Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Além da Grande Divisória Entre a Judiaria Americana e Israelita

Fenda entre os Judeus na América e os Judeus em Israel se tornou tão ampla que pode colocar ambas as comunidades em perigo real

Agora que todos purificamos nossas almas em Yom Kipur, está na hora de dar uma nova e honesta vista de olhos na realidade. Se há um pecado que nós Judeus cometemos numa base diária, é permitir a divisão entre nós. E uma das piores manifestações desta alienação é a crescente divisória entre a Judiaria americana e o Estado de Israel.

Fratura entre os Judeus na América e os Judeus em Israel Foto: Dreamstime

Sob a administração Obama, a fractura entre os Judeus americanos e Israel se expandiu a um ponto que quase nos tornámos duas comunidades Judaicas separadas e até hostis. Se deixarmos a fenda entre nós nos aprofundar mais ainda, isso vai colocar ambas as comunidades em perigo real. Tal como a separação do Judaísmo não ajudou os Judeus na Alemanha nesse tempo, a separação do estado Judeu agora não ajudará a Judiaria americana. Com o antissemitismo que se espalha rapidamente, os Judeus estão sob ameaça e o remédio para esta situação é a união.

Em face dos incansáveis esforços das entidades separatistas Judaicas que promovem a dissociação do Estado de Israel sob o disfarce do liberalismo, a comunidade Judaica americana e Israel têm de construir um laço entre si. Este laço, e não a ajuda militar e condenação aberta de Israel, é a chave para nossa sobrevivência num mundo que cada vez mais é antissemita, até enquanto você lê estas palavras.

Fartura de Ódio Aos Judeus

A operação militar Margem Protectora de 2014 em Gaza acendeu o entusiasmo anti-Israel por todo o mundo e desenfreou sentimentos antissemitas que até então estavam tenuemente velados pelo politicamente correcto. Na Europa, insultos há muito esquecidos ressurgiram acompanhados de acusações fabricadas de crimes de guerra foram arremessados contra o estado Judeu. Passados dois anos, é evidente que as tiradas anti-Israel eram apenas uma desculpa para soltar sentimentos antissemitas na Europa e agora até sinais nas janelas das lojas que afirmam, “Não nos envolvemos em política,” não servem de nada quando você é Judeu.

Mas com toda sua malícia, o antissemitismo europeu é muito menos perigoso que seu duplo americano. Em Fevereiro de 2015, Charles Asher Small, director do Instituto para o Estudo Global do Antissemitismo e Política, afirmou que a relutância da administração americana em denunciar o antissemitismo “não só é imoral, mas lhe chamaria ‘antissemitismo institucionalizado.'” Para mim, esta forma discreta de ódio aos Judeus é muito mais alarmante.

Quando escuta o assessor máximo de Clinton, Huma Abedin, se relacionar à AIPAC como “esse público” e lê o porta-voz não-oficial da administração, conhecido como, The New York Times, numa resolução oficial, dispondo as linhas orientadoras para um acordo de paz que cobre assuntos tais como a segurança de Israel, o futuro de Jerusalém, o destino dos refugiados palestinianos e fronteiras para ambos os estados” poucas dúvidas lhe restam quanto à aspiração da presente administração a zelar pelo desaparecimento de Israel. Caso Clinton seja eleita, ela seguirá  a mesma linha que seu predecessor e provavelmente com mais vigor.

A Ilusão do Poder

O pensamento predominante à volta do estabelecimento do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial era que se houvesse um estado Judeu durante a guerra, a tragédia do Holocausto teria sido prevenida pois os Judeus teriam um porto seguro. Durante muitos anos, este foi também o pensamento predominante entre os Judeus americanos.

Todavia, à medida que os Judeus americanos ficaram mais confiantes na sua protecção política nos EUA e na sua habilidade de controlarem seu destino, mais e mais começaram a ver Israel como um fardo em vez de um bem valioso. Esta tendência encaixa-se perfeitamente nas ambições da presente administração e seus esforços de fortalecer organizações anti-Israel dentro da comunidade Judaica sob o disfarce do liberalismo e liberdade de expressão têm sido cada vez mais bem sucedidos. Há quinze anos atrás, uma organização tal como a J Street não seria levada a sério. Hoje ela é a organização Judaica mais popular entre os Judeus com menos de 35 anos de idade.

Respectivamente, muitos millenials vêem o Estado de Israel como um incomodo. Se pudessem de algum modo fazê-lo desaparecer, não hesitariam. Eles não percepcionam Israel como um porto de abrigo possível que deva ser preservado para um dia chuvoso. Em vez disso, frequentemente a vêem, ou pelo menos a suas políticas, como a causa dos seus problemas com os antissemitas americanos. Aos olhos de muitos Judeus americanos, A existência de Israel está a fazer com que os americanos não-Judeus os odeiem também.

Do mesmo modo que os Judeus alemães evitaram sua fé antes da emancipação do Nazismo e ate enfatizaram sua desconexão da sua herança depois de Hitler ter subido ao poder, muitos Judeus americanos agora evitam o estado Judeu. Com o aumento do antissemitismo, eles repetem o mesmo erro e de se orgulharem a si mesmos do seu afastamento de Israel.

Pretextos Variam, mas o Antissemitismo  Está Sempre na Causa Original

Durante a história, o ódio aos Judeus vestiu roupas diferentes. Envenenamento de poços, cozer matzot com o sangue de crianças Cristãs (e agora Muçulmanas), provocar a guerra, avareza, conspirar dominar o mundo e espalhar doenças (desde a Peste Negra ao Ébola) são apenas uma fracção das acusações ridículas arremessadas aos Judeus durante os séculos. O último delírio é o genocídio, aparentemente cometido pelo exército Israelita contra os palestinianos. Não faz diferença se a população palestiniana estiver a crescer rapidamente, ou se os Palestinianos que vivem sob a lei Israelita estão muito melhor e desfrutam de um padrão superior de vida que seus conterrâneos sob o governo Palestiniano. O ódio não precisa de provas.

Os Judeus americanos devem se lembrar que quando o Antissemitismo se espalha profunda e amplamente na sociedade Americana e isso vai acontecer, o facto de não apoiarem Israel não lhes será útil. Tal como no passado, os Judeus serão responsabilizados por qualquer que seja o problema que esteja na agenda. Esta é a natureza do anti-Semitismo.

Reconstruir uma Ponte Segura

A Torá nos define como povo obstinado e certamente o somos. Todavia, nos tornámos uma nação precisamente quando colocamos o orgulho de lado e nos unimos “como um homem com um coração.” Durante a história, quando estávamos juntos, éramos fortes. Agora precisamos de achar a força para construir uma ponte entre as duas comunidades Judaicas chave no mundo

Não se pode exagerar com a importância da união do nosso povo. Se quisermos ter um futuro, a comunidade Judaica americana e o Estado de Israel devem reforçar a aliança entre elas; esta é nossa única rede de segurança.

Antissemitismo nos EUA se vai espalhar. Atualmente cozinha em todo o campus de liceu, em breve vai derramar e cobrirá todos os cantos do país. Muitos estudantes americanos Judeus já sabem que tiradas anti-Israel são de facto antissemitismo disfarçado como preocupação com os palestinianos. E breve a comunidade inteira o saberá. Essa será a altura para empregar uma rede de segurança. Mas em prol de usá-la nessa altura, devemos construíl-la agora.

Claramente, há muitos problemas controversos entre as duas comunidades. Além das visões políticas diferentes, há disputas sobre práticas Judaicas, legitimidade de certas denominações, distribuição de fundos e donativos e mais. Estes são todos problemas pesados dignos de séria discussão. Porém, acima de todos nossos desacordos, devemos concordar com isto: Não importa o que acontecer, nos mantemos juntos como uma nação.

Tal como os irmãos que ferozmente discordam, mas sempre se lembram que fazem parte da mesma família, o Estado e Israel e a Judiaria americana devem sentir o mesmo tipo de lanço subjacente. Se o fizermos, vamos lidar com a tempestade juntos. Se não o fizermos, a tempestade nos vai afogar a todos.

Publicado originalmente no Hareetz

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Meu Artigo no Ynet: “Hoje É Feriado: O Diário De Uma Viagem Espiritual”

Qual é a razão para todos os costumes que tão constantemente realizamos: comer o peixe tradicional que a mãe cozinha para Rosh Hashaná, o jejum no Yom Kippur, e as decorações suspensas em uma Sucá? Eu explico os feriados de Tishrei de acordo com a sabedoria da Cabalá, e revelo como podemos mudar nossas vidas para melhor com a sua ajuda.

Costuma-se pensar que os feriados marcam eventos históricos, a vitória na guerra, o nascimento ou morte de uma pessoa especial. De acordo com a sabedoria da Cabalá, os feriados de Israel são essencialmente diferentes dos feriados de outros povos, e descrevem estações no caminho para o desenvolvimento espiritual de cada pessoa.

Os feriados de Israel e seus costumes foram introduzidos pelos grandes Cabalistas milhares de anos atrás. Os Cabalistas são pessoas como nós, que através do estudo da sabedoria da Cabalá conseguiram alcançar uma vida de amor ao próximo e através disso o amar ao Criador: a força geral de amor que existe na realidade. Eles descobriram que existe um único objetivo para essa força superior: nos levar a ser conectados, felizes e cheios de amor como Ele enquanto ainda estamos vivos. Essa força recebeu vários nomes: Criador, Luz, Natureza, Amor e até mesmo Rei, como é costume chamá-la nos Dez Dias de Arrependimento: “Não temos rei, exceto você” (Ta’anit 25b).

