Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

A Verdade Sobre as Notícias Falsas

Tal como curar o corpo requer diagnosticar a enfermidade, curar a sociedade requer o “reconhecimento do mal” social.

Desde 9 de Novembro, quando o Partido Democrata despertou para uma nova realidade, onde eles não se encontram na proa, houve uma onda no discurso a respeito do termo “notícias falsas” e quer isso tenha sido ou não usado para promover os candidatos nas suas campanhas. O alarido culminou quando um BuzzFeeddossier não comprovado afirmando conter informação comprometedora sobre o Presidente-eleito Donald Trump, foi pegado e tratado como notícias de verdade pela CNN. No que toca a ele, na sua primeira conferência de notícias desde há meses, Trump grelhou o repórter da CNN, chamou à sua estação de televisão, “notícias falsas” e impediu-o de fazer perguntas.

Na verdade, as notícias falsas não são notícias de todo. Deixem-me ser muito claro: As notícias podem ser falsas ou fictícias, mas elas são sempre distorcidas. Uma vez que todos temos opiniões e os jornalistas são mais opinados que a maioria, assumir que um jornalista seja capaz de transcender a visão pessoal e a visão do empregador do jornalista (e cada meio de comunicação tem um ponto de vista oficial) não é apenas ingénuo, é perigoso. Se abrirmos nossos olhos para a verdade de que os jornalistas são tão humanos e portanto tão tendenciosos como o resto de nós, podemos ter uma chance de entender a realidade um pouco melhor.

Aqui está uma declaração da página de Códigos de Ética da Sociedade de Jornalistas Profissionais (SPJ): “Nunca distorça deliberadamente factos ou o contexto.” Se há algo de bom acerca do recente alarido sobre as notícias falsas, é o facto de ele mostrar os meios de comunicação, todos os meios de comunicação, pelo que eles são de verdade: ferramentas para a manipulação do discurso público e da opinião pública para se adequarem aos interesses das pessoas que controlam os meios jornalísticos. Informar-nos da verdade não está em lado algum nos seus planos.

Aqui está um clássico caso de estudo que mostra como os meios de comunicação usam as notícias para manipular a visão do público. Durante os passados seis meses, três ataques mortais foram levado a cabo por terroristas que conduziram camiões contra uma multidão de pedestres desprevenidos. O primeiro incidente tomou lugar em Nice, na França, o segundo ocorreu em Berlim, na Alemanha e o terceiro ataque ocorreu em Jerusalém, em Israel. Aqui está como a BBC News relatou os três incidentes muito semelhantes:

1)França: Pelo menos 84 mortos por camião nas Celebrações do Dia da Bastilha.
2)Alemanha: Camião mata 12 em mercado de Natal.

3)Israel: Condutor de camião alvejado em Jerusalém após alegadamente esbarrar com pedestres, ferindo pelo menos 15, relatam os media Israelenses.

No primeiro e segundos casos, a ênfase do título (e da história) está nas vítimas. No terceiro caso, a BBC News enfatiza o terrorista, o apresentando como vítima em vez de autor deliberado de um ataque terrorista assassino, que é o que foi na verdade. Pior ainda, a história não menciona o facto que somando aos pedestres feridos, 4 pessoas foram mortas.

Compare estes três relatos com o item do Código de Ética da SPJ de que os jornalistas devem “nunca distorcer deliberadamente os factos ou contexto” e verá quão longe nos afastamos dos dias em que a imprensa era o “cão de guarda da democracia.” Evidentemente, a única coisa que a imprensa guarda são os interesses dos seus accionistas. Aqui está o por quê disso acontecer.

Tendencialismo Por Todo o Lado

Foto: REUTERS/Ronen Zvulun, Licença: N/A2017-01-17

Forças de resgato Israelenses trabalham na cena do ataque terrorista do atropelamento do camião em Jerusalém, 8 de Janeiro, 2017 Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

Não é apenas a imprensa que é tendenciosa. As sondagens, em tempos presumidas serem o bastião da objectividade, se tornaram chacota. Passados seus dois fracassos espectaculares, preverem os resultados do Brexit e das eleições americanas, as sondagens perderam a confiança do público. Como resultado, em adiantado das eleições presidenciais em França, o jornal influente, Le Parisien, decidiu abandonar as sondagens de opinião na corrida para a eleição e “mudar o foco de jornalismo de ‘corrida de cavalos’ para jornalismo de relato no terreno.”

Nos EUA, o presidente nomeia os juízes do Supremo Tribunal e o Senado tem de os aprovar. Por outras palavras, por definição, as mais altas figuras no sistema de justiça americana devem sua posição aos políticos. Além do mais, se a maioria dos senadores vier do mesmo partido que o presidente, até esta medida de equilíbrio se torna ineficaz. E se o Supremo Tribunal for sujeito à influência de interesses, como reflecte isto o inteiro sistema judicial?

Para onde quer que você se voltar, os interesses pessoais, sectários, financeiros ou políticos determinam o modo como o país é dirigido. Isto é verdade para os Estados Unidos, bem como é verdade para todo o país no mundo. As boas notícias é que agora, a menos que você tenha optado pela negação voluntária, todos podem ver isto. Na Cabala, perceber a negatividade da natureza humana e seu impacto adverso sobre nosso mundo é chamado, “reconhecimento do mal.”

Você não precisa de ser cabalista para saber que o ego é o rei no mundo de hoje. Os sociólogos escreveram sobre nossa cultura de narcisismo desde o fim dos anos 70 e desde a viragem do século que começaram a falar disso em termos de epidemia. Depressão em espiral, taxas de divórcio atingem novos máximos, crescente violência, extremismo de toda a espécie, cada vez maior alienação e isolamento, o aumento das disputas políticas, todos estes são sintomas da epidemia de direito-pessoal que ameaça o nosso bem-estar e talvez até nosso ser físico.

Para Corrigir a Sociedade Humana, Corrija a Natureza Humana

Está para além do alcance uma peça jornalística de opinião descrever o inteiro processo de correcção para a sociedade humana. Eu elaborei sobre isto em vários dos meus livros, incluindo Interesse Próprio Vs. Altruísmo Na Era Global: Como a Sociedade Pode Mudar OS Interesses Pessoais Em Benefício Mútuo e Completando o Círculo: Um método empírico comprovado para encontrar paz e harmonia na vida, nos quais também inclui modos de operação para implementar as ideias discutidas no livro. Aqui gostaria de salientar apenas os princípios básicos para a construção de uma sociedade saudável.

Nenhuma Supressão do Ego

Você não pode esmagar o ego. Nosso ego está a crescer constantemente, então toda a defesa que você erguer contra ele se vai desmoronar assim que um novo nível de egoísmo vier à superfície, libertando toda a pressão que havia acumulado durante o período de supressão. O resultado é a guerra, o caos e outras formas de tumulto violento. Durante séculos, a humanidade tentou suprimir o ego e fingir que ele não existia. O resultado é o mundo que hoje vemos, em que o ego destrói todas as coisas de valor no planeta.

Além do mais, o ego é o motor do desenvolvimento. As maiores concretizações da humanidade surgiram da busca do homem da fama, fortuna e conhecimento, todos descendentes do ego. Esmague o ego e você terá esmagado o progresso.

Reinar Nele

O colunista do The New York Times, Thomas Friedman, disse recentemente numa entrevista com Tucker Carlson no programa Tucker Carlson Tonight: “Conectar as pessoas às pessoas será um enorme emprego. …Penso que os melhores empregos serão empregos de pessoas-para-pessoas. Vamos ver todo um novo conjunto de empregos e indústrias à volta do coração à volta de conectar as pessoas às pessoas.”

Certamente, a fronteira final da humanidade não é conquistar o espaço, é conquistar o espaço entre nós. No presente, nossa única e mais importante tarefa é nos elevarmos acima de nossos egos e nos unirmos. Entendo que isto possa soar utópico ou irrealista, mas é muito verossímil se usarmos a abordagem e meios certos.

Há quase 4000 anos atrás, Abraão o Patriarca descobriu que a vida existe no equilíbrio entre dar e receber. Tal como hoje, a sociedade de Abraão na Babilónia foi quebrada pela alienação e aspirações pela concretização humana. Os antigos hebreus vieram de tribos e nacionalidades várias. Escapando à alienação de suas próprias tribos, eles afluíram para Abraão, que lhes ensinou como se amarem uns aos outros, a característica que eventualmente fez de nós uma nação. Hoje, passados dois milénios de abandono deste bem muito valioso, devemos não só regressar às nossas raízes e restaurar nossa união, mas também compartilhar o método para alcançá-la com o resto do mundo atormentado.

Abraão e seus descendentes desenvolveram um método de conexão que permitiu a seus discípulos transcenderem o egoísmo que se encontrava entre eles e cruzá-lo com amor. Quanto maior o limiar de egoísmo se tornava, mais alta a ponte que eles construíam acima dele. Está escrito no livro Likutey Etzot (Conselhos Sortidos), “A essência da paz é conectar dois opostos. Assim, não fique alarmado se vir uma pessoa cuja visão é o completo oposto da sua e você pensar que nunca será capaz de fazer a paz com ela. Também, quando você vir duas pessoas que são completamente opostas uma da outra, não diga que é impossível fazer a paz entre elas. Pelo contrário, a essência da paz é tentar fazer a paz entre dois opostos.” O Rei Salomão aptamente resumiu essa abordagem no seu provérbio (Provérbios 10:12): “O ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes.”

Na nossa sociedade, exaltamos a recepção ao ponto do direito pessoal, mas abandonamos totalmente o elemento de dar. Nós jogamos a sociedade para o desequilíbrio. Agora devemos introduzir novamente o elemento de dar nas nossas comunidades, para que o poder positivo da conexão contrabalance o poder negativo da separação.

Em colunas anteriores, escrevi sobre os Círculos de Conexão e outras técnicas que podemos implementar em prol de “injectar” a força positiva na sociedade. Mas antes de começarmos a empregar qualquer uma delas, devemos decidir que viver num mundo egoísta, onde a imprensa faz maus relatos, o sistema de justiça está politizado, a economia está deformada para beneficiar os poucos da elite governante, enquanto o resto das pessoas lentamente deslizam para a pobreza, é simplesmente inaceitável. Tal como os médicos precisam de um diagnóstico em prol de prescrever uma cura eficiente, precisamos do “reconhecimento do mal” em prol de começarmos a curar nossa sociedade. É aqui que nos encontramos nesse momento, este é o primeiro passo para a recuperação.

Publicado originalmente no Haaretz

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Meu Artigo no Ynet: “A Direita na Europa: Uma Bomba Relógio”

O último referendo na Itália e a renúncia do primeiro-ministro Renzi anunciam o fortalecimento dos movimentos fascistas e provam que é hora dos europeus se unirem. Atualmente, os ventos dos protestos nacionalistas estão direcionados para a política, mas eles podem em breve se voltar contra milhões de imigrantes e, mais tarde, como aconteceu no passado, contra os judeus. O Dr. Laitman explica como desarmar a bomba nacionalista que ameaça o destino do povo judeu.

Em meus artigos mais recentes, eu tenho detalhado e discutido as mudanças globais atuais e explicado que tudo decorre das leis da natureza, que a sabedoria da Cabalá ensina. O mundo está mudando, a economia está assumindo uma nova forma, os regimes estão mudando diante de nossos olhos, e a voz do povo britânico, que escolheu deixar a UE, e a voz dos americanos, que conduziram Trump à Casa Branca, ecoaram na voz do povo italiano que disse não ao referendo e se opôs fortemente às reformas na Constituição italiana, uma verdadeira rebelião na vacilante UE.

