Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

A Declaração de Balfour: O presente de sua majestade também foi uma exigência

Uma Nação Como Não Há Igual

Foi por uma boa razão que o Lord Balfour e então Primeiro Ministro Britânico, David Lloyd George, iniciaram a declaração e reconheceram nosso direito de estabelecermos uma entidade nacional na terra de Israel. O povo de Israel tem um papel crucial na história da humanidade. Questionou Mark Twain, “Todas as coisas são mortais menos o Judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo da sua imortalidade?” Como Twain, o romancista e poeta Johan von Goethe acreditava que “Todo o Judeu … está envolvido em certa decisiva e imediata perseguição de uma meta … esse é o povo mais perpétuo na Terra.”

As raízes de nossa nação datam de Abraão o Patriarca. Quando ele nasceu, sua pátria no Crescente Fértil era uma civilização rica. Seu povo levava uma vida pacífica, próspera e desfrutava de um sentido de coesão social. Nas palavras da Bíblia, “Toda a terra era de uma língua e de uma fala” (Gén. 11:1).

Porém, tal como tem sido pela história da humanidade, a pátria de Abraão tornou-se presa do crescente ego humano. A força negativa que irrompeu na sociedade unificada rasgou-a ao meio e quase infligiu sobre ela uma guerra civil. O livro, Pirkei de Rabi Eliezer, afirma que “Os filhos de Noé eram todos de um coração e uma fala.” Mas seus egos cresceram e também sua alienação de uns dos outros. Finalmente, “eles desejaram falar a língua uns dos outros mas não entendiam a língua uns dos outros, então cada um pegou na sua espada e lutaram uns contra os outros. Certamente, metade do mundo lá foi morto pela espada.”

Para lidar com a crise dos seus conterrâneos, Abraão começou a procurar respostas. Em Mishné Torá, Maimónides descreve as observações de Abraão da natureza que o rodeava, até que ele finalmente descobriu que uma, força unificada de amor sustenta o todo da realidade. A força então se dividia numa força positiva de amor e união e uma força negativa de ódio e separação e Abraão percebera que a ausência da força positiva na sua sociedade era a causa por trás de todos os problemas.

Encorajado pela sua descoberta, Abraão começou a clamar para as pessoas que a solução para o ódio que havia irrompido era cobri-lo com amor, ou como Rei Salomão o colocou séculos mais tarde: “Ódio incita o conflito, mas amor cobre todos os crimes” (Prov. 10:12).

Desde esse tempo, união tem sido o elemento chave na formação e perpetuação do povo Judeu. No pé do Monte Sinai, os Hebreus formalmente se tornaram uma nação depois de terem selado sua união com um voto de se unirem “como um homem com um coração.”

Assim que alcançaram esse nível de união, lhes foi confiado concretizar a visão de Abraão de uma sociedade unificada e lhes foi dada a tarefa de serem “uma luz para as nações” ao darem um exemplo de união e responsabilidade mútua. Daí para a frente, eles seriam responsáveis por trazerem a harmonia para o mundo e seriam responsabilizados quando quer que o conflito que não pudesse ser coberto com amor irrompesse.

Todavia, cerca de 2000 anos atrás, os Judeus perderam sua batalha contra o ódio interno, que causou a ruína do Templo e seu exílio da terra. Pior ainda, ao perderem sua união, eles perderam a aptidão de serem uma luz para as nações e se tornaram párias para onde quer que fossem.

O único lugar onde os Judeus estavam em casa era Israel, mas somente se fossem verdadeiramente Israel, unidos acima de seus egos e espalhando sua união pelo mundo.

Um Lar Nacional por um Propósito Internacional

Apesar do ódio por Judeus selvagem, até os mais ferozes antissemitas sempre reconheceram nosso papel especial. Até escreveu Hitler, “Quando escrutinei a actividade do povo Judeu, subitamente lá surgiu em mim a temerosa questão se o impenetrável Destino … não desejara, com resolução eterna e imutável, a vitória final desta pequena nação.”

Lord Balfour e Lloyd George sentiam que os Judeus tinham um direito à terra de Israel. Mas tal como qualquer outra pessoa no mundo, eles sentiram que esta terra era destinada a uma finalidade maior. Com sua declaração, eles nos deram uma chance de reinstalar nossa união e nos tornarmos aquilo que éramos suposto sermos, “uma luz para as nações,” compartilhando a luz da união e amor pelos outros pelo mundo fora.

Talvez tenha levado mais tempo que Balfour tenha imaginado, mas no final a “terra nacional do povo Judeu” foi estabelecida. Agora devemos dar bom uso a nosso compromisso, ou a terra será retirada uma vez mais, tal como as votações tais como aquela na UNESCO indicam. Baal Hasulam escreveu que “nos foi dada a terra, mas nós não a recebemos” (“Um Discurso pela Conclusão do Zohar“). Por outras palavras, aqui vivemos, mas ainda não levamos a cabo nossa tarefa.

Num mundo cheio de crises que derivam somente da má vontade, nada é mais vital que um antídoto para nossos egos. O mundo não precisa de outra nação startup. Ele precisa de ver como as pessoas superam seus egos e se unem acima deles. Nós, os pioneiros pré-históricos, aqueles que plantaram no coração de todo o ser humano os princípios, “ama teu próximo como a ti mesmo” e “aquilo que odeias, não faças aos outros”, somos evocados a completar nossa tarefa.

Ninguém senão nós seremos capazes de responder à questão que o historiador T.R. Glover coloca: “É estranho que as religiões vivas do mundo todas se edifiquem sobre ideias religiosas derivadas dos Judeus. …A grande questão não é ‘o que aconteceu?’ mas ‘por que aconteceu?’ Por que vive o Judaísmo?” (O Mundo Antigo). A resposta não virá em palavras; ela virá em acções, na união que implementaremos entre nós e subsequentemente compartilharemos com o mundo inteiro.

A Inovação Judaica que Todos Precisam

David Ben Gurion, o primeiro Primeiro Ministro de Israel, disse uma vez que “A imagem espiritual e solidez interna do Estado de Israel serão o elemento chave na nossa segurança e no nosso estatuto internacional” (Estrelas e Pó). Alcançámos o ponto de ruptura: Ora vivemos pelos valores de união e responsabilidade mútua sobre os quais nossa nação foi estabelecida e damos um exemplo positivo ao mundo, ou perderemos nosso direito a esta terra aos olhos do mundo.

Pouco depois do estabelecimento do Estado de Israel, Baal Hasulam escreveu, “O judaísmo deve apresentar algo de novo às nações. É isto que elas esperam do retorno de Israel a sua terra! Não está noutros ensinamentos, pois nisso nós nunca inovámos. Em vez disso, é a sabedoria da doação, justiça e paz. Nisto, maioria das nações são nossos discípulos e esta sabedoria nos é exclusiva a nós” (Os Escritos da Última Geração). Mais à frente no livro, Baal Hasulam acrescenta que a menos que levemos a cabo nosso papel, “O sionismo será cancelado por completo. Este país é muito pobre e seus residentes estão destinados a atravessar muito sofrimento. Indubitavelmente, ora eles ou seus filhos vão abandonar o país e somente uma mão cheia permanecerá, que será por fim engolida entre os Árabes. …Um retorno como o de hoje não impressiona de todo as nações e devemos temer que elas venham a vender a independência de Israel por suas necessidades, desnecessário será mencionar o regresso de Jerusalém.”

A Escolha Está nas Nossas Mãos

Quase um século depois da Declaração de Balfour, estamos a ficar sem tempo. Mas a escolha está nas nossas mãos. Se escolhermos união sobre a separação, vamos reacender a força que nos fez uma nação para começar. Maimónides escreveu em Um Guia para o Perplexo, “Tivesse o homem conhecimento da forma humana, todo o mal infligido sobre ele e sobre os outros teria sido prevenido. Ao conhecer a verdade, a animosidade e ódio desaparecerão e pessoas que se magoam umas às outras cessam.”

Nós, os donos do método da conexão, devemos estabelecê-lo entre nós e compartilhá-lo com o mundo. Nunca foi tão pertinente e tão vital para nosso futuro. A Declaração de Balfour afirma nosso direito a esta terra, mas também nosso compromisso para o mundo. Nós temos a terra, ainda nos falta sermos uma luz para as nações.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post
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Nos Matamos Suavemente (com o Politicamente Correcto)

Em vez de abafarmos nossas diferenças, devemos encorajar as pessoas a contribuírem suas aptidões especiais à sociedade

A presente eleição é tão nauseante que é verdadeiramente difícil de suportar. Porém, nesta coluna, gostaria de me focar numa faceta especifica da sociedade ocidental que Trump parece explorar precisamente ao ir totalmente contra ela: o politicamente correcto. De acordo com a Wikipedia, o termo “politicamente correcto” descreve “linguagem, políticas ou medidas que estão destinadas primariamente a não ofender ou prejudicar qualquer grupo especifico de pessoas na sociedade.”

Foto: Dreamstime, Licença: N/A2016-11-01

Construir Liberdade de Expressão Construtiva Foto: Dreamstime

Com os anos, temos usado mais e mais desta forma de auto-censura e apesar das boas intenções iniciais, fomos demasiado longe com ela. Em alguns dos casos, ser-se demasiado politicamente correcto pode ter piada, embora bastante bizarro. Podemos fazer piadas sobre como as escolas americanas transformaram árvores de Natal em árvores festivas, ou como a proposta do Parlamento Europeu de banir títulos tais como “Srª”, que em inglês indicam o estado civil, de modo a não causar ofensa.