(foto: Shutterstock)

Para descrever as estações que o Rei nos passa no caminho para o Seu reino mágico, para se familiarizar com Ele e descobrir todo o bem que Ele preparou para nós, os Cabalistas estabeleceram o calendário hebraico e o ciclo das festas e festivais nele. Assim, um momento antes de mergulhar a maçã no mel e pendurar decorações em uma Sucá, vamos parar e esclarecer de uma vez por todas por que nos incomodamos tanto a cada ano e como podemos extrair desse costumes algo melhor para todos nós.

A Primeira Estação: Rosh Hashaná

Rosh (cabeça) é considerada uma raiz … De acordo com a raiz e a Rosh que uma pessoa estabelece para si mesma em primeiro lugar, ela continua a sua vida” (Os Escritos do Rabash , “Carta 29″).

A primeira estação na jornada espiritual da pessoa é Rosh Hashaná – “O princípio da criação da pessoa” (Os Escritos do Rabash, “Dargot HaSulam” 882). Nesta fase, a pessoa é como um recém-nascido. Ela olha as coisas boas e ruins que passou na sua vida e se pergunta: O que é tudo isso? Por que estou viva ano após ano? Quem está gerindo esta realidade e qual é o propósito da existência?

Se tiver sorte, essas questões não a deixarão partir e vão levá-la à meta, à estação final e significativa da viagem: a descoberta da rede de conexão harmoniosa entre as pessoas dentro da qual ela vai sentir o poder positivo da conexão em toda a sua intensidade – a Força superior que gere a sua vida.

O primeiro Rosh Hashaná foi “comemorado” pela primeira vez 5777 anos atrás, quando um ser humano fez perguntas semelhantes. O nome dessa pessoa era Adão. Como uma criança que quer crescer e ser como seus pais, nós precisamos ser como a força que nos criou e quer ser descoberta. Todo esse desejo vai nos dar o poder para superar nossa natureza egoísta limitada, acima da preocupação particular por nós mesmos, e nos tornar “filhos de Adão”.

Os Cabalistas chamam o desejo de saber por que estamos vivos pelo nome de “ponto no coração”. O “coração” representa a totalidade dos desejos egoístas da pessoa que continuam a crescer, começando com os desejos mais básicos – por sexo, alimentação e família, até os desejos mais desenvolvidos – por dinheiro, respeito, e conhecimento. O ponto no coração é o desejo espiritual mais desenvolvido em uma pessoa na escada dos desejos. E quando é despertado, ele sopra em uma pessoa o espírito de vida e um novo desejo de autorealização. Este desejo não é satisfeito por dinheiro, respeito ou conhecimento, mas apenas pela realização do propósito da vida. E quando pela primeira vez a mudança é sentida dentro de uma pessoa, ela celebra Rosh Hashaná.

De Rosh Hashaná em diante, a pessoa aumenta o ritmo de sua jornada. Equipada com novos poderes, ela se esforça para chegar a um verdadeiro ponto de conexão com os outros e perceber o ponto que está ardendo em seu coração. Mas a esperança é uma coisa e a realidade é outra. Em vez de unidade, ela descobre uma grande separação, o mais terrível julgamento de todos. “O dia do julgamento foi criado em Tishrei, uma vez que estes são dias de desejo. E esse desejo desperta em nós naquela época a cada ano, e é necessário despertar para completar o arrependimento mais do que durante todo o ano. E a essência do arrependimento é se unir com todos com amor e com um só coração” (“ Meor veShemesh “). Essa descoberta leva a pessoa à próxima estação na viagem, Yom Kippur.

A Segunda Estação: Yom Kippur

“Nós vemos a verdade através de Rosh Hashaná, depois a pessoa pode pedir a expiação. Portanto, Yom Kippur é depois de Rosh Hashaná “(Os Escritos do Rabash”, Dargot HaSulam”, 891).

No Livro do Zohar está escrito: “‘… na medida em que luz sobressai às trevas’ (Eclesiastes 2:13), pois o benefício da luz não vem senão da escuridão”. Não há luz sem escuridão, não há doce sem amargo, e não há bem sem mal. Para alcançar o bem, também temos que descobrir o mal. De acordo com a sabedoria da Cabalá, Yom Kippur é o reconhecimento de que a nossa natureza egoísta é má desde a sua juventude. Mas é precisamente este reconhecimento que nos possibilita atingir o bom. Se em Rosh Hashaná o desejo de se conectar com outras pessoas é despertado em nós, tudo bem é produzido através da conexão com elas. Assim, durante os Dez Dias de Arrependimento, somos gradualmente introduzidos na força egoísta negativa que nos impede de alcançar a unidade. Afinal de contas, em Yom Kippur não há lugar para se esconder a quebra e o ódio mútuo que nos dividem. Assim já é possível pedir a correção de nossa inclinação ao mal, o que é bom.

(Foto: Moti Kimchi)

“Israel não tinha feriados como o 15º dia de Av e como o Yom Kippur” (Mishná Ta’anit 4: 8). Por quê? Porque esse era um dia especial de introspecção e profundo exame de consciência. Um dia de remorso em que era costume pedir perdão “Pelo pecado que fizemos em sua presença através da inclinação ao mal” (oração de Yom Kippur).

A sabedoria da Cabalá explica que “perdão” não é apenas um pedido verbal, “Nós temos sido culpados, traímos, roubámos….”; ao contrário, é uma fase em que a pessoa se torna consciente do seu verdadeiro estado – quão longe está da conexão correta com os outros, e, como resultado disso, de conexão com a força do bem que controla sua vida. Essa difícil revelação realmente deixa a pessoa feliz, porque, como resultado, um grito irrompe dela pela mudança interior. Este pedido particular de perdão é esperado de nós, e quando chega, é atendido.

A Terceira e Quarto Estações: Sucot e Simchat Torah

“… A festa de Sucot explica todas as perguntas, mesmo as mais difíceis e piores ….” (Os Escritos do Rabash , “Carta 36″).

Na terceira estação na jornada espiritual, chamada “Sucot“, a resposta ao pedido interno chega e nós temos uma força positiva especial que transforma o mal em nós em bem. Está escrito no Talmude: “Deixe a sua morada permanente e habite em uma morada temporária” (Sukkah 2a). A mudança pela qual devemos passar é deixar a morada permanente, ou seja, o narcisismo, para uma nova morada, ao altruísmo. Então, a nossa imagem da realidade é alterada. Nossos sentidos são aparentemente invertidos. O cérebro e o coração mudam de direção: do narcisismo para o altruísmo, e a imagem de toda a realidade se revela diante dos nossos olhos. A pessoa começa a obter uma resposta ao pedido em seu coração, e todos os seus desejos que se opunham à conexão entram na “Sucá“.

Sucá simboliza a forma completa que cada pessoa vai alcançar no futuro. As leis da sua construção simbolizam a maneira pela qual a pessoa se eleva acima do seu ego e adquire a capacidade de amar e doar. Assim, por exemplo, o Shach (palha) em umaSucá deixa mais sombra do que luz, como está escrito: “A sua sombra é mais do que seu sol” (Mishná Sucá 2:2). Esse costume simboliza uma ação na qual a pessoa “esconde”, restringe, o uso de seu ego para que possa sair dele em direção à Luz, para a conexão e o amor.

Então, ela está pronta para Simchat Torah: ela desenvolve a capacidade de ler os textos de Cabalá e atrair para si a Luz Superior, que também é chamada de Torá, para elevar a conexão entre nós até o ápice da escada de valores, e mudar a sua vida para melhor. Isto é porque a Torá é a força que está preparada para corrigir o ódio e a separação entre nós e transformá-los em conexão e amor, que é uma descoberta chamado de “Simchah” (felicidade). Então, a pessoa sente dentro de si toda a vasta extensão ao seu redor, e ganha uma vida eterna, plena e feliz.

Eu espero, desejo e oro por um ano de mudança, um ano de construção de sistemas adequados de relações entre nós.

Um bom ano para todo o povo de Israel!

Publicado originalmente no Ynet

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A Verdade Absoluta Não Morreu; Ela Nunca Existiu!

Não há um caminho certo. A paz encontra-se quando visões conflituosas formam um laço de amor acima de todas as diferenças

As campanhas de eleição têm sempre tendência a levar as coisas até ao extremo. Quando você escuta os candidatos a tentarem vilipendiar o seu oponente, você pensa, “Por que é que ele/ela não está ainda na prisão (por evasão fiscal ou fraude de correspondência electrónica ou um exército de outras razões)?”

Licença: N/A2016-10-06

A Verdade Absoluta Não Morreu; Ela Nunca Existiu! Foto: Dreamstime

Embora cada partido e cada candidato reivindique a posse da verdade e da maneira certa de fazer as coisas, a história comprova o inverso. Durante a história, nenhuma forma de governo se provou ser livre de defeitos. Até a glória da democracia já foi ofuscada pela crescente evidência de corrupção e abuso de poder. Como disse Winston Churchill há cerca de setenta anos atrás, “Ninguém finge que a democracia é perfeita ou toda sábia. Certamente, …democracia é a pior forma de Governo só que todas as outras formas já foram tentadas de tempos a tempos.”

O que é verdade para a política é ainda mais verdade para a religião. Com milhares de religiões e sistemas de fé pelo mundo, por que deve um deles reivindicar a propriedade da verdade? Mas se não conseguirmos aceitar outras visões, então estamos destinados ao eterno conflito e estado de guerra?

Ver o Quadro Maior

Por muito arriscada que seja nossa insistência em sermos os únicos donos da verdade, esse é na realidade um passo necessário no nosso desenvolvimento. O pluralismo pode existir somente quando vemos os benefícios que colhemos da multiplicidade. E para isso acontecer, precisamos de ver a finalidade do nosso desenvolvimento.