Mateo Renzi anuncia sua renúncia (Foto: Reuters)

Os ventos do protesto nacionalista na Itália estão direcionados agora para a política, mas eles podem mudar de direção e atingir os milhões de imigrantes estrangeiros e, mais tarde, como sempre, os judeus. Esta tendência fascista e antissemita pode afetar o destino da Europa, o destino do povo judeu e o destino da humanidade como um todo.

O Coletivo é Maior do que a Soma de Suas Partes

O fascismo faz parte do DNA italiano. Em 1919, cerca de um ano após a Primeira Guerra Mundial, o fascismo como visão de mundo levou ao surgimento de um regime ditatorial na Itália que substituiu a democracia liberal. O fascismo italiano atribuiu grande importância à ideia do Estado eterno e exigiu que o indivíduo mortal sacrificasse a si mesmo, suas aspirações e seus objetivos para o bem maior: não há classes sociais, não há indivíduos e a nação é um corpo vivo.

Por meio de uma ideologia nacionalista coerente enfatizando o ódio aos estrangeiros, o suposto fundador do fascismo, Benito Mussolini, reuniu seus compatriotas para livrá-los da pobreza, dos problemas sociais e do desemprego – as mesmas questões que a Itália enfrenta hoje.

O próprio Mussolini criou o termo “fascismo”, que deriva da palavra italiana “fascio“, que significa feixe ou unidade. É um antigo símbolo romano de um feixe de varas de madeira como uma representação de força através da unidade em contraste com a fraqueza do indivíduo. É uma conexão egoísta e exploradora cujo único propósito é ganhar poder e controle, e finalmente levar à destruição da “nação unida”.

Nenhuma classe, nenhum indivíduo – nação é um corpo que respira e vive. (Foto: AFP)

Cem anos depois de desaparecer, os partidos nacionalistas estão despertando e indicam a necessidade real de unidade. É perfeitamente claro que a unidade que deriva do egoísmo estreito se preocupa apenas com sua própria nação. A questão é se existe outra opção. É possível liderar a crescente necessidade de unidade por uma nova trilha e, em caso afirmativo, como?

O Logotipo Judaico

Ao contrário do logotipo fascista, há centenas de anos, a grande força de unidade do povo judeu era comparada a um feixe de juncos: “Se alguém toma um feixe de juncos, pode quebrá-los de uma só vez? Se tomá-los um por um, até mesmo um bebê pode quebrá-los” (Tanchuma). A história da unidade de Israel remonta à antiga Babilônia há cerca de 3.500 anos. Naquela época, a sociedade primitiva era como uma família onde todos se entendiam “E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala” (Gênesis 11: 1). De repente, a natureza egoísta do homem irrompeu. O mesmo desejo de receber prazer que nos motiva através do prazer ou do sofrimento exigia maiores prazeres à custa dos outros. A exploração mútua levou a uma profunda crise social que dividiu os babilônios e levou a uma guerra civil.

Os babilônios frustrados procuraram um meio para sair da crise social, e a salvação apareceu sob a forma de Abraão, o grande sacerdote babilônico da época que os reuniu em torno dele, ensinou-lhes a sabedoria da Cabalá e como se conectar e se amar. Um grupo de babilônios outrora afastados se conectou como um homem em um só coração e foi chamado de Israel por causa de seu desejo de se parecer com o Criador, “Yashar El“, atribuir tudo à força da natureza que é plena e eterna. Desde o momento em que a nação de Israel foi estabelecida, ela tinha apenas um objetivo: servir como exemplo de unidade para as outras partes da humanidade dividida, ser a Luz das nações do mundo.

Os ventos do protesto nacionalista na Itália estão direcionados agora para a política, mas eles podem mudar de direção e atingir os milhões de imigrantes estrangeiros. (Foto: AFP)

A nação judaica sofreu muitas mudanças. Após a destruição do Segundo Templo, o egoísmo cresceu e o ódio sem fundamento se intensificou. O amor fraternal e o sublime valor da unidade deixaram de iluminar a visão espiritual, e a nação se dispersou por todo o mundo por dois mil anos de exílio.

Os judeus não podem vagar por todo o mundo e assimilar com as outras nações para sempre porque eles têm uma grande responsabilidade e uma obrigação de trazer ao mundo o método da conexão. Cada vez que os judeus tentaram negar seu papel, logo foram lembrados dele na forma do antissemitismo, que é a lei da natureza.

Antissemitismo em Resumo

No início do século XX, Henry Ford, um grande antissemita, publicou uma série de livretos chamada “O Judeu Internacional”, onde escreveu, “O judeu tem se acostumado a pensar que é o único dono do Humanismo da sociedade durante muito tempo. A sociedade tem uma grande demanda do judeu, que ele deve deixar de ser distante, deve deter o seu abuso do mundo, deve parar de se relacionar com os grupos judaicos como o objetivo de todos os seus lucros, e deve começar a cumprir a Antiga profecia, já que é por isso que todas as nações na terra serão abençoadas”.

Ford é um dos muitos exemplos. Em 1364, o rei polonês Casimir III disse que os judeus estavam sempre planejando, querendo prejudicar os cristãos, para explorá-los e empobrecê-los financeiramente. Em 1885, o filósofo alemão Paul de Lagarde ofereceu ao povo alemão um plano detalhado sobre como se livrar da repugnante raça judaica que vive entre eles. Ele disse que não se negocia com “pragas e parasitas” e não se educa-os, mas que eles devem ser destruídos “tão rapidamente e completamente quanto possível”. Adolf Hitler, o odioso, escreveu: “Pois o espírito judeu é o produto do povo judeu. A menos que expulsemos em breve o povo judeu, eles terão judaizado nosso povo dentro de um tempo muito curto”. Todos nós sabemos como suas palavras foram transformadas em ações.

Nós apenas temos que mostrar ao mundo a maneira certa de conexão (Foto: Kabbalah Laam)

Mas mesmo depois do Holocausto que atingiu duramente os judeus europeus, os ventos de ódio estão soprando novamente. O escritor e diplomata francês Jean Giraudoux escreveu que “a população racial francesa estava sendo ameaçada por hordas de judeus de guetos da Europa oriental e central que descendiam sobre a França. Esses bárbaros judeus eram inclinados à anarquia, e sua corrupção minava os traços artesanais nativos de precisão, perfeição e confiança”.

A Unidade Cura as Feridas da Humanidade

Hitler, Ford e muitos antissemitas ao longo da história, sentiram inconscientemente que a nação judaica tem um papel significativo no mundo e que não o cumpre. Quando a unidade entre o povo de Israel se enfraquece, o fascismo e o nazismo se tornam mais fortes, por isso não é de admirar que nessa geração todos os destruidores entre as nações do mundo estão levantando a cabeça e principalmente querendo destruir e matar os filhos de Israel. Como os sábios disseram, “nenhuma calamidade vem ao mundo se não for para Israel uma vez que, como se diz no Tikunei HaZohar, Israel é a causa da pobreza, assassinato, roubo e destruição em todo o mundo” (Os Escritos de Baal HaSulam).

Por outro lado, se agimos com responsabilidade e nos unimos como um só homem em um só coração, como a sabedoria da Cabalá nos ensina, nós usamos corretamente nossa natureza egoísta, estimulando a força positiva da conexão na natureza e irradiando-a através da rede entre nós ao mundo inteiro. Baal HaSulam escreveu: “a nação israelense foi construída como uma espécie de portal pelo qual as centelhas de pureza brilhariam sobre toda a raça humana em todo o mundo … até que se desenvolvem de tal forma que possam entender o prazer e a tranquilidade encontrados no núcleo do amor ao próximo” (Baal HaSulam, “O Arvut“). A unidade que se espalha através de nós para a rede global suaviza os corações da humanidade, os aproxima e desativa os pensamentos maus que eles têm sobre como se prejudicar através de regimes fascistas e, mais ainda, como prejudicar os judeus.

“Quando há amor, unidade e amizade, não há espaço para qualquer calamidade” (Maor VaShemesh). Em outras palavras, a escolha é nossa. Nós só temos que mostrar ao mundo como se conectar corretamente. Uma conexão frouxa entre nós trará a ascensão do fascismo, enquanto que uma conexão estreita levará a sua queda.

Publicado originalmente no Ynet

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Esqueça os Opiáceos, Fique Viciado em Conexão

A verdade surpreendente é que o oposto da adição não é a sobriedade, é a conexão humana.

Johann Hari é um jornalista e escritor cuja vida foi afectada pelo vício das drogas na sua família. Todavia, a história triste da sua família impulsionou-o a lançar uma busca pessoal pelas respostas e o que ele achou pode beneficiar-nos a todos. Hoje, quando o abuso de substâncias se tornou uma epidemia matando dezenas de milhares de pessoas anualmente apenas nos EUA, achar as causas e soluções para a adição tornou-se uma necessidade urgente pelo mundo inteiro, mas em especial nos EUA.

Foto: Pixabay, Licença: N/A2017-01-12

Johann Hari, um jornalista e escritor: “O oposto da adição não é a sobriedade é a conexão humana.” Foto: Pixabay

Está Tudo na Gaiola

Numa peça fascinante no The Huffington Post, o Sr. Hari detalha como ele descobriu a verdade sobre o vício e aquilo que ele acredita que o vai solucionar. Hari descobriu que a teoria inicial para o vício em drogas foi desenvolvida através de experiências em ratos que foram colocados em gaiolas com duas garrafas de água, uma com água normal, a outra com mistura de heroína. Eles beberam somente da garrafa misturada com a droga até que morressem.

O problema, escreveu Hari na sua peça, foi que os ratos foram colocados numa gaiola sozinhos, enquanto os ratos são animais muito sociais, tal como nós. O professor de psicologia em Vancouver, Bruce Alexander, decidiu ver se a teoria sobre a adição se manteria sob circunstâncias diferentes. Ele conduziu a mesma experiência com as duas garrafas, mas colocou os ratos numa gaiola que Hari descreveu como “Parque dos Ratos,” repleta de “bolas coloridas, a melhor comida para ratos e túneis para escorregar e bastantes amiguinhos: tudo o que um rato na cidade gostaria.”

Tal como antes, os ratos experimentaram ambas as garrafas, mas desta vez quase não regressaram à água drogada e nenhum deles ficou viciado. Em conclusão, Hari escreveu que “embora todos os ratos que estavam sozinhos e infelizes se tornaram viciados, nenhum dos ratos que tinha um ambiente feliz se tornou assim.”

Ainda mais surpreendente que as conclusões de Hari sobre a adição entre ratos foram suas conclusões sobre adição entre humanos. Hari descobriu dados que revelaram que pacientes hospitalizados que recebem tremendas quantidades de analgésicos baseados em ópio raramente ficavam viciados. O mesmo era verdade para soldados na Guerra do Vietname. Embora fossem para o terreno, cerca de vinte por cento deles ficava viciado em heroína. Mas quando regressavam, simplesmente a deixavam de usar, sem programa de reabilitação ser necessário. Tal como os ratos, assim que as pessoas regressam a um meio ambiente que as apoia e ama, elas deixam de usar drogas pois simplesmente não necessitam mais delas. Em conclusão, Hari afirmou que “O oposto da adição não é a sobriedade, é a conexão humana.”

