Na natureza, a existência harmoniosa dos opostos reside em complexos sistemas de cooperação e comunicação que foram fabricados pela evolução durante milhões de anos para se tornarem estáveis e prósperos.

Pensar que o pluralismo pode simplesmente ser alcançado pela indulgência, coração aberto e compaixão nada é senão infantil. Também isso requer processos responsáveis e graduais, cuidadosos limites e uma verdadeira avaliação de como as políticas resultam na realidade. Ambos aspectos são necessários para criar um caminho médio que não esteja perigosamente desconexo da realidade, nem seja demasiado duro para permitir que a conexão humana evoluía.

Fundir estas abordagens opostas, que grosseiramente definem as ideologias políticas da direita e da esquerda, não é algo que seja natural para nós. Isso depende da aplicação de métodos educativos que nos ensinem como pode isto ser feito. Isto se aplica aos estados nação bem como à saúde psicológica dos casais, pais e todo o relacionamento, pois nossa anexação aos outros precisa de coexistir com nossos limites pessoais e individualismo.

Verificação da Realidade

Regressando a Trump: ele prometeu a milhões de americanos que votaram por ele dar à América suas fronteiras de novo. Ele não inventou novas leis, mas pediu ao Departamento de Segurança Interna para aplicar leis americanas existentes com força. Fortalecer as fronteiras é importante para a viabilidade de uma nação, bem como para qualquer outra coisa viva.

De facto, isso já foi feito por outras administrações antes da sua e passou despercebido. Num discurso que Bill Clinton fez enquanto presidente, disse ele, “Nós somos uma nação de imigrantes, mas somos também uma nação de leis. É errado e no final auto-destrutivo para uma nação de imigrantes permitir o tipo de abuso das nossas leis de imigração que vimos em anos recentes e devemos fazer mais para o impedir.” Vindo dele isso foi aceite como lógico, mas de Trump, isso é considerado racista e inconstitucional. Então o que está na realidade a impulsionar os manifestantes para as ruas? Está isso a ajudar os Muçulmanos carentes ou outra oportunidade para denunciar Trump?

Precisamos de ser abertos para a conexão com os outros, mas não sem os limites adequados. Sim, há necessidade de compassivo, mas esta compaixão deve se deve propagar ao seu próprio pais e povo também. O autor do comentário Sulam (Escada) sobre O Zohar, Baal HaSulam, escreve em A Nação que “aqueles que se retirarem completamente do nacionalismo e se tornarem cosmopolitas por motivos humanos e altruístas estão a cometer um erro fundamental, uma vez que o nacionalismo e o humanismo não são de todo contraditórios… o amor nacional é a base de toda a nação, tal como o egoísmo é a base de todos os seres que existem indivdualmente. Sem isso, eles não seriam capazes de existir.”

Até o Dalai Lama, que é amplamente considerado um grande humanitário, disse que os Muçulmanos não devem ser permitidos transformar países europeus em países árabes. Não é desumano colocar fronteiras, ou exigir precauções de segurança; essa é a coisa certa de se fazer. Brandura com as fronteiras abertas é uma atitude negligente para resultados futuros.

Somando a isso, ninguém está a dizer que os refugiados que estão em verdadeiro perigo não devem ser auxiliados. Mas isso não precisa de ser às custas da estabilidade social de outras nações. Há muito dinheiro e terra em países muçulmanos, que poderiam fornecer uma solução muito melhor para os milhões de refugiados. A Arábia Saudita por exemplo, tem 100,000 tendas com ar-condicionado vazias, mas ainda assim não recebe refugiados sírios. Os esforços internacionais devem ser feitos e medidas devem ser tomadas para assegurar soluções para os muçulmanos e garantir sua segurança, sem comprometer a segurança e estabilidade das nações ocidentais.

Alcançar Verdadeiro Pluralismo

Fundir diferentes culturas no mesmo território é um sério compromisso que requer preparação educativa de ambos os lados. Tal como não esperamos que o casamento ocorra no primeiro encontro, as nações devem também ficar a conhecer-se umas às outras, estudar a mentalidade umas das outras, aprender como se darem bem e somente então avançarem em conjunto.

Por todo o mundo, meus estudantes conduzem aquilo que chamaram “Círculos de Conexão,” pessoas de diferentes fundos e até aqueles envolvidos em conflitos activos tais como Judeus e Árabes, aprendem a se complementar uns aos outros e criar uma realidade compartilhada sem comprometer suas identidades. Tais práticas são cruciais para formar a coexistência que é baseada numa realidade e não em simples pensamento positivo.

Publicado originalmente no Jewish Business News

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A Verdadeira Face do Liberalismo

O resultado das eleições americanas revela a natureza dupla do Liberalismo, o expondo pela ideologia fascista que ele se tornou.

Manifestantes provocam tumultos depois da eleição do Republicano Donald Trump enquanto Presidente dos Estados Unidos, em Oakland, Califórnia, EUA, 9 de Novembro, 2016. (foto:REUTERS)

A resposta branda do CEO da Uber à proibição de imigração de três meses do Presidente o colocou no alvo dos fanáticos liberalistas, que se consideram “progressistas”. A mesma coisa aconteceu com o menino de poster de Silicon Valley, o empresário bilionário Elon Musk, por não criticar a proibição com mais resolução. Estes dignitários intimidados não concordaram com Trump. Seu único “pecado” foi que não o castigaram com uma torrente de insultos e palavrões, como é habitual nos nossos dias entre a “esquerda iluminada.”

Antes das eleições, a imprensa estava preocupada com a pergunta, “O que acontece se Donald Trump perder?” O repórter do Los Angeles Times, Doyle McManus, tal como qualquer outro jornalista liberalista, não considerou sequer a possibilidade de Trump vencer, e concluiu que após a perda de Trump, “É difícil imaginar que Trump simplesmente desapareça.”

Mas Donald Trump venceu e sua vitória surpreendente expôs a verdadeira face do liberalismo progressista na América. Há amplos exemplos da natureza não-democrata do liberalismo americano de hoje, tais como a sua mais recente tentativa de constranger a formação do governo do país. Todavia, talvez o testemunho mais autêntico que vi veio de um estudante meu que me escreveu sobre a situação no Nordeste, sob a condição do anonimato pelo medo de retaliação dos “liberais” e “progressistas.” Abaixo está apenas um pouco daquilo que escreveu o meu estudante.

Uma Inteira Geração Foi Educada em Fantasia [título dado pelo estudante]

Nós crescemos nessa bolha liberalista, uma terra de fantasia. Nossas aulas de inglês exigiam que lêssemos livros liberalistas que defendiam os apuros das minorias imigrantes enquanto condenavam o ocidental como o perpétuo antagonista.

Gosto de pensar que tenho um compasso moral decente. Não tenho prazer em discordar da tendência. Uma pessoa fica aterrorizada de dizer que ela não é liberal. As universidades e escolas nos educaram para respirar a noção que os não-liberais são racistas, retrogrados, brancos, velhos, homens e intolerantes.

Neste momento, aquilo que vejo na esquerda-liberal é a nova ideologia fascista. Eles são pelo menos o grupo embrionário neste país. De alguma forma, chegámos ao ponto onde nossa sociedade se encontra numa casca de ovo de politicamente correcto. Tudo é racista. Jerry Seinfeld fez uma piada sobre o seu amigo cujo último nome é black (negro). Ele disse ‘A vida de Black importa.’ Teve piada, mas Seinfeld foi quase crucificado por racismo. Isto é uma doença.