No começo dos anos 30, o Cabalista Yehuda Ashlag, conhecido como Baal Hasulam (Autor de A Escada) pelo seu comentário Sulam (Escada) sobre O Zohar, publicou uma série de ensaios. No ensaio, “A Paz,” explica Baal Hasulam o que ele chama “A Lei do Desenvolvimento”: “A corrupção e malvadez que aparecem num estado são consideradas a causa e o gerador do próximo, bom estado. Cada estado dura somente tanto quanto for suficiente para que o mal nele cresça até uma medida que o público não o consiga mais suportar. Nessa altura, o público se deve unir contra ele, o destruir e reorganizar um estado melhor.

Subsequentemente, o estado novo, também, dura apenas tanto quanto as centelhas do mal nele amadurecem e alcançam tal nível em que não mais possam ser toleradas, nessa altura ele deve ser destruído e um estado mais confortável é construído no seu lugar. Portanto os estados emergem um após o outro até que cheguem a um estado corrigido que não tenha centelhas de mal.”

Em acréscimo aos nossos estados mutáveis, nossos desejos se tornam mais intensos e mais egocêntricos. Isto, por sua vez, nos torna mais intolerantes para outras visões. No ensaio, “Paz no Mundo,” descreveu Baal Hasulam a natureza humana assim: “Toda e cada pessoa quer explorar as vidas de todas as outras pessoas para seu benefício pessoal. E tudo aquilo que uma dá à outra é somente por necessidade; e até então há exploração das outras nisso, mas isso é feito astutamente, para que a outra não repare nisso e conceda voluntariamente.”

De Competitivos a Complementares

Enquanto a humanidade atravessa o caminho cheio de sangue da transformação dos estados, ela gradualmente percebe que não há um caminho certo. Na realidade, o estado inicial de todos os caminhos é mau pois seus defensores têm tendência a oprimir todos os outros caminhos, deste modo plantando as sementes de sua morte futura.

Se a humanidade quer acabar com esta procissão atormentada de estados que descreveu Baal Hasulam, precisamos de ver os estados de uma perspectiva completamente diferente. A única justificação para a existência de visões diferentes é que elas nos permitem nos elevarmos acima delas e nos unirmos apesar de nossas diferenças. Cada estado tem suas próprias vantagens e desvantagens, mas nunca seremos capazes de os ver claramente a menos que coloquemos a união da humanidade acima de toda a ideologia. Paz e união existem somente onde visões conflituosas formam um laço de amor acima de todas as diferenças.

Quando mudarmos do nosso modo competitivo prevalecente para um modo complementar, seremos capazes de encontrar a beleza e benefício em cada pessoa e em cada visão. Em “A Liberdade,” escreveu Baal Hasulam, “Qualquer um que extermine a tendência de um indivíduo e a desenraizar causa a perda desse sublime e maravilhoso do mundo, pois essa tendência nunca mais surgirá em qualquer outro corpo … Disto aprendemos que terrível mal infligem essas nações que forçam seu reino sobre as minorias, as privando da liberdade sem as permitirem viver suas vidas segundo as tendências que herdaram de seus antepassados. Elas são consideradas não menos que assassinas. Até aqueles que não acreditam em orientação propositada conseguem entender a necessidade de preservar a liberdade do indivíduo, pois podemos ver como todas as nações que alguma vez caíram, durante as gerações, chegaram a isso somente devido a sua opressão das minorias e dos indivíduos, que portanto se revoltaram contra elas e as arruinaram. Assim, está claro para todos que a paz não pode existir no mundo se não tomarmos em consideração a liberdade do indivíduo. Sem ela, a paz não será sustentável e a ruína prevalecerá.”

Com estas palavras em mente, penso que nesta campanha de eleições crucial, o que devemos apoiar é o espírito do pluralismo. Devemos nos lembrar que por muita razão que possamos ter, toda a visão tem o seu lugar justo e merece respeito, até se for apenas uma “geradora do próximo, bom estado,” como Baal Hasulam o colocou.

Para concluir, gostaria de citar as aptas palavras de Rei Salomão (Provérbios 10:12): “Ódio atiça o conflito e o amor cobre todos os crimes.”

Publicado originalmente no Hareetz

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Por Que Tishrei Significa Uma Nova Vida

Uma Agradável Sucá.

Uma Agradável Sucá. (foto:Courtesy)

O mês de Tishrei é muito especial. Ele é único entre o resto dos meses no sentido que ele retrata sucintamente o inteiro processo que a humanidade tem de atravessar pela sua história. Se revermos o mês de Tishrei e especificamente os dias sagrados dentro dele, faremos uma boa viagem ao processo que atravessamos aqui neste mundo.

Uma pessoa começa os feriados quando ela está farta da vida, quando ela sente que sua vida não vai para lado algum. O tempo passa mas ela nada faz de sentido com sua vida. Ela pode ter acumulado posses materiais, mantido um bom emprego e tem um alto estatuto social, mas a vida termina.

A realidade da morte nos faz questionar o propósito da vida. Afinal, se nada dura, então o que está a acontecer agora também é inútil. Se eu mantiver minhas palas e continuar a brincar por aí, o que será de mim?

Eu posso ignorá-lo, continuar a brincar e ser considerado bem sucedido, mas na verdade, estou a festejar no Titanic. O que podemos fazer? É realmente isto tudo aquilo que podemos procurar, viver e morrer como animais? Quando questionamos verdadeiramente nossa existência, é neste ponto que descobrimos a resposta: Há certamente uma vida diferente.

Nossas vidas são uma procissão e a secção em que agora estamos é somente uma fracção do todo da existência. E todavia, esta fracção é vitalmente importante pois dela podemos avançar para a próxima parte da vida, enquanto ainda estamos nesta vida.

Rosh ha’Shaná (Princípio do Ano) fala-nos precisamente sobre esta transformação: Rosh (cabeça) significa princípio, uma mudança. Ela é o princípio do ano, o princípio de uma nova vida.

Como fazemos esta mudança? Primeiro, nos arrependemos de nossa vida anterior, que era ainda pior que a de um animal. Ao contrário dos animais, que não têm livre arbítrio ou intelecto, nós esbanjamos a nossa. Usamos nosso intelecto, liberdade e singularidade para deliberadamente descer ao nível dos animais, que nos faz piores que eles. Pensemos no nível disponível somente aos humanos e vejamos o que podemos descobrir da natureza.

Nossos antepassados já descobriram este segredo. Foi por isso que eles se chamaram a si mesmos “Cabalistas” (receptores), uma vez que eles receberam da profundeza da natureza sua essência, plano, processo e mais importante, a meta que devemos alcançar e para a qual fomos criados.

Portanto, os Selichot (orações de penitência ditas no período que conduz às Grandes Festas) exprimem a tristeza que sentimos pela nossa abordagem animalesca para a vida. Todavia, os Selichot são também uma grande alegria pois eles marcam um ponto de viragem onde começamos a querer subir para um novo grau.

O passo que se segue aos Selichot é chamado Rosh ha’Shaná, da palavra Shinui (mudança). Isto marca o princípio de uma nova vida. É então que decidimos que queremos ser semelhantes à força geral da natureza, a força fundamental de dar e amor que, devido à sua natureza de doação, cria a vida e a sustenta como uma mãe que segura seu filho.

Precisamos de descobrir esta força pois este é o único modo de sabermos por que fomos feitos e como eventualmente chegamos a nos assemelhar a ela. Do mesmo modo que uma criança se quer assemelhar aos seus pais e os imita, nós devemos nos fazer semelhantes à força geral da natureza.

Chamamos a esta força “o Criador” ou “natureza,” uma vez que ela tem leis claras e absolutas. Podemos revelar algumas destas leis através da ciência, mas outras podemos revelar somente através da sabedoria da Cabala. O Cabalista, Rav Yehuda Ashlag, sucintamente descreveu a uniformidade da natureza com o Criador; “Podemos chamar às leis de Deus ‘as Mitsvot (mandamentos) da natureza,’ ou vice-versa, pois elas são uma e a mesma coisa” (“A Paz”).

Esta lei universal é a lei do amor pois ela não consegue ser de outro modo. Ela é a força que cria e sustenta toda a natureza, a força do amor e a força de dar. Mas nós, sucede-se, estamos na força da recepção.

É como uma mãe e seu bebé. O bebé quer somente receber dela e ela quer somente dar ao seu bebé. Mas no final, nosso problema é que queremos permanecer bebés e não queremos crescer.

Aqui reside nosso problema: Precisamos de entender que temos muito a perder pois se ascendermos até ao nível da natureza e nos tornarmos como aquela mãe, alcançando o nível de amor e doação, nos tornamos eternos e completos como a natureza. Além do mais, quando nos elevamos acima do nível material, até ao grau do espírito, isso não nos afecta quando nossos corpos venham a morrer pois já desenvolvemos o nível espiritual.

É isso que simboliza Rosh ha’Shaná: como assumimos a lei do desenvolvimento e nos esforçamos para nos assemelhar ao Criador, a força da doação.

Depois deste marco, começamos a calcular exactamente o que devemos fazer em prol de nos assemelharmos ao Criador. Neste ponto descobrimos que a natureza se trata inteiramente de dar, com 613 caminhos de doação, enquanto nossa própria natureza está inteiramente preocupada com receber, em 613 caminhos de recepção. Nossa tarefa é fazer nossa vontade como sua vontade, pelo qual faremos nossas qualidades semelhantes às suas. Por outras palavras, nos tornamos como ele. À medida que somos como o Criador vamos adquirir a força do amor.