Porém, quando pensamento critico legítimo é abafado sob o disfarce do politicamente correcto, há uma razão para soar o alarme. Quando a Alemanha se refreia de lidar com sua crise de violação dos migrantes por medo de ser acusada de Islamofobia ou xenofobia, este é um sério caso de excessivo politicamente correcto. Ou, quando académicos e membros do Partido dos Verdes Alemão consideram seriamente construir cidades separadas, ou como eles lhe chamam, “Nova Aleppo” para Muçulmanos dentro da Alemanha, esse é um claro sinal de que a cultura europeia já se perdeu. A França e o Reino Unido sucumbiram para o Islão há anos atrás. Agora que a Alemanha se juntou a eles, não há ninguém que reste para enfrentar tais valores como democracia, liberdade de pensamento e pluralismo. Numa questão de anos, a Europa como a conhecemos será dizimada. Mas tudo será feito com o politicamente correcto.

Por Que Estamos A Fazer Isto A Nós Próprios

O século 20 radicalmente mudou tudo aquilo que a humanidade sabia sobre a sociedade. O crescente sentido de direito individual conduziu nações para guerras numa escala global e sociedades a mudarem radicalmente formações com séculos de idade.

À medida que as linhas entre as classes sociais se começaram a ser ofuscadas, as pessoas se tornaram cada vez mais sensíveis sobre como eram tratadas. Palavras que eram usadas de uma maneira prática subitamente se tornaram depreciativas e foram substituídas por títulos menos directos e portanto menos claros.  Deste modo, prisioneiros se tornaram reclusos, cadeias se tornaram instituições de correcção (que não corrigem), os pobres se tornaram desfavorecidos e pessoas idosas se tornaram séniores (embora raramente os tratemos assim). Portanto, em nome das boas maneiras, deixamos de dizer a verdade. O estilo da campanha de Trump expõe nossa hipocrisia enquanto sociedade e seu sucesso é a prova de que as pessoas estão fartas da opressão do verdadeiro pluralismo vinda dos “progressistas”.

Não Somos Iguais; Somos Complementares

Há aproximadamente 10 triliões de células no corpo de um ser humano adulto. Destas miríade, não há duas iguais. Cada célula realiza uma tarefa diferente, até se ligeiramente, sem a qual a saúde geral do corpo seria comprometida.

Foto: Dreamstime, Licença: N/A2016-11-01

potencial único Foto: Dreamstime

Tal como células, cada ser humano é único, todavia juntos formamos uma única sociedade global. Mas ao contrário das células, nós denunciamos a complementaridade e procuramos a igualdade em vez disso. Nossos egos colocam-nos em constante competição uns com os outros para que pensemos que o que quer que todos os outros tenham, nós temos de ter também. Todos temos de ter aquilo que precisamos, mas nós temos diferentes necessidades e diferentes coisas nos fazem felizes. Confundimos sermos iguais com sermos os mesmos, então aspiramos às mesmas coisas, que eventualmente nos tornam igualmente infelizes.

Igualdade não é mesmisse; é o de direito igual que todos tenhamos de desenvolver nosso completo potencial pessoal. Se crescêssemos numa sociedade que ajudasse a cultivar nossa singularidade, não precisaríamos de competir pois nossa singularidade faria de nós especiais. Como resultado, utilizaríamos nossas aptidões únicas para beneficiar o todo da sociedade. Todos seriam diferentes, todavia complementares, tal como as células num corpo saudável são.

Construir Liberdade de Expressão Construtiva

Complementaridade é verdadeira não só nos nossos corpos. À nossa volta, a realidade é composta de elementos em competição que se complementam uns aos outros. Nossos egos adulteram nossa percepção da realidade, nos fazendo focar somente na competição e negligenciar a complementação. Todavia, a natureza mantém a vida através da ambas as facetas. No final, somente aqueles elementos que se ajustam ao meio ambiente e contribuem para o sucesso do ecossistema inteiro sobrevivem. Elementos que se concentram somente na competição eventualmente destroem seu próprio meio ambiente e portanto perecem juntamente com ele. Ironicamente, o processo de selecção natural garante que elementos excessivamente egoístas não sobrevivem.

Mas nós, humanos, até então parecíamos ter “vencido o sistema.” Durante mais de um século até agora, temos explorado e esgotado todas as coisas ao nosso redor, desde recursos naturais a pessoas vulneráveis, até nações. Se não mudarmos nosso modo de operar, vamos perecer.

Hoje, em vez de ofuscarmos nossas diferenças em nome do politicamente correcto, devemos abraçá-las e encorajar as pessoas a contribuírem com suas  aptidões especiais para a sociedade. Isto vai revitalizar nossas sociedades e permitir novas ideias e que dinâmicas positivas se desenvolvam.

Ao construirmos nossas sociedades com diferentes pessoas que colaboram para criar uma sociedade sólida, vamos dominar a força complementar que contraria a de competição, o ego. Isto, por sua vez, vai permitir-nos manter nossa individualidade, todavia compensar nosso egoísmo através da contribuição de nossas habilidades para a sociedade em vez de as usarmos para explorar os outros.

Um Processo Gradual

Passadas décadas de nos amordaçarmos a nós próprios, sentimos uma necessidade de mudar. Todavia, precisamos de zelar para que não chicotiemos uns aos outros. Precisamos de achar o terreno comum entre manter nossas boas maneiras enquanto seguramos facas atrás de nossas costas e nos rebaixamos impiedosamente uns aos outros numa guerra total.

Precisamos de desenvolver novamente o pensamento critico e criativo, mas sem colocar em risco a capacidade das outras pessoas fazerem o mesmo. Se nos livrarmos do politicamente correcto de forma abrupta, isso vai criar o caos e vai ameaçar a estabilidade de nossa sociedade. O processo deve ser gradual e deve seguir uma regra de ouro simples: Competição e complementaridade devem sempre coexistir.

Enquanto introduzimos gradualmente a cura para equilibrar a competição com a complementaridade, o politicamente correcto vai lentamente morrer. O entusiasmo das pessoas com o palavreado brusco de Trump indica que precisamos de começar a chamar às coisas aquilo que elas são de verdade. A sociedade americana está a desintegrar-se por dentro; a sociedade europeia está nos seus sopros finais e as pessoas sentem que alguém deve levantar o véu do nosso educado embuste antes que todos nos matemos suavemente com palavras politicamente correctas.

Há uma força positiva e construtiva entre nós suprimida durante anos de censura verbal. Podemos desenfreá-la e reanimar a sociedade se o fizermos em prol de reconstruir a coesão social e a preocupação recíproca. Nos podemos tornar como o resto da natureza: robustos e cheios de vida. Mas teremos sucesso somente se ousarmos dizer o que pensamos verdadeira e livremente e então nos unirmos acima de nossas visões diversas.

Publicado originalmente no Haaretz

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A Doce Ignorância do Público Israelita Nos Pode Custar Imenso

Eventualmente, o mundo nos forçará a unir. Mas quanto mais esperarmos, mais severamente o mundo nos punirá

Recentemente, os Palestinianos subiram a parada na sua guerra política contra Israel na ONU. Ao contrário dos votos na UNESCO, que são mais declarações que resoluções com implementações práticas, um voto contra Israel no Conselho de Segurança da ONU (CSNU) pode apresentar verdadeiros desafios para Israel. Se não for vetado, tal voto pode conduzir a sanções políticas, económicas e até militares.

Foto: Dreamstime, Licença: N/A2016-10-27

Por que o Mundo Está Tão Preocupado com Israel Foto: Dreamstime

Todavia, o público israelita parece docemente ignorante da situação. Os EUA e Egipto impediram temporariamente Mahmoud Abbas de submeter seu pedido de voto no CSNU até depois das eleições nos EUA pois após a eleição os EUA não serão obrigados a vetar tal voto. Se submetido, o voto vai passar com uma maioria esmagadora, deixando Israel para enfrentar a repreensão do mundo sozinha. Isto mudaria o jogo. Ainda assim, ninguém em Israel fala sequer sobre isso.

Até o mundo nos esbofetear na cara, estamos absortos do perigo. Tamanha indiferença seria justificada se não houvesse nada que pudéssemos fazer sobre a situação. Em face de uma doença incurável, faz sentido não dizer ao paciente que seus dias estão contados. Mas nossa situação está longe de ser incurável. Nós podemos inverter a tendência e dispersar a hostilidade do mundo para nós. Porém, devemos despertar agora pois o tempo se está a esgotar e o ponto sem retorno não está muito longe na nossa frente.

Por que o Mundo Está Tão Preocupado com Israel

Se a ONU é qualquer reflexo da visão do mundo, então Israel é tanto mais o centro da atenção mundial, que alguns consideram isto uma obsessão. O antissemitismo anda por aí desde que há Judeus, mas nunca foi tão global e abertamente aceite de que o problema maior do mundo sejam os Judeus, ou neste caso, o estado Judeu.

Há uma boa razão para a atenção negativa que recebemos. O mundo responsabiliza-nos por todos os problemas no Médio Oriente e vê os problemas no Médio Oriente como a fonte de todos os problemas pelo mundo fora. Então no fim do dia, somos responsabilizados por todos os problemas do mundo.

Sobre Judeus e Egoísmo

A causa raiz dos problemas da humanidade é nosso egocentrismo. Se não fossemos tão egocêntricos poderíamos eliminar a fome global há décadas atrás, limitar as emissões de gases para o efeito estufa, salvar nosso planeta de catástrofes ambientais e prevenir a maioria, senão todas as guerras. Mas na ausência da capacidade de moderarmos nossos egos, a humanidade está trancada em guerras do ego que todos sabem que vão destruir a ampla maioria de nós, mas ninguém sabe como prevenir.

Todavia, há muitos séculos atrás, nossa nação achou um modo de não só reinar no ego, mas usá-lo para o bem comum. Tanto o Midrash (Bereshit Rába) como Maimónides descrevem os esforços de Abraão de circular a ideia de que a união nos pode elevar acima do ego. Abraão descobriu que ao nos unirmos, desbloqueamos a força que conecta todas as coisas à nossa volta, desde átomos até ao organismo vivo, até à sociedade humana.