O Que Acontece Quando Fugimos da Boa Gaiola

Falta de conexão humana resulta em mais que simples vício em drogas. Ela causa, ou agrava, tantos problemas físicos e mentais que parece que se a curássemos isso eliminaria praticamente a necessidade de cuidados médicos por completo. Numa entrevista para o Canal 2 em Israel, Thomas Friedman do The New York Times disse que recentemente questionou ao Cirurgião General, Vivek Murthy, “Qual a doença mais prevalecente na América, é o câncer, diabetes ou doença cardíaca? Ele disse, ‘Nenhuma destas, é o isolamento.'” Não a doença cardíaca, nem a depressão, nem sequer o abuso de substâncias, mas o isolamento social causa mais enfermidades nos EUA que qualquer outro problema de saúde. Junte isto à crescente acessibilidade e baixo custo de tanto drogas de rua como drogas receitadas e vai descobrir que criámos inadvertidamente para nós as próprias condições que conduzem os ratos e humanos ao abuso de substâncias e adição. Nos colocámos na gaiola errada, nomeadamente o isolamento social e então tentamos fugir ao nos voltarmos para as drogas.

William Lisman é o médico legista do Condado de Luzerne, na Pensilvania. Este condado é oficialmente “o Lugar Mais Infeliz na América.” Com os anos, vimos numerosas mortes causadas pela overdose da prescrição de drogas. Na sua visão, a situação é bastante directa: “Temos imensas pessoas que estão infelizes com a vida. As pessoas que usam drogas estão a procurar escapar.”

Por Quê a Infelicidade

Foto: screenshot., Licença: N/A2017-01-12

Thomas Friedman: “Vamos ver um inteiro novo conjunto de empregos e indústrias à volta do coração, à volta de conectar pessoas às pessoas.” Thomas Friedman do NY Times no Tucker Carlson Tonight show. Foto: screenshot.

Se fossemos como ratos, seria muito simples tornar-nos a todos felizes.Os ratos ficam perfeitamente felizes com bolas coloridas, boa comida e boa companhia. Nós humanos já temos isto e mais. A vida oferece toda a forma concebível de entretenimento, há uma abundância excessiva de comida e há pessoas à nossa volta. Todavia muitos de nós fogem de todas estas e se se isolam. Por que nos estamos a alienar uns dos outros? Por que há tanto ódio entre nós quando podíamos viver alegremente para sempre no “Parque de Humanos”? Há somente uma resposta: o ego.

A estrutura dos desejos humanos é única. Todos os outros animais procuram somente satisfazer suas necessidades. Quando eles têm comida suficiente para se sustentarem e abrigo para suas crias, eles ficam sossegados e contentes. Mas para nós, quanto mais temos, mais queremos. Além da alimentação e reprodução, desejamos poder, fama, conhecimento e respeito. Alimentação não é suficiente, queremos superioridade. Em 1998, o Jornal do Comportamento e Organização Económica publicou um estudo conduzido pelos professores de economia da Universidade de Harvard, David Hemenway e Sara Solnick. No seu trabalho de pesquisa, intitulado, “Ter mais é sempre melhor? Uma sondagem sobre preocupações posicionais,” Hemenway e Solnick concluem que muitas pessoas prefeririam receber um salário anual de $50,000 enquanto outras ganham $25,000, que ganharem $100,000 por ano enquanto as outras ganhassem $200,000. Por outras palavras, desde que consigamos cuidar das nossas necessidades básicas, o que nos importa não é se somos ou não ricos, mas se somos ou não mais ricos que os outros.

Nossa inveja e ódio pelos outros tanto nos conectam, pois constantemente nos comparamos aos outros como nos alienam, uma vez que não queremos conectar-nos com eles mas ganhar superioridade. Deste modo, o ego corrompe nossos relacionamentos com os outros. Se nos pudéssemos livrar do ego, ficaríamos descansados e contentes, mas essencialmente seríamos como ratos – nos acomodando com a comida e abrigo.

Nós não podemos ser como ratos. O ego é o motor da nossa evolução, a força condutora por trás do progresso. Nossos sábios nos dizem no Midrash (Kohélet): “Uma pessoa não deixa este mundo com metade de seus desejos satisfeitos. Aquele que tem cem quer duzentos e aquele que tem duzentos quer quatrocentos.” Como a pesquisa acabada de mencionar demonstra, nossos egos cresceram até ao ponto que não se acomodam com ter mais, eles querem ter mais que os outros. Pior ainda, frequentemente temos prazer em causar dor às outras pessoas por mera recriação de as magoarmos. Nenhum animal tem prazer em causar dor sem uma finalidade, só os humanos têm.

O pesquisador de abuso de drogas pioneiro, Professor Peter Cohen da Universidade de Amesterdão, salienta que as pessoas têm uma profunda necessidade de se conectar e formar conexões, que é assim que derivamos satisfação. Quando o ego corrompe nossas conexões, ele destrói nossa maior força de satisfação, ele faz-nos detestar o contacto humano, todavia nos aterroriza de ficarmos sozinhos.

Inverter os Danos do Ego

Como o Sr. Hari o colocou na sua publicação, “Se absorvermos verdadeiramente esta nova história,” de que a adição não é causada pela química mas pelo isolamento das pessoas, “teremos de mudar muito mais que a guerra das drogas. Teremos de nos mudar a nós mesmos.” Regressando por um momento a Thomas Friedman, numa entrevista com Tucker Carlson no Tucker Carlson Tonight show, o Sr. Friedman disse em respeito ao iminente desafio do desemprego permanente e os desafios que isso apresenta, “Primeiro trabalhávamos com nossas mãos, então trabalhávamos com nossas cabeças e agora vamos trabalhar muito mais com nossos corações. …Penso que conectar pessoas às pessoas será um trabalho tremendo. …Penso que os melhores trabalhos serão empregos de pessoas-para-pessoas. Vamos ver um inteiro novo conjunto de empregos e indústrias à volta do coração, à volta de conectar as pessoas às pessoas.”

Friedman está certo. Em 2013, O Instituto ARI publicou o livro, Os Benefícios da Nova Economia: Resolvendo a Crise Econômica Global Através da Responsabilidade Mútua. Seus autores, alguns dos quais são meus estudantes, afirmaram que “uma mudança de conceitos e valores é agora necessária, uma mudança de relacionamentos baseados em poder para a solidariedade e coesão social. A economia está destinada a apoiar e manter somente a conexão entre as pessoas.”

Em recentes anos, o Movimento Arvut (Garantia Mutua), também fundado pelos meus estudantes, tem conduzido eventos de Mesa Redonda e sessões de Círculo de Conexão pelo mundo inteiro com sucesso retumbante. Estas duas técnicas, sobre as quais elaboro no meu livro, Completando o Círculo, implementam o princípio descoberto por Abraão o Patriarca e aperfeiçoado pelos seus descendentes e discípulos: “O ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes” (Provérbios 10:12).

Simplificando: Não tente esmagar ou suprimir o ego, cubra-o com amor e ele vai levantá-lo\a novas alturas. Os autores do Livro do Zohar sabiam isto e escreveram, “Eis, quão bom e quão agradável é que quando irmãos se sentam juntos. Estes são os amigos quando se sentam juntos e não estão separados uns dos outros. Inicialmente parecem pessoas em guerra, desejando se matar umas às outras. Depois, eles retornam a estar em amor fraterno. Doravante, também vós não vos separareis … E pelo vosso mérito haverá a paz no mundo” (O Livro do Zohar, Aharei Mot).

Embora esteja deleitado que as pessoas finalmente estejam a perceber que o isolamento social é nosso maior problema e que devemos aprender a nos conectar uns com os outros, também temo que estejamos a despertar muito lentamente. A menos que nos apressemos, as pessoas serão conduzidas para tamanhos níveis de violência (que já estão a atingir novos máximos) que não seremos capazes de prevenir uma catástrofe social ou até global. Quanto mais rápido percebermos que devemos introduzir ampla educação para a conexão, melhores serão nossas chances de passar pela mudança no nosso trabalho e conexões sociais rápida, fácil e agradavelmente.

Publicado originalmente no Haaretz

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Quando os Robôs Tomam Nossos Trabalhos

Há algo mais humilhante que ser degradado ao nível de um robô e ser intimidado por ser incapaz de se comportar como um?

No 21 de Dezembro, o Prof. Victor Tan Chen publicou uma análise fascinante do desempregado na América no The Atlantic. O Prof. Tan Chen salientou correctamente que a crise que impulsionou Donald Trump para a vitória é uma crise de sentido na vida, ou como ele o colocou: “A principal fonte de sentido na vida americana é uma competição meritocrática que faz com que aqueles que lutam se sintam inferiores.” A vitória de Trump deriva, em larga parte, precisamente desse sentido de inferioridade. Não devemos subestimar a importância do processo que vemos, este é o começo de uma revolução social inevitável e irreversível. Quanto mais rápido entendermos e respondermos adequadamente às suas forças condutoras, mais suave e mais rápida será a transição. Relutância em fazer isso vai criar o caos nos EUA e no resto do mundo.

Foto: Dreamstime, Licença: N/A2017-01-05

Quando os Robôs Tomam Nossos Trabalhos Foto: Dreamstime

Mudança Acontece

Em variados modos, a história da humanidade é uma expressão da evolução dos desejos humanos. Nas cavernas, não éramos fundamentalmente diferentes de uma matilha de lobos. Desenhámos nas paredes das cavernas e provavelmente fizemos rituais, mas em essência, tudo o que queríamos era nos sustentarmos e a nossos clãs.

Todavia, as sementes da civilização já estavam presentes. A arte primitiva e rituais indicavam que os humanos estavam destinados a ser mais que uma outra espécie na cadeia alimentar. Nossos desejos e aspirações não só diferem daqueles dos animais, mas continuaram a evoluir com a história.

Quanto mais nossos desejos cresciam, mais eles nos conectavam, principalmente ao nos explorarmos uns aos outros. Quando nos tornámos sedentários e começámos a viver em aldeias e cidades, também criámos estruturas sociais e classes sociais.

Inicialmente nos explorámos através de várias formas de escravidão. Quando a escravatura se tornou menos lucrativa que a cobrança de impostos, a humanidade mudou para o feudalismo. Mais tarde, quando a produção em massa promoveu a Revolução Industrial, começou o capitalismo.

No final do século 20, o capitalismo encarnou a forma mais dissimulada e má de exploração até então: Neo-Liberalismo. Esta forma de exploração manipulou-nos para trabalharmos mais horas que nossos antepassados escravos, enquanto nos convencendo que somos livres, quando de facto nós somos explorados por um grupo muito pequeno de indivíduos poderosos que mantêm a fachada da liberdade e da democracia. O Prof. Tan Chen detalhou como este grupo de elite atende aos seus interesses “através dos lobis, credenciamento, licenciamento,” enquanto negando “aos trabalhadores comuns a mesma capacidade de assim fazer.”

Com os anos, os desejos humanos ficaram tão intensos que nos tornámos egoístas até ao núcleo. Hoje, a maioria das pessoas não consegue sustentar até as formas mais fundamentais de relacionamentos, com nossos filhos e esposos.

Pior ainda, diz Tan Chen, “Como muitos argumentaram, avanços na inteligência artificial ameaçam uma perda bruta de desemprego (até para os licenciados) num futuro não muito longínquo.” Sem a unidade social mais básica, a família e uma fonte confiável de vencimento, precisamos de “uma revisão mais ampla de uma cultura que faz com que aqueles que lutam se sintam perdedores,” conclui.

Certamente, como disse no começo desta coluna, estamos no meio de uma revolução social irreversível e inevitável. Agora devemos determinar se ela se vai revelar agradável e calmamente, ou dolorosa e violentamente, como as revoluções habitualmente ocorrem.

Injectar Sanidade na Humanidade

Em prol de mudar a sociedade do seu presente modus operandi insustentável e explorador, para um paradigma mais sustentável, não precisamos de olhar além da nossa própria história – a história do povo Judeu.