Como alcançamos isso? Como podemos mudar nossa natureza para a semelhança com o Criador e termos a força de doação em vez da força de recepção? Isso é possível somente através de uma força que recebemos dele. Esta força é chamada “Luz Reformadora.” A luz reformadora “brilha” sobre nós e nos muda. Isso é simbolizado pela luz que vem através da Sechách (folhas de servem como telhado da Sucá). Quando nos sentamos na Sucá, metaforicamente recebemos esta luz.

Não é necessário levar a cabo esta recepção especificamente numa Sucá. Qualquer esforço de nos assemelharmos ao Criador em prol da mudança ocorrer em nós é considerado receber a luz reformadora. A Sucá só simboliza este processo.

Subsequentemente, transformamos nossos 613 desejos de receber, a inclinação do mal, em desejos de doar, a boa inclinação. Com isto atingimos conexão com o Criador através da luz reformadora. A luz reformadora e conhecida por nós pelo termo, “Torá,” como está escrito, “Eu criei a inclinação do mal, Eu criei para ela a Torá como tempero” (Maséchet Kidushin).

Subsequentemente, em Simchat Torá (Jubilar com a Torá), Israel (aqueles que almejam similaridade com o Criador), a Torá (luz reformadora) e o Criador (a força de doação) se tornam um.

Com isto completamos nossa transformação. Isto também conclui o mês de Tishrei, que simboliza o inteiro caminho desde a grande desilusão com a vida, que promoveu os Selichot, até à correcção completa e eterna que recebemos em Simchat Torá.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Selichot (Perdões) e o Sentido da Vida

Selichot representam a realização de que temos conduzido nossas vidas para a separação em vez da conexão

Quando pensamos em Selichot (pedir perdão), tipicamente pensamos em pessoas ortodoxas que confessam que negligenciaram dizer suas bênçãos da refeição ou que pecaram com pensamentos “imorais”. Há também a parte dos Selichot que trata das relações humanas, onde nos é exigido pedir desculpa às pessoas a quem ofendemos erroneamente no ano passado.

o Sentido da Vida

Quando fui apresentado à sabedoria da Cabala, aprendi que há o caminho tradicional e há o caminho da Cabala e que os dois quase nunca se sobrepõem. Há uma razão e mérito para ambos os caminhos, embora os dois sejam mundos distintos. Os Selichot não são excepção.

A Cabala considera a realidade como um sistema e o indivíduo como a única parte dele que tem livre arbítrio. Quanto melhor percebermos o funcionamento do sistema, melhor conseguimos entrar em harmonia com ele para nos beneficiarmos e ao sistema inteiro.

Enquanto examinamos nossa congruência com o sistema da realidade, aprendemos que falhámos e devíamos ter feito as coisas diferentemente. Nosso desejo de fazer as coisas melhor, em maior harmonia com a realidade, é chamado de Slichá (perdão). Não há força toda-poderosa com quem ajustar contas. Há somente nós e como interagimos com nossa realidade.

Onde está Deus?

No começo dos anos 30, o Cabalista Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam (Autor da Escada) pelo seu comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar, publicou uma série de ensaios onde ele salientava a importância da união para o povo de Israel e para o mundo no geral. Em “A Paz,” ele explica que quando falamos da Natureza e quando falamos de Deus estamos na realidade a falar sobre a mesma lei absoluta que governa a realidade. Nas suas palavras: “Podemos chamar às leis de Deus as ‘Mitsvot (mandamentos) da natureza,’ ou vice-versa, pois elas são uma e a mesma coisa.”

Em 1940, alguns anos mais tarde depois da publicação da série que acabo de mencionar, Baal HaSulam publicou um jornal intitulado, A Nação, onde ele sublinhou as subtilezas da sua visão socialista do mundo. Para explicar como todos somos interdependentes, ele usou a formação da Terra para descrever como nossas vidas são compostas de duas forças opostas cuja interacção cria e sustenta a vida.

Baal Hasulam descreveu a evolução como uma luta “entre as duas forças na Terra, a positiva e a negativa.” A força negativa separa e a força positiva conecta.” Todos os corpos orgânicos se desenvolvem pela mesma ordem,” continua ele. “Desde o momento em que são plantados até ao fim do seu amadurecimento, eles atravessam vários períodos de situações devido às duas forças, a positiva e a negativa e sua guerra de uma contra a outra, como descrito a respeito da Terra.”

No final, porém, a força de conexão sempre vence. A evolução avança do simples para o complexo. Os primeiros átomos após o Big Bang eram os átomos mais simples, hidrogénio e hélio, que gradualmente evoluíram para mais complexos. Similarmente, a vida começou com as criaturas unicelulares que evoluíram para seres pluricelulares.

Por outras palavras, todo o processo evolucionário bem sucedido requer interligação e interdependência. Quanto melhor a interacção entre os elementos do sistema, mais complexa a criatura e mais alto o lugar desse ser na hierarquia da evolução.

O Big Bang e o Pecado Primordial

Embora a evolução exija conexão, a existência na realidade começou com uma enorme explosão. O Big Bang criou uma força de separação que enviou o universo para uma jornada interminável de divergência. Hoje chamamos a essa explosão “O Big Bang.”

Como acima descrito, todos os processos que tomam lugar num nível também tomam lugar em todos os outros níveis. Por causa disso, para os cabalistas, a metáfora do pecado da Árvore do Conhecimento é muito fácil de compreender. Aqui houve um homem cujo nome era Adão. Até certo ponto da sua vida ele se sentia conectado a tudo à sua volta. Para ele, a vida era existência em união, um verdadeiro céu na Terra. Todavia, em certo ponto ele sucumbiu ao seu próprio egoísmo e perdeu a sensação da unidade da criação. Este foi o “pecado” que o separou do paraíso.

Contudo, tal como o Big Bang permitiu o começo da busca do homem das forças que criam a realidade. O livro de Adão, Anjo Raziel, alegoricamente descreve estas forças e marca o princípio daquilo que agora chamamos “a sabedoria da Cabala.”

Nosso planeta evoluiu através de eras glaciares e grandes degelos. A humanidade, também, evoluiu através da ascensão e queda de nações e impérios de acordo com o fluxo e refluxo das forças de separação e conexão. Todo este tempo, a “sabedoria das forças ocultas” era conhecida somente pelos poucos que se fascinavam com o universo que os rodeava e questionavam como começou e o que significava.

O Nascimento de uma Nação Única

A mudança começou com Abraão. O Midrash Rába, Maimónides e outras fontes descrevem um homem inquisitivo que pondera e contempla a realidade até “ele soube que havia um Deus [que já dissemos ser a Natureza], e que Ele havia criado todas as coisas” (Maimónides, Mishnê Torá).

A razão para o escrutínio de Abraão foi o estado da sociedade Babilónia, da qual ele fazia parte. Ele viu que os Babilónios “queriam falar a língua uns dos outros mas não conheciam a língua uns dos outros, então cada um pegou na sua espada e lutaram uns contra os outros e metade do mundo ali foi chacinado” (Pirkei de Rabbi Eliezer). Quando Abraão viu que o ódio havia irrompido, ele percebeu que a força de separação estava a dominar novamente. Enquanto aquele que já sabia que sem conexões positivas sua sociedade não podia sobreviver, ele procurou um modo de unir as pessoas.

Eventualmente, escreve Maimónides, Nimrod, Rei da Babilónia, expulsou Abraão da Babilónia. Enquanto ele avançava para Canaã, mais e mais pessoas que concordavam com suas ideias se juntaram a ele até que “uma nação que conhece o Senhor (Natureza) foi feita no mundo.” Assim se formou a nação Judaica.

Essa nação era única. Ela foi forjada através da vontade das pessoas de diferentes tribos e culturas seguirem o ideal da conexão e união. Esta nação aprendeu que quando você “ama seu próximo como a si mesmo” até ser “como um homem com um coração,” também percebe o funcionamento da realidade e seu propósito. Muitos séculos depois de Abraão, Rabbi Akiva resumiu a lei Judaica ao dizer que “Ama teu próximo como a ti mesmo” é o todo da Torá.

Misturai e Espalhai-vos

Quando Abraão se apercebeu que conhecer as forças de conexão e separação era imperativo para nossa felicidade, ele quis que todos soubessem disso. Uma vez que nem todos conseguiam percebê-lo nesse tempo, Abraão aperfeiçoou seu método de conexão acima da separação e manteve-o entre seu povo, os Judeus.

Ainda assim, em prol do mundo saber do método, os Judeus se tiveram de dispersar entre as nações e transmitir seu método. O único problema é que os Judeus estavam dispersos entre as nações não por quererem espalhar sua sabedoria da conexão, mas porque eles mesmos haviam sucumbido para a força da separação e assim foram exilados da sua terra.

O Mundo é Babilónia

Agora que a própria Natureza transformou nosso mundo numa aldeia global, devemos reactivar o método da conexão e compartilhá-lo com todos. Se o evitarmos, a humanidade vai-se explodir a si mesma em pedaços, mas não antes de nos “punir” pelas suas misérias.

É nosso dever superarmos nossa antipatia mútua e procurarmos nos conectar independentemente disso. Enquanto nos esforçamos, diremos nossos Selichot pelo nosso ódio, ou seja descobriremos a verdadeira medida de nosso ódio infundado e a força da conexão vai remendar os rasgões entre nós. Neste processo vamos mostrar ao mundo um caminho para a união apesar da aversão recíproca. Como  o colocou Rei Salomão, “O ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes” (Provérbios 10:12).

Tal como Abraão se apressou a partilhar sua descoberta imediatamente após a ter achado, devemos redescobrir a força de conexão em prol de a compartilharmos com a humanidade. É nosso dever trazer a luz para as nações e não há outra luz senão a luz da união, a capacidade de nos conectarmos e basearmos nossos relacionamentos em amor em vez de ódio.