Depois de Abraão ter sido expulso da Babilónia, ele continuou a espalhar sua sabedoria para onde quer que fosse. Usando as duas forças na existência, a força negativa do ego e a força positiva que Abraão havia descoberto, seus descendentes e discípulos continuaram a se desenvolver. Finalmente, assim que concordaram se unir “como um homem com um coração” acima do ego, eles se tornaram uma nação.

A escalada de Moisés ao Monte Sinai, da palavra Hebraica, Sinaá (ódio), simboliza o sucesso de Israel em derrotar o ódio nos seus corações ao se unirem acima dele. Enquanto Israel continuou a deambular pelo deserto Sinai, o deserto do ódio, eles aperfeiçoaram seu método, que descreveu Rei Salomão sucintamente nos Provérbios (10:12): “O ódio incita ao conflito, mas o amor cobre todos os crimes.”

Enquanto o resto do mundo ainda chafurdava no hedonismo, o povo de Israel se envolvia num método que lhes revelava o segredo de uma sociedade equilibrada e próspera e lhes dava o conhecimento sobre nosso mundo com o qual outras nações não podiam sequer imaginar. Desde então, o mundo tanto odiou como temeu os Judeus.

Mas os Judeus não receberam esse conhecimento para eles mesmos. Abraão pretendia compartilhar aquilo que ele havia achado com seus conterrâneos Babilónios. Como ele, Moisés queria que todos aprendessem o segredo para mitigar o ego e levar uma vida feliz. Moshé Chaim Lozzatto, o Ramchal, escreveu que “Moisés desejara completar a correcção do mundo nesse tempo. … Porém, ele não teve sucesso devido às corrupções que ocorreram no caminho” (O Comentário do Ramchal sobre a Torá). A correcção que cabe aos Judeus é a realização do compromisso de serem “uma luz para as nações.”

Embora maioria das pessoas esteja inconsciente disso, a raiva do mundo para nós tem a ver com a tarefa que recebemos no pé do Monte Sinai: de trazer a correcção ao ego. Descreveu esta sensação Herman Rauschning, um conservador alemão que se juntou durante pouco aos Nazis, quando escreveu que “O judaísmo é  …o eterno ‘chamamento para Sinai’ contra o qual a humanidade uma e outra vez se rebela” (A Besta do Abismo).

A Obsessão da ONU É Nosso Apelo à Acção

A ONU já declarou que não teremos parte no Monte do Templo. Amanhã ela vai declarar que não teremos parte em Hebron e na Gruta de Machpelá e no dia depois de amanhã vai declarar que não teremos parte em Yafó, Lod ou Ramla. Finalmente, a ONU vai declarar que não somos sequer Judeus autênticos mas Europeus e portanto devemos ser expulsos da Palestina, seja pela força ou pela extinção e actuam sob sua decisão.

Mas não é tarde demais. Tal como o mundo foi conduzido pelo ego há milhares de anos atrás, ele é conduzido pelo ego hoje. O remédio que Abraão oferecera ao seu povo e que Moisés queria oferecer ao mundo inteiro, é mais pertinente agora que alguma vez foi. A diferença é que agora o mundo está concentrado em nós, que qualquer coisa que façamos imediatamente vai receber a atenção do mundo.

Se cobrirmos nossos egos e nos unirmos, o mundo prontamente vai tomar nota. Não precisamos de mostrar ou ensinar alguma coisa para ninguém. Nós já somos “o evento principal.” Tudo o que temos de fazer é fazer a nossa parte e cobrirmos nossos egos de amor, tal como Rei Salomão descrevera. Isto vai dar o exemplo certo e as pessoas finalmente vão entender por que há Judeus.

Entre a direita e esquerda, observantes e seculares, Asquenazes e Sefarditas e todos os outros antagonismos da sociedade israelita, é provavelmente verdade que se os árabes fossem espertos eles nos deixariam em paz para nos matarmos uns aos outros ou nos enviaríamos para longe. Mas eles não nos deixam em paz. Eles nos vão pressionar até que sejamos forçados a nos unirmos. Quanto mais esperarmos, mais severamente o mundo nos punirá.

Gostemos ou não, nós somos o povo cujos antepassados se uniram acima de seus egos e nos legaram a tarefa de espalhar a luz desta forma única de união para o mundo. Enquanto brigarmos, o mundo nos culpará não só pelas guerras no Médio Oriente, mas por toda a outra guerra, também. Eles não conseguem superar seus egos a menos que nós superemos o nosso e portanto mostremos como. Até nos unirmos, o mundo não aceitará nossa existência pacífica em Israel ou em qualquer outro lugar.

Publicado originalmente no Haaretz

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Meu Artigo no Ynet: “Será Que Nós Perdemos O Nosso Caminho Como Nação?”

Será que a decisão de negar a nossa relação histórica com o Monte do Templo é apenas o tiro de advertência antes da iminente deslegitimação do Estado de Israel em todo o mundo? Será que a verdadeira razão para essa decisão é o conflito entre palestinianos e colonos na Cisjordânia, ou nós perdemos o nosso caminho como a nação de Israel? (Dr. Laitman sobre o verdadeiro legado da nação judaica).

A grande ansiedade sobre o destino do Estado de Israel não me permite ficar de braços cruzados. A decisão da UNESCO, que nega a estreita ligação entre o povo judeu e o Monte do Templo e o Muro das Lamentações não é o que me incomoda, mas o fato de que este é o primeiro passo e uma boa forma de negar a legitimidade do Estado de Israel.

É a decisão é apenas uma deslegitimação contra Israel? (Foto: Reuters)

O povo judeu tem uma memória de longo prazo. Nossa ligação histórica com a herança judaica ou a terra de Israel não será cortada por organizações internacionais e declarações diplomáticas. Nós ainda nos lembramos muito bem do Holocausto a que fomos submetidos, a grande tensão pouco antes da declaração da fundação do Estado de Israel, a grande alegria nas praças da cidade, e o anúncio comovente de Mota Gur da ONU (“Monte do Templo está em nossas mãos”) no final da Guerra dos Seis Dias. Nós nos esquecemos apenas de uma coisa importante: o nosso papel na história da humanidade.

As Nações Unidas e a Nação que Une

De acordo com a sabedoria da Cabalá, a relação entre Israel e as nações do mundo não mudou nem um pouco nos últimos 3.500 anos. A nação judaica foi fundada na antiga Babilônia quando diferentes indivíduos, famílias e tribos que eram estranhos entre si concordaram em seguir a ideia espiritual revolucionária conduzida por Abraão, o pai da nação. A divisão social naquela época atingiu picos sem precedentes devido ao ego em erupção, e o ódio mútuo e a repulsão tornaram-se parte da vida diária. Abraão, um estudioso babilônico único, recusou-se a aceitar a situação como inevitável, e começou a explorar a natureza e o sistema da criação. Ao estudar a si mesmo e com sua profunda pesquisa, ele descobriu que a humanidade está ligada por uma rede de laços, e na base deste sistema nós podemos ver apenas duas forças: positiva e negativa. A força positiva está constantemente trabalhando para reunir e conectar todos os indivíduos em um todo, enquanto a força negativa opera para separar e dividi-los.

Abraão concluiu que a regularidade interna que existe em um indivíduo é verdadeira no que diz respeito aos sistemas da natureza. Ele concluiu que a solução imediata para a sociedade babilônica em crise era restabelecer o equilíbrio para com as más relações entre eles através do fortalecimento da força positiva na natureza. Assim, ele gradualmente orientou os babilônios e lhes ensinou como desenvolver a unidade entre eles como o valor supremo e subir acima da natureza egoísta que os separava. ”Abraão começou a chamar toda a nação para que eles soubessem que há um Deus no mundo. Como eles costumavam se reunir em torno dele e fazer-lhe perguntas, ele costumava falar com todos de acordo com o seu nível de compreensão, até trazê-los de volta ao caminho da verdade, até que milhares e centenas de milhares de pessoas se reuniram em torno dele, e esse é o povo da casa de Abraão. E ele plantou esta grande ideia em seus corações e escreveu livros, e esta ideia cresceu e se desenvolveu entre os filhos de Jacó e seus seguidores e uma nação que conhece o Senhor foi fundada no mundo” (Rambam, “Mão Forte”). Assim, o método de conexão entre as pessoas se desenvolveu: o antigo método chamado sabedoria da Cabalá.

Os babilônios que ouviram o conselho de Abraão e reforçaram as bases da garantia mútua e do amor ao próximo descobriram um fenômeno natural que não conheciam antes. Eles descobriram que, quando os seus relacionamentos ascendem ao nível do amor incondicional, uma sensação de harmonia e plenitude se espalha entre eles, uma espécie de força superior que conecta todas as forças individuais separadas em uma só, que eles chamaram de Deus. As centenas de milhares de babilônios que compunham este grupo e que visavam diretamente à força de conexão que foi revelada entre eles, Yashar El, se chamaram povo de Israel.

A força que está escondida na nação judaica

Desde o dia em que a nação de Israel foi fundada sobre a base da unidade, eles receberam a missão de difundir o método de conexão entre as setenta nações do mundo, os babilônios que não escolheram seguir Abraão e que se dispersaram em todo o mundo. Uma vez que todo o mundo está ligado por uma rede harmoniosa de laços que se esforça em manter o equilíbrio constante, os destinos de Israel e das nações do mundo – as duas partes opostas que operam no sistema – são dependentes e conectados entre si. A parte chamada nações do mundo constantemente exige que a parte chamada Israel seja uma Luz para as nações e dê um bom exemplo de unidade, acima de todos os fatores de divisão, “já que o segredo da unidade do mundo está ocultado em Israel”, como diz Rav Kook.