No Midrash Rába, Maimónides e muitas outras fontes nos dizem que Abraão o Patriarca descobriu por que as pessoas se prejudicavam umas às outras deliberadamente, enquanto outros elementos da natureza sustentam-se uns aos outros harmoniosamente. Abraão descobriu que a natureza humana é basicamente desprovida de bondade, ou como diz o livro do Génesis (8:21): “A inclinação no coração do homem é má desde sua juventude.” Levou quase 40 séculos, mas agora sabemos que ele estava certo.

Todavia, Abraão também descobriu o único remédio da força negativa egoísta na nossa sociedade. Ele descobriu que a natureza mantém o equilíbrio através de uma força contrária, uma força positiva de amor e união, que está ausente na humanidade. Portanto, Abraão procurou instar esta força contrária dentro da sociedade. É por isso que o traço que melhor descreve Abraão é misericórdia. De cidade em cidade de aldeia em aldeia, Abraão e sua esposa, deambularam no seu caminho para Canaã e ensinaram que o amor pelos outros e gentileza são o remédio para os males da natureza humana.

Porém, enquanto o ego humano se desenvolveu durante as gerações, o ensinamento Abrahámico se tornou insuficiente. Os descendentes de Abraão pegaram nas bases do seu ensinamento e o adoptaram aos seus tempos. Portanto, o método para instar o amor e união entre as pessoas evoluiu.

Finalmente, um cuidado método de educação foi concebido. Quando os antigos hebreus o adoptaram e implementaram sobre eles mesmos, o método os fundiu numa nação. Seu lema, “Ama teu próximo como a ti mesmo,” era a meta derradeira de sua educação e o apogeu da evolução humana. Alcançar tal amor significaria que você equilibrou completamente a força negativa do egoísmo com a força positiva do amor pelos outros. Foi por isso que ele estabeleceu nossa pátria somente após termos prometido ser “como um homem com um coração.”

O povo de Israel experimentou períodos de separação e ódio e períodos de conexão e amor. Contudo, tudo isto fez parte de nosso desenvolvimento, nós precisávamos de um ego crescente como incentivo para aumentar nosso amor recíproco. Foi por isso que Rei Salomão escreveu (Provérbios 10:12), “Ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes.” Os primeiros judeus descobriram uma verdade profunda: O ego é nossa força impulsionadora de desenvolvimento, mas ele vai matar-nos se não o cobrirmos com amor.

Apesar de nosso método de educação, há dois mil anos atrás, ficámos tão egoístas que não conseguimos cobrir nosso egoísmo com amor e nos tornámos como o resto do mundo, egoístas até ao núcleo. Tudo o que nos restou foi senão uma memória de nossa união enterrada fundo dentro de nós e do lema do amor pelos outros legado às nações. O cristianismo interpretou este lema como “Aquilo que desejares que os homens te façam, isso também lhes farás” (Mateus 7:12). Maomé escreveu similarmente: “Nenhum de vós verdadeiramente acredita até que desejar para o seu irmão aquilo que ele deseja para si mesmo” (Os Quarenta Hadiths de Nawawi).

Todavia, legámos somente as palavras, sem um movo de o implementar, o método de educação que ajudou nossos antepassados a se unirem acima de seus egos. Como resultado, este belo lema se tornou um slogan vazio que ninguém acredita que seja possível. Agora, antes que o ego empurre nosso mundo para o fundo abismo, devemos injectar esta força positiva que Abraão havia nutrido de novo na nossa nação e no nosso mundo, para nos salvar de nós mesmos. Agora devemos reanimar a educação que em tempos induziu nossa união.

Aprender a Unir

Em prol de sermos capazes de repensar nossos valores, primeiro devemos estabilizar a sociedade.

Como antes escrevi e como muitos outros já repararam, o primeiro passo para isso é a revolução do mercado de trabalho, ou mais especificamente, a aniquilação dos empregos. Nos anos vindouros, máquinas autónomas vão substituir milhões de pessoas. Estas pessoas vão ter cada vez mais dificuldade em achar novos empregos pois o inteiro mercado de trabalho vai atravessar essa mudança. Os robôs estão a substituir empregos de produção bem como empregos de serviços tais como bancários, ajuda judicial e até supermercados. Este processo vai deixar os governos sem escolha senão fornecer às pessoas certo tipo de rendimento básico. Alguns países já estão a experimentar com isto e é provável que vejamos muitos mais programas desta espécie a serem lançados, à medida que mais e mais pessoas se tornam permanentemente desempregadas.

Um dos nossos maiores problemas no mercado de trabalho em diminuição é que o nosso emprego define quem nós somos. Como o Prof. Tan Chen o colocou na análise que referimos anteriormente: “Quando outras fontes de sentido são difíceis de alcançar, aqueles que lutam na economia moderna podem perder sua sensação de auto-estima.” Quando muitos milhões de pessoas se sentem inúteis e desesperadas, a violência em escala massiva é inevitável. Até um mau emprego é melhor que nenhum emprego de todo, ou como o escritor de economia Derek Thomson o exprimiu: “O paradoxo do trabalho é que muitas pessoas odeiam seus empregos, mas elas sentem-se consideravelmente mais miseráveis se não fizerem nada.”

Sucede-se que fornecer o rendimento básico aos desempregados é apenas metade da cura. A outra metade é fornecer um envolvimento com sentido de propósito que substitua o emprego como fonte de auto-estima. É aqui que a educação dos antigos hebreus para a conexão entra em jogo. Quando os laços sociais das pessoas têm significado e são positivos, elas sentem que valem a pena e felizes. Se as pessoas aprendem a se conectar umas com as outras, elas não precisarão sequer de um emprego chato para sustentar sua auto-estima, elas vão derivá-la das suas conexões com outras pessoas.

De facto, quando o consideramos, se uma máquina consegue fazer aquilo que eu consigo fazer, então sou tão bom como a máquina. Há algo mais humilhante para um ser humano que ser degradado ao nível de um robô e ser intimidado e humilhado por não ser capaz de se comportar como um? Uma coisa que devemos fazer e que as máquinas nunca serão capazes de fazer, é nos conectarmos entre nós e fornecermos uns aos outros felicidade, verdadeira felicidade, aquela que deriva do amor e da amizade.

No presente, nossa inteira estrutura para nos avariarmos está deformada. Se uma mulher conseguir casar com um robô que ela imprimiu numa impressora 3D sozinha e argumenta que não há nada de estranho nisso, então precisamos severamente de nos ensinarmos novamente do que significa verdadeira conexão.

Foto: N/A, Licença: N/A2017-01-05

Judeus e Árabes num círculo de conexão em Eilat, Israel, verão de 2014.

No Círculo

Está escrito no livro Likutey Halachot (Regras Sortidas), “A essência da vitalidade, existência e correcção na criação é alcançada por pessoas de opiniões divergentes se misturarem juntas em amor, união e paz.” Como foi dito acima, se usarmos o ego correctamente, ele se tornará um trampolim que nos vai levantar para novas alturas. Quando procurarmos nos unir acima de nossas diferenças, colocamos a força positiva que descobriu Abraão em movimento. Esta força nos conecta e nos permite experimentar o poder da verdadeira conexão humana.

Enquanto este ego é a chave para nosso sucesso, também transcendê-lo é. Pelo mundo, meus estudantes conduzem aquilo que chamaram os “círculos de conexão.” Nestes círculos, estranhos, pessoas de fundos diferentes e pessoas que estão envolvidas em conflitos activos, aprendem a cuidar umas das outras de maneiras que nunca pensaram serem possíveis. A ideia do círculo é usada para indicar que todos são iguais. Quando isto assim é, ninguém domina ou impõe sua opinião e todos escutam todos os outros. A meta do círculo é procurar conectar, não ter sucesso, mas simplesmente procurar a conexão.

Porque os egos dos participantes interrompem suas tentativas, seus esforços de se elevarem acima deles evocam a força positiva, que então cria calor e afinidade aparentemente do nada, como no link acima é demonstrado e como nesse clipe e neste (o último é falado em Hebraico, certifique-se que tem a opção de legendas activa).

Os membros do Movimento Arvut (Garantia Mútua) implementaram círculos de conexão e outros métodos de conexão acima do ego em numerosos lugares e circunstâncias. O principal meio nesta forma de educação são os exercícios de conexão. Dois elementos são necessários para a educação bem sucedida para a conexão: ego (do qual temos bastante) e um desejo de o transcender.

O Mishná (Maséchet Avot) nos diz: “Faz o teu desejo como o desejo dele para que ele faça do seu desejo como o teu.” Esta é a derradeira expressão de conexão, quando nos preocupamos tanto pela outra pessoa que aquilo que essa pessoa quer se torna mais importante para nós que nosso próprio desejo. Pense numa mãe que atende ao seu bebé. Se nos esforçarmos em agir deste modo de uns para os outros reciprocamente, vamos atrair tanta força positiva que ela vai transformar nossa sociedade desde o núcleo.

A Profissão Humana

Envolvimento neste tipo de conexão vai garantir nosso futuro. Primeiro, porque este é o único envolvimento que as máquinas nunca serão capazes de fazer. Segundo, ele coloca nossos valores enquanto seres humanos nas nossas conexões em vez de nas nossas ocupações ou posses.

Pessoas que se envolvem em conexão não se envolvem em corrupção. Como resultado deste envolvimento, as tensões sociais vão diminuir e a violência, depressão e abuso de drogas se tornarão obsoletas pois não haverá frustração para exprimir ou para suprimir.

Adicionalmente, a humanidade precisará de muitos “conectores profissionais.” Considerando o facto de que um círculo é composto de aproximadamente dez pessoas e um anfitrião, muitas pessoas estarão envolvidas como instrutores nesta nova educação. Uma vez que o rendimento básico será fornecido a todos, as pessoas serão julgadas pela sua contribuição para a sociedade em vez de pela sua riqueza. Como resultado, os instrutores dos círculos de conexão desfrutarão de elevado estatuto social, tornando do novo “emprego” uma posição desejada.

Certamente, a mudança ocorre. A humanidade alcançou sua fase final de evolução, a convergência dos desejos numa entidade unificada. Quanto mais cedo nos começarmos a conectar, melhor nos sentiremos. O continuo declínio social e desemprego inevitável apontam para a conclusão que devemos repensar nossos valores neste mundo e reaprender o que significa ser um ser humano, não um robô que opera uma máquina. Estou convencido que ousarmos dar o primeiro passo para nos educarmos na conexão do jeito que nossos antepassados fizeram, ficaremos gratos por o termos feito

Publicado originalmente no Haaretz

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Por Que O Mundo Depende da Educação Judaica em 2017

O novo ano começa com uma incerteza única que contém a oportunidade para a maior transformação que a humanidade alguma vez experimentou.

Lagarta numa folha de uva. (foto:ING IMAGE/ASAP)

Enquanto entramos no novo ano, muitas incertezas pairam ante nós. Para muitos, o presidente-eleito Trump segura uma promessa para um futuro melhor. Outros temem esta mudança. Mas até aqueles que têm esperanças seguramente vêem que trazer de volta a indústria não será fácil, se um feito de todo possível, que a economia será difícil de reanimar e que a instabilidade global está a atingir alturas sem precedentes.

Algo de importância partiu do mundo em 2016, junto com as muitas celebridades e personalidades públicas que nos deixaram. Foi uma certa sensação de que conhecíamos nosso mundo e nossas realidades.

O próximo ano parece-se muito mais a um território desconhecido que alguma vez no passado. A palavra do ano do Dicionário Merriam-Webster para 2016 foi “surreal.” Com o Brexit, Trump, os chocantes ataques terroristas que vimos e muitos outros incidentes que apanharam as pessoas de surpresa, para o melhor e para o pior, há uma sensação que as próprias regras do jogo que havíamos conhecido, estão a mudar.

