Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Shavuot: Além do Cheese Cake

Os Judeus são óptimos em condizer os pratos com os feriados. Shavuot é provavelmente um dos meus favoritos de sempre, especialmente se você gostar de cheesecake. Por alguma razão estranha, porém, é também um dos festivais que encaramos mais suavemente.

É estranho por que se você olhar um pouco mais fundo e se lembrar que os festivais Judeus representam fases no nosso progresso espiritual, então Shavuot adquire um significado muito maior. Com progresso espiritual, não me refiro a certo tipo de misticismo, mas à nossa habilidade de nos amarmos uns aos outros.
Shavuot marca um ponto no nosso desenvolvimento em que recebemos a Torá, a lei de dar. Ela é uma fase seminal em actualizar a fase final inclusiva, toda abrangente do nosso desenvolvimento: “Ame seu próximo como a si mesmo.”

Quando Rabbi Akiva disse que ame seu próximo como a si mesmo é uma grande klal (regra) na Torá, ele não se referia a ela somente como uma lei, mas também como a klal (soma total, inclusão) de toda a Torá. Por outras palavras, todas as leis da Torá conduzem a essa única meta de amar os outros como a si mesmo.

Se isto assim é, podemos ficar surpresos que desconsideremos este feriado e o reduzimos a um festival de cheesecake? Quem quer amar os outros, muito menos amá-los como a si mesmo? Isso é o oposto a nossa natureza.

Verdade, mas nós não escrevemos a Torá. Nem escolhemos recebê-la. Se tivéssemos vivido quando ela foi dada, provavelmente teríamos dito, “Não obrigado, dê-a aos Babilónios; dê-a aos Assírios; dê-a aos Cananeus; dê a qualquer um menos a nós.” Mas a lenda conta que eles foram espertos o suficiente para a recusar. Em vez disso, aqui continua a piada, quando Deus a ofereceu a nós, nós perguntámos, “Quanto custa?” E quando Deus disse, “É de graça,” nós dissemos, “Então dê-nos duas!”

Então agora estamos presos com uma tarefa de sermos uma luz para as nações. Não o queremos, nem entendemos o que isso significa. Mas o mundo está rancoroso de nós não fazermos o que quer que seja que devíamos estar a fazer e certa força oculta com a qual não queremos ter nada a ver está a orquestrar as coisas para que todos nos culpem por tudo aquilo que há de errado no mundo. Mas repare, tudo o que queremos é viver em paz por trás de uma cerca e o volante de um jipe.

Eis que, a vida, como disse John Lennon, “é aquilo que acontece quando você faz outros planos.” Num mundo onde todos estão dependentes de todos os outros através deste termo amorfo, “globalização,” não podemos fingir viver a vida numa ilha nos guardando para nós mesmos. Podemos ter uma óptima vida, sem dúvida, mas somente se todos tiverem uma óptima vida, também. A responsabilidade mútua pela qual nosso povo era famoso nos dias dos camelos e das tendas deve ser franqueada para o resto do mundo nos dias do Camry e casas para uma família.

O mundo precisa de responsabilidade mútua e não a consegue achar em lado algum. Nós nos tornámos tão alienados e egocêntricos que tomamos antidepressivos para funcionar, “consumimos” Angry Birds e coisas semelhantes para adormecer nossas mentes, ou nos voltamos para o fundamentalismo numa busca desesperada de sentido.

Mas não há sentido no isolamento. Sentido pode ser achado somente na conexão humana. A primeira coisa que queremos fazer quando algo de bom nos acontece é contarmos aos nossos amigos sobre isso. A primeira coisa que queremos fazer quando algo de mau nos acontece é que alguém venha ao nosso socorro. Nós somos seres sociais, física, emocional e mentalmente. Naturalmente, nossa integridade espiritual também deriva da nossa conexão.

O truque para esta integridade espiritual através da conexão, porém, é a habilidade de nos unirmos acima das diferenças. Nós somos únicos e queremos permanecer desse modo. É assim que definimos quem nós somos. O problema é que estamos a usar nossa singularidade para ganhar uma vantagem sobre os outros. Com isso, nos negamos o enriquecimento e força que recebemos deles, enquanto também desperdiçando uma enorme quantidade de energia ao nos tentarmos proteger dos outros. Em vez de nos nutrirmos uns aos outros, estamos ocupados a nos destruir uns aos outros.

Se pudéssemos inverter esta mentalidade e aplicar nossa singularidade para o bem comum, quem sabe o que alcançaríamos?

Os antigos Hebreus entenderam tudo isso. As coisas ainda estão muito submersas lá, escondidas por debaixo de camadas de egocentrismo ao ponto que você não consegue detectar sua presença. Como as camadas de sujidade que você precisa de desenterrar quando escava em lugares da antiguidade, nós precisamos de descascar as camadas de egoísmo e descobrir novamente a habilidade de nos conectarmos em responsabilidade mútua.