Directora Geral da UNESCO Irina Bokova (Foto: AP)

Muito tem sido escrito sobre as ligações diretas e indiretas entre Israel e o mundo nas fontes Cabalísticas autênticas, especialmente no Livro do Zohar, que foi escrito há 2.000 anos: enquanto Israel manteve a força da conexão entre eles, a força positiva foi transmitida através deles ao mundo e foi bom para todos. Mas quando eles começaram a discutir entre si e perderam o sentido de unidade e garantia mútua, as nações do mundo se levantaram contra eles, com a demanda inconsciente pela vitalidade que a força oculta na nação judaica desperta.

O mundo sente inconscientemente que a fonte de todo o mal e a raiz do sofrimento que atravessa estão diretamente ligadas ao fato de que a nação de Israel não está cumprindo seu papel. O fato de Israel ser a nação mais odiada no mundo, seja por razões religiões, por motivos raciais, pelo capitalismo ou comunismo, pelo cosmopolitismo e muito mais, o ódio que está na raiz de todas essas razões é que todos desculpam seu ódio de acordo com a sua própria psicologia, como diz Baal HaSulam. Esse sentimento de ódio está se formando entre muitos e criando uma tendência refletida na atitude hostil em relação a Israel. As decisões da UNESCO sobre o Monte do Templo podem deteriorar até mesmo as decisões mais hostis e o entendimento de que o mundo estava errado quando votou a favor da criação do Estado judeu no coração do Oriente Médio, e que agora é hora de voltar atrás em sua decisão e agir no sentido de negar a legitimidade do único Estado judeu no mundo.

Rav Yehuda Ashlag nos avisou sobre isso uma centena de anos atrás, quando disse: “Nós precisamos dar aos gentios a sabedoria da conexão, justiça e paz, pois é apenas no que diz respeito a isso que eles são nossos alunos, e isso é o que eles têm esperado desde o nosso regresso a Israel. E a sabedoria da Cabalá é atribuída apenas a nós, e mostra a todos os gentios a justificativa de Israel em retornar à sua terra e até mesmo para os árabes. Mas o nosso retorno não impressiona os gentios hoje de forma alguma e nós temos que nos apressar, porque se não o fizermos, eles vão vender a independência de Israel para satisfazer as suas próprias necessidades, sem falar do retorno de Jerusalém”. (Os Escritos da Última Geração”, Baal HaSulam).

Nós determinamos o nosso próprio destino

A UNESCO, a ONU, a UE e outros organismos que nos condenam e votam contra nós são uma espécie de reflexo do nosso fracasso em cumprir o nosso papel. Em outras palavras, nós oferecemos a UNESCO os motivos de suas decisões, e as nações do mundo só executam essas decisões. A atitude do mundo em relação a nós depende apenas de nós, e cabe a nós determinar se o mundo vai continuar a demonstrar ódio e antissemitismo, ou se eles vão entender e respeitar a nossa presença na terra de Israel!

Dr. Laitman com Srª Irina Bokova, Directora Geral da UNESCO (Foto: Kabbalah La’am)

Cerca de dois anos atrás, eu me encontrei em Paris com a Sra Irina Bokova, secretária-geral da UNESCO, como parte dos meus esforços em estimular uma mudança positiva de atitude da organização em relação ao Estado de Israel. Embora eu já tivesse previsto o resultado da reunião antes da minha viagem a Paris, ainda sentia que era importante tentar. Infelizmente, o resultado da reunião provou o que os nossos professores, os grandes Cabalistas, têm dito: não há nenhuma razão em esperar qualquer tipo de mudança por parte dos fatores políticos. A decisão sobre o futuro do Estado de Israel, para melhor ou para pior, está em nossas mãos.

“O objetivo de Israel é o de unir o mundo inteiro como uma família” (Rav Kook). Tudo o que temos a fazer é decidir fazer uma mudança profunda em nossas relações interpessoais, se conectar como um homem em um só coração, e parar de se preocupar apenas com a gente. A força positiva que vamos criar entre nós vai equilibrar as forças que dividem e, assim, vamos trazer perfeição à rede de conexões entre as pessoas. A força da conexão irá permear entre as nações do mundo e obrigá-las a iniciar um processo semelhante, de se conectar e nos reconhecer como a fonte de conexão e bondade. ”A nação de Israel foi feita para ser uma espécie de transmissor por meio do qual centelhas fluirão a toda a humanidade em todo o mundo até que elas se desenvolvam e sejam capazes de compreender a agradabilidade e tranquilidade que há no amor ao próximo. E quando os filhos de Israel forem preenchidos com pleno conhecimento, o fluxo das fontes de sabedoria transcenderá a fronteira de Israel e será derramado a todas as nações do mundo” (Escritos do Baal HaSulam).

Publicado originalmente no Ynet

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A Torá — Não É o Que Você Pensa Que É

A Torá não é um livro; ela é uma ferramenta que expande nossa percepção e nos deixa entrar no sistema que gere toda a realidade

A maioria dos judeus experimenta pelo menos alguma forma de estudo da Torá. Se você cresceu como secular, provavelmente estudou o Pentateuco, os principais livros dos Profetas, alguns dos mais notáveis poemas dos Salmos e pouco mais. Se você cresceu como observante, estudou muito mais intensamente os textos do Tanách (Pentateuco, Profetas, Escritos), bem como muitos outros textos relacionados à Torá como o Mishná e Guemará.

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Como a Torá Abre Nossos Olhos Foto: Dreamstime

Mas sendo observante ou não, a hipótese é que tenha perdido o propósito de estudar a Torá e portanto não entendeu o sentido do texto ou como ele o deve afectar. Para realmente entender a Torá, você precisa de estudá-la não em prol de aprender a história do nosso povo, sua ética, ou como observar seus mandamentos. A Torá é uma ferramenta para quebrar os limites da nossa percepção e nos permitir ver o sistema que maneja o todo da realidade.  Mas para expandirmos nossa visão, precisamos de nos mudar a nós próprios de indivíduos egocêntricos para seres humanos atenciosos e conectados que amam aos outros como a si mesmos.

O Que Limita Nossa Percepção

Toda a realidade funciona de acordo com a interacção equilibrada entre duas forças, positiva e negativa. Estas forças se manifestam em dar e receber, conectar e desconectar, inalar e exalar, dia e noite e todos os outros opostos que se complementam um ao outro. Sem este equilíbrio, nosso universo não seria como é e nossa existência não seria possível.

Mas nós, humanos, somos diferentes. A Torá diz que “A inclinação do coração do homem é má desde sua juventude” (Gén. 8:21)  e “Toda a inclinação dos pensamentos do coração [do homem] era somente o mal” (Gén. 6:5). Sem a força positiva, não conseguimos perceber o quadro completo da realidade e portanto tomamos nossas escolhas baseando-nos numa visão mundial completamente distorcida. Hoje estamos num ponto em que nossa percepção egocêntrica da realidade se tornou uma bomba-relógio e o temporizador está quase no zero.

Todavia, temos um remédio comprovado que consegue implantar dentro de nós as qualidades da força positiva. Assim que a adquiramos, saberemos como gerir nossas vidas beneficamente para nós e para os outros. Nossos antepassados chamaram a este remédio, “Torá.” De acordo com o Talmude, Deus disse para Israel: “Meus filhos, Eu criei a inclinação do mal [egoísmo] e Eu criei para ela a Torá como tempero. Se vos envolveres na Torá não sereis entregues a ela” (Kidushin 30b).

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Como a Torá Abre Nossos Olhos

Está escrito no Midrash Rába (Eichá): “Quem dera que Me deixassem e mantivessem Minha Torá, pois ao se envolverem nela, a luz [força] nela os reformaria.” A força (ou luz) na Torá é a força positiva que está ausente em nós e que equilibra todos os outros sistemas na natureza. Quando estudamos a Torá, entramos em contacto com ela. Então, muito em semelhança a como a indução eléctrica influencia os objectos no seu campo, nossa natureza assume as qualidades do campo de forças que a rodeia e adquire a força positiva. Assim que a adquiramos, vamos começar a ver a verdadeira e expansiva realidade ao nosso redor. Percebemos por que as coisas acontecem e como conduzirmos nossas vidas e à nossa sociedade de um modo que traga equilíbrio e prosperidade a todos.

À medida que nossa percepção se expande além dos limites da percepção pessoal, começamos a ver o desenho e direcção de toda a realidade. Nossa percepção transcende o tempo e lugar e num sentido, nos tornamos eternos. Enquanto nossos corpos biológicos não mudam, enquanto nossa percepção de nós mesmos se separa dos nossos corpos, ela se torna ilimitada da existência ou expiração biológica. Meu professor, o RABASH, costumava dizer que para tais pessoas, a morte é como mudar de blusa: você sai do corpo velho e entra num novo.

Adquirir Novas Qualidades

Diz o Talmude de Jerusalém, “‘Ama teu próximo como a ti mesmo.’ Diz Rabi Akiva, esta é a grande regra da Torá” (Nedrasim 30b). Em prol de colher os benefícios da Torá, você precisa de criar o campo de forças supracitado. Tal como uma equipe de esportes, você precisa de outras pessoas perto de si como “parceiros para praticar.” Com eles, vai dominar suas capacidades de dar e se ajustar a si mesmo à força positiva até que ela o comece a mudar por dentro. Sozinho, tal mudança é tão oposta à nossa natureza que isso nunca vai acontecer, uma vez que  “Ordenar uma pessoa a amar o seu amigo é desconcertante pois isso é inatamente impossível” (Torá Temimá, Vayikrá).