Eu sou progressista. Defino o meu progressismo como abertura para todas as opiniões, desafiando todas as coisas. Eu também me vejo como um campeão dos oprimidos. Os oprimidos neste momento são os eleitores de Trump – as pessoas que não são representadas por Hollywood, os media, ou as instituições tecnológicas e financeiras onde os imigrantes de visto H-1B têm todos os empregos de bom salário.

Fico muito alarmado com a insensibilidade da minha geração para aqueles que têm uma opinião diferente da deles. Trump obviamente não está sempre certo. Mas a birra de temperamento que a esquerda e a minha geração têm neste momento não me excita. Eles se sentem no direito e são TRISTES!

Do Sentido de Direito ao Fascismo

No final dos anos 40, Baal HaSulam, o pai do meu professor e autor do comentário Sulam (Escada) sobre O Zohar, escreveu sobre os problemas inerentes à democracia na sua compilação, Os Escritos da Última Geração. Segundo Baal HaSulam, “Não devemos aprender das democracias modernas, pois elas usam várias tácticas para enganar o eleitorado. Quando [os eleitores] se tornarem mais sábios e entenderem a astúcia deles [dos seus líderes], a maioria certamente vai eleger uma gestão de acordo com o seu espírito. E a principal táctica deles [seus líderes] é de primeiramente criarem uma boa reputação para as pessoas e as promoverem seja como sábias ou como justas e então as massas acreditam e as elegem. Mas uma mentira não dura para sempre.”

Além disso, mais tarde no livro, escreve Baal HaSulam, “A realidade prova que o passo que se segue à ruina de um governo democrata é aquele dos Nazis ou Fascistas. …Quando quer que o governo democrata seja arruinado, um regime fascista ou Nazi o vai herdar.” Certamente, a exposição do fanatismo do liberalismo americano comprova que a análise de Baal HaSulam estava correcta. Os “liberalistas” estão a mostrar as suas verdadeiras faces fascistas. Ironicamente, foi o autor e jornalista progressista liberal, Nicholas Kristof, quem melhor descreveu a dicotomia numa coluna que escreveu para o The New York Times intitulada, “Uma Confissão sobre a Intolerância Liberalista.” Segundo Kristof, “Nós os progressistas devíamos fazer uma pausa de atacarmos o outro lado e incorporar mais amplamente os valores que supostamente acarinhamos – como a diversidade – nos nossos próprios domínios.” Hoje, sem as medidas adequadas para remendar a trajectória perigosa da América, as precipitações para a sociedade americana e para o mundo no geral podem ser horrendas.

Estabelecer Pluralismo Sustentável

Um governo cujos líderes estão em posse durante um período fixo e relativamente curto de tempo requer certas condições prévias em prol de ter sucesso. Enquanto os limites do termo garantem que nenhum líder se torne um monarca, eles também obrigam os candidatos a competir pelos fundos eleitorais e procurarem o benefício dos seus grande doadores em cada quatro anos. Isto inevitavelmente torna os decisores e líderes reféns nas mãos dos poucos poderosos que executam seus honorários após a eleição, em completa desconsideração pelo interesse do público. O resultado inevitável deste sistema distorcido é uma marcha de presidentes fantoche que dançam para as ditaduras dos seus doadores, como vimos durante as passadas várias décadas. A elite rica são os verdadeiros governantes dos Estados Unidos; o “governo” – um reality show.

Como disse Baal HaSulam na citação acima, os chefe de estado de hoje não podem ser eleitos a menos que sejam publicitados como uma comodidade até que o público “compre” as histórias que são vendidas sobre eles. Em tal estado, o presidente não é eleito baseado nas aptidões de liderança, mas baseado nas aptidões de representação e simpatia. São estes os critérios certos para escolher o líder de uma nação?

Para eleger bons líderes, o povo deve determinar aquilo que ele quer ver num líder. Se o eleitorado tem o interesse da nação inteira no coração, ele vai eleger líderes baseando-se no interesse da totalidade do país. No caso da América, para que as pessoas tenham uma ampla visão elas devem se preocupar com a América e especialmente com o povo americano, todo o povo americano.

Lições do Passado

Na era de hoje de extremo egocentrismo, o único modo de restaurar a estabilidade da sociedade americana é abraçar o pluralismo em vez de o rejeitar. Se o fígado e o coração lutassem por sangue por ambos precisarem dele para sobreviver, nós morreríamos. Mas sua funcionalidade complementar garante que tenhamos um fluxo sanguineo livre de toxinas para o corpo inteiro.

Similarmente, toda a pessoa na humanidade é importante pois a saúde e força são alcançadas quando nos unimos acima das nossas diferenças e não quando nos esgotamos tentando ser o último de pé. A batalha constante que travamos uns com os outros é exactamente como o câncer se comporta para com o resto do corpo e sabemos como isto termina para o câncer e para nós.

Quando os antigos israelitas se conectaram acima das suas diferenças, eles conseguiram construir uma nação de milhões de indivíduos separados. Assim que juraram se unir “como um homem com um coração,” lhes foi dada a tarefa de transmitir o método para a conexão ao resto do mundo. A Torá definiu esta tarefa como serem “uma luz para as nações” pois a desunião de hoje está a “escurecer” a vida das pessoas. Quando a depressão, violência e alienação estão a engolir toda a humanidade, a união é a única luz possível no final do túnel, por muito ofuscada ou fraca que seja.

Em Olat Raiah, o grande Rav Kook escreveu, “União que procura o benefício de cada indivíduo é insustentável. Até quando ela parece crescer, acabará numa chama de ódio e guerra entre irmãos, uma vez que cada um puxa na sua própria direcção. Todavia, união que deriva de reconhecer o valor do amor pelos outros durará e se fortalecerá com o tempo.”

Certamente o método de Israel para alcançar a união pode ter sucesso precisamente num estado de desintegração social e alienação pois ele está concebido para tal estado. Ele não lamenta as fricções, ele as abraça como ferramentas para alcançar maior união e coesão social.

Meus estudantes por todo o mundo levam a cabo esse método, ao qual chamaram, “Educação Integral” e provam repetidamente que as pessoas de diferentes fundos se conseguem unir se estiverem dispostas a se elevarem acima das suas diferenças. Elas não precisam de suprimir suas visões como os apoiantes intimidados do Presidente.

Penso que a força da América e sua estabilidade são demasiado importantes para o mundo para que este país se comporte negligentemente. Penso que ele deve reinstalar o valor de abraçar todas as visões. Somente quando a América fizer isto pode ela começar a cuidadosamente abrir suas portas para os imigrantes. Porém, até então isso deve ser feito sob a condição que os imigrantes também abraçam os valores do pluralismo e união como base da democracia.

Nos anos vindouros, os desafios globais vão aumentar e se intensificar. A base para lidar com sucesso com estes desafios é a união. Se a América estabelecer isto, ela terá sucesso. Se não, ela vai acabar como a Europa.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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O Verdadeiro Muro Que Trump Precisa De Quebrar

O muro no qual nos devemos concentrar não é o muro com o México; é aquele que mantém a América dividida.

Observe os últimos meses: Tanta energia e tantos recursos colocados nos conflitos quentes entre as pessoas de visões políticas opostas, culminando numa inauguração presidencial sem precedentes no volume de resistência que a rodeia. A América agora se encontra a si mesma dividida em dois, sendo os preconceitos políticos ainda mais fortes e profundos que os preconceitos raciais. É isto o melhor que uma sociedade do século 21 consegue inventar quanto ao modo de se conduzir a si mesma?