Os Selichot, o reconhecimento de nossa distância da união, são portanto um passo vital no nosso movimento na direcção da conexão e compreensão do funcionamento da realidade e do sentido da vida.

Publicado originalmente no Hareetz

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O Ano da Mudança

Este ano, sejamos “uma luz para as nações” pela primeira vez nos tempos modernos.

Western Wall

Um crente sopra um shofar no Muro das Lamentações. (foto:REUTERS)

Cada ano, enquanto (a habitualmente extensa) família se reúne à volta da mesa de Rosh ha’Shaná, uma tagarelice animada preenche o ar. Todavia, frequentemente, uma narrativa muito Judaica assume o controle e a conversa pacífica se transforma num gracejo, que por sua vez se torna o favorito Judaico de todos os tempos: “O Jogo dos Culpados.” Então este ano, se tivermos de discutir, façamos-o por um tema realmente controverso: união. Ou, mais precisamente, a união do povo Judeu.

Mas o que é a união de qualquer modo e quem precisa dela? União é uma sensação de pertença, de preocupação e responsabilidade mútua. É cuidar de outra pessoa tão afectuosamente que os desejos dela se tornam seus, também. União é aquilo que sentimos numa verdadeira família. Quem não quereria isso?

E ainda assim, por que devemos unir-nos com pessoas de quem não gostamos? Não podemos ter tudo sem nos unirmos com estranhos? Materialmente falando, provavelmente teremos a maioria de tudo aquilo que quisermos. Mas se os bens materiais nos fizessem felizes, nossa sociedade Ocidental não estaria empestada de depressão, agressão, escapismo e narcisismo. O ingrediente que falta para a felicidade nas nossas vidas são interligações positivas. Se expulsássemos a cisma, alienação e ódio de nossas vidas e colocássemos no seu lugar a confiança, proximidade e cooperação, alguma vez seríamos infelizes?

Certamente, quando você chega à origem de todos nossos problemas, descobre que a causa basilar de todo o sofrimento humano é a própria natureza humana. Cure isto e terá curado todas as coisas.

Nossos Antepassados e Antepassadas Souberam Disso Primeiro

Abraão foi o primeiro a reparar que o ego é a raiz de nossos problemas. O Midrash (Bereshit Rába) conta-nos que quando Abraão reparou que seus conterrâneos se estavam a tornar egocêntricos e alienados uns dos outros, ele e Sara abriram sua tenda para todos e lhes ensinaram sobre misericórdia e camaradagem.

Depois de Nimrod ter expulso Abraão da Babilónia por espalhar suas ideias de união, ele deambulou com sua comitiva até Canaã e no caminho ele pegava em qualquer um que valorizasse a ideia da união.

Este foi o núcleo do povo de Israel. Sucede-se que nossos antepassados foram um fenómeno único, formando uma nação que não é baseada numa cultura e língua compartilhadas, ou afinidade biológica, mas sobre uma ideia comum — de que a união é a chave para nossa felicidade.

Quando saímos do Egipto. Moisés levou nossa união um passo em frente quando nos comprometemos a ser “como um homem com um coração.” Somente depois de nos termos comprometido a este princípio nos tornámos “oficialmente” uma nação.

Como Abraão, Moisés não pretendia manter a união exclusivamente para os Judeus. Escreve o Ramchal (O Comentário de Ramchal sobre a Torá) que “Moisés desejou completar a correcção do mundo nesse tempo, mas ele não teve sucesso devido às corrupções que ocorreram no caminho.”

Portanto, em vez da correcção completa, Moisés nos legou uma tarefa: de sermos “uma luz para as nações” ao transmitirmos a união para todas as pessoas que não puderam recebê-la através de Abraão ou Moisés.

Lutar pelo Amor

Não foi fácil, mas nossos antepassados se esforçaram muito para manter sua união. Também eles, experimentaram explosões de egoísmo, mas aprenderam como solidificar seu laço ao equilibrarem seus egos através do amor pelos outros.

O Livro do Zohar (Aharei Mot) descreve o intenso ódio que os primeiros Judeus experimentaram e como mantiveram no coração a meta final — de trazer a união e amor pelos outros ao mundo inteiro: “‘Eis, quão bom e quão agradável é que os irmãos também se sentem juntos.’ Os amigos, enquanto se sentam juntos, primeiro parecem homens na guerra, desejando se matar uns aos outros. Então, retornam eles a estar no amor fraterno. …E vós, os amigos que aqui estão, tal como haveis estado em afeição e amor anteriormente, doravante também não partirão … E pelo vosso mérito haverá paz no mundo.”

Começa o Ódio Pelos Judeus

Há aproximadamente dois milénios atrás, falhámos alternar de nos querermos matar uns aos outros, como o citado excerto de O Zohar o coloca, para nos amarmos uns aos outros como irmãos. Ódio intenso irrompeu entre nós e causou nosso exílio. Ainda pior, sem nos amarmos uns aos outros, sem união, nos tornamos incapazes de sermos uma luz para as nações. Através do nosso ódio, selámos a porta para a felicidade do mundo.

A sociedade Ocidental de hoje no geral consiste dos descendentes dos Babilónios a quem Abraão e Moisés tentaram unir. Sem nossa união, quem lhes mostrará o caminho?

Assim que nós, os líderes planeados para a coesão, caímos para o ódio sem fundamento, as nações do mundo inconscientemente começaram a nos culpar pelos seus problemas. Por elas não conseguirem articular a natureza da nossa culpa, elas nos acusam de qualquer que seja o problema que enfrentem. Ao mesmo tempo, nós, a nação que em tempos considerava “Ame seu próximo como a si mesmo” como a epítome da nossa lei, abandonou nossa união, esqueceu nossa tarefa e não conseguia entender a ira das nações connosco. Assim começou o que agora definimos como Antissemitismo.

Quanto Maior o Ego, Maior Seu Ódio

Com cada geração que passa, o ego humano se intensifica, nos fazendo procurar nos arruinarmos uns aos outros mais atenta e perversamente. Sem antídoto para nossa crescente malícia, vamos destruir-nos e ao nosso planeta.

O ego se intensifica em ondas que dominam o mundo e então retrocedem e dão repouso à humanidade para a introspecção e correcção. A mais recente onda foi durante a Segunda Guerra Mundial. Agora nos aproximamos de outra onda e como sempre, a ira se voltará contra os Judeus primeiro. E uma vez que nossos egos estão mais nefastos que nunca, como podemos facilmente identificar ao olharmos para o mundo à nossa volta, devemos esperar que a próxima rodada de ódio pelos Judeus seja proporcionalmente mais sinistra.

De Regresso às Bases

Apesar de tudo o citado, podemos inverter a ameaçadora tendência se regressarmos às bases da nossa tribo. Não importa que as nações do mundo não saibam que o que elas precisam de nós é a união ou que nos tenhamos esquecido dos seus méritos. Tudo o que temos de fazer é nos lembrarmos que o “Ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes” (Provérbios 10:12).

O amor fraterno entre nós despertará assim que o colocarmos em locomoção através de nossos esforços. Imediatamente depois começaremos uma vez mais a ser “uma luz para as nações” e o mundo começará a mudar sua atitude para nós. É por isso que está escrito, “A principal defesa contra a calamidade é o amor e união. Quando há amor, união e amizade entre uns e outros em Israel, nenhuma calamidade pode cair sobre eles” (Maor VaShemesh).

Esperando salvar seus irmãos na Polónia antes do Holocausto, escreveu Rav Yehuda Ashlag, “A nação Israelita foi estabelecida como uma conduta através da qual centelhas de purificação fluirão para a inteira raça humana pelo mundo.” Nesse tempo, seu grito passou despercebido. Não podemos deixar isto acontecer novamente.

Desistir do Jogo dos Culpados

Este ano, vamos dar ao Jogo dos Culpados um empurrão final pela janela. Rosh ha’Shaná não só é o começo de um novo ano; ele é também Rosh ha’Shinui (o começo da mudança). O ódio do mundo para nós o faz observar todo e cada movimento nosso. Vamos usar isto para nosso próprio benefício e para o do mundo. Vamos unir-nos e mostrar que conseguimos “cobrir nossos crimes com amor.” Vamos pavimentar o caminho para a paz ao fazermos a paz entre nós. Este ano, sejamos “uma luz para as nações” pela primeira vez nos tempos modernos e façamos deste ano o ano da mudança.*

Chag Sameach

Feliz Ano Novo

* Em Israel e pelo mundo, muitas organizações e movimentos se encarregaram de ajudar a unir o povo Judeu. O movimento Arvut (garantia mútua), por exemplo, leva a cabo dezenas de actividades todas as semanas — desde Círculos de Conexão no Calçadão de Tel Aviv até discussões de Educação Integral em estabelecimentos prisionais. Também, as discussões da Mesa Redonda foram conduzidas pelo mundo em prol de promover o valor da união. Nova Iorque e São Francisco (EUA), Toronto (Canadá), Frankfurt e Nuremberga (Alemanha), Roma (Itália), Barcelona (Espanha), São Petersburgo e Perm (Rússia), são apenas alguns dos muitos lugares onde estas actividades de união tomam lugar e com o mesmo sucesso estrondoso que em Israel.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Judeus Europeus Cercados e Aterrorizados

Agora que o Antissemitismo se espalhou pelo mundo, seria sábio excluir a possibilidade de refúgios.

Uma sondagem conduzida na semana passada pela Associação Judaica Europeia e o Centro Rabínico da Europa afirma que apesar das acrescidas medidas de segurança tomadas pelos seus respectivos governos, 70% dos Judeus Europeus não irão à sinagoga em Rosh ha’Shaná ou Yom Kipur este ano devido preocupações com a segurança e.