Torá no Tempo da Crise

Uma vez que o estudo da Torá abre nossos olhos para o completo sistema da realidade, num tempo em que o egoísmo devasta nosso mundo, entender como geri-lo é vital para nossa sobrevivência. Agora devemos apresentar a verdadeira Torá: a força que nos reforma. Quanto mais a impedirmos, mais o mundo nos responsabilizará de suas crises. E quanto piores as crises se tornarem, mais as pessoas nos odiarão. Podemos chamar a isto antissemitismo, mas a humanidade chama-lhe de “verdade.” Não faz diferença que as histórias que os antissemitas contam sobre nós sejam falsas; tudo o que importa é que somos realmente responsáveis pois não fornecemos o método de correcção para o ego. O resto são detalhes.

Agora, num tempo de crise, devemos desmascarar os mitos à volta da Torá e começarmos a vê-la pelo que ela é. Como escreve o Baal Hasulam, “Torá se refere à luz [força] vestida na Torá, como disseram nossos sábios, ‘Eu criei a inclinação do mal, Eu criei a Torá como tempero.’ Isto se refere à luz nela, uma vez que a luz nela a reforma.”

Agora devemos entender o que nos é requisitado que façamos pelo mundo, que mensagem devemos transmitir e como nos devemos conduzir enquanto indivíduos e enquanto nação. Devemos entender que somos Israel somente quando estamos unidos e procuramos amar nossos próximos como a nós mesmos, pois então estamos em contacto com a força positiva na Torá e podemos transmiti-la ao mundo. Se nos envolvermos na Torá em prol de equilibrar nosso egoísmo, vamos eliminar o ódio pelos judeus, a humanidade vai sobreviver às crises e vamos equilibrar o inteiro sistema da natureza. Mas somente se não o impedirmos…

Publicado originalmente no Haaretz

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Por Que Estamos Felizes em Simchat Torá

As Grandes Festas representam o processo de transformação de receptores para dadores. Na sua conclusão, no dia de Simchat Torá, celebramos o sucesso da mudança.

Soldados dançam com pergaminhos da Torá durante as celebrações de Simchat Torá na região de Eshkol no Negev em Setembro de 2010.. (foto:AMIR COHEN – REUTERS)

Hoje à noite celebramos Simchat Torá (Rejubilar com a Torá), tendo concluído o ciclo anual de leitura pública da Torá. Mas por que celebramos? Isso agrada à Torá que a tenhamos acabado de ler? Deve isso nos agradar? Se não, então qual é o verdadeiro sentido de rejubilar com a Torá?

O Livro do Zohar (Terumá) escreve que a “Torá é luz e aquele que se envolve na Torá é recompensado com a luz.” A “luz” de que O Zohar fala é um termo emprestado que denota uma força criativa que engendra tudo aquilo que existe. Em semelhança ao Zohar, o ARI escreve na Árvore da Vida: “Sabe, que antes das emanações serem emanadas e as criaturas serem criadas, a simples luz superior havia preenchido toda a realidade.” Esta luz, continua o ARI, “emanou, criou, formou e fez todos os mundos.”

A luz trabalha de acordo com um princípio muito simples: dar, dar e dar mais ainda. Por causa disso, a natureza que ela plantou na realidade é um desejo de receber, receber e receber mais ainda. Esta qualidade de dar criou todas as coisas à nossa volta, o universo inteiro connosco dentro dele. Quando estudamos nosso universo, as galáxias, planetas, animais e até a nós mesmos, na realidade estudamos as manifestações desta luz.

Mas tudo aquilo que a nossa ciência avançada, aceleradores de partículas e laboratórios de alta tecnologia nos podem ensinar são detalhes sobre as manifestações desta luz. Eles nada nos dizem da qualidade da luz em si mesma. Descobrir os atributos da Luz requer que nós mesmos adquiramos essas características. Como abaixo veremos, Simchat Torá simboliza a felicidade daquele que teve sucesso em adquirir a qualidade da Torá (luz): completa e absoluta benevolência.

O Princípio de uma Nova Era

“A inclinação do coração do homem é má desde sua juventude” e “toda a inclinação dos pensamentos do coração  [do homem] era somente mal,” nos conta a Torá no Génesis. Quando nascemos, somos completamente opostos a dar, à luz. Maioria de nós estão à vontade com nossa natureza egocêntrica. Mas quando esta natureza se torna prejudicial para nós e para os outros, isso nos força a procurar outras alternativas. Esta é a situação do nosso mundo de hoje.

Actualmente, estamos no começo de uma nova era da evolução humana. Nossas vidas se tornaram tão mutuamente dependentes que agora somos um único sistema global. Em tal sistema, o egocentrismo prejudica não só o meio ambiente, mas também o indivíduo egocêntrico. O único modo de mantermos um sistema interligado é adoptar a qualidade da luz de dar. Um pouco como Don Corleone em O Padrinho, a realidade está a fazer-nos uma oferta que não podemos recusar: “Tornem-se dadores ou sejam extintos.”

Aprender a Receber a Qualidade de Dar

Apesar da dificuldade aparente, há um caminho pavimentado e comprovado para alcançar a transformação que precisamos de fazer. É assim que funciona: Os rádios transmitem estações cujo comprimento de onda possam reproduzir dentro deles. Para achar uma estação específica, você precisa de criar esse comprimento de onda específico dentro do rádio. Se a frequência da estação e a frequência criada no rádio corresponderem, o rádio “recebe” a estação e você escuta aquilo que ela está a transmitir. Também aqui, se você mudar para o modo de dar, você vai ressoar com a qualidade da luz e “recebe” a sua qualidade. Mas uma vez que não consegue dar quando está sozinho/a, vai precisar de pessoas semelhantes com as quais possa “praticar” dar. Deste modo, vai formar uma sociedade sustentável e próspera de dadores que adquiriram a qualidade da luz de benevolência.

A necessidade de nos tornarmos dadores em prol de estabelecer uma sociedade próspera é o ímpeto subjacente à ênfase Judaica contínua sobre o amor pelos outros. “Ame seu próximo como a si mesmo,” “como um homem com um coração” e “aquilo que odeias, não faças aos outros” não estavam destinados a ser princípios morais, mas ferramentas práticas para criar uma sociedade cujos membros tenham adquirido a qualidade de dar, ou, colocando-o diferentemente, uma sociedade que rejubila com a Torá. No decorrer do processo, nossos antepassados criaram uma sociedade cuja ética era incomparavelmente mais alta que a dos seus contemporâneos, mas este era mais uma espécie de efeito colateral positivo em vez da meta em si mesma.

Há cerca de vinte séculos atrás sucumbimos a nossa natureza inerente e o ódio recíproco que irrompeu entre nós enviou nosso povo para o exílio. Todavia, durante as eras, o remédio para nossa praga tem sido o mesmo: praticar a doação acima do ego e deste modo o curando. O livro, Maor Vashemesh, afirmou há duzentos anos atrás que “A coisa da qual tudo depende é o amor e fraternidade entre os filhos de Israel, pois quando há paz, amor, fraternidade e amizade entre eles, eles conseguem receber a Torá.”

Cento e cinquenta anos mais tarde, escreveu Baal Hasulam, “Está escrito, ‘e lá Israel acamparam ante a montanha.’ Interpretaram-o nossos sábios, ‘como um homem com um coração.’ Isto assim é pois toda e cada pessoa da nação se separou a si mesma do amor próprio e somente queria beneficiar seu amigo, como demonstrámos a respeito do mandamento, ‘Ama teu próximo como a ti mesmo.’ Sucede-se que todos os indivíduos da nação se reuniram e se tornaram um coração e um homem, pois somente então eram eles qualificados para receber a Torá.”

Uma Causa para Celebrar

As Grandes Festas representam o processo de transformação de receptores para dadores. Na sua conclusão, no dia de Simchat Torá, nós celebramos o sucesso da mudança.

Neste Simchat Torá vamos reflectir sobre o tipo de indivíduos que somos e na sociedade que nos tornámos. Até se descobrirmos que não somos tão puros como gostaríamos de ser, há uma razão para rejubilar pois o reconhecimento da verdade é o primeiro passo para o melhoramento.

Num tempo em que Israel e os Judeus são apontados para o criticismo por todo o mundo, temos uma chance de agarrar o momento. A atenção global que recebemos, por muito negativa que seja, é nossa chance de sermos “uma luz para as nações.” Ela é uma janela de oportunidade para mostrarmos ao mundo o caminho para a luz que nossos antepassados descobriram há muitos séculos atrás e que eles pretendiam compartilhar com o mundo. Tudo o que precisamos é de praticar este simples método de união entre nós. Nosso exemplo é tudo o que o mundo requer em prol de perceber que há uma alternativa para o ódio e conflito e que o povo de Israel indicam o caminho para ela.

Esta pode ser uma boa razão para rejubilar com a luz da união, a que chamamos a “Torá.”

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Meu Artigo no Ynet: “Desculpe-me, Do Que Somos Culpados?”

Elul é o último mês no calendário hebraico, por isso é considerado um mês de reflexão sobre o ano passado e uma preparação para o novo ano. Para quê e por quê devemos pedir perdão, e como devemos agir quando a razão é descoberta? Dr. Michael Laitman ensina como realmente perdoar.

Quatorze bilhões de anos atrás, o Big Bang ocorreu e o universo foi criado. Uma enorme quantidade de energia que estava concentrada em um pequeno ponto explodiu em todas as direções e o universo começou a se expandir a uma velocidade tremenda. As muitas partículas que foram criadas se juntaram em átomos, e os átomos em estrelas e galáxias. Bilhões de anos depois, o planeta inanimado Terra foi formado, e as plantas e animais se desenvolveram nele até o nascimento da humanidade.

O homem viveu pacífica e calmamente, em equilíbrio com o resto da humanidade e com as forças da natureza, até que, de repente, uma outra explosão ocorreu. “O Big Bang da humanidade” quebrou a unidade pastoral na sociedade humana, e começou a distanciar as pessoas umas das outras, similar à forma como as estrelas no universo continuam a se afastar.