Numa recente palestra Ted, o sócio-psicólogo Jonathan Haidt fala da divisão entre a esquerda e direita como uma que é criticamente importante que a sociedade americana responda, uma que apresenta uma ameaça existencial. O Presidente Trump acaba de dizer no seu discurso de inauguração “devemos debater nossos desacordos honestamente, mas sempre procurar a solidariedade.” Trump e Haidt têm certamente personalidades diferentes em posições muito diferentes, mas ambos entendem que as crescentes tendências de separação e divisão são cruciais.

Na minha visão, a divisão política que hoje vemos não precisa de ser uma realidade eterna que tenhamos de aceitar relutantemente; ela é um desafio evolucionário concebido para nos empurrar para uma ordem social mais viável.

Por Que o Presente Paradigma é Insustentável

A suposta “democracia” de hoje está muito longe da sua forma original e chamar-lhe o “governo do povo” não é uma definição sustentável. Aquilo que temos são ideologias e interesses divergentes que intermitentemente controlam o leme, substituindo uma pela outra passados alguns anos e frequentemente dão o seu melhor para exterminar as concretizações passadas da outra.

Muitos eleitores de Clinton essencialmente só vêm um lado do futuro – fazer com que o Partido Democrata regresse ao poder durante outros quatro ou oito anos. Todavia esta banalidade política de alternar de um partido par ao outro nos escraviza aos interesses estreitos partidários, cria distância do público e gera a divisão social que resulta em crescentes instabilidades de uma maneira geral.

A história nos demonstra que toda a ideologia, se for aplicada sozinha, tem um tempo de vida limitado. Ela pode resultar durante um tempo, mas mais tarde chega a um extremo desequilibrado, que provará o seu fracasso e vai dispor o cenário para que uma ideologia diferente assuma o seu lugar. Acrescentando a isso, quando as ideologias se tornam mais extremistas, elas se tornam muito semelhantes num sentido prático, que ofusca os seus ideais aparentemente opostos. Tomemos como exemplo Hitler e Estaline: líderes de movimentos ideológicos completamente opostos e ainda assim, muitos semelhantes em termos práticos.

Aquilo que agora testemunhamos é como décadas de liberalismo pós-guerra se desintegrou numa ordem neo-liberal em declínio, uma vez que criou uma cultura de idealismo desconexo e não tratou na realidade os problemas públicos em mãos. Em vez disso, ele permitiu o comportamento negligente que colocou nossas sociedades em estados desequilibrados e perigosos. O neo-liberalismo, também, chegou a um extremo onde gradualmente se está a tornar totalitário. Esta morte inevitável é evidente nas crescentes tendências nacionalistas por todo o mundo, que pressionam para uma mudança de percurso.

Porém, a sociedade ocidental de hoje está tão dividida, que ela é incapaz de aceitar mais tal realidade. Nas recentes eleições, testemunhamos quão fanaticamente cada lado sentiu que o outro ameaçava sua própria existência. A resistência para ideologias divergentes é tão forte que muitos não conseguem aceitar os resultados da votação democrática; enquando os líderes reconhecem que devem achar soluções para, de algum modo, curar a divisão, se desejam governar sociedades estáveis.

O presente paradigma de transições artificiais de poder entre ideologias divergentes, apoiado somente por uma parte da população, se tornou cada vez mais perigoso. A prosperidade e estabilidade social só podem ser alcançadas quando pessoas de opiniões e interesses divergentes são capazes de se aproximar sob um propósito compartilhado.

Pensamento Sistémico: A Próxima Vanguarda da Sociedade Humana

Olhando para os sistemas complexos na natureza, vemos que elementos contraditórios se complementam uns aos outros pela sua sobrevivência e progreso. O cérebro, o sistema imuntário, colónias de formigas e a sociedade humana, são todos exemplos de sistemas complexos.

Descobertas na Neuro-psicologia nos ensinam como o comportamento se correlaciona com a actividade cooperativa de muitos milhões de neurónios individuais em vez de uns poucos poderosos favorecidos. Similarmente, o cérebro está tão dividido entre os hemisférios esquerdo e direito, que realizam funções diferentes e contraditórias, mas que todavia trabalham juntos em completa harmonia.

Apesar da sua forma cooperativa, a competição não está ausente dentro de um sistema complexo. Ela opera para manter ou fortalecer certas qualidades enquanto limita ou elimina outras, contribuindo para o estado geral de equilíbrio. Um grande exemplo disto foi a reintrodução de lobos predadores no Parque de Yellowstone, que trouxe consigo a reanimação surpreendente do ecossistema em declínio.

Está na hora de nós reconhecermos que estas leis naturais também se aplicam a nós, enquanto alcançamos um ponto onde a estabilidade do sistema humano depende da nossa capacidade de aderirmos a elas através da complementação recíproca.

Das nossas perspectivas subjectivas, temos tendência para olhar para certos elementos da sociedade como “maus” ou desnecessários. contudo, na natureza, todas as partes são essenciais enquanto servirem o propósito geral: equilibrio e prosperidade do todo.

No seu ensaio, “Paz no mundo,” um dos maiores sábios judeus, Baal HaSulam escreve que “Tudo aquilo que existe na realidade, o bom e o mau e até as coisas mais maléficas e destructoras no nosso mundo – têm o direito a existir e não devem ser exterminadas. A única coisa que devemos fazer é corrigi-las e trazê-las ao seu uso adequado.” Isto pode ser alcançado quando as tendências interiores, sejam elas quais forem, são usadas pelo benefício do todo.

Certamente, os modelos de sistemas complexos há muito são adaptados para explicar o comportamento social humano. Jane Jacobs argumentou no seu livro, Cidades e a Riqueza das Nações: Princípios da Vida Económica, que quando grandes estados-nações governam suas cidades através de controle centralizado e resolução de problemas centralizada, isso pode sufocar a criatividade e impede o desenvolvimento de maiores eficiências.

Então de uma perspectiva sistémica, é uma folia pensar que uma ideologia governante sozinha consegue ter sucesso. As ideologias devem ser tratadas como fenómenos naturais que evoluem nas nossas sociedades. Em vez de levar as ideologias a um extremo, precisamos de conceber um processo onde elas se possam complementar umas às outras e contribuir para a estabilidade e prosperidade da sociedade como um todo.

Como Avançamos Daqui

Falando pragmaticamente, não há um degrau imediato que mude o clima político e social de uma só vez. Ambos os lados seguramente continuarão a lutar um contra o outro como resultado de décadas de doutrinação social e crescente alienação. Precisamos de começar a remediar esta situação com um processo sócio-educativo que gradualmente repare esta mentalidade de divisão.

Precisamos de práticas culturais e exemplos que demonstrem como as decisões podem ser tomadas em conjunto; como os representantes de visões diferentes e até contraditórias se podem sentar juntos e se conectar, somente para achar um entendimento mais elevado das situações e das soluções.

Em tais práticas, ninguém precisa de sacrificar a sua opinião pelo bem da dos outros; em vez disso, algo novo, inclusivo e mais sustentável vai surgir da união dos opostos. Tais experiências vão construir o conhecimento empírico que vamos beneficiar das nossas diferenças. O processo político de tomada de decisões se tornará um processo criativo. Diferentes representantes não visarão se subjugar uns aos outros, mas somar a um sistema que é maior que eles mesmos.

No mundo dos negócios, muitas organizações já estão a praticar isto. Por todo o mundo, meus estudantes conduzem aquilo que chamaram de “Círculos de Conexão.” Nestes círculos, estranhos, pessoas de fundos diferentes e até aquelas envolvidas em conflitos activos tais como Judeus e Árabes, aprendem como se complementar uns aos outros de maneiras que nunca pensaram serem possíveis.