Esta mudança nas nossas vidas pode parecer assustadora, mas ela na realidade anuncia uma profunda transformação positiva. Em Hebraico, a palavra “mashber” (crise) também aponta para o local de nascimento. Isso significa que quando as coisas parecem estar a se desmoronar, isso é um sinal que algo de novo quer tomar seu lugar. Agora é exactamente esse tempo.

Evolução a Caminho

Apesar do pensamento comum, a evolução humana não terminou. No seu livro, The Ten Thousand Year Explosion (A Explosão de Dez Mil Anos), Gregory Cochran e Henry Harpending escreveram sobre como a cultura aumentou a evolução humana: “A evolução humana não parou quando os humanos anatomicamente modernos apareceram, ou quando eles se expandiram para fora de África. Ela nunca parou e por que deveria ter parado?” Eles explicam que a cultura é habitualmente definida como expressão artística, ciência, tecnologia, ética e leis, por exemplo, mas ela também pode ser definida como comportamento social aprendido e compartilhado. Da sua perspectiva, os humanos são uma espécie tão dependente da cultura e da tecnologia que a adaptação cultural substituiu a adaptação biológica.

Com as décadas, os humanos atravessaram enormes mudanças culturais num ritmo constantemente acelerado. Todavia agora testemunhamos o fim de uma era. Algo no nosso desenvolvimento cultural parece ter abrandado e gradualmente chegar a uma paragem. O egoísmo humano, nosso desejo de progredir, conquistar e ter sucesso, o próprio motor que nos tem conduzido em frente, terminou a sua viagem.

Não nos conseguimos desenvolver mais através da mesma forma de competição. ISto é evidente com as gerações mais jovens que perderam a motivação dos seus predecessores de terem sucesso e avançarem no mundo da carreira. O prazer derivado do trabalho está a diminuir, bem como o desejo de casar e ter filhos. Enquanto nossa cultura se torna um vício consumista a smartphones, enquanto a depressão, ansiedade e solidão atingem máximos, há uma grande perda do sentido da vida. Muitos encontram o refúgio nas drogas, então não é de admirar que os próprios governos estejam a trabalhar para as legalizarem para evitar o caos que um público entediado, mal orientado e frustrado pode infligir sobre a sociedade.

O Caminho Debaixo dos Nossos Pés

O mundo procura um novo caminho. Porém, ele não pode ser achado no mesmo nível em que agora nos encontramos. A verdade da ineficácia de todos os métodos anteriores para alcançar nossas metas comuns está a ser revelada com maior intensidade. Publicamente reconhecemos o grande fracasso da democracia liberal nas nossas sociedades. O fracasso do capitalismo fornecer oportunidades para todos é evidente com as crescentes diferenças económicas. O fracasso de alcançar crescimento económico continuado, enquanto preservando nosso planeta e ecossistema estão a trazer-nos para a beira de uma catástrofe ecológica e então há o fracasso de alcançar cooperação internacional para lidar com os muitos problemas de segurança que temos em mãos… e a lista continua.

Semelhante à lagarta que comeu tudo o que podia e então se transforma em casulo num espaço escuro e apertado, onde sua velha forma é desintegrada para se tornar o alimento e blocos de construção para que uma criatura inteiramente nova surja, assim está a humanidade agora a experimentar o final da sua fase de desenvolvimento egoísta. O casulo é escuro e também nosso futuro parece incerto, enquanto nossas instituições se quebram. Porém, apesar da melancolia da situação, as pegadas para nossa forma iminente e melhorada já existem.

Dentro da sopa amorfa da lagarta auto-digerida há certos grupos altamente organizados, conhecidos como “discos imaginais,” que sobrevivem ao processo digestivo. Estas células tornam-se os órgãos da borboleta, uma criatura completamente nova. A humanidade também, está à beira de descobrir uma nova forma na sua evolução. Todavia, ao contrário da lagarta, ela tem de alcançá-la conscientemente.

Em 2017 Será Conexão, ou Então…

A bióloga evolucionária, Drª Elisabet Sahtouris, explica que há um padrão repetitivo onde a competição conduz à ameaça da extinção, que é então evitada pela formação de alianças cooperativas. Na natureza, novas formas aparecem através da conexão de moléculas e organismos que não se conectavam do mesmo jeito anteriormente. Para avançar, a humanidade terá de emular a natureza e descobrir sua nova forma, através de novas conexões entre suas partes.

Até agora, vimos tentativas de formar “uniões,” tais como a UE, que se provaram falsas. Estas foram uniões bancárias, hegemonias de riqueza e poder, mas nenhuma tentou com sucesso criar união concreta entre as pessoas. Nos foi vendido um conceito de união que só serve as elites. Aqueles que não pertencem ao milésimo percentil alinharam com isso, pois foram enganados para verem o mundo através da lavagem cerebral deformada dos media comprados. Porém, o processo natural de desenvolvimento que a humanidade está a atravessar ainda terá de ocorrer.

Tal como a tentativa Russa de forçar o comunismo sobre seu povo não durou, na América e em qualquer outra nação no mundo não terá sucesso, até que entendam a lei da evolução da natureza através da conexão. O único modo de reparar a economia, política, cultura, educação, famílias e tudo o demais na nossa sociedade que precisa de mudar é através de curativo genuíno das relações humanas.

Adiar esta solução é perigoso, pois quando o stress entre nosso comportamento e o curso natural da evolução se torna demasiado grande, nos encontramos numa crise que é difícil de escapar. Uma revolução aparece ou uma guerra, para de algum modo inverter a ordem.

A Educação é Chave

Para pisarmos o percurso certo, precisamos de aprender das sociedades que conseguiram formar a conexão entre as pessoas que é agora necessária para a humanidade. Durante séculos, os Judeus se têm concentrado em educação que criasse sociedades prosperas que contenham apoio recíproco, confiança e desenvolvimento positivo. Frequentemente negligenciada, a sabedoria Judaica está embebida em ensinamentos de união e amor. Escreveu Rabbi Nachman, “A essência da vida e da existência e correcção de toda a criação está em pessoas de opiniões divergentes se integrarem juntas em amor, união e paz” Likutey Halachot (Regras Sortidas).

A nação de Israel foi originalmente fundada nos tempos antigos da Babilónia, à volta do estudo de como “amar os outros como a si mesmo.” Antes de se reunirem à volta de Abraão para receber este ensinamento, eles eram apenas babilónios vulgares, vivendo suas vidas simples e naturais. Sob Abraão eles atravessaram um processo que os moldou em pessoas que se conheciam a si mesmas e entendiam os outros, que sabiam como se tratar uns aos outros, como tratar a natureza, os animais, árvores e o mundo seu redor.

Princípios de como nos relacionarmos correctamente aos outros e ao mundo no geral se tornam atributos únicos desta grande antiga cultura. Eles incluem aprender como evitar criticismo dos outros, como ajudar os outros através do exemplo, sem coação, como está escrito: “não julgues teu semelhante até teres estado no seu lugar” (Pirkei Avot 2:5). Ensinamentos eram únicos para cada indivíduo, como implícito na instrução de, “Ensina a criança à sua maneira” (Provérbios 22:6), trazendo cada indivíduo a concretizar seu potencial da melhor maneira possível e pelo benefício do todo.

Na nossa cultura, não somos ensinados a nos elevar acima da nossa natureza egocêntrica, mas o povo de Israel foi ensinado a como estar conectado “como um homem com um coração” e a cuidarem uns dos outros em garantia mútua. Isso exigia prática, que começava numa idade muito jovem e durava pela vida inteira. A inteira nação atravessou este processo durante os 40 anos no deserto. Somente quando estavam completamente prontos para se unir como uma nação, entraram eles na terra de Israel.

Antes da destruição do Templo, o povo de Israel prosperava numa atmosfera de cuidado mútuo, mas até após o grande exílio, as fundação e práticas que conseguiram manter os permitiu sobreviver até nas mais difíceis privações.

Embora sua forma original tenha sido esquecida do povo Judeu, muitos têm clamado para reanimar o método que é também referido como “a interioridade da Torá,” não só pelo bem de Israel, mas também pelo bem da humanidade. Rabi Kook escreveu, “O exílio diminuiu nosso carácter único e nos oprimiu, mas não destruiu até uma fracção de nossas verdadeiras qualidades. Tudo o que fomos ainda está connosco, tudo isso precisa de ser grande embora pequeno, murcho e gasto, crescerá e vai florir uma vez mais” (Orot pag. 84).

Este método prático de conexão, que nunca foi destinado somente para o povo Judeu, tem esperado estes tempos de provação para ajudar a humanidade a dar o salto evolucionário que tem de dar. O povo judeu foi “escolhido” para ser um protótipo, os discos imaginais que abririam uma nova forma para a existência da humanidade quando fosse a hora certa.

O Ano Seguinte

Enquanto o mundo avança sem verdadeira conexão, ele vai alcançar um ponto de explosão e se voltará para Israel em exigência. Israel deve começar a viver segundo seu destino esquecido e a exportar sua startup educativa e rápido. Creio que a ameaça comum de terrorismo será uma grande força que vai promover a humanidade a se conectar num futuro próximo. Porém, o caminho para actualizar a mudança positiva no ano seguinte e os que vierem depois deve vir através da educação e nossa voluntariedade para perceber para onde nossa evolução natural nos conduz.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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União ou Terrorismo, Nós Escolhemos

Quando nos unirmos e verdadeiramente vivermos a essência do povo israelita, cobrindo nosso ódio com amor, somente então mereceremos esta terra.

O ataque assassino de camião de domingo em Jerusalém, o condenamento do Sargento Elor Azaria e as persistentes disputas entre nós nas redes sociais, por cima da crescente pressão do exterior, o mais recente exemplo da qual é a resolução apoiada pelos EUA do Conselho de Segurança da ONU de 2334 contra as colónias israelitas, nos dizem uma coisa: temos de puxar para o mesmo lado juntos. Na noite de domingo, milhares de israelitas se reuniram na Praça Rabin num protesto pela união. Mas enquanto nos acomodarmos por protestos, não chegaremos a lado nenhum.

Foto: Tomer Appelbaum, Licença: N/A2017-01-07

ex-Capitão Ziv Shilon no protesto em Tel Aviv, 7 de Janeiro, 2017. Foto: Tomer Appelbaum

O evento na Praça Rabin foi promovido por uma publicação no Facebook feita pelo ex-Capitão Ziv Shilon . A publicação exprimia a necessidade de união e solidariedade e as pessoas que presidiram ao evento foram para lá apenas para essa finalidade. Um participante disse a um entrevistador do Movimento Arvut (Garantia Mútua), “Todos entendemos que algo está a fazer com que nos desintegremos e temos de impedir o tsunami.”

Qualquer iniciativa de união é bem-vinda pois ela promove a própria razão da nossa existência enquanto nação Judia. “Em Israel está o segredo da união do mundo,” escreveu o Rav Kook (Orot Kodesh). União está no nosso ADN, embora raramente estejamos conscientes disso. Lamentavelmente, frequentemente é necessário um evento trágico para nos recordar disso. Talvez seja por isso que outro participante no evento tenha dito ao entrevistador do Movimento Arvut, que transmitiu o evento ao vivo no Facebook, “Ama teu próximo como a ti mesmo é algo interno e profundo que falta na sociedade de hoje. Eventos como esse de hoje conectam todos acima das visões e faces diferentes e unem todos nós num nível muito profundo.”