A força negativa, egoísta e inconsciente da separação que operava para nos distanciar foi identificada pela primeira vez por um ser humano chamado Adão. Ele entendeu que deveria curar o abismo entre seus contemporâneos. Visto que ele foi o primeiro a trazer uma mudança substancial no sistema de relações quebradas entre as pessoas, temos o costume de celebrar a sua descoberta em Rosh Hashaná.

Há 14 mil milhões de anos antes o Big Bang criou o universo. Nebulosa do Caranguejo (Foto: NASA)

Quatorze Bilhões de Anos Atrás, o Big Bang Aconteceu, e o Universo Foi Criado

Desde então, 5.777 anos se passaram. Nós os contamos de acordo com o calendário hebraico, e a cada ano estamos acostumados a reexaminar a essência de nossas vidas e o nosso papel neste mundo. Uma das perguntas que pode nos ajudar a definir a nossa situação é a seguinte: será que nos tornamos mais próximos entre nós este ano acima da nossa tendência natural que nos separa, ou não? Este exame de consciência é chamado de Slichot (pedir perdão) e para interiorizar o seu significado, nós devemos realizar uma curta viagem através do tempo.

Apresentando a Escolha de Israel

Vinte gerações se passaram desde que o ser humano desenvolveu suas observações e foi chamado de Adam HaRishon (O Primeiro Homem), até que a maioria da humanidade se estabeleceu no centro do mundo antigo, a antiga Babilônia.

Devemos fazer um check-in diário e verificar em profundidade a forma como avançamos em direção à conexão entre nós.

Neste período, duas forças opostas naturais estavam trabalhando sobre a humanidade: a força da conexão, a força positiva que se esforça para desenvolver a sociedade através da manutenção de conexões de responsabilidade mútua, e oposta a ela, a força da separação, a força negativa que é controlada pela natureza egoísta. A força negativa é o que distanciou e separou os moradores de Babilônia a um nível previamente desconhecido até que, finalmente, pararam de se falar e se tornaram inimigos. Essas forças opostas da natureza que entraram em confronto uma com a outra causaram uma crise difícil, mas tal como uma planta brota de uma semente no solo que as rachaduras abrem, a partir da crise entre as pessoas, uma nova humanidade nasceu.

A fratura social continuou a se desenvolver, e a humanidade foi espalhada sobre a face da Terra. Apenas um pequeno grupo de pessoas decidiu desafiar as forças da natureza e, na verdade, se opôs ao processo de separação. Queimando dentro dessas pessoas estava uma unidade interior que as obrigava a se conectar.

Este grupo escolhido, chamava-se “Israel”, porque o seu desejo é ser Yashar – El (direto a Deus), como a característica da força eterna e completa da natureza. Em outros lugares, eles foram chamados de “hebreus” (Ivrim) porque já haviam se mudado (Avar) para agir de acordo com as leis da natureza, ou “judeus” (Yehudim) porque estavam agindo para se unir (Yichud) e se harmonizar com a natureza.

À frente deste grupo estava Abraão, um pesquisador intransigente que estava procurando o sentido da vida. Ele foi o primeiro a identificar a razão para a crise: o desenvolvimento do egoísmo que separa e distancia as pessoas. Abraão pediu aos seus alunos para serem fortes, para se levantar e fortalecer o espírito de unidade com todas as suas forças acima da terrível cisma. Seus esforços em se conectar despertou uma força positiva inerente à natureza. Esta força equilibrou a tendência negativa e os conectou em uma ligação forte que foi chamada de “um homem em um só coração”. A partir desses esforços, Abraão desenvolveu um método para a conexão que ele ensinou a todos os que vieram a ele. Esse método possibilitou que os membros do grupo começassem a desenvolver um sistema de relações entre eles com base em doação, amor e responsabilidade mútua que eles chamaram de Beit HaMikdash (Templo).

O Ponto de Viragem na História da Humanidade

Uma vez que os filhos de Israel atingiram um nível máximo de conexão entre eles, a situação deteriorou-se, e as conexões se enfraqueceram. Eles entenderam que, a fim de fortalecer as conexões entre eles, eles precisavam estar conectados a seus irmãos Babilônicos que tinham se dispersado e se tornado as setenta nações do mundo. O amor fraternal foi substituído pelo ódio infundado, levando não só à destruição do sistema de relações do “Templo”, mas também à destruição do Templo físico e continuou com a queda do reino unido de Israel. A força do ego continuou a dividir os Babilônios e semeou o ódio em todas as direções.

Um Ano Bom e Doce.

Por 2.000 anos, os judeus foram assimilados entre as nações do mundo. Por um lado, a centelha que Abraão semeou no povo de Israel começou a florescer no coração da humanidade, e, por outro lado, os Judeus absorveram novos desejos e opiniões egoístas. A conclusão da fusão mundial marca o ponto de partida para um processo real que está levando a um ponto de viragem na história da humanidade.

Um feliz ano novo. Maçã e mel (Foto: Shutterstock)

Slichah, O Erro Entre a Realidade e o Desejo

No mundo global e conectado dos nossos dias, o povo de Israel e as setenta nações do mundo estão imersos juntos em um problema comum, um pouco como Adam HaRishon5.777 anos atrás, ou Abraão 3.500 anos atrás. A crise dramática que nos visitou, hoje, é resultado do mesmo desequilíbrio entre as forças opostas da natureza. O ego cria conflito e divisão, e nos leva a nos distanciar uns dos outros. Em contraste, o poder da conexão desenvolve as pessoas, consertando as peças quebradas em um sistema completo e harmonioso.

Nas primeiras gerações, não compreendíamos como as forças da natureza operavam porque não tínhamos as ferramentas em nossas mãos para fazer isso, mas uma vez que um ponto de conexão foi criado pela primeira vez na Babilônia, fomos obrigados a reforçar e a desenvolver quando confrontados com todos os estados de separação. Abraão nos deixou um método e uma missão: fornecer ao mundo o poder da conexão até que ele atinja um estado harmonioso e equilibrado.

A fim de não cometer um erro no caminho para o destino que a natureza colocou diante de nós, precisamos realizar uma limpeza diária na casa e analisar em profundidade o quanto temos avançado em direção à conexão entre nós e se ainda estamos a caminho para a mesma rede da completa conexão que Adam HaRishon descobriu.

Este esclarecimento essencial é chamado de Slichot, a descoberta da diferença entre as forças da natureza que aspiram à unidade e nossa falta de vontade em se unir. É simbolicamente habitual para nós, antes de Rosh Hashaná, esclarecermos juntos o quanto estamos agindo de acordo com as leis da natureza de todo o sistema. A esse respeito, nós confessamos que, “Nós somos culpados, traímos, roubamos …” e lamentamos a oportunidade que estava em nossas mãos de realizar a conexão entre nós e não o fizemos. Agora é o momento certo para considerar um novo caminho para a conexão.

Eu espero, desejo e oro por um ano de mudança, um ano da construção de um sistema de relações corretas entre nós.

Feliz ano novo a todos os filhos de Israel!

Publicado originalmente no Ynet

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Meu artigo no Ynet: “O Soldado Não Tem Culpa: Nós Somos Responsáveis”

Tão rápido, muito rápido, nós selamos o destino do soldado. No entanto, como sociedade, somos todos responsáveis por sua culpa, uma vez que ela resulta da negligência e da nossa inferioridade como uma sociedade perante o mundo. Portanto, antes de corrermos para sentenciá-lo, é melhor julgar a nós mesmos em primeiro lugar.

A história do soldado Kfir Brigade que foi acusado de assassinar um terrorista reflete o estado da sociedade israelense. No momento em que o vídeo foi divulgado, o caso perturbou todo o país. As redes sociais ferveram e agitaram, e o debate sobre os valores da IDF [Forças de Defesa de Israel] e sua moralidade estiveram no centro do foco social.

Um documento chamado “O Espírito da IDF”, foi publicado em 1994, que declarou os valores e as normas que devem ser mantidos pela IDF. Ele incluía diferentes valores, incluindo responsabilidade partilhada, exemplo pessoal, amizade, missão partilhada, credibilidade e assim por diante. É surpreendente que esses valores não façam parte da nossa vida civil, e se eles surgem, é na verdade, no âmbito militar.

Como é que nós deixámos de sentir que cada soldado que vai para a batalha é como o nosso filho? (Foto: Imad Abu M.)

Como é que nós deixámos de sentir que cada soldado que vai para a batalha é como o nosso filho? (Foto: Imad Abu M.)

Esse caso levanta muitas questões. Quando nós perdemos a nossa consciência social, segundo a qual cada indivíduo é um representante do Estado? Quando deixamos de assumir a responsabilidade por aquilo que sai de nossas bocas ou de nossos teclados? O que aconteceu que paramos de sentir que cada soldado que vai para a guerra é como o nosso próprio filho? Será que esses sinais indicam que nós falhamos como sociedade?

Sem acesso à política

Um dos fenômenos mais preocupantes é a velocidade com que diferentes porta-vozes invadiram esse caso. Aqueles que sabem como espalhar suas promessas quando estão fora dos círculos influentes fizeram o melhor, mas uma vez que chegaram a uma posição onde têm uma palavra a dizer, tornaram-se mais moderados e desistiram dos princípios que defendiam.

Este não é o momento nem o lugar para ganho político, e certamente não antes de uma decisão ter sido tomada pelos responsáveis. Então, seria melhor se as figuras públicas se abstivessem do debate público até que todos os detalhes sejam investigados.

A luta sem fim entre a direita e a esquerda também é inútil nesse caso. Cada lado continua a aderir às suas bancadas. Aqueles da direita acreditam que podemos vencer pela força, enquanto os da esquerda acreditam no poder da concessão. No entanto, mesmo que as duas ideologias possam se juntar, elas não nos levam ao estado que todos nós desejamos.