Tratar a Causa Raiz

Como escreveu Paul Laudicina na revista Forbes, resumindo o comício de Davos que tomou lugar este mês, “O Futuro, para nos certificarmos, é altamente incerto. Mas o que está claro como o cristal é que ignorar os sinais de alerta e nada fazer para cruzar estes abismos na riqueza e entendimento nos vai colocar a todos numa má posição.”

Nossos presentes sistemas sócio-políticos têm falhado entender e tratar nossos problemas globais dentro do seu contexto sistémico e interligado. Num mundo onde a disparidade económica se tornou tão radical que já não pode mais ser ignorada e onde a automação se prevê colocar milhões de pessoas em breve sem emprego, nos é dada a oportunidade de mudar fundamentalmente o paradigma social.

Em vez de substituir uma ideologia com outra e lutar pelo poder temporário, precisamos de ir até à raiz da nossa instabilidade constante. As soluções para os nossos problemas dos tempos modernos não se encontrarão na verdade uma pessoa ou da outra, mas na verdade que vive entre nós, na conexão que existe acima de todas as nossas visões e opiniões diferentes. Esta solução começa com todo e cada um de nós, bem como com todos nós juntos.

Publicado originalmente no Huffington Post

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Boa Sorte Donald, Porque Todos Nós Precisamos Triunfar Sobre O Ego

Nós podemos fazer da posse de Donald Trump o início de um novo futuro; agora, tudo o que precisamos é de nossa determinação.

Foto: REUTERS/Jonathan Ernst, Licença: N/A2017-01-20

Presidente eleito Donald Trump (D) e Vice Presidente eleito Mike Pence de pé por Taps após pousar uma grinalda no Tumulo dos Combatentes Desconhecidos no Cemitério Nacional de Arlington em Arlington, Virginia, EUA. Foto: JREUTERS/Jonathan Ernst

Hoje, Donald Trump se torna o 45º Presidente dos Estados Unidos. Mas eu ainda não tenho certeza se devemos parabenizá-lo ou confortá-lo em sua posse. Onde quer que você olhe, há caos, impotência e desesperança. No século XX, o egoísmo puro da humanidade colocou a natureza de joelhos. No século XXI, está colocando a humanidade de joelhos.

Desde o dia 11 de setembro de 2001, quando os terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões de passageiros, demoliram o World Trade Center e parte do Pentágono, e mataram 3.000 pessoas, os EUA estão em guerra contra o terrorismo islâmico. Desde 2011, quando a Primavera Árabe irrompeu, o mundo Árabe tem sido devastado na medida em que regimes em todo o Oriente Médio e Próximo desmoronaram e nações inteiras caíram em um caos mortal que tem custado a vida de milhões de civis. Até hoje, com exceção de Israel e, parcialmente, da Jordânia, nenhum país do Oriente Médio goza de estabilidade e relativa normalidade.

A onda de imigrantes após o colapso dos governos em todo o mundo muçulmano provocou um tsunami de migração para a Europa. Os europeus, que já estavam lutando para se recuperar de uma crise financeira – efeito cascata do quase colapso de Wall Street em 2008 – viram-se oprimidos e literalmente violentados por ondas de imigrantes muçulmanos vociferantes, predominantemente homens exigindo serem tratados como proprietários, não como refugiados.

À medida que se desdobrava o caos europeu, os EUA não ficaram muito para trás. A violência espalhou-se por todo o país, o terrorismo muçulmano golpeou duramente várias vezes, as tensões raciais se intensificaram significativamente levando a agressões frequentes, e o antissemitismo que já aterrorizava os judeus da Europa, se espalhou por todas as instituições acadêmicas dos EUA e começou a se espalhar pelas ruas.

E como se tudo isso não bastasse, a natureza começou a vingar os abusos do homem com terremotos e tsunamis no Japão, Haiti e outros lugares, registrando recordes de temperaturas mundiais por três anos consecutivos e um sentimento geral de desamparo diante da ira da natureza. Quem teria pensado que no século XXI, aos parisienses, antes moradores da capital da “boa vida”, seria dito “não temam os lobos vagando pelas ruas de Paris pois eles só comem animais de quatro patas”. Vamos encarar a realidade: o mundo está uma bagunça.

Mesmo em Davos, a Revista Forbes concluiu que, “parece que uma desordem mundial dramaticamente nova … começou a surgir, questionando a viabilidade da ordem internacional liberal pós-guerra”. Assim, antes que as fábricas chinesas de alimentos falsificados consigam envenenar toda a sua nação por pura ganância, antes que a Europa mergulhe em total desordem na medida em que a UE desmorona, antes que o exército dos EUA declare lei marcial nos Estados Unidos para frear revoltas violentas, e antes que os judeus sejam abatidos em todo o mundo, vamos parar por um momento. Em vez de entrar em pânico, vamos subir a bordo de um avião imaginário e olhar para a nossa realidade a partir da visão do olho de um pássaro.

Nós realmente precisamos dar algum sentido à nova desordem mundial

Foto: REUTERS/Ruben Sprich, Licença: N/A2017-01-20

Christine Lagarde, Directora em Gestão, Fundo Monetário Internacional (FMI) comparece no encontro anula do Fórum Mundial Económico (FME) em Davos, Suiça, 18 de Janeiro, 2017 Foto: REUTERS/Ruben Sprich

Esse Néctar Doce e Mal

O Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam (autor de A Escada) por seu comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar, foi o maior Cabalista do século XX. Ele também foi o pai de meu professor, Rav Baruch Ashlag (Rabash), que continuou os ensinamentos de seu pai e herdou seus manuscritos. Certa noite, enquanto eu percorria as cartas que Baal HaSulam escrevera aos seus alunos, deparei-me com uma alegoria que me tocou muito profundamente. Baal HaSulam escreveu lá que o egoísmo é como um néctar doce, embora venenoso, colocado na ponta de uma espada. O néctar é tão doce e viciante que quem o encontra é obrigado a levar a espada à boca, estender a língua e deixar o néctar cair sobre ela, gota a gota, até que o veneno o vença e ele morra.

Esse néctar doce e mal é o nosso ego. O ego nos prometeu que o capitalismo faria todos ricos. Porém, uma vez que as pessoas ficaram ricas, o ego as fez arrebatar tudo para si sem deixar nada para os outros. O ego também nos prometeu que o comunismo tornaria todos iguais e asseguraria que todos fossem bem alimentados, bem vestidos e saudáveis. Mas uma vez que os campeões do comunismo se tornaram governantes, o ego assumiu e a igualdade e o bem-estar do povo saíram pela janela e para a congelada Sibéria. O ego também nos prometeu que o liberalismo garantiria nossa liberdade de expressão e liberdade de pensamento, mas uma vez que tomou as rédeas, nos alienou através da correção política. Em nome da Primeira Emenda, o ego nos levou tão longe que as pessoas acham que está tudo bem banir os membros da família só porque eles também não são liberais.

Todas essas falsas promessas do ego são o néctar venenoso. Elas são todas doces quando as provamos pela primeira vez, mas todas ficam azedas e nos deixam mais famintos e doentes do que antes. Nós precisamos da verdadeira cura!

Foto: N/A, Licença: N/A2017-01-20

Quando a vida lhe serve limões, faça uma limonada

Quando a Vida Lhe Dá Limões…

“Quando a vida lhe dá limões”, diz o ditado, “transforme-os em uma limonada”. O ego é um limão enorme. Nenhuma outra espécie tem recebido esse tipo de obstáculo. Todas as outras partes da natureza – animais, vegetais e até mesmo minerais – funcionam alegremente, junto com o perfeito equilíbrio da natureza entre as forças positivas e negativas que criam fluxo e refluxo, dia e noite, verão e inverno, vida e morte. Nós, por outro lado, recebemos apenas o negativo – um desejo cada vez maior de tomar e nenhum desejo de dar (a menos que possamos receber mais em troca).