O mundo precisa de um exemplo, um modelo exemplar para executar o amor pelos outros. Até que concretizemos isso e nos tornemos esse modelo, as pessoas continuarão a se executar umas às outras.

Shavuot simboliza o momento em que aceitamos a tarefa de todo o coração, não por ser fácil, mas porque é a coisa certa a fazer. E enquanto a fazemos, não há problema algum em comer algum cheesecake, também.

Publicado originalmente no The Times of Israel

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O Que Comemoramos Em Lag B’Omer E Por Que Este Lag B’Omer É Diferente?

Em Lag B’Omer nós comemoramos a passagem do grande Cabalista, Rabbi Shimon Bar Yochai, autor de O Livro do Zohar. A revelação que Rabbi Shimon fez significa a entrega da Torá, a ciência da correcção, para o mundo inteiro.

A humanidade se desenvolveu de geração em geração até Abraão ter revelado o método da conexão acima da crise que se desenvolveu na Antiga Babilônia. Então a nação de Israel experimentou a escravidão Egípcia e o Êxodo dela, seguido pela construção do Primeiro e Segundo Templos, bem como outras subidas e descidas. Todos os acontecimentos desafiantes que caíram sobre esta nação e toda a história humana como um todo parecem ser uma provação interminável.

Porém, o caminho inteiro que atravessámos até à chegada de Rabbi Shimon foi simplesmente nossa preparação para a correcção. Após a destruição do Segundo Templo, a nação de Israel no geral perdeu a sensação da espiritualidade e foi exilada dela. Mas nesse estado de exílio, nós recebemos um presente na forma de um sábio (um Tana), um Cabalista de alto estatuto. Sua alma especial incorporou todas as almas anteriores e unificou-as dentro dela. É por isso que, junto com seus estudantes, ele foi capaz de alcançar uma extraordinária altura, o fim da correcção na sua geração.

Baal HaSulam, que escreveu o comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar, escreve que nunca na história houve uma realização mais alta que aquela alcançada nos tempos de Rabbi Shimon e sua geração. Tal realização pode ocorrer outra vez somente no fim da correcção. Agora nós nos encontramos no seu limiar.

Rabbi Shimon era único no sentido que ele era capaz de conectar este nível incrivelmente elevado de realização ao nosso mundo. Embora sua realização o colocasse num elevado nível espiritual, para todos os efeitos ele vivia uma vida comum material após a destruição do Segundo Templo. Foi então que a nação caiu completamente do nível de amor fraterno para o ódio infundado e esta queda causou o desaparecimento completo da percepção da espiritualidade.

É isso o que presentemente experimentamos em Israel. Nós esquecemos completamente quem nós somos, de onde viemos e qual é nossa missão no mundo.

Porque Rabbi Shimon uniu estes dois extremos dentro dele, ele fora capaz de escrever este grande livro, ou seja fazer uma revelação da qual o mundo inteiro beneficiaria. Sem ele, não teríamos a oportunidade de conectar a humanidade de uma maneira positiva.

Nós devemos pegar neste exemplo e nos lembrar que quando nos unimos e nos conectamos acima das forças de oposição no nosso caminho, o bem de Israel transborda para o mundo. Todavia quando nos tratamos mal uns aos outros e não damos um exemplo de amor fraterno, o mundo olha-nos com desprezo.

Não é aleatório que este exemplo de desunião tenha irrompido de maneira tão proeminente no coração de Israel precisamente quando estamos à beira de dar este exemplo. Esperançosamente, nas semanas vindouras, seremos capazes de corrigir a situação e fornecer um exemplo adequado ao mundo.

Publicado originalmente no Jewish Journal

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Israel: Não Há Independência sem Interdependência

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Penso que é mais que simbólico que o Dia da Independência de Israel venha apenas uma semana depois do Dia da Recordação do Holocausto. Para mim, está claro que se não fosse o Holocausto, o estado de Israel não teria sido estabelecido na altura e da maneira que foi. Contudo, 67 anos após seu estabelecimento, a existência de Israel ainda está a ser desafiada porque sua independência e segurança não são determinadas pelos mesmos factores que determinam o destino de todos os outros países.

A terra de Israel foi dada aos Hebreus somente assim que se uniram “como um homem com um coração” no pé do Monte Sinai. Nós fomos soberanos lá somente enquanto mantivemos nossa união. Quando a perdemos, fomos exilados. O ódio infundado se plantou a si mesmo nos nossos corações, perdemos nossa soberania sobre Israel e não a reganhámos até 1948.

Contudo, a soberania à qual regressamos em 1948 nos foi dada após a provação do Holocausto, não devido à nossa renovada união. Mas uma vez que nos tornámos soberanos de Israel somente depois de nos termos unido, nossa independência depende do nível ao qual adptamos união entre nós em vez de separação.