A alma judaica anseia

De acordo com a sabedoria da Cabalá, cada judeu está enraizado em um sentimento de culpa, uma espécie de sentimento de inferioridade em relação ao mundo, que o obriga a examinar a si mesmo constantemente. Esse fenômeno resulta de uma fonte espiritual superior.

As nações do mundo estão apontando o dedo acusador para nós afirmando que somos a fonte de todo o mal no mundo, desde libelos de sangue imaginários, a Protocolos dos Sábios de Sião, a acusações infundadas, alegando que os judeus estão por trás dos ataques terroristas em Bruxelas. Pode parecer irreal e irracional, mas, surpreendentemente, no fundo, nós aceitamos este sentimento.

De acordo com a sabedoria da Cabalá, a raiz desse complexo de inferioridade decorre do fato de que devemos ser uma Luz para as nações, o que significa estar unidos e dar o exemplo de um modelo de sociedade para o mundo inteiro. Enquanto tentarmos fugir dessa missão, seremos responsabilizados por todas as aflições que o mundo sofre.

Nem direita nem esquerda: a garantia mútua acima de tudo

O novo caminho do meio dourado começará no cruzamento entre direita e esquerda. Esse caminho do meio é pavimentado quando conseguimos, mesmo um pouco, ascender acima do nosso egoísmo que nos separa. Esse caminho é a solução. Sem ele, não seremos capazes de construir uma sociedade unida em Israel, e nosso Estado pode se desfazer em pedaços por causa da guerra interna entre nós.

Assim como os profetas disseram, a missão de transmitir o método de conexão ao mundo e conectá-lo nos obriga a implementar novamente a abordagem básica: “O amor cobre todas as transgressões”.

De acordo com esse método, não faz diferença que lado do mapa político a pessoa se encontra. Todos podem continuar a aderir a sua posição, e, ao mesmo tempo, trabalhar para conexão com os outros. No momento em que começarmos a nos conectar, apesar das nossas diferenças de opinião e partidos políticos, vamos estimular a força de um nível superior que pode equilibrar e construir um novo nível acima da esquerda e da direita. Elas não vão desaparecer, e não devem, mas quando nos conectamos acima deles, criamos o caminho do meio dourado.

Em prol da unidade

Decidir o destino do soldado é decidir o nosso destino, pois a sua culpa é nossa responsabilidade como sociedade, uma vez que decorre da nossa negligência. É melhor julgar a nós mesmos em primeiro lugar e só então condená-lo. Assim como os pais às vezes discordam dos filhos e ainda tentam manter a família unida, nós temos que subir acima de nossas disputas e procurar o que for possível para aumentar a consciência das pessoas em relação a um valor importante na nossa vida, a unidade e, assim, poupar a nós mesmos e o mundo de qualquer sofrimento desnecessário.

Publicado originalmente no Ynet

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A Decisão na UNESCO — o Princípio do Fim do Estado de Israel

Se superarmos nosso ódio mútuo, vamos dissolver o antissemitismo. Se o adiarmos, em breve será tarde demais para nos arrependermos

Para qualquer um que tenha observado o que está a acontecer nas Nações Unidas, o quadro é claro como a água: a ONU está a caminho de declarar o fim do Estado de Israel. A UNESCO pode não ser capaz de decretar sanções contra Israel, mas sua negação da conexão entre o Judaísmo e o Monte do Templo, incluindo o Muro Ocidental, indica que o mundo pensa que não pertencemos aqui. A implementação prática desta visão não está muito longe.

Foto: Dreamstime, Licença: N/A2016-10-18

Visão de Jerusalém, cidade velha, Israel Foto: Dreamstime

Tentámos praticamente tudo. Provamos que temos uma marca histórica nesta terra, construímos aqui uma democracia que atende a todo o cidadão em Israel, independentemente da fé, com liberdade de expressão, liberdade profissional e até liberdade para ser eleito em prol de promover a agenda anti-Israel. Fornecemos ao mundo mais inovações tecnológicas e médicas por capita que qualquer outro país no mundo, mas ninguém agradece.

Em vez disso, não há um único país no mundo — nem sequer entre os poucos que ainda são considerados nossos amigos — que não nos critique. A América não nos salvará da ira do mundo. Se Clinton for eleita, ela vai acelerar o processo de desenvolvimento entre os EUA e Israel que Obama havia iniciado. Se Trump for eleito, o mesmo vai acontecer, embora provavelmente num ritmo mais lento. Nossa única opção para sairmos dessa barafunda é puxarmos juntos para o mesmo lado e nos unirmos.

Uma Crescente Crise de Investimento

Frequentemente temos tendência para o negligenciar, mas o mundo nem sempre foi tão hostil para o estado Judeu. Em Novembro de 1917, pouco depois da Grã-Bretanha ter conquistado a Palestina e ter terminado o governo Otomano, o governo Britânico deu à Federação Sionista o seu apoio oficial. A Declaração de Balfour afirmava “A visão do governo de sua Majestade favorecendo o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo Judeu.” O governo também jurou “usar o melhor dos seus esforços para facilitar a concretização deste objecto.”

Trinta anos mais tarde, em Novembro de 1947, quando a ONU votou sobre o estabelecimento de um “Estado Judeu,” o apoio da comunidade internacional ainda foi esmagador. Mas e se a mesma votação tomasse lugar hoje, o estado de Israel não seria estabelecido. Por que perdeu o Estado Judeu o investimento? Como pode ser que as nações que em tempos apoiaram nossa independência agora não vêem razão para nossa continuada presença em Israel?

Sem um Propósito, a Existência de Israel Não Faz Sentido

Em 1947, parecia que a culpa impulsionava as nações a nos concederem a independência no rescaldo do Holocausto. Mas isto não explica a Declaração de Balfour trinta anos antes, ou por que será que tantos países que nada tinham a ver com o Holocausto votaram independentemente a favor do estabelecimento de um estado Judeu especificamente num pedaço de terra hostil e semi-árido chamado “Israel.”

A causa subjacente que promoveu a maioria do mundo a nos conceder a independência é aquilo que descreve Rav Kook como nossa tarefa de construir um mundo melhor. Nas suas palavras (Cartas do Raiah, vol. 2), “Qualquer tumulto no mundo vem somente por Israel. Agora somos evocados a levar a cabo nossa tarefa voluntária e conscientemente: de nos edificarmos e ao inteiro mundo arruinado junto connosco.” Semelhante a Rav Kook, escreveu Baal ha’Sulam que “O judaísmo deve apresentar algo de novo às nações. É isto que elas esperam do regresso de Israel à terra” (Os Escritos da Última Geração).

Todavia, qual é exactamente a nossa tarefa? O que é esse “algo de novo” que nos é esperado apresentar?

Um Antídoto para o Egoísmo

O mundo em que vivemos é composto de quatro níveis. Os primeiros três — inanimado, vegetal e animal — são geridos inteiramente pelas leis da natureza, que as mantêm em equilíbrio constante.

Os humanos são únicos: Embora nossos corpos funcionem tal como aqueles de qualquer outro mamífero, nossa psique é muito diferente. Os animais não têm percepção da história ou um desejo pelo respeito e poder além da necessidade de espalharem seus genes. Nossas vidas, todavia, estão permanentemente desequilibradas por causa do nosso insaciável desejo de individualismo. Estamos em constante competição pelo melhor e mais recente gadget, automóvel, ou casa e somos venenosamente invejosos de qualquer um cujas concretizações parecem superar as nossas.

Esta cresce auto-absorção é a causa basilar de todo o problema no nosso mundo — desde as altíssimas taxas de divórcio, à guerra e ao aquecimento global. Nosso esforço constante de “manter as aparências” nos torna invejosos e frustrados e o medo de sermos magoados consegue fazer-nos fazer, pensar e até acreditar em praticamente qualquer coisa. É surpresa que tantas pessoas estejam deprimidas? Até a diplomacia internacional está cativa da egomania nacional à qual chamamos de “patriotismo.” Todos percebem que uma erupção violenta entre os EUA e Rússia, por exemplo, pode transformar o mundo num tórrido deserto radioactivo, mas quando pesado contra o risco de perdermos a face nacional, isso parece não importar.

Com o mundo numa desesperada necessidade de um modo para equilibrar seu egocentrismo com o mutualismo, nós povo Judeu devemos mostrar o caminho. Nós, a assembleia que declarou foi declarada nação somente após seus membros se terem comprometido a serem “como um homem com um coração,” nos foi dada a terra de Israel não para nós mesmos, mas em prol de nos tornarmos “uma luz para as nações.” A profunda união pela qual os antigos Judeus aspiravam é esse “algo novo” de que o mundo desesperadamente precisa, o antídoto para o egoísmo.

No seu ensaio, “A Arvut (Responsabilidade Mútua),” Baal Hasulam escreve que ao amarmos os outros, “o indivíduo afecta uma certa medida de avanço na escada do amor pelos outros em todas as pessoas do mundo em geral.” Por inferência, quando não avançamos o amor pelos outros, estamos a fazer com que o egoísmo distancie mais as pessoas. Uma vez que somos aqueles que estão destinados a exercitar e espalhar o amor pelos outros, quando não o fazemos, voltamos a ira do mundo contra nós e as pessoas nos culpam de todos os problemas no mundo. O professor de Estudos do Corão, Imad Hamato, exprimiu esta percepção muito agudamente quando disse, “Até quando os peixes lutam no mar, os Judeus estão por trás disso.”