Milhares de anos atrás, nossos antigos sábios hebreus perceberam isso e observaram: “A inclinação do coração de um homem é má desde a sua juventude” (Gênesis 8:21). No entanto, eles não se contentaram em apontar o problema; eles inventaram uma receita para transformar limões azedos em uma limonada doce.

O primeiro a fazer isso foi Abraão, o Patriarca, cujo legado de misericórdia estabeleceu o fundamento do que mais tarde se tornaria a lei de Israel: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”.

Mas o ego não descansou; ele continuou crescendo. Maimônides nos diz (Mishneh Torah) que Abraão legou seu ensinamento a seus filhos e discípulos, que continuaram a desenvolvê-lo ao longo dos anos. Finalmente, sob a liderança de Moisés, o grupo de Abraão foi informado de que eles poderiam se unir “como um só homem com um só coração” e, assim, tornar-se uma nação, ou a montanha do Sinai (da palavra hebraica sinaah [ódio]), que havia se voltado sobre eles como um sepulcro, seria o seu túmulo (Masechet Shabbat). Eles escolheram a unidade.

Naquele momento, os limões se transformaram em limonada. O povo de Israel descobriu que se não suprimisse a montanha de ódio que se erguia entre eles, mas a cobrisse com amor, isso desencadearia a força positiva e equilibrante que existe em toda a natureza, com exceção da humanidade. O livro, Likutey Etzot (Conselhos Variados), descreve esse processo da seguinte maneira: “A essência da paz é conectar dois opostos. Portanto, não se assuste se você vir uma pessoa cuja visão é o oposto completo da sua e achar que nunca será capaz de fazer a paz com ela. Além disso, quando você vir duas pessoas completamente opostas entre si, não diga que é impossível fazer a paz entre elas. Pelo contrário, a essência da paz é tentar fazer a paz entre dois opostos”.

Entre Direita e Esquerda

A Cabalá gosta de usar o termo “três linhas”, que divide em “linha direita”, “linha esquerda” e “linha do meio”. A linha esquerda é o ego. Nós temos muito disso. A linha direita é o desejo de doar, a qualidade da misericórdia de Abraão. A linha do meio não existe independentemente; é o resultado do equilíbrio bem conservado entre o ego e a qualidade da misericórdia, entre as linhas direita e esquerda.

Quando você olha para a natureza, não vê três linhas; você vê harmonia. Essa harmonia é resultado do equilíbrio perfeito que existe entre os dois desejos na natureza. Como nós humanos somos desprovidos da linha direita, a qualidade da misericórdia, é muito fácil distinguir o ego, e é muito claro que devemos complementá-lo com a qualidade da misericórdia. Quanto maior o ego, mais misericórdia é exigida para equilibrá-lo e criar uma linha média sustentável. Acontece que a intensificação do ego está acontecendo precisamente de modo que acrescentemos a qualidade da misericórdia e cobramos os nossos egos com ela.

Nossos sábios sabiam dessa sabedoria e, portanto, nunca tentaram esmagar o ego ou suprimi-lo. Eles sabiam que ele era uma base necessária para construir a qualidade da misericórdia. E no processo de construção, eles captaram o segredo da harmonia da natureza: o equilíbrio perfeito entre as linhas direita e esquerda.

À medida que o ego continuou evoluindo, os métodos de complementação dele também continuaram evoluindo. O Livro do Zohar escreve na porção, Aharei Mot: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. Esses são os amigos que se sentam juntos, e não estão separados uns dos outros. A princípio, eles parecem pessoas em guerra, desejando se matar. Depois, eles voltam a estar em amor fraternal. … E vocês, os amigos que estão aqui, como vocês estavam em carinho e amor antes, doravante também não vão partir… E por seu mérito haverá paz no mundo”.

Fazendo Limonada no Século XXI

O que funcionou para os autores do Zohar não funcionaria para nós. Nós somos simplesmente muito egoístas para sermos capazes de introduzir a linha direita da mesma forma que os autores do Zohar o fizeram.

Para contrabalançar o ego, primeiro precisamos equilibrar a intolerável desigualdade em nossa sociedade. Dados revelados há pouco mostram que a desigualdade nos Estados Unidos aumentou tanto que hoje em dia um por cento “ganha 81 vezes mais” do que os 50 por cento mais pobres. “Esta proporção de 1 para 81 é semelhante à diferença entre a renda média nos Estados Unidos e a renda média nos países mais pobres do mundo”, como “a República Democrática do Congo, a República Centro-Africana e o Burundi”.

Entre muitos líderes de opinião e políticos, há uma percepção crescente de que alguma forma de renda básica deve ser garantida a todos. Eles percebem que em um mundo de crescente insegurança de renda devido à automação e globalização, o risco de instabilidade social crescerá o desemprego mais permanente torna-se onipresente. Quando as pessoas não têm meios de prover suas famílias e a si mesmas, elas se tornam desesperadas e, portanto, perigosas. De uma forma ou de outra, os governos terão que encontrar uma maneira de garantir que populações inteiras não passem fome.

Entretanto, dar dinheiro sem nenhuma contrapartida não diminuirá o risco de agitação civil. Se as pessoas não tiverem nada para fazer o dia todo e nenhum compromisso com ninguém, elas vão se tornar canhões à solta que, sem dúvida, explodirão. Considerando que nossa auto-absorção não para de crescer simplesmente porque não estamos empregados, não é difícil imaginar como as ruas da cidade se parecerão em alguns anos a partir de agora.

À luz de tudo isso, o que podemos e devemos fazer é estipular a participação em “treinamentos de conexão” como pré-condição para a recepção da renda básica. Nesses treinamentos, as pessoas aprenderão sobre o equilíbrio da natureza, o desequilíbrio da natureza humana e a necessidade de complementar o ego com misericórdia para criar um equilíbrio harmonioso. Em outras palavras, elas aprenderão sobre as três linhas.

Mas elas não só aprenderão, mas participarão da introdução da qualidade da misericórdia para a humanidade, assim como os antigos hebreus fizeram mais de dois milênios atrás. Em todo o mundo, meus alunos conduzem o que chamaram de “círculos de conexão”. Nesses círculos, estranhos, pessoas de diferentes origens e até mesmo pessoas envolvidas em conflitos ativos, aprendem a cuidar umas das outras de uma forma que nunca julgaram possível.

O círculo é usado para indicar que todos são iguais. Quando isso é assim, ninguém domina ou impõe a sua visão, e todos escutam a todos. O objetivo do círculo é se esforçar para conectar as pessoas ao tentar se elevar acima do ego. À medida que as pessoas fazem isso, elas liberam a qualidade da misericórdia que existe em toda a natureza, exceto em nós, cobrindo assim o nosso egoísmo com o cuidado pelos outros. Não há atraso; dentro de poucos minutos, os participantes sentem o impacto da linha direita – a força positiva – e como ela equilibra a linha esquerda, o ego. Alegoricamente, você poderia dizer que no círculo nós tomamos o limão da esquerda, o açúcar da direita, e no meio fazemos a limonada. O link acima demonstra como isso é feito, assim como esse clipe, e esse (este último é falado em hebraico, certifique-se a opção legendas esteja ligada), mesmo entre árabes e judeus. Nesses círculos, as pessoas podem se elevar acima de seu ódio e liberar a qualidade da misericórdia (ou a linha direita) no círculo.