Não somos novos nas reuniões de pessoas com “visões e faces diferentes.” Praticamente há 4000 anos atrás, Abraão nosso Patriarca nos reuniu pela primeira vez e nos conduziu à Terra de Israel. Como hoje, a sociedade de Abraão na Babilónia estava quebrada pela alienação por um lado e uma aspiração pelas concretizações humanas por outro. O livro de Rabi Elazar, fala que os Babilónios “queriam falar a língua uns dos outros mas não conheciam a língua uns dos outros, então cada um pegou sua espada e lutaram uns com os outros e metade do mundo lá morreu.” Os antigos Hebreus vieram de tribos e nacionalidades múltiplas. Escapando à desunião de suas próprias tribos, eles se reuniram para Abraão, que lhes ensinou união e amor pelos outros, os traços que eventualmente nos tornaram uma nação. Hoje, após dois milénios de abandonamento deste bem tão valioso, devemos regressar a nossas raízes e restaurar nossa união.

Com os anos, Abraão e seus descendentes desenvolveram um método de conexão que permitiu a seus discípulos transcenderem o egoísmo que se encontrava entre eles e cruzá-lo com o amor. Quanto mais alto o limiar de egoísmo se tornava, mais alta a ponte eles construíam sobre ele. No livro, Likutey Etzot (Conselhos Sortidos), diz, “A Essência da paz é conectar dois opostos. Assim, não fique alarmado se vir uma pessoa cuja visão é o completo oposto da sua e você pensa que nunca será capaz de fazer a paz com ela. Também, quando você vir duas pessoas que são completamente opostas uma da outra, não diga que é impossível fazer a paz entre elas. Pelo contrário, a essência da paz é tentar fazer a paz entre dois opostos.” Rei Salomão aptamente resumiu esta abordagem no seu provérbio (Prov. 10:12): “Ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes.”

Hoje, é evidente que a força condutora da humanidade é o ego. O ego nos deu a tecnologia, medicina e comunicação, mas ele também nos deu a poluição, violência e alienação. No final, o ego está a usar todas as coisas boas que criou para finalidades negativas até ao ponto que coloca nosso mundo em perigo de existência em frontes múltiplas, nos deixando desamparados e desesperados.

É por isso que o princípio de Abraão de cobrir o ego com amor é crucial hoje. Ele afirma que tentar remendar os resultados maus do ego é desesperante desde o começo. Em vez disso, temos de remendar a patogenia – o próprio ego. O ego, como qualquer combustível, pode queimar-nos ou nos aquecer. Tudo o que precisamos saber é como usá-lo correctamente.

Em prol de cobrir o ego com amor, como o colocou o Rei Salomão, os antigos israelitas desenvolveram um método de comunicação interpessoal que induzia uma força positiva para contrariar o impacto negativo do ego. Foi na realidade um gentio que inicialmente concebeu o método. No livro do Êxodo (Capítulo 18) nos fala que Jétro, o Sacerdote de Midiã, aconselhou Moisés a organizar a nação em grupos de dez para que trabalhassem entre eles sobre sua união, em vez de Moisés ter de dizer à nação como se darem bem. Estes grupos foram então agrupados em grupos maiores e maiores, até que a inteira nação fosse formada de grupos de dez que todos estivessem unidos uns com os outros, aderindo ao princípio fundamental que Moisés havia ensinado – a lei de ser “como um homem com um coração.”

Lamentavelmente, o princípio da união acima do ego está largamente ausente em praticamente toda a facção da sociedade israelita e da comunidade judaica mundial. Em tempos antigos, esta desunião se intensificou num ódio tão feroz que fez com que os Judeus lutassem com outros Judeus nos dias do governo Grego em Israel e eventualmente trouxe o exército romano para Jerusalém, cujo Templo foi destruído por Tibério Júlio Alexandre, ele mesmo era um Judeu cujo pai havia coberto os portões do Templo com ouro. Como disse o grande Maharal de Praga em Netzách Israel: “O Templo foi arruinado por causa de ódio infundado, pois seus corações se dividiram e eles eram indignos do Templo, que é a unificação de Israel.”

Até esta data, este sinat hinam (ódio infundado) não foi abatido. Como ele causou nossa ruína há dois milénios atrás, ele pode causar nossa ruína agora. Como um homem disse ao entrevistador que transmitia para o canal Arvut, “Grandes impérios caíram por causa de sua desunião. Aqui temos inimigos todos à nossa volta; há ódio pelos Judeus, ódio por Israel e agora nos odiamos uns aos outros?! Se continuarmos deste modo, este é o começo do nosso fim.”

Foto: Cortesia, Licença: N/A2017-01-10

Os círculos de Conexão do Movimento Arvut, onde pessoas de todos os tipos e visões se sentam juntas e encontram união onde não sonhavam que conseguiriam. Foto: Cortesia

Uma Atitude Pro-Activa

O único modo de Israel e o povo Judeu poderem enfrentar os desafios ante eles e triunfarem é ao reinstalarem a união entre os Judeus. Os Círculos de Conexão do Movimento Arvut, onde as pessoas de todos os tipos e visões se sentam juntas e encontram a união onde não sonhavam que conseguiriam, é o único que resta das muitas técnicas disponíveis. Todavia, o que conta realmente é que todos nos lembremos que nossos egos não existem para que lutemos uns com os outros; eles existem para servirem como pontos de apoio para as pontes serem construídas entre nós.

No livro, Likutey Halachot (Regras Sortidas), fala, “A essência da vitalidade, existência e correcção da criação é alcançada por pessoas de opiniões divergentes se misturarem juntas em amor, união e paz.” É como me lembrou frequentemente meu professor, o grande Cabalista, Rav Baruch Shalom Ashlag (o RABASH): “O amor é um animal que se alimenta da abdicação recíproca.”

Se queremos garantir nosso futuro aqui em Israel, devemos construir nosso país e nossa nação sobre a base do amor que cobre nossos egos. Nossa nação foi formada quando concordamos nos unir como um coração e foi desintegrada quando o coração foi quebrado pelo ódio infundado. David Ben Gurion estava certo quando escreveu na Revolução do Espírito sobre o mandamento, “Ama teu próximo como a ti mesmo”: “Com estas palavras, a lei humana e eterna do Judaísmo foi formada… O Estado de Israel vai merecer seu nome somente se suas políticas sociais, económicas, domésticas e estrangeiras forem baseadas nestas três palavras eternas.” O pai de meu professor Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam pelo seu comentário Sulam (Escada) sobre o Livro do Zohar, escreveu “Nos foi dada a terra mas nós não a recebemos” (“Um Discurso pela Conclusão do Zohar“). Quando nos unirmos e verdadeiramente vivermos a essência do povo israelita, cobrindo nosso ódio com amor, vamos merecer esta terra.

Gostemos ou não, e habitualmente não gostamos, nós Judeus somos o povo escolhido. Mas não fomos escolhidos para apadrinhar alguém; nós fomos escolhidos para dar um exemplo ao mostrarmos que podemos nos unir acima do nosso ódio e portanto nos tornarmos “uma luz para as nações.” Enquanto renunciarmos à união, o mundo não vai legitimar nossa existência em Israel ou em qualquer outro lugar no mundo. Ele nos culpará de todos os problemas no mundo tal como fez Hitler. A crescente popularidade de Mein Kampf não é coincidência. Ninguém sabe durante quanto tempo ainda aqui estaremos, mas o facto de somente os Estados Unidos se encontrarem entre nós e a resolução da ONU para exterminar o estado de Israel prova que estamos a viver em tempo emprestado.

Não há solução política para o conflito Árabe-Israelita, nem haverá qualquer solução antes de nos unirmos entre nós. Quando o fizermos, ninguém dirá que não pertencemos a Israel. Eu não sou a favor ou contra qualquer visão política especifica porque sei que qualquer visão procura, por defeito, provar sua superioridade e a inferioridade das outras. Uma vez que todas elas desencorajam a união e promovem ódio, todas estão erradas na minha visão. Nenhuma visão política pode estar certa se ela cria separação. Isto, para mim, é o único critério.

Está escrito no livro, Maor VaShemesh, “A principal defesa contra a calamidade é o amor e união. Quando há amor, união e amizade entre cada um em Israel, nenhuma calamidade consegue vir sobre eles.” No seu ensaio, “A Arvut” (Garantia Mútua), Baal HaSulam escreveu que nossa união não foi pelo nosso próprio bem, mas pelo bem do mundo. Interpretando as palavras de RASHI que Israel eram “como um homem com um coração” no pé do Monte Sinai, Baal HaSulam escreveu que “toda e cada pessoa da nação se separou completamente do amor próprio e queria somente beneficiar seu amigo. …Por causa disso, a nação israelita foi construída como um portal [para] a inteira raça humana por todo o mundo …até que eles se desenvolvam a tamanha medida que consigam perceber a agradabilidade e tranquilidade no amor pelos outros.”

2017 será um ano decisivo. Este ano, vamos determinar se nos unimos e construímos um bom futuro para nossa nação e para o mundo, ou colidimos e nos levamos e ao mundo pelo caminho do ódio.

Como nota de roda-pé, gostaria de acrescentar que estou muito feliz, mas também muito preocupado com a inauguração próxima de Donald Trump. Temo que seu tratamento favorável de Israel possa diminuir o impulso dos Judeus e Israelitas fazerem sua tarefa, tanto quanto o mais que se um presidente americano hostil tivesse sido eleito. Minha preocupação é que a complacência ensurdeça nossos ouvidos e bloqueie nossos corações. Portanto, junto com a linha favorável de Trump para Israel, devemos acrescentar o reconhecimento do papel de Israel no mundo, que é, novamente, ser um exemplo de união para o inteiro mundo atormentado. Para concluir, gostaria de citar o grande Rav Kook que escreveu, “Uma vez que fomos arruinados pelo ódio infundado e o mundo inteiro foi arruinado connosco, nós seremos reconstruidos pelo amor infundado e o mundo será reconstruído connosco” (Orot Kodesh [Sagradas Luzes]).

Publicado originalmente no Haaretz

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Até Mais 2016, Olá 2017?

2016 foi um ano que muitas pessoas esqueceriam se pudessem. A pergunta é, “O que será necessário para tornar 2017 melhor?”

Milhares de vítimas de terrorismo internacional, migração massiva, o acordo iraniano, o vírus Zika, Brexit atordoa o Reino Unido, Donald Trump atordoa os EUA e o mundo inteiro, a marijuana é legalizada, crise climatérica, terremotos em Itália, hacking virtual, Wikileaks, 2016 foi um ano que muitas pessoas esqueceriam se pudessem. A pergunta é, “O que será necessário para tornar 2017 melhor?”

Foto: Dreamstime, Lidença: N/A2017-01-03

O que será necessário para tornar 2017 melhor Foto: Dreamstime

Se eu tivesse de resumir 2016 em poucas palavras, usaria um dos termos mais fundamentais na Cabala para o descrever: “reconhecimento do mal.” Em termos leigos podemos chamar-lhe “um ano de abrupto despertar.”

Durante o ano passado, chegámos a entender que nossas situações económicas, sociais e de segurança são tão medonhas que precisamos de uma mudança drástica. Como resultado, desestabilizamos os sistemas políticos nos EUA, no Reino Unido e Itália e é esperado que continuemos a fazê-lo durante 2017 no resto da Europa. O problema é que nosso despertar abrupto é doloroso e ainda assim não oferece solução. Ele força-nos a desviar-nos do presente caminho mas não nos oferece alternativas. Os resultados evidentes são desespero, depressão, extremismo e violência.

Ao inverso do abrupto despertar, o reconhecimento do mal é um processo positivo onde reconhecemos o elemento tóxico nas nossas vidas pois já escolhemos um caminho que nos vai livrar dele. Reconhecer o mal é o diagnóstico de uma doença para a qual temos uma cura e podemos escolher se ou a que medida a aplicamos. Portanto, prefiro definir as realizações de 2016 como um reconhecimento do mal em vez de um abrupto despertar, uma vez que há sem dúvida uma cura para o estado da nossa aldeia global e depende de nós se a queremos aplicar em 2017, ou esperar mais um pouco e sofrer muito mais antes de o fazermos.