PRESENÇA POLICIAL DINAMARQUESA NA SINAGOGA Foto: Dreamstime

A crise de imigração e a subida da extrema direita combinam-se para fazer os Judeus na Europa se sentirem muito inseguros. Muitos removeram todos os símbolos Judeus visíveis tais como colares com o Magen-David e kipás. Muitos também removeram a mezuzá (pequena caixa com texto Bíblico anexa aos frontais e portões dos lares, sinagogas e negócios Judaicos) da entrada de seus lares e negócios. Este ano, eles evitam até irem à shul em Yom Kipur, o dia mais sagrado dos Judeus observantes. Novamente, os Judeus na Europa sentem-se com medo e vulneráveis.

A Lei do Antissemitismo

Por muito alarmante que seja, o que acontece na Europa de hoje é meramente uma nova roupagem de uma velha aversão. A Europa sempre esteve impestada de ódio pelos Judeus e o intervalo que nos foi dado após a Segunda Guerra Mundial parece estar a perder combustível.

Há uma razão pela qual o Antissemitismo é perpétuo, tal como há uma razão para a perpetuação dos Judeus durante as eras e contra todas as probabilidades. O escritor Mark Twain questionou, “Todas as coisas são mortais menos o Judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo da sua imortalidade?”

A “força” que Mark Twain sentiu em nós é a força da nossa união. O Maor Vashemesh escreve que “a principal defesa contra a calamidade é o amor e a união. Quando há amor, união e amizade dentro de Israel, nenhuma calamidade pode cair sobre eles.”

Quando nos unimos, a força da união se espalha pelo mundo, todos beneficiam dela e o Antissemitismo desaparece. Mas quando partimos uns dos outros, impedimos que esse poder se espalhe para o mundo e alienação de antipatia assumem o controle. Foi isto que escreveram nossos sábios (Yevamot 63): “Nenhuma calamidade vem ao mundo senão por Israel.”

Quanto mais nos afastamos, mais o mundo subconscientemente nos tenta aproximar ao devolver o ódio. Como resultado, todo o ódio que espalhamos regressa a nós no que percepcionamos como Antissemitismo. Respectivamente, o arquétipo do Antissemita moderno, o industrialista Henry Ford, escreveu na sua infame composição, O Judeu Internacional — O Principal Problema do Mundo: “A sociedade tem uma grande reivindicação contra o Judeu, que ele cesse de explorar o mundo e comece a concretizar a antiga profecia de que através dele todas as nações da terra sejam abençoadas.”

Sinagoga de Budapeste Foto: Dreamstime

O ressurgimento do ódio recorda-nos da maneira difícil que estamos aqui por uma razão. Por muito que gostássemos de ser iguais as todas as outras nações, essas mesmas nações continuam a lembrar-nos que não somos. Os Judeus são uma nação que foi formada quando pessoas de diferentes culturas resolveram seguir o ideal do amor pelos outros. Aspirando viver segundo o lema, “Ama teu próximo como a ti mesmo,” nos unimos e nos tornámos uma nação quando jurámos nos conectar “como um homem com um coração.” Daí em diante, nos foi dada a tarefa de espalhar essa união, para sermos “uma luz para as nações.”

Por esta razão, quando não estamos unidos, as nações sentem que somos os malfeitores e nos culpam por qualquer apuro que as aflija nesse momento. Para simplificar, a “Lei do Antissemitismo” afirma que quanto mais estamos desunidos, mais as nações nos odeiam.

Sem Escapatória Possível

Não deve haver dúvida nas nossas mentes: Se formos eleitos para a extinção uma vez mais, ninguém virá à nossa ajuda. Tal como o caso do transatlântico alemão MS St. Louis demonstra, até antes da Segunda Guerra Mundial foi negado aos Judeus acederem aos EUA. Agora que o Antissemitismo se espalhou pelo mundo, seria sábio excluir a possibilidade de refúgios; eles não existirão.

A única coisa que podemos e devemos fazer é reconhecer que o ódio entre nós é nosso único inimigo. Tal como o antigo Chefe da Mossad, Tamir Pardo disse, “O maior perigo que Israel enfrenta não é externo, mas é em vez disso as divisões dentro da sociedade Israelita.” Isto é verdade para os Judeus Europeus tal como é verdade para os Judeus de toda a parte

O mundo observa todos os nossos movimentos. Se nos unimos, espalharemos a força da união e nos tornaremos o modelo exemplar de coesão social que o mundo tão desesperadamente necessita. Ao assim fazermos, vamos emergir como “uma luz para as nações” e o mundo finalmente vai entender e justificar a existência do nosso povo. E quando isto acontece, não nos sentiremos cercados ou aterrorizados na Europa ou Israel ou em qualquer outro lugar de todo.

Publicado originalmente no Hareetz

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Antissemitismo Institucionalizado em UC Berkeley — factos e detalhes

Anti Israel

Protesto Anti-Israel na UC Berkeley . (foto:SCREENSHOT DO YOUTUBE/CROSSING THE LINE 2: THE NEW FACE OF ANTI-SEMITISM ON CAMPUS)

A coluna da semana passada Novo Curso na Universidade de Berkeley: Como Se Livrar de Israel– Cancelado, fez imenso alarido. Recebi bastantes emails depois da coluna, a maioria dos quais apoiavam os pontos que levantei na coluna.

Ainda assim, um email chamou minha atenção em particular. Ele veio de não outro senão Sr. Dan Mogulof, Assistente Vice Chanceler, do Escritório das Comunicações e Negócios Públicos da UC Berkeley. No email, Sr. Mogulof resmungava que a “peça no Jerusalem Post sobre o curso da ‘Palestina’ estava desatualizado, incompleto e era impreciso” pois o curso havia sido cancelado dois dias antes. Mogulof também expressou sua esperança que no futuro, meus colegas e eu “achássemos justo confirmar os factos e detalhes antes de publicar.”

Achei que este era um bom conselho e decidi explorar os factos e detalhes a respeito do Antissemitismo na UC Berkeley e então compartilhar meus achados com os leitores. O que aprendi não me surpreendeu, mas vendo todas as evidências em massa ainda assim retrataram um quadro aflitivo.

Como verá abaixo, há uma boa razão para a preocupação pelo futuro dos Judeus nas faculdades americanas.

Factos e Detalhes

Primeiro, a respeito do próprio curso: Se, de acordo com Sr. Mogulof, “o facilitador do curso … não obedecesse às políticas e procedimentos que governam a revisão normal académica e aprovação dos cursos propostos,” por que a universidade o restabeleceu em menos de uma semana depois do seu cancelamento?

O Antissemitismo e anti-Sionismo em Berkeley não começaram com esta fraude académica; ele data dos anos 90, quando “o corpo e faculdade de predominante extrema-esquerda de Berkeley adoptou a Palestina como sua nova causa política.” Durante a segunda intifada, estes se tornaram muito mais abertos e agressivos e testemunhos de estudantes sobre antissemitismo no campus em Berkeley começaram a fluir para os media. Gradualmente, a universidade ganhou a fama de viveiro de activismo antissemita e anti-Israel.

À medida que os estudantes pró-Palestina se tornaram mais agressivos na sua conduta, incluindo um incidente que envolveu esbarrar um carrinho de compras numa estudante Judia que pacificamente exprimia seu apoio por Israel, procedimentos legais foram tomados contra a instituição. Embora a universidade não disputasse os factos, os procedimentos não resultaram em nenhuma legislação e a atmosfera anti-Israel e Antissemita se tornou cada vez mais aparente.

Em 2014, Ami Horowitz, que mantém um canal de vídeo no YouTube, filmou um vídeo-clipe de duas partes na UC Berkeley. Na Parte 1, Horowitz brande uma bandeira do ISIS e grita declarações do ISIS. Na Parte 2, ele acena uma bandeira Israelita e fala em favor do Estado de Israel. Os resultados são condenatórios. O único comentário “negativo” que Horowitz recebeu enquanto brandia a bandeira do ISIS (enquanto fumava um cigarro) foi “Você não pode fumar no campus, eles vão mencioná-lo.” Mas quando Sr. Horowitz acenou a bandeira Israelita, profanidades e gritos foram jogados para ele o tempo todo.

Berkeley Não Está Sozinha

É verdade, vídeos podem ser editados para “inclinar” a verdade. Ainda assim, o The Jewish Voices on Campus, uma colecção de testemunhos em vídeo e o documentário, Crossing the Line 2: The New Face of Anti-Semitism on Campus, validam que o antissemitismo em faculdades americanas é um problema espalhado e profundamente enraizado. Embora os testemunhos sejam frequentemente perturbadores de assistir, devido a sua óbvia autenticidade, os filmes não deixam dúvidas na sua mente: as faculdades nos EUA estão empestadas de Antissemitismo.

Agora, graças ao restabelecido curso de Berkeley, que promete “explorar as possibilidades de uma Palestina descolonizada,” o Antissemitismo foi oficialmente institucionalizado na “melhor universidade pública dos Estados Unidos e do mundo.”

Por Que Está Isto a Acontecer?

Apesar de todos nossos esforços, as nações ainda nos excluem. Quando quer que algo se perca, eles nos culpam por isso. Até depois do 11 de Setembro, numa grande inscrição num muro da UC Berkeley (onde mais seria?) se lia, “São os Judeus, estúpido.” E se olhar para nossas raízes vai descobrir que somos verdadeiramente diferentes.

Por muito estranho que isto possa soar, a raiz do Antissemitismo reside dentro dos próprios Judeus, na sua alienação uns dos outros. Quando o Antissemitismo ataca, instintivamente nos unimos. Mas quando ele se acalma, nos atacamos uns aos outros e abandonamos nosso laço.

Por Que Somos Párias?