Tais círculos também podem ser realizados através da Internet. Alguns países já conduzem círculos de conexão on-line com dezenas, às vezes centenas de pessoas simultaneamente, agrupadas em círculos de 8-10 pessoas, embora os participantes possam estar em lugares diferentes e até mesmo em países diferentes. Se essas técnicas fossem empregadas em massa, isso mudaria a atmosfera em todo o mundo. As pessoas se tornariam voltadas para a conexão e não para o confronto. As ruas seriam mais seguras, as famílias mais tranquilas e as pessoas realmente sorririam umas para as outras na rua.

Se fizermos isso corretamente, as pessoas entenderão que o ego é uma parte de quem somos e não se destina a ser usado como um meio para superar os outros, mas para se conectar com eles em um nível mais elevado. Quando as pessoas compreenderem que é assim que as forças da natureza funcionam, saberão como dirigir adequadamente suas vidas para frente.

Com o passar do tempo, as pessoas precisarão desenvolver novos métodos para se conectarem acima de seus egos em crescimento. Mas uma vez que elas tenham compreendido o princípio fundamental da vida das linhas direita, esquerda e do meio, vão encontrar novas maneiras de se conectar, ao invés de voltar à violência. O princípio das três linhas, se implementado, garantirá paz, prosperidade e felicidade na Terra.

Eu espero que a posse de Donald J. Trump também seja o começo de um novo futuro para a humanidade, onde os limões azedos imediatamente se transformarão em uma limonada doce e saudável. Nós temos o conhecimento, temos os meios; tudo que precisamos é de nossa determinação.

Publicado originalmente no Haaretz

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A Memória do Holocausto Não é Desculpa Para a Inação

Se há alguma coisa que consegue preencher algum sentido no assassinato de nossos familiares, é que criaremos tamanha união que impeça que tal destino ocorra novamente.

Uma menina judia coloca uma placa de madeira sobre a via férrea para marcar a morte de seus familiares no campo de concentração nazi em Auschwitz-Birkenau. (foto:REUTERS)

Hoje, em 27 de Janeiro de 2017, o mundo comemora o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. Hoje o mundo de novo cada vez mais está antissemita. Hoje, podemos impedir que um Segundo Holocausto aconteça, pois vai acontecer, a menos que tomemos acção assertiva.

Pouco tempo antes da expulsão de Espanha, os Judeus ansiosamente se assimilaram entre seus anfitriões espanhóis, escreveu a aclamada historiadora Jane S. Gerber em Os Judeus de Espanha: Uma História da Experiência Sefardita. A judiaria espanhola considerava Espanha a nova Jerusalém e pensava que “a presença de tantos Judeus e Cristãos de ascendência judia nos círculos internos da corte, das municipalidades e até da igreja católica podiam fornecer protecção e evitar o decreto” de expulsão. Eles estavam errados.

Tal como seus irmãos na Espanha, os Judeus alemães acreditavam que se eles fossem assimilados entre os alemães, estariam seguros do eterno dedo acusador que é a sorte do Jude. Os professores Steven J. Zipperstein de Stanford University e Jonathan Frankel da Universidade Hebraica de Jerusalém, escrevem em Assimilação e Comunidade: Os Judeus na Europa do Século Dezanove, que alguns anos após o começo da emancipação judia, David Friedlander, um dos líderes mais notáveis da comunidade, sugeriu que os Judeus de Berlim se converteriam ao cristianismo em massa. Lembramos hoje como esta assimilação terminou.

Durante muitos séculos, quando quer que os Judeus tentassem abandonar a tribo, sua nação anfitriã os puniria fortemente. Durante séculos, aqueles que adoram e odeiam Judeus em semelhança ficaram atónitos com a sobrevivência dos Judeus apesar da sua constante perseguição e extermínio. O escritor Mark Twain ponderou sobre a sobrevivência judaica no seu ensaio, “Sobre os Judeus“: “O Egípcio, o Babilónio e o Persa se levantaram, preencheram o planeta com som e esplendor, então esvaeceram para a matéria dos sonhos e faleceram; o Grego e o Romano se seguiram e fizeram um grande ruído e desapareceram. O Judeu os viu a todos, os venceu a todos e é agora aquilo que sempre foi. Todas as coisas são mortais menos o Judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual o segredo da sua imortalidade?”

Por muito estranho que pareça, até Adolf Hitler questionou como é que os Judeus sobreviveram até então. Em Mein Kampf escreveu ele, “Quando durante longos períodos da história humana escrutinei a actividade do povo Judeu, subitamente surgiu em mim a questão temerosa se o destino impenetrável, talvez por razões desconhecidas a nós pobres mortais, não haveria desejado, com resolução eterna e imutável, a vitória final desta pequena nação.”

As nações não conseguem solucionar o enigma da nossa sobrevivência, somente nós conseguimos fazer isso.

Por Que Somos Afligidos e Por Que Sobrevivemos

Nós Judeus não somos como qualquer outra nação. Podemos querer ser, mas o facto de o mundo inteiro nos criticar todos os dias, que o Conselho de Segurança da ONU debater quase exclusivamente Israel e que os Judeus são o alvo principal de crimes de ódio não só na Europa, mas até nos EUA, comprova que somos de longe a nação mais odiada do planeta.

A inauguração de Donald Trump enquanto Presidente pode dar-nos um intervalo do ódio pelos Judeus, mas se não respondermos correctamente à oportunidade, a repercussão explodirá nas nossas faces, muito literalmente. Até se o Presidente Trump vetar todas as resoluções da ONU anti-Israel, isto não vai abater o ódio que as nações sentem para nós. Mais cedo ou mais tarde, também ele, terá de reconsiderar a sua posição. Então, para evitar outro holocausto. Devemos entender nossa posição única no mundo e agir respectivamente.

“Os Judeus São Responsáveis por Todas as Guerras no Mundo”

A infame frase de Mel Gibson, “Os Judeus São Responsáveis por Todas as Guerras no Mundo,” tal como a declaração do General William Boykin, “Os Judeus são o problema, os Judeus são a causa de todos os problemas no mundo,” reflectem um pressentimento a certa medida que o mundo compartilha. Pior ainda, quanto mais insolúveis os conflitos do mundo se tornam, mais o mundo culpa os Judeus. Conscientemente ou não, a humanidade se lembra que imediatamente após nos termos comprometido a nos unirmos “como um homem com um coração,” deste modo nos tornámos uma nação que foi encarregada de ser “uma luz para as nações.” Até se as pessoas não conseguirem exprimi-lo, elas conseguem sentir que a luz que devemos trazer para o mundo é a luz da união e da paz, essa união única que havíamos alcançado no pé do Monte Sinai. Portanto, enquanto houverem ódio e guerra no mundo, haverá antissemitismo.

Mas para trazer a paz, devemos entender o seu sentido. Quando nossos sábios falaram da paz, eles não se referiam à ausência da guerra. Para evitar a guerra, simplesmente podemos evitar o contacto. A palavra shalom (paz) vem da palavra hebraica shlemut (inteireza). Fazer a paz significa fazer algo inteiro. Significa pegar em dois opostos em conflito e os unir de tal maneira que sejam um novo inteiro. Essa é uma entidade que não é nenhum deles, todavia que é descendente de ambos e que ambos acarinham. Tal como um homem e mulher juntos criam uma criança que não é da mãe nem do pai, mas que é a criação amada de ambos, a paz é a inteireza resultante que duas visões opostas em conflito criam.