O Culpado Comum

Desde a viragem do século, um crescente número de estudos e livros foram publicados, descrevendo a epidemia da humanidade de narcisismo que se espalha. O ego tomou conta de nossas vidas e está a tornar-se cada vez mais difícil ter consideração pelos outros. O impacto do narcisismo atinge todos os níveis da sociedade, desde nossas relações com nossos amigos e família até à arena internacional.

Mas há boas notícias: A soberania do ego está a declinar. Passados milénios de nos tornarmos cada vez mais egoístas e exploradores uns dos outros, a epidemia de narcisismo que empestou a humanidade nos trouxe à beira da guerra e colocou-nos à beira de uma catástrofe climatérica. Agora, quando dizemos que não é suficiente abrandar as emissões de CO2 ou aumentar a regulamentação financeira, a realidade apoia a nossa afirmação. As pessoas começam a perceber que o que precisamos realmente de mudar é nossa própria natureza egoísta. Não há mais vencedores nas nossas guerras do ego intermináveis.

Robótica: O Novo Fanfarão do Bairro

Foto: Dreamstime, Licença: N/A2017-01-03

O Novo Fanfarão no Bairro Foto: Dreamstime

Em anos recentes, “um novo fanfarão” mudou-se para o bairro. Dentro dos próximos anos, a robótica vai tornar milhões de pessoas permanentemente desempregadas, não por falta de motivação ou aptidões, mas porque os robôs as vão substituir. A ausência do trabalho é o futuro da humanidade.

Se esperarmos até que o desemprego permanente ganhe ritmo, em vez de nos prepararmos para ele em avançado, o peso adicional que já se encontra sobre o tecido social pode ser demasiado pesado para transportar e o caos se seguirá a isso. Alguns países já estão a experimentar com programas para responder a esse problema, mas nos EUA não há previsão federal. No que diz respeito ao desemprego, além de algumas iniciativas privadas, nada está a ser feito para responder à necessidade de sustento para as pessoas que não o conseguem obter remunerado e nada está a ser feito para fornecer envolvimento adequado para as pessoas que têm tempo livre em demasiada abundância.

Nos Regenerarmos

O egoísmo não se vai embora, nem deve ir. Ele é inerente em nós e é vital para nossa existência. Em vez de o tentarmos suprimir, precisamos de lhe acrescentar a consciência de que a dependência mútua é uma fonte ainda maior de força que o individualismo. A complementação mútua e a responsabilidade mútua foram a essência do povo Judeu desde a sua origem.

No livro, Likutey Halachot (Regras Sortidas), está escrito, “A essência da vitalidade, existência e correcção na criação é alcançada pelas pessoas com opiniões divergentes se misturarem juntas em amor, união e paz.” Misturar-nos acima de nossas diferenças é precisamente a origem da nossa força, nos dando aptidões, visões e energia que não poderíamos obter inversamente.

Em semelhança ao livro acima, está escrito no Likutey Etzot (Conselhos Sortidos), “A essência da paz é conectar dois opostos. Assim, não fique alarmado se vir uma pessoa cuja opinião é completamente oposta à sua e pensar que nunca será capaz de fazer a paz com ela. Ou, quando vê duas pessoas que são completamente opostas uma da outra, não diga que é impossível fazer a paz entre elas. Pelo contrário, a essência da paz é tentar fazer a paz entre dois opostos.” Os níveis de antagonismo que empestam nossa sociedade hoje estão tão altos que a humanidade consegue atingir alturas sem precedentes se escolhermos fazer a paz entre nós, como sugere o livro.

Pode parecer um feito ambicioso, mas isto assim é pois ainda não tentámos. No minuto em que dermos o primeiro passo para a união, a energia libertada pela união dos opostos será tão tonificante que não vamos querer parar. Vi isto a ocorrer numerosas vezes entre meus estudantes e dentro dos círculos de conexão que conduzi em dezenas de países pelo mundo fora.

O entendimento de que a união é preferível ao individualismo é tão inerente como nosso egoísmo. Toda a equipe de esporte sabe que se não trabalhar como equipe, ela não vai vencer o campeonato. Toda a unidade do exército ensina aos seus soldados que a vitória vem da união e toda a empresa que quer manter seus empregados creativos apoia a colaboração entre eles. Agora precisamos do próximo passo. Devemos determinar que a reciprocidade e a responsabilidade mútua são as características dominantes na nossa sociedade. Se fizermos isso e censurarmos a atitude do “Eu primeiro”, nossos problemas vão acabar pois a patogénese que os cria, nosso narcisismo, será obliterada.

2017 será um ano decisivo. Se continuarmos a trabalhar como temos feito, Brexits e novos presidentes não nos vão ajudar; nosso mundo vai se desmoronar, se não esse ano então num futuro próximo. Mas se mantivermos em mente que nosso sucesso é “fazer a paz entre os opostos,” como sugeriram nossos sábios, então 2017 será o ano da construção da nova humanidade.

Publicado originalmente no Haaretz 

 

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A Melhor Resposta de Israel à Resolução da ONU

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A Hipocrisia de Obama Revela a Opinião Honesta do Mundo

A decisão unânime do CSONU indica que se uma votação fosse feita para estabelecer um estado Judeu hoje, Israel não existiria.

Apenas há duas semanas atrás, a Primeira Ministra do Reino Unido, Theresa May declarou, “Não poderia ser mais claro: O movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções está errado, ele é inaceitável e este partido e este governo não terão permuta com aqueles que o apoiarem.” Há menos de duas semanas atrás, o governo Britânico fez uma volta de 180 graus e votou a favor de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSONU) iniciada pelos EUA que abre a porta para sanções indiscriminadas e boicotes contra Israel.

Foto: UN Multimedia, Licença: N/A2016-12-27

O Conselho de Segurança das Nações Unidas votando contra a actividade de assentamento em Israel, 23 de Dezembro, 2016. Crédito: UN Multimedia

Desde a sua inauguração, Barack Obama colocou mais e mais “luz” entre os EUA e Israel, como denominou à sua política de distanciamento dos EUA de Israel. Sua última manobra com fraca cobertura dos media para expor Israel às sanções do CSONU, é provavelmente não a última que vemos dele, a menos que o consigamos evitar.

Todavia, Obama não é o maior problema de Israel. Surpreendentemente, o pior e o único verdadeiro problema de Israel é a própria Israel. A decisão unânime no CSONU indica que o mundo inteiro, quase cada um dos 193 estados membros da ONU, tem uma visão negativa de Israel. Nenhum outro país, nem sequer o Irão, Síria, Arábia Saudita, ou qualquer outro país governado por tiranos conseguiu tão “notável façanha”, de unir o mundo inteiro contra ele. Tivesse a votação sobre o estabelecimento do estado Judeu sido feita hoje, Israel nunca teria chegado a existir.

Além do mais, se uma votação para revogar o estabelecimento do estado de Israel fosse trazida ante a Assembleia Geral da ONU hoje, ela teria sido aprovada pela maioria que aprovou a recente resolução do CSONU e ao som dos mesmos aplausos dos estados membro.

Por Quê o Ódio?

Primeiramente, deve ser claramente declarado que a iniciativa do governo dos EUA para prevenir a construção de Israel na Cisjordânia não deriva dos esforços do duo Obama-Kerry para promover a paz na região. Faz parte do esforço da presente administração de eliminar o estado Judeu. Os Palestinianos, como sabe Obama perfeitamente, nunca foram parceiros para a paz pois eles nunca aspiraram a ela. Desde os Motins de Jafa em 1921, eles lançaram ondas periódicas de ataques assassinos contra os Judeus em Israel e pelo mundo fora e formaram alianças com qualquer um que lhes tivesse prometido ajudar a exterminar ou a tirar os Judeus de Israel, incluindo a aliança com a Alemanha Nazi. Quando o “primogenitor” do terrorismo árabe, a Organização para a Libertação Palestina (OLP), foi fundada em 1964, não haviam “territórios ocupados” para devolver, eles foram retirados três anos mais tarde na Guerra dos Seis Dias de 1967. Ainda mais, o território capturado nunca pertenceu aos Palestinianos, ele era um território Jordano.

A presente administração dos EUA sabe tudo isto, como sabem os mais de 100 estados que reconhecem o OLP como o único representante legítimo do povo Palestino. Em palavras simples, a vasta maioria dos países concordam com a posição árabe de que Israel não devia existir. A administração Obama arrancou para colocar esta posição em prática e fará tudo o que puder para realizar a sua agenda no tempo que sobra até à inauguração de Donald Trump e mais além. Anteriormente alertei que a resolução da UNESCO para negar a história Judaica no Monte do Templo era apenas a ponta do icebergue. Agora que Obama está incomodado com os resultados da eleição, vemos a realização da ameaça para a existência do Estado de Israel.

Em 2013, publiquei o livro, Como um Feixe de Juncos: Como a União e a Responsabilidade Mútua São a Necessidade do Momento. Alertei que as catástrofes do Holocausto e da Inquisição Espanhola não eram eventos isolados, mas parte de um processo que tem de ser completado. Agora vemos o começo da revelação da próxima fase desse processo. Como escrevi em “Por Que as Pessoas Odeiam Judeus”. Este não tem de ser um processo traumático. Se nos concentramos no ódio e o que precisamos de fazer acerca disso, em vez de lamentarmos o facto do mundo nos odiar, vamos passar por esta fase rápida e agradavelmente e no processo eliminamos o ódio para Israel e exterminamos o antissemitismo.

Foto: Reuters, Licença: N/A2016-12-27

A administração Obama arrancou para colocar a sua agenda de eliminar o Estado de Israel em prática. Foto: Reuters

Israel, o Judeu entre as Nações

Abraham Foxman, o antigo director da Liga Anti-Difamação (LAD), disse que Israel se tornara “o Judeu entre as nações.” Quão verdadeiro. Não há diferença fundamental entre as acusações que Israel enfrenta e as alegações que os Judeus enfrentaram durante a história. A diferença é que agora há um alvo, o Estado de Israel, o Judeu entre as nações. Agora todos podem direccionar seu ódio para uma clara entidade e inventarem libelos de sangue e falsas acusações tal como anteriormente haviam feito para os Judeus. Mas como frequentemente vemos nos protestos do BDS, a raiva para Israel é meramente um pretexto tenuemente coberto para exprimir antissemitismo.

Quando tentamos compreender as raízes do mais profundo e mais duradouro ódio na história da humanidade, temos de retroceder às nossas raízes, uma vez que foi aí que tudo começou. Nós, Judeus, ao contrário de qualquer outra nação. Somos a única nação na história da humanidade a quem foi dada a tarefa de salvar o mundo ao dar um exemplo disso. Nós somos a única nação cujo nascimento foi declarado por Deus, mas não antes de termos cumprido a condição de nos unirmos “como um homem com um coração.”

Nós fomos declarados como escolhidos pelo Deus que todas as três religiões Abraâmicas adoram e esse Deus nos deu a tarefa de sermos “uma luz para as nações.” Não importa o que as pessoas dizem, é um facto de que quanto mais escuro o mundo se torna, mais ele aponta o dedo de acusação para nós.