Possuir a Terra de Israel

No seu ensaio, “Um Discurso pela conclusão do Zohar,” Baal ha’Sulam escreve que nos foi dada a terra de Israel, “nas nós não recebemos a terra para nossa própria autoridade.” O único modo em que mereceremos um Estado de Israel independente é ao abraçar a união acima de todas as diferenças. Disse o Rei Salomão, “Amor cobre todos os crimes.” Similarmente, devemos colocar nossa união acima de tudo o resto, não por isso ser bom para nós, mas porque é isso que o mundo precisa de nós. Até avançarmos nesta direcção, o mundo estará preso no pântano do egoísmo e nos vai abominar por isso.

Se não levarmos a cabo nossa tarefa, Baal Hasulam alerta, “O sionismo será cancelado por completo, somente uma mão cheia [de Judeus] vai sobrar e eles serão por fim engolidos entre os Árabes.” Há alguns anos atrás, tais previsões pareciam rebuscadas. Hoje, devemos fazer tudo no nosso poder para prevenir esta realidade que já se materializa. Se superarmos nosso ódio mútuo, vamos reanimar o laço entre nós e dissolver o antissemitismo. Se o adiarmos, isso pronunciará o fim do Estado de Israel, o fim do povo Judeu como o conhecemos e as relíquias serão engolidas pelas nações.

Publicado originalmente no Hareetz

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A Decisão Absurda da UNESCO Reflecte a Honesta Opinião do Mundo

Israel não foi estabelecida para ser um porto de abrigo para os Judeus, mas para gerar uma sociedade que apresenta uma alternativa desejável e sustentável para um mundo fracturado e cheio de ódio.

UNESCO

Sede da UNESCO. (foto:REUTERS)

“O teatro do absurdo na UNESCO continua,” disse Benjamin Netanyahu sobre a decisão da organização de negar a conexão histórica entre o Judaísmo e o Monte do Templo. Por muito absurda que seja, a decisão reflecte o verdadeiro sentimento do mundo de que os Judeus não pertencem à Palestina. Israel, como afirma a decisão 15 vezes no documento de meras cinco páginas, é  “o poder em ocupação.”

Para os Palestinianos, esta decisão foi meramente uma experiência, molhar o pé. Mas o sucesso do experimento deveria ser um sinal de alerta para todos nós. Se desejamos evitar que uma resolução da Assembleia Geral da ONU sancione e por fim revogue o estado de Israel, é imperativo que despertemos agora.

Israel não foi estabelecida para ser um porto de abrigo para os Judeus às custas das outras pessoas. Nos foi dada soberania em prol de gerarmos uma sociedade cujos valores apresentem uma alternativa sustentável para um mundo dilacerado pela guerra e ódio.

Israel—uma Solução para o “Problema do Racismo”

Em 29 de Novembro de 1947, as Nações Unidas votaram esmagadoramente a favor do estabelecimento de dois estados independentes na Palestina — um estado Judeu e um estado Árabe. Tivesse a resolução sido baseada somente nos sentimentos de culpa do mundo depois do Holocausto, ela nunca teria sido passada.

Em Julho de 1938, percebendo o grave perigo que enfrentavam os Judeus na Alemanha face a Hitler, trinta e duas nações se reuniram em Évian na França, para discutirem como ajudar os Judeus a saírem. Mas quando questionados sobre quantos Judeus estariam dispostos a receber, nem um único país apresentou qualquer ajuda na prática. Tudo o que os EUA, França, Grã-Bretanha e os vinte e nove países ofereceram foi conversa fiada, mas aceitação alguma. O delegado Australiano, T. W. White, melhor descreveu a mentalidade prevalecente na conferência: “Como não temos nenhum verdadeiro problema racial, não temos desejo de importar um.”

Para o mundo, não apenas para Hitler, os Judeus eram um problema. Ao nos darem um estado, eles não nos fizeram um favor, mas esperavam se livrarem a si mesmos de um. Agora, parece que se arrependeram dessa decisão.

Desde Tolstói a Rav Kook, o Mundo Nos Diferencia

O “problema Judaico” é um antigo enigma. Questionava-se o escritor Liev Tolstói, “Que tipo de criatura única é [o Judeu], a quem todos os governantes de todas as nações do mundo desgraçaram e esmagaram e expulsaram e destruíram, perseguiram, queimaram e afogaram, e que, apesar de sua ira e fúria, continua a viver e florescer? …O Judeu é o símbolo da eternidade. …É ele aquele que guardou a mensagem profética há tanto guardada e a transmitiu para toda a humanidade” (Liev Tolstói, “O Que é o Judeu?”).

Tolstói não está a sós. Quase não há pessoa no mundo que considere os Judeus pessoas vulgares. Nem todos nos odeiam, mas nenhum nos julga segundo o mesmo critério pelo qual julgam outras nações. Estes dois pesos e duas medidas é inerente dentro de qualquer pessoa no mundo. O que as pessoas esperam de nós, elas não esperam de mais ninguém.

A mesma expectativa era verdadeira quando foi o estado de Israel estabelecido. Talvez sonhássemos de sermos como todas as outras nações, termos nossa própria terra onde poderíamos viver nossas vidas em paz e segurança, mas o mundo tinha outros planos para nós. Se ele nos quisesse dar paz e segurança, ele não nos plantaria na região mais volátil do planeta, rodeados de milhões de Árabes que não querem nada mais senão que desaparecêssemos.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo precisava de curativo do ódio que havia causado sua eclosão. Bem no fundo, as pessoas esperavam que esse curativo viesse de nós. Elas ainda esperam e sempre vão esperar. O mundo não consegue esperar qualquer outra coisa de nós pois esta é a razão pela qual o povo Judeu foi criado para começar — para ser “uma luz para as nações.”

Quando quer que os problemas surgem, as pessoas culpam os Judeus. Nós atribuímos isto a procurar um bode espiatório, mas as pessoas sentem genuinamente que nós somos a causa dos seus problemas. Quer o saibamos quer não, nosso papel no mundo é trazer a paz e união. Portanto, quando o ódio prevalece, as pessoas instintivamente voltam sua ira sobre nós. Na sua visão, nós não fizemos o nosso trabalho. Rav Kook espelou a visão do mundo quando escreveu, “Qualquer tumulto no mundo vem somente por Israel. Agora somos evocados a levar a cabo nossa grande tarefa voluntária e conscientemente: de nos edificarmos e o mundo inteiro arruinado junto connosco” (Cartas do Raiah, Vol. 2).

Nem Nação Startup nem Produtores de Supermodelos

Nos tornámos uma nação no pé do Monte Sinai depois de jurarmos ser “como um homem com um coração.” Imediatamente depois, nos foi dada a tarefa de sermos “uma luz para as nações,” para espalharmos pelo mundo o caminho para alcançar a união. Escreveu o Ramchal que “Moisés desejou completar a correcção do mundo nesse tempo [quando Israel saíram do Egipto]. Foi por isso que ele pegou na multidão misturada, pois assim pensou que então seria a correcção do mundo” (O Comentário do Ramchal sobre a Torá). A “grande tarefa” que escreveu Rav Kook que devemos assumir “voluntária e conscientemente” é nos edificarmos através da união e connosco, unirmos o mundo. Até que comecemos a levar a cabo nossa tarefa, o antissemitismo não vai parar.

Se pensarmos que nossa meta em Israel é sermos uma nação startup, ou exportarmos supermodelos e super-mulheres estrelas de cinema, estamos a pedir um duro despertar. Há alguns anos atrás, Helen Thomas membro sénior dos seguranças para a imprensa da Casa Branca chocou o mundo e foi forçada a se demitir por dizer que os Judeus deviam “sair da Palestina” e “voltarem para casa para a Polónia e Alemanha.” Hoje essa visão é mainstream, embora ninguém admita isto bem antes das eleições. Mas quando o mundo vê que estabelecer um estado Judeu na Palestina nada trouxe senão a guerra, o terrorismo mundial e conflitos, como não se pode ele arrepender da decisão de nos ter dado um estado?

A Essência do Nosso Povo

Se queremos permanecer aqui vamos precisar do apoio do mundo. E para ganharmos o apoio do mundo precisamos de regressar às nossas raízes. “Ama teu próximo como a ti mesmo” não é um slogan de autocolante. Ele é a nossa lei geral, a essência do nosso povo. Se não vivermos segundo ele, não somos Israel e o mundo não justificará nossa reivindicação da terra.

Somente quando estamos unidos podemos ser “uma luz para as nações” pois união é aquilo que o mundo precisa todavia não consegue alcançar a menos que mostremos o caminho. Quando nossos antepassados experimentaram lutas e guerras impulsionadas pelo ego, eles não suprimiram seu ódio de uns pelos outros. Em vez disso, eles aumentaram a importância da sua união acima do ódio. “O ódio atiça o conflito,” observou Rei Salomão, “mas o amor cobre todos os crimes,” concluiu ele.

Há cerca de vinte séculos atrás fomos expulsos da terra de Israel por termos sucumbido ao ódio infundado e não o cobrirmos com amor. Esse ódio está ainda no aberto. Se não o cobrirmos de amor seremos expulsos daqui uma vez mais.

Em vez de discutirmos, precisamos de nos relacionar a nossas disputas como oportunidades para cobrirmos nossos egos com amor. Este método de trabalhar acima do egoísmo é um exemplo que somente nós podemos dar ao mundo, uma vez que somente nós o fizemos anteriormente. Tudo o que precisamos é de reinstalar essa atitude para com os conflitos e a compartilhar com o mundo.

O mundo justificará nossa soberania em Israel enquanto apresentarmos um exemplo de amor acima do ódio. Se sucumbirmos às brigas mesquinhas, as nações não terão razão para nos deixar ficar numa terra nossa; elas já têm problemas suficientes.

Nós levámos a paciência do mundo até ao limite. Agora, ora nos unimos e nos tornamos o modelo exemplar que é suposto sermos, ou seremos exilados e exterminados, não só em Israel mas por todo o mundo.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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