Nós Judeus somos uma nação que foi concebida em prol de trazer conexão e união ao mundo. Quando falhamos levar a cabo nossa vocação, nos dizem nossos antigos sábios, as nações sentem que não há justificação para nossa presença aqui na Terra. Até se nem todos os não-Judeus o sentirem, o ódio interminável para nós fala imenso. Quando quer que haja algo de errado, as pessoas resmungam, “São os Judeus, estúpido!” Quando quer que as pessoas não encontrem a razão para seus problemas, elas culpam-o nos Judeus.

Além do mais, até O Livro do Zohar escreve que quando não levamos a cabo nossa missão, “Ai deles [Judeus], pois com estas acções eles trazem a existência da pobreza, ruína e roubo, pilhagem, matança e destruições no mundo” (Tikunei Zohar, 30).

Por outras palavras, nossa única culpa é que abandonamos nosso chamamento — de trazer a união e conexão. No pé de Monte Sinai nos foi dito que se não nos unimos “como um homem com um coração,” este seria nosso lugar de enterro. Como em tempos nos unimos, fomos instruídos para sermos “uma luz para as nações.” Fomos encarregados de compartilhar o laço único que criámos quando alcançámos essa união.

Há cerca de dois milénios atrás, rompemos nosso laço e nos afundamos no ódio infundado. Nesse momento ficamos incapazes de transmitir nossa união especial e deste modo fomentamos o que agora definimos como Antissemitismo. Com o crescente egoísmo das nações e nossa incapacidade de lhes oferecer a cura, torna-se cada vez menos claro para elas por que existimos nós.

Uma Cura Urgente Necessária

Enquanto o egoísmo e egocentrismo se espalham, as sociedades estão a se desmoronar pelo mundo inteiro. A única solução para este problema é nos unirmos acima de nossos egos e os únicos que são esperados mostrar o caminho para fazer isto são os Judeus. Enquanto evitarmos a tarefa, o mundo nos acusará de causar as guerras. Não faz diferença que não estejamos a fazer nada desse género. O que importa é que não estamos a trazer a união e a ausência de união está a causar as guerras por todo o globo.

A presente onda de ódio vai continuar a crescer até que deixemos de nos odiar uns aos outros. Isto coloca a solução para o Antissemitismo nas faculdades americanas e em qualquer outro lugar directamente nos nossos colos. Se nos unirmos e cobrirmos nossa antipatia recíproca com amizade, vamos reacender esse laço especial que perdemos. Ao fazermos isso, vamos novamente ser “uma luz para as nações.”

O Antissemitismo está a forçar-nos a unir. Porém, se nos unirmos de nossa própria vontade, não haverá necessidade para o Antissemitismo e ele vai desaparecer.

Numa conversa na televisão que tive com o falecido Prof. Robert S Wistrich, que foi um pesquisador internacionalmente reconhecido do Antissemitismo da Universidade Hebraica de Jerusalém, ele disse que enquanto pessoa que tem pesquisado o ódio pelos Judeus sua vida inteira, ele acreditava que o Antissemitismo tinha a ver com a antiga missão do povo Judeu ser uma luz para as nações e explicou que esta missão tinha a ver com o mandamento inclusivo, “ama teu próximo como a ti mesmo.”

O mundo nos diz que está na hora de regressarmos às nossas raízes. Está na hora de nos reunirmos e reacendermos nossa responsabilidade mútua e amor de uns pelos outros. Não precisamos amar nossos próximos como a nós mesmos por o querermos. Precisamos de o fazer pois as nações requerem que mostremos o caminho. Sem nosso exemplo, elas permanecerão em ódio recíproco e se destroem umas às outras. Antes que elas o façam, elas nos vão destruir a nós. O mundo não nos vai legitimar até lhe darmos o que ele precisa e o que ele precisa do nosso exemplo de união.

Caro Sr. Mogulof, deixe-me concluir com uma oferta: E se, sem cancelar os cursos existentes, a UC Berkeley oferecesse um curso que ensina as pessoas a se conectarem acima das suas diferenças? Meus colegas e eu temos toda a experiência e credenciais académicas necessárias para facilitar tal iniciativa. Se queremos realmente que a paz prevaleça, ela precisa de começar dentro dos nossos corações e soluções políticas seguirão o exemplo naturalmente.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Meu Artigo no Ynet: “Qual É A Lei Oculta Da Natureza?”

Uma borboleta que vibra suas asas em Paris cria pequenas mudanças na atmosfera que, em última instância, podem gerar um tornado no Brasil. O “efeito borboleta”, que opera em um sistema integral, também tem um lado otimista: uma pequena ação de nossa parte pelo benefício da sociedade pode desencadear muito mais bondade do outro lado do globo.

Imagine uma pessoa que decide se afastar da vida social para viver em uma caverna ou nas montanhas ou em uma ilha deserta no meio do oceano.

Ela vive separada de tudo: sem comida rápida, internet, telefone celular ou pessoas ao seu redor; somente a própria pessoa e a natureza que a rodeia. Primeiro, ela provavelmente sente uma incrível sensação de liberdade, um sonho que se tornou realidade, mas, em breve, tem dificuldade em satisfazer suas necessidades básicas: alimentação, proteção contra predadores, abrigo de mudanças climáticas, problemas ao cuidar de si mesma em caso de uma lesão ou doença, e ninguém para compartilhar seus momentos de tristeza e alegria.

Ironicamente, essa pessoa pode ser qualquer um de nós. Mesmo na era global do século XXI, em uma sociedade onde estamos todos conectados uns aos outros através de uma tecnologia avançada, todos se retiram para sua própria ilha deserta, preferem se separar dos outros, e cuidar de si mesmos, em vez de cooperar com seu ambiente. Ao fazer isso, vamos contra a natureza, interrompendo suas leis globais, e o resultado imediato é que nossas relações estão em crise, chegando a um beco sem saída expresso na alta taxa de divórcio, conflitos entre vizinhos e colegas, guerras entre povos e nações, bem como pela pobreza, fome e privação, que infelizmente estão se tornando a rotina diária da maior parte da humanidade.

No século 21, cada um comporta-se como uma ilha isolada, preferindo se desligar e cuidar de si mesmo em vez de trabalhar em conjunto. (foto: Kabbalah Laam)

Como chegamos a essa situação absurda em tal mundo desenvolvido? O que podemos fazer para mudar as coisas para melhor, e o que a natureza realmente espera de nós?

Como Sobreviver A Esses Dias

O homem é uma criatura social por natureza. A natureza tem motivado o homem por gerações para criar relações sociais, econômicas e culturais infinitas que foram tecidas em uma estreita rede global graças a qual uma pessoa pode obter qualquer coisa que queira hoje pelo clique de um botão. Pode parecer que a natureza opera de forma aleatória, sem um certo propósito ou direção, mas a grande natureza funciona de forma muito precisa, de acordo com um intervalo pré-definido de leis que impulsionam cada detalhe em harmonia rumo a um único objetivo: conectar todas as partes da humanidade em uma única sociedade.

A natureza poderia ter se desenvolvido de maneira perfeita para a felicidade final, rumo à unidade global, onde nós poderíamos viver como uma grande família, mas isso não é o que estamos vendo. Então, o que nos impede de se conectar dessa forma? A nossa natureza egoísta. O coração do homem é mau desde a sua juventude, a força negativa em nós que muitas vezes nos faz preferir o nosso bem-estar ao bem-estar dos outros.

A combinação da natureza que nos pressiona de fora através de diferentes mudanças climáticas e coloca obstáculos ao longo do nosso caminho para que possamos nos unir em uma sociedade, juntamente com as forças que atuam sobre nós desde dentro, os sentimentos negativos que nos fazem sentir repulsa um pelo outro, estão nos levando a um eventual confronto. Eles perturbam o equilíbrio de nossas relações e levam à desintegração das infraestruturas sociais e todos os problemas e desastres que encontramos.

Nós devemos estimular a força de conexão, a força positiva, a fim de superar o ego e equilibrar as más relações entre nós. Quando nos sentarmos juntos em uma mesa redonda e concentrarmos nossa conversa no ponto interno que nos une, o esforço de deixar a ilha deserta e se mover em direção a parte comum, isso irá revelar a força positiva que está oculta na conexão entre nós. Nós seremos envoltos em um sentimento de amor e calor. Esta união nos fará sentir bem e confortável, mas este é apenas o primeiro passo do processo. Quanto mais forte se tornar a conexão entre nós, mais conexões vamos criar que são essencialmente similares às conexões que operam na natureza.

A Relação De Dar E Receber

Na mesa redonda, vamos aprender sobre a força da natureza que opera para nos conectar. Há apenas duas leis: doação e recepção. A lei da recepção obriga cada indivíduo na sociedade a receber as necessidades básicas para si mesmo para que possa cuidar de seu próprio bem-estar e prosperidade. A lei de doação, por outro lado, obriga cada indivíduo a cuidar da prosperidade da sociedade e do seu bem-estar. A lei da recepção está embutida em nós, assim como a lei da gravidade. Nós a mantemos naturalmente, uma vez que se não o fizermos, seremos “punidos”. Uma pessoa que deixa de trabalhar, por exemplo, logo terá que enfrentar problemas econômicos. A própria vida nos obriga a observar a lei de recepção.

O cumprimento da lei de doação é muito mais complicado. A nossa contribuição para o desenvolvimento da sociedade nem sempre dá fruto imediato e às vezes leva tempo até que essa bondade retorne para nós. Portanto, não temos um forte desejo e uma necessidade natural de obedecer à lei de doação e de se preocupar com a prosperidade da sociedade. Quando não obedecemos a essa lei, a punição chega muito em breve,como o Baal HaSulam, Rav Yehuda Ashlag, escreve em seu artigo “A Paz”.