Está escrito no Talmude (Masechet Shabat, 31a) que quando um gentio foi até Hilel e lhe pediu que lhe explicasse a lei Judaica, Hilel respondeu, “Aquilo que odeias, não faças ao teu próximo. Esta é toda a Torá.” Esta lei era suposta ser a luz para as nações, mas se os progenitores desta lei e seus destinados percursores, não a implementam entre eles e não dão um exemplo que os outros possam seguir, como podemos culpar o mundo por nos odiar? Como não conseguimos entender o mundo quando ele diz que somos culpados de todas as guerras, quando não fazemos o mais ligeiro esforço para superar nosso ódio recíproco e nos unirmos?

A lei mais fundamental da nossa antiga sociedade era a responsabilidade mútua. Como é isto implementado entre nós hoje? De que modo somos responsáveis uns pelos outros? Adoptamos a cultura Helenista competitiva e egocêntrica, a própria cultura a qual é destinada que ofereçamos uma alternativa, todavia ficamos ofendidos quando o mundo nos diz que somos dispensáveis.

O Windsor Star citou o Primeiro Ministro de Israel, David Ben Gurion, dizendo, “Não importa o que dizem as nações, mas aquilo que os Judeus fazem.” Isto é verdade, o ódio das nações deriva da nossa ociosidade para a união, para a responsabilidade mútua, para reacender o laço que fez de nós uma nação em primeiro lugar. Sem nosso exemplo, as nações não serão capazes de fazer a paz entre elas e elas nos culparão por isso. O processo que anteriormente citei é um de desenvolvimento da desconexão para a conexão, da separação para a preocupação mútua. Todavia, sem nós iluminarmos o caminho para as nações ao darmos um exemplo, elas não serão capazes de alcançar a conexão e deste modo não necessitarão de nós.

Quando as nações passam das palavras a acçõs contra os Judeus, como tantas vezes fizeram durante a história, será tarde demais para fazermos aquilo que devemos. Devemos nos unir antes das palavras se tornarem acções. Agora é a hora de agir.

Quando discutindo as ferozes disputas entre os Judeus, escreveu Baal HaSulam nos anos 30: “Eu sei que até se os atarmos juntos num cesto, um não se vai render ao outro sequer um pouco e nenhum perigo vai interromper alguém de levar a cabo sua ambição.” Ele tentava nos alertar sobre o Holocausto iminente.

Estou a tentar fazer o mesmo. Não gosto de ser o desmancha prazeres na festa de celebração da vitória de Donald Trump, quem eu havia esperado que venceria. Todavia, se não nos unirmos acima das nossas diferenças em breve, nosso futuro será negro. O mundo já está a tomar acções concertadas contra nós, não devemos esperar ou será tarde demais.

Nossos antepassados, os Macabeus, tiveram sucesso em superar a separação entre eles, deste modo derrotando as forças de separação. Através da sua união, eles expulsaram o inimigo da terra de Israel, embora fossem poucos contra os muitos. Vamos aprender do seu exemplo aquilo que a união consegue alcançar se verdadeiramente nos direccionarmos para ela.

Publicado originalmente no Haaretz

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Chanucá, ou Por Que Celebramos uma Guerra Civil

União trata-se de como derrotamos o separatismo Helenista dentro de nós e nos tornamos Macabeus dos tempos modernos, guerreiros da luz.

Na semana que vem nós (Judeus que observam as festas Judias) vamos celebrar Chanucá, conhecida como, a Festa das Luzes. Mas o milagre de achar um pequeno jarro de óleo que devia ter apenas óleo suficiente para acender a menorá apenas durante um dia, todavia a acendendo durante oito dias, é apenas o fim da história. O seu começo foi de longe mais sombrio e sangrento, porém também sublinha a eterna batalha do Judeu, de preservar os valores da fraternidade e responsabilidade mútua acima de tudo o resto.

Foto: Dreamstime, Licença: N/A2016-12-22

Nossa missão, o legado de nossos antepassados de trazer a luz da união para o mundo Foto: Dreamstime

No ano 167 AEC, um Judeu helenista deu um passo em frente para oferecer um sacrifício para um ídolo no local de adoração do sacerdote, Matataias o Asmoneu. Este era um procedimento de rotina, parte de uma campanha orquestrada conduzida pelo Império Seleucida para forçar a cultura Helenista e sistema de crença sobre o povo Judeu. Para sua ajuda, os Seleucidas usaram Judeus que foram levados pelo encanto da cultura e filosofia Grega para infundir a cultura Helenista na vida Judia e a forçar sobre aqueles que não a queriam. Mas os Seleucidas e seus cúmplices não haviam conhecido Matatias anteriormente. Enquanto o Judeu helenista foi em frente numa tentativa de levar a cabo a ordem do oficial do governo, Matatias se levantou e matou tanto o Judeu como o oficial.

Temendo retribuição do governo, Matatias levou seus cinco filhos e juntos fugiram para as montanhas que rodeiam sua cidade, Modiin. Lá eles podiam se proteger enquanto infligiam mais baixas sobre os Helenistas.

Ouvindo falar da acção de provocação de Matatias, os dissidentes Judeus começaram a fluir para as montanhas para se juntarem a Matatias e a seus filhos na sua luta pelo destino do Judaísmo. Assim começou a revolta dos Asmoneus.

Uma Guerra Civil Judia

Podemos não pensar da nossa alegre festa de Chanucá em tais termos sombrios, mas a revolta dos Macabeus não era contra os Gregos, como as canções infantis de Chanucá descrevem, mas contra nossos próprios irmãos traidores. Essa foi uma guerra civil. Pelo menos durante o primeiro ano da revolta, os confrontos raramente visavam soldados Seleucidas. A maioria das lutas tomou lugar entre os Macabeus, como eram chamados os Asmoneus e suas tropas e os Mitiavnim, Judeus que adoptaram a cultura Helenista ou que se converteram ao sistema de crença Grego. Só muito mais tarde, depois dos Mitiavnim serem derrotados, os exércitos Seleucidas se juntaram a eles numa tentativa de esmagar os Macabeus.

Por Que Lutaria Um Judeu contra um Judeu

Ao contrário do que muitos na nossa tribo gostam de pensar, nossa nação não é como qualquer outra nação. Maimónides nos diz (Mishné Torá, Capítulo 1) que quando Abraão fugiu da Babilónia, ele assim o fez por ter percebido que a fraternidade era o único remédio para remendar as rupturas na sua pátria, todavia Nimrod, Rei da Babilónia, o perseguiu pela sua convicção. Séculos mais tarde, Moisés oficialmente nos uniu numa nação quando nos comprometemos a nos amarmos uns aos outros como a nós mesmos e a sermos “como um homem com um coração.” Sem este compromisso, não somos Judeus, voltamos a sermos exilados individualistas que fugiram das suas tribos maternas e que não acharam os princípios unificadores da misericórdia e do amor pelos outros que faria deles uma nação. Sem estes princípios, nos tornamos os inimigos uns dos outros.

Foto: Dreamstime, Licença: N/A2016-12-22

A guerra entre os Macabeus e os Judeus helenistas é interminável. Dentro de cada Judeu há um Helenista. Foto: Dreamstime

Contudo, o amor pelos outros é desnatural. Nos diz a Torá que o “pecado rasteja à porta” (Gén. 4:7). Desde nossa origem que temos de combater a inclinação do mal no meio de nós. Sempre houveram membros da nossa nação que renunciaram ao caminho da fraternidade e optaram pelo caminho do egoísmo. Ainda assim, se abandonarmos o legado de Abraão, Isaac, Jacob e Moisés, quem será uma luz para as nações? Quem mostrará ao mundo que quando o egoísmo reina, como hoje reina, o único remédio para nossa sociedade é cobri-lo com o amor pelos outros?

Devemos lembrar-nos que toda a nossa Torá, como Rabi Akiva nos ensinou, é “ama teu próximo como a ti mesmo.” O Talmude também escreve (Maséchet Shabat, 31a) que quando um prosélito veio até Hilel e pediu que lhe fosse ensinada a Torá, Hilel respondeu, “Aquilo que odeias, não faças ao teu próximo. Isto é toda a Torá.”

Portanto, a guerra entre os Macabeus e os Helenistas não foi sobre a terra. Tratou-se de manter a adesão Judia à Torá, a lei da fraternidade. Os Judeus que escolheram o Helenismo abandonaram essa lei em favor de adorarem ao ego, a competição e o poder e quiseram impor seu dogma sobre os Judeus que permaneceram autênticos.

Tivessem os Judeus sucumbido à agenda dos Mitiavnim, não restaria ninguém para mostrar ao mundo o caminho da responsabilidade e cuidado mútuo. Isto, por sua vez, teria negado ao mundo um exemplo de que é possível transcender o ego e nos unirmos e o mundo estaria condenado à destruição das guerras geradas pelo ego.

Por esta razão, os Asmoneus não tiveram escolha senão destruir esses Judeus que desejavam prevenir seus irmãos de concretizarem sua tarefa, de serem “uma luz para as nações” e mostrarem o caminho para a união. A vitória que celebramos em Chanucá não é pela terra que reclamámos dos Seleucidas. Celebramos nossa vitória sobre aqueles entre nós que desejaram negar ao mundo uma oportunidade de união, uma oportunidade de felicidade e paz duradoura.

O Helenista Dentro de Nós

A guerra entre os Macabeus e os Mitiavnim é interminável. Dentro de cada Judeu está um Helenista que sussurra que é melhor não nos unirmos e sermos como todos os outros, perseguindo os prazeres egoístas. Afinal de contas, não é assim que funciona a natureza?

Chanucá recorda-nos que nunca devemos parar de lutar contra nossos Helenistas interiores. A história do nosso povo prova que se abdicarmos da união, o ódio vai prevalecer. A vitória dos Asmoneus não deu a Israel uma paz duradoura. Menos de dois séculos depois do seu triunfo heróico, o ódio infundado conquistou até os melhores de nós e infligiu a ruína do Templo e nosso exílio da nossa terra.

Todavia, nossa missão, o legado de nossos antepassados de trazer a luz da união ao mundo, não mudou o esvaeceu com os anos. Como mostrei em muitos dos meus escritos, as nações sentem que sua incapacidade de estarem em paz umas com as outras é culpa nossa. Elas nos odeiam pelo seu ódio de umas pelas outras e até a razão mais imaculada não as convencerá do inverso. Não se pode discutir com um pressentimento.

O mundo de hoje precisa de união mais que ele precisa de ar puro e ele precisa realmente de ar puro. Quanto mais se deterioram os relacionamentos das pessoas em todos os níveis de interacção humana, mais eles nos culparão disso. Nós fomos, somos e sempre seremos o povo escolhido, não para dominar o mundo de uma maneira arrogante, mas para com amor o apresentar ao método de conexão através do nosso exemplo pessoal.

As mudanças no nosso mundo aceleram exponencialmente. Estamos a tornar-nos mais perversos e violentos a cada minuto que passa. Ninguém sabe quando uma guerra total vai irromper, mas o risco de uma erupção está a tornar-se cada vez mais iminente. Nesta Chanucá, a Festa das Luzes, devemos nos lembrar que a luz que o mundo agora necessita é união e somos aqueles que foram evocados para a acender.

Nestes dias de elevadas tensões políticas, nossa tribo está mais separada que nunca. Todavia, esta é também nossa chance de escolher se nos queremos tornar Helenistas egoístas ou Macabeus preocupados. Somos nós aqueles que devem acender a chama da união entre nós e colocá-la nos peitoris das nossas janelas para que todos vejam e sigam o exemplo.

Fraternidade trata-se de como derrotamos o separatismo Helenista dentro e entre nós. É também assim que aprendemos a amar nossos próximos como a nós mesmos e como nos tornamos Macabeus dos tempos modernos, guerreiros da luz.

Que tenhamos uma feliz e unida Chanucá!

Publicado originalmente no Haaretz

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