Está escrito no livro Likutey Halachot (Regras Sortidas), “A essência da vitalidade, existência e correcção na criação é alcançada por pessoas de opiniões divergentes se misturarem juntas em amor, união e paz.” Abraão ensinara esta união especial aos seus discípulos e descendentes e Moisés ensinou isto à nação inteira até que se unissem nos seus corações e assim se tornassem uma nação com uma missão de completar a obra de Moisés e transmitir esta sabedoria ao resto do mundo. O Ramchal escreveu no seu livro, O Comentário do Ramchal sobre a Torá: “Moisés desejou completar a correcção do mundo nesse tempo, mas ele não teve sucesso devido às corrupções que ocorreram no caminho.” Ainda sofremos da corrupção, ela é o ódio infundado que nos separa e nos apresenta como “trevas para as nações” em vez de sua luz.

Para entender de que modo nos devemos unir em prol de nos tornarmos essa luz, pense nos nossos corpos. A diversidade de funcionalidades dos órgãos no nosso corpo assegura nossa saúde. O fígado, coração e rins funcionam de modo muito diferente e todos requerem sangue. Se não soubéssemos que estes órgãos se complementam uns aos outros para manter nossa saúde, podíamos pensar que eles competem pela mesma fonte. Todavia, sem cada um deles morreríamos.

Tal como nossos corpos, a “humanidade” não é um nome genérico de “muitas pessoas,” é uma entidade da qual somos todos partes. Quando nos vemos como seres separados, temos de lutar pela sobrevivência. Mas se nos elevássemos acima de nossos seres mesquinhos apenas um momento, descobriríamos uma realidade muito diferente, onde estamos conectados e somos mutuamente solidários.

No seu ensaio, “A Liberdade,” Baal HaSulam escreve que “quando a humanidade alcançar sua meta de completo amor pelos outros, todos os corpos no mundo se unirão num único corpo e num único coração. Porém, contra isso, devemos ser vigilantes e não aproximar tanto as visões das pessoas que o desacordo e criticismo sejam terminados, pois o amor naturalmente trás com ele a proximidade de visões. E caso o criticismo e desacordo desapareçam, todo o progresso em conceitos e ideias vão cessar e a fonte do conhecimento no mundo vai secar.”

“Isto,” continua Baal HaSulam, “é a prova da obrigação de ter cuidado com a liberdade do indivíduo a respeito de conceitos e ideias, pois o inteiro desenvolvimento da sabedoria e do conhecimento são baseados na liberdade do indivíduo. Portanto, somos alertados para preservá-la com muito cuidado.” Paz, portanto, é possível somente quando somos diferentes, todavia mutuamente solidários, quando nos unimos acima de nossas diferenças. Se não transmitirmos este princípio às nações, elas não o encontrarão sozinhas e nos culparão pelas suas guerras.

O filósofo e historiador Nicholai Berdysev, escreveu em O Sentido da História: “A sobrevivência dos Judeus, sua resistência à destruição, sua persistência sob condições absolutamente peculiares e o papel fatídico desempenhado por eles na história, todos estes apontam para as fundações especificas e misteriosas do seu destino.” Mas o que Berdysev não consegue saber é a natureza especifica do nosso destino, o sentido de sermos “uma luz para as nações.” Se queremos evitar outro genocídio, devemos começar a fazer aquilo que é suposto fazermos.

Perdi quase minha inteira família no holocausto. Mas entendo que meramente os recordar não nos exclui da acção. Lembrar não os trará de volta ou impedirá uma repetição do horror. Somente nossa união acima de nossas diferenças, precisamente como é acima descrito, vai estabelecer a paz entre nós e fará de nós um modelo exemplar para o resto do mundo, “uma luz para as nações.” Se há alguma coisa que consegue preencher algum sentido no assassinato de nossos familiares, é que criaremos tamanha união que impeça que tal destino ocorra novamente.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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O Que a Resistência à Inauguração de Trump Revela Sobre Nós

O Presidente eleito Donald Trump (2º à Direita) e sua esposa Melania vão para o palco com o Vice Presidente eleito Mike Pence (Esquerda) e sua esposa Karen no jantar à luz das velas de pré-inauguração com apoiantes na Union Station em Washington, EUA, 19 de Janeiro, 20017. REUTERS/Jonathan Ernst

Tensões à volta da inauguração são de precedentes nunca vistos. Este é um momento revelador para todos nós.

Nos dias antes da inauguração de Trump, temos testemunhado apresentações de extrema resistência ao tentar de algum modo achar uma maneira de a prevenir. Quase 200.000 mulheres vão marchar em Washington junto com outros grupos de protesto, que planeiam perturbar a inauguração causar danos.

Em acréscimo, temos ouvido falar das falsas notícias das ligações de Trump à Rússia, celebridades que rejeitam convites para aparecer e algumas até evocam um golpe militar para prevenir que Trump se torne presidente.

Estas acções sem precedentes de resistência representam que um fenómeno significativo toma lugar. Para mim, trata-se muito menos de política e muito mais de entender a natureza humana e o comportamento social.

Ao escrutinar o processo em mãos, vamos todos beneficiar ao nos entendermos melhor a nós mesmos e por sua vez, como podemos construir sociedades mais saudáveis, com mais coesão e equilibradas.

O Verdadeiro Problema em Mãos

Nicolas Fitz escreve no Scientific American, descrevendo as desigualdades na sociedade americana, que “Há uma grande divisão entre nossas crenças, nossos ideais e entre a realidade.”

Esta diferença entre aquilo que dizemos e o que sentimos de verdade e fazemos agora se expõe a si mesma e para muitos, não é fácil de engolir.

Se as pessoas que apoiam a democracia, o pluralismo e a liberdade de pensamento não conseguem aceitar outras que falem, pensem, ou votem diferentemente, ou se as pessoas que apoiam os direitos das minorias, gentileza e compaixão na realidade se desconectam dos seus membros de família por eles terem uma opinião diferente, então os valores que elas ostentam nada significam.

Os ideais do liberalismo eram supostos criar uma sociedade mais justa, mas não o fizeram. Na realidade o que temos hoje é uma sociedade extremamente polarizada junto com extrema disparidade económica.

Abandonar o Que Não Estava a Resultar

Enquanto o liberalismo tem seus últimos suspiros, compreensivelmente muitas pessoas não o conseguem simplesmente aceitar. Elas combatem esta mudança com toda sua força, sentindo que algo que as definia e que foi doutrinado na sua mentalidade está a ser severamente ameaçado. Porém, devemos ver que esta luta é inutil. Aquilo que agora termina não vale realmente assim tanto para agarrarmos a ele.

Quando olhamos para o mundo que Trump tem de enfrentar enquanto presidente, vemos uma realidade dominada pela crise. Sob a pretensão liberal dos direitos civis e das liberdades, a América alcançou um ponto em que as diferenças sócio-económicas se tornaram escandalosamente amplas. Os Estados Unidos se tornaram agora a mais desigual de todas as nações ocidentais.

Três estudos, publicados durante os últimos vários anos no Perspectives on Psychological Science, demonstram que as pessoas não fazem ideia de quão desigual a sociedade americana se tornou. Os 20% de agregados familiares no topo têm mais de 84% da riqueza e os 40% do fundo reúnem míseros 0.3%.

As tensões raciais aumentaram, também, enquanto os campus se tornam viveiros de antissemitismo e o movimento “Black Lives Matter” entrou na cultura dos campus, fanfarronando qualquer um que os desafie. Paradoxalmente, a intolerância por aqueles que pensam diferente se tornou o novo normal na cultura liberal tão auto-iludida e cega aos seus próprios defeitos que criou um código social mais próximo do fascismo que qualquer outra coisa.