“Lei de Dar”, por outro lado, requer que cada indivíduo cuide da prosperidade e bem-estar do todo. (Foto: Kabbalah Laam)

“Assim, a humanidade está sendo fritada em uma turbulência hedionda, onde conflitos, fome e suas consequências não cessaram até agora. E a maravilha disso é que a natureza, como um juiz hábil, nos pune de acordo com o nosso desenvolvimento. Pois nós podemos ver que na medida em que a humanidade se desenvolve, as dores e tormentos que cercam o nosso sustento e existência também se multiplicam.

“Assim, você tem uma base empírica científica de que Sua Providência nos ordenou manter com toda nossa força a Mitzva de doar aos outros com precisão absoluta, de tal maneira que nenhum membro dentre nós iria trabalhar menos do que a medida necessária para garantir a felicidade da sociedade e do seu sucesso. Enquanto estivermos ociosos realizando isso ao máximo, a natureza não vai parar de nos punir e se vingar”.

A lei de doação está intencionalmente oculta de nós, pois é graças a essa ocultação que temos a chance de se desenvolver de forma independente, a fim de adquirir a grande sabedoria que está oculta na natureza. A borboleta que vibra suas asas em Paris cria pequenas mudanças na atmosfera que em última instância pode gerar um tornado no Brasil. O “efeito borboleta”, que opera em um sistema integral também tem um lado otimista: uma pequena ação de nossa parte pelo benefício da sociedade pode desencadear muito mais bondade do outro lado do globo. Cedo ou tarde, essa bondade voltará a nós. A natureza é mais forte do que todas as nossas forças e continuará a nos “bater” até nos juntarmos a ela cumprirmos a lei de doação. Então, vamos abrir o caminho seguro para a felicidade.

Baseado na “Necessidade para a Prática do Cuidado com as Leis da Natureza” do artigo “A Paz”, de Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam).

Publicado originalmente no Ynet

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Merkel e Hollande Descobrem — A UE Está a Morrer

Para se salvar a si mesma, a UE deve agir como uma. A escolha é clara: Todos vencem juntos, ou todos perdem juntos.

Na passada sexta-feira, os líderes dos 27 países que permanecem na União Europeia após o Brexit reuniram-se em Bratislava para discutir o futuro deste excêntrico super-estado. Apesar da atmosfera agradável, muito invulgar dos encontros da UE, ninguém duvidou da seriedade do momento.

Incerteza da União Europeia Foto: Dreamstime

O Presidente da Comissão da UE  Donald Tusk afirmou no seu convite para o encontro: “As pessoas querem saber se a elite da Europa consegue ganhar novamente o controlo sobre a situação que os esmagou, desorientou e assustou. Muitos agora pensam que a filiação da UE impede o caminho da estabilidade e segurança.” A Chanceler alemã Angela Merkel afirmou que “Estamos numa situação crítica,” acrescentado que espera que “Bratislava mostre que queremos trabalhar juntos.” Em raro uníssono com ela, o Presidente francês Francois Hollande anunciou, “Enfrentamos ora uma separação, enfraquecimento ou escolhemos o oposto, juntos dando à Europa um propósito.”

Eu acredito neles. Se a UE se desmoronar, ela levará o mundo com ela. Tal como no casal divorciado, os países não se vão separar pacificamente. Eles vão decalcar para levar um pedaço tão grande quanto puderem para si mesmos, deixando os outros a peneirar nas sobras, desenfreando ódios seculares que vão esfarrapar a fina fachada de mutualismo que foi maquinada pelas facções políticas por todos os motivos errados.

Concebida em Pecado

Desde a sua origem, a UE tomou a direcção errada. O poder económico combinado do Bloco Europeu estava destinado a reposicionar o velho continente como líder mundial, a par com os EUA, Rússia e o despertar do gigante da China. Mas a economia não é uma ciência exacta. Ela reflecte as metas e valores da sociedade. Quando culturas conflituosas, animosidade profundamente enraizada e incapacidade de falar a língua uns dos outros são jogadas para a panela sem preparação prévia, estamos destinados a cozinhar um prato explosivo.

Para a UE ter sucesso, ela tinha de preparar seu povo em avançado. Por exemplo, não se consegue remover todos os pontos fronteiriços numa fronteira e criar uma zona de livre acesso se os países não concordarem primeiro quem é e (principalmente) quem não é permitido no seu território. Também, não se consegue unificar as economias dos estado membros da UE quando isso significa a erradicação virtual dos meios de produção na maioria dos membros e a criação de completa dependência financeira de uns poucos poderosos. Sem uma sensação compartilhada de preocupação por todos, tal iniciativa está destinada ao fracasso. Foi por isso que eu disse nos anos 90 que a inteira ideia não tinha futuro.

Um Duro Despertar

Mas não é tarde demais. Numa carta para os líderes da UE, em preparação para o encontro de Bratislava, escreveu o Presidente Tusk, “Todos sentimos que nestes tempos turbulentos marcados pelas crises e conflitos, o que precisamos mais que nunca é uma confirmação da sensação da nossa comunidade.” O atrasado despertar da UE pode ser doloroso e difícil, mas ainda há tempo para concertar as coisas, se realmente houver uma “sensação de comunidade,” e uma responsabilidade compartilhada pelo bem-estar de todos.

A primeira coisa a recordar é que a paz é um processo dinâmico. A natureza humana está sempre a evoluir e sempre para maior egocentrismo. Todavia, a natureza tem uma força inerente para compensar o inerente poder do egocentrismo em todas as criações. Isto permite a preservação, evolução e prosperidade da espécie. Os animais não procuram destruir as outras espécies a sua própria. Suas luta são meramente pela sobrevivência. Isto resulta em ecossistemas equilibrados por todo o globo, onde a prosperidade de cada espécie depende e portanto apoia a prosperidade de todas as outras espécies no sistema.

Os humanos carecem desta inibição natural. Na grande maioria, tiramos o que pudermos, onde pudermos, de quem pudermos e se pudermos humilhar alguém no processo, tanto melhor. Isto cria uma enorme quantidade de problemas, desigualdade, discriminação, opressão e depressão, que então conduzem à agressão. Ao mesmo tempo, nossos desejos de explorar e dominar nos obrigam a nos conectarmos cada vez mais estreitamente. O resultado é um um laço que ninguém quer, todavia que ninguém consegue desapertar. Isto, abreviadamente, é a história da globalização. Assim, se queremos evitar nos eliminarmos uns aos outros, temos de aprender a como coexistir e amigavelmente se possível.

Presidente do Conselho Europeu Donald Tusk Foto: Dreamstime

Uma Única Saída

A Europa não pode desmontar a UE. A ira acumulada devido à crise, juntamente com a longa história de derramamento de sangue, tornarão uma desagregação brutal e mortal não só para a Europa, mas para o mundo inteiro. Como salientaram Merkel e Hollande, o único modo de solucionar a crise é juntos. Entender isto é imperativo para o sucesso do processo para curar a Europa.

Para a UE prosperar, ela deve definir um sistema “Pan-Europeu de educação-para-a-conexão” que inclua todos os residentes da UE. Todos os cidadãos e residentes temporários da UE participarão em aulas mandatárias que ensinem a como cooperar e se unirem na prática acima das diferenças, não apenas na teoria, mas em execução.

Esta “educação obrigatória” pode soar extremista mas ela é de longe mais condutora para a sobrevivência da UE que, por exemplo, a sugestão de estabelecer um exército da UE. Em vez de recruta mandatária para o exército da UE, se todos os residentes da UE fossem “recrutados” para a educação na união, o bloco teria uma chance de vencer.

Este esforço de se unirem desbloquearia a força que mantém o equilíbrio em todos os níveis da natureza menos no nosso. Ele permitirá aos Europeus compensarem seu isolacionismo de maneira muito similar a como a natureza equilibra o egocentrismo no reino animal.

Ao trabalharem para a união os Europeus vão desenvolver uma identidade comum por todo o bloco. Enquanto as pessoas pensarem em si mesmas como alemãs, francesas, espanholas ou italianas antes que pensem em si mesmas como europeias, será virtualmente impossível remendar os rasgões na “união.”

Com isto dito, a identidade emergente Europeia não deve suprimir a nacional, mas ser mais como um “cobertor” sob o qual todos consigam encontrar abrigo. Sendo a força de equilíbrio dos Europeus, esta união abrangente permitirá a cada nação se elevar acima do impulso do isolacionismo em favor trabalhar para beneficiar toda a Europa.

Claramente, esta união será completamente fingida, inicialmente. Porém, à medida que o processo de apreensão continuar, os Europeus vão se habituar à ideia. Gradualmente, as visões vão mudar e um novo espírito vai emergir. Eventualmente, tal como é impensável que as células percebam sua própria existência como separada da existência do organismo que elas constituem, os países se percepcionarão a si mesmos como partes integras de um todo maior, chamado “Europa.” Sua preocupação pela Europa não os enfraquecerá, mas em vez disso lhes fornecerá vitalidade adicional e poder.

E uma vez que nos estamos a tornar cada vez mais conectados, a reciprocidade bem-intencionada, em vez dos laços mal-intencionados existentes, vai beneficiar todos os envolvidos e a Europa se tornará o poder ao qual ela sempre aspirou se tornar. Se a união prevalecer na Europa, sua já diversa população dará ao continente a vitalidade e agilidade com que outros continentes e poderes só conseguem sonhar.

Tal como disse Merkel, a situação é crítica. Nos aproximamos de um ponto de ruptura além do qual tudo se irá desfazer em pedaços. A hora de agir é agora e a escolha é clara: Todos vencem juntos, ou todos perdem juntos.

Publicado originalmente no Hareetz

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