Na Europa, os líderes liberais tais como Angela Merkel simplesmente não conseguiram antever como as políticas de imigração de fronteira aberta trariam a Europa a uma crise que a transformariam completamente política e socialmente. Os governos e os media politicamente correctos ocultaram as taxas de crime reais dos migrantes e procuraram silenciar qualquer um que desse nome ao problema por aquilo ele é. Esta trágica abordagem trouxe a Europa a uma crise que ninguém sabe como resolver e a crescentes tendências nacionalistas.

Até o Dalai Lama, amplamente considerado um líder humanitário, salientou o defeito deste pensamento e ainda assim é como se os líderes fossem simplesmente incapazes de agir diferentemente sob a coação das camisas de forças liberalistas que usavam.

Esta desconexão da realidade tem durado algum tempo, mas o mundo alcançou um ponto tão perigoso, que generais abertamente preparavam o público para uma Terceira Guerra Mundial inevitável apenas semanas antes da eleição americana. Devemos todos nos sentir muito sortudos por termos sido poupados por agora, graças a uma muito necessária chamada de atenção e uma mudança de curso.

Trump enquanto Revelação

Trump, imperfeito como possa ser, significa que o mundo se separa da abordagem anterior que tem falhado tanto ao mundo. Ele representa a separação da falsidade e um regresso ao pragmatismo que pode atender às verdadeiras necessidades das pessoas, não de ideias. Foi por isso que os americanos votaram nele. Eles estavam fartos de serem tão esquecidos numa cultura de ideais filosóficos e retórica vazia. Palavras bonitas não conseguiam mais esconder a verdade feia da realidade sócio-económica americana.

A campanha de eleição e as últimas semanas da presidência de Obama revelaram ainda mais o verdadeiro sentimento por trás dessas palavras elevadas. Sondagens se revelaram inuteis. Os meios de comunicação são vistos como ferramentas para manipular o discurso e opinião pública. O fenómeno de falsas notícias cristalizou o sentimento de que não podemos confiar naquilo que nos é dito.

A grande revelação da nossa cultura de egoísmo está em mãos. Não há bastião da verdade que reste. O egoísmo está a ser revelado nãos ó como a força impulsionadora da nossa economia e política, mas como aquilo que verdadeiramente nos separa uns dos outros. A divisão política se tornou a mais notável, mas não é a única. Nossos egos têm crescido descontroladamente e tornado nossos relacionamentos mais e mais difíceis em muitas frentes, sociais e pessoais. Casamentos, famílias, relações laborais, amizades e nosso bem-estar pessoal, todos sofreram.

Porém, esta é na realidade uma revelação importante. Na Cabala, ela é referida como “o reconhecimento do mal” (ha’Karat ha’Rá), que é a fase preliminar antes que a verdadeira correcção possa tomar lugar.

A Luz no Fim do Tunel

Enquanto nosso paradigma de exploração termina e muitos forçosamente tentam resistir-lhe, há forças maiores em jogo que ninguém consegue impedir.

Com a revolução tecnológica que está a substituir os trabalhadores humanos com robôs e a automação, uma nova ordem sócio-económica é iminente. Como Guy Standing escreve no TheGuardian, O Rendimento Básico Universal é uma necessidade urgente.

Standing também explica que, basicamente, tudo aquilo que não envolva a capacidade social significativa ou inteligência generalizada é potencialmente automatizável. O colunista do The New York Times, Thomas Friedman, recentemente disse numa entrevista “Conectar pessoas será um enorme emprego. …Penso que os melhores empregos serão empregos de pessoas-para-pessoas. Vamos criar todo um novo conjunto de empregos e indústrias à volta do coração, à volta de conectar pessoas às pessoas.”

A realidade em si nos empurrapara nos focarmos nas pessoas e para maior cooperação. Portanto, não importa em que lado do espéctro político você se encontra. Todos nós precisaremos de nos concentrar mais em fortalecer a conexão humana para sobreviver às mudanças que são inevitáveis na evolução inevitável da nossa sociedade.

Ir com a Corrente

A vindoura administração Trump seguramente reconhece que são tempos de mudança. Não é coincidência que os gigantes da alta tecnologia como Elon Musk e Travis Kalanick se tenham juntado ao fórum Estratégico de Política de Trump. Estes dois visionários de Silicon Valley estão na frente da revolução da tecnologia de informação bem como da evocação do Rendimento Básico Universal na futura economia americana.

Ainda vamos ver como os governos vão lidar com a crescente necessidade de fornecer vencimento bem como ocupações significativas para aqueles que ficam sem empregos. Uma vez que os empregos de “pessoas-para-pessoas” se vão tornar prioritários e as aptidões sociais se vão tornar mais e mais necessárias, teremos necessidade de nos treinar nesses campos. Escrevi sobre as infraestruturas de educação que vão ser necessárias para cultivar esta nova cultura de interacção humana positiva para a qual agora somos promovidos.

Aprender a Trabalhar COM o Egoísmo, Não Para Ele

Não devemos esperar que a mudança acontença; precisamos de ajudar a fazer com que ela aconteça. Em vez de lutar e resistir, devemos aprender dos nossos erros e nos tornarmos inovadores que conduzam o caminho para o tipo de sociedades que queremos verdadeiramente ver.

Primeiro, precisamos de reconhecer que é nosso crescente individualismo e interesse pessoal que nos tem colocado em desiquilibrio. Um dos exemplos mais notáveis é como jogamos quantidades massivas de comida fora, enquanto tantas pessoas estão esfomeadas. Não é que não sejamos inteligentes o suficiente enquanto espécie para achar soluções e para cuidar das necessidades básicas de todos, é que o interesse pessoal simplesmente se mete no caminho.

Depois, precisamos de aprender como trabalhar com nossas tendências individualists em favor do todo, em vez de às suas custas. Esta prática de ver o benefício do colectivo maior em vez do benefício estreito e egoísta têm sido o objectivo de gerações de Cabalistas que aperfeiçoaram um método de transformação para compartilhar com a humanidade.

Esse é um método que ensina como nos elevarmos genuinamente acima das diferenças de opinião e percepção, de modo a melhorar nossos relacionamentos e permitir a cooperação. A capacidade de nos conectarmos em preocupação recíproca pelo bem de um propósito compartilhado está muito em falta na cultura de hoje. Está a tornar-se crucial que a instalemos dentro de nós, para criar um futuro sustentável.

Em anos recentes, o Movimento Arvut (Garantia Mútua), fundado pelos meus estudantes, tem conduzido eventos de Mesa-Redonda e sessões de Círculos de Conexão pelo mundo com sólido sucesso. Estas duas técnicas, sobre as quais elaboro no meu livro, Completando o Círculo, implementam o princípio descoberto por Abraão o Patriarca e aperfeiçoado pelos seus descendentes e discípulos: “Ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes” (Provérbios 10:12). Nossas diferenças vão permanecer, mas independentemente precisamos de aprender como valorizar e complementar uns aos outros.

Acima de tudo, se desejamos viver segundo os valores de abertura e aceitação mútua nas nossas sociedades, precisamos de substituir as ideologias com práticas concretas.

América Pós-Inauguração

Os desenvolvimentos naturais estão a afastar-nos do idealismo filosófico perigoso que é desconexo da realidade e para uma abordagem mais pragmática na qual criamos e praticamos o tipo de relações humanas que permitem sociedades mais coesas e equilibradas.

Recomendo a todos aqueles que desejam ver tempos melhores pela frente (independentemente de se chamarem liberais ou conservadores) a se prepararem para uma nova era onde a conexão humana é nossa prioridade mais alta. Tal mudança de perspectiva ajudaria significativamente não só na América, mas também o mundo no geral.

Publicado originalmente no Huffington Post

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