Diz-se que os Israelenses (e Judeus por todo o lado) se unem somente quando um perigo comum os ameaça. Certamente, até que certo perigo apareça nós colidimos uns com os outros como uma pilha de nozes confinadas juntas a um saco. Mas no primeiro sinal de perigo, unimos nossas fileiras e enfrentamos o desafio como um. É assim que tem sido durante décadas, mas não é assim que permanecerá sempre.

Os tempos estão a mudar. À medida que o mundo se torna cada vez mais hostil para Israel, precisamos de tirar algum tempo para reflectir sobre o sentido de estarmos nesta terra. Hoje, muito do mundo considera o estado de Israel sendo o mais assustador vilão. Podemos não o entender, mas como um Antissemita escreveu no Twitter no outro dia, “Aquilo a que vocês [Judeus] chamam ‘Antissemitismo,’ o resto do mundo chama ‘senso comum.'” Eles não fazem ideia de porque estamos aqui e pensam que nosso único propósito é roubar os Palestinianos de sua terra e os explorar.

Em vez disso, precisamos de mostrar que estamos aqui por um propósito completamente diferente, para restaurar a união que em tempos alcançamos e compartilhá-la com o mundo. Pouco depois de nos unirmos “como um homem com um coração,” nos foi dada a tarefa de sermos “uma luz para as nações.” Isto é, nos foi dada a tarefa de trazermos nossa união especial ao resto do mundo.

Nós nunca fizemos isso. Enquanto estivemos em Israel, estivemos isolados e largamente mantivemos nosso método de união para nós mesmos. Quando finalmente nos dispersámos, foi precisamente porque perdemos nossa união e deste modo não tínhamos nenhuma para compartilhar com o mundo.

Agora que retornámos à terra de Israel, nos é requisitado renovar nossa união e a compartilhar com o mundo. Esta é a implementação da promessa que o mundo espera que nós mantenhamos: de sermos uma luz para as nações. Esta será também a única justificação para nós estarmos aqui que o mundo aceitará e apoiará. Abreviadamente, quando nos unirmos e compartilharmos nossa união com o mundo, esse será o fim do Antissemitismo.

Desta forma, para preservar nossa independência e a solidificar, precisamos de trabalhar sobre nossa interdependência, nossa responsabilidade mútua, o lema do nosso povo. Quando estabelecermos solidariedade e procurarmos seguir o princípio, “ama teu próximo como a ti mesmo,” mereceremos estar na terra de Israel.

No que diz respeito ao mérito da união, até O Livro do Zohar, provavelmente a peça de texto mais mal construída alguma vez escrita, diz claramente (Acharei Mot), “Vós, os amigos que aqui estão, tal como estavam em afeição e amor anteriormente, doravante não partirão uns dos outros… E pelo vosso mérito haverá paz no mundo.”

Então se queremos verdadeira independência, devemos cultivar nossa solidariedade e união. Ironicamente, o futuro da nação mais perseguida na história da humanidade não depende de armas, mas de cultivar responsabilidade mútua, almejar um estado nacional de “ama teu próximo como a ti mesmo” e compartilhar esse estado com o mundo inteiro, todas as nações, raças e religiões.

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O 2º Holocausto — Como o podemos prevenir

Estrela de David. (crédito:ING IMAGE/ASAP)

Eu nasci um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Durante meus anos de formação, falámos da maioria dos meus membros de família no pretérito passado. Eles haviam desaparecido, pereceram no Holocausto. Estava escrito na parede mas a maioria dos Judeus se recusava a lê-lo. Agora está na parede novamente, irrompendo sobre nós nas manchetes dos jornais e publicações nas redes sociais. Se fecharmos os olhos novamente, um segundo Holocausto vai acontecer e mais expansivo que o primeiro. Nós podemos preveni-lo, mas não devemos esperar.

Os 50 estranhos membros suspensos do Partido Trabalhista britânico não são maçãs podes numa entidade inversamente liberal de progressista; eles são a ponta do icebergue. Os Judeus foram, são e permanecerão párias e excluídos onde quer que estejam, enquanto refrearem assumir sua velha tarefa: trazer o mundo à paz.

Para onde quer que olhemos, o mundo está a rodar para o caos. Os super-poderes estão brincar de “faz-de-conta” com aviões de combate; grupos terroristas aterrorizam o mundo com picapes Toyota, facas do mato e crueldade desumana; taxas de juro zero nos mercados financeiros estão a tornar os podres de ricos mais ricos e mais podres; e cada outra pessoa consome antidepressivos como se fossem vitaminas. É admiração que as drogas, que o antigo Presidente, George Bush, descreveu à menos de trinta anos atrás como “a mais grave ameaça doméstica que enfrenta nossa nação,” se tenham tornado o nosso novo melhor amigo?
Há menos de trinta anos atrás Shimon Peres ainda falava sobre “O Novo Médio Oriente.” Sonhámos emular o modelo bem sucedido da União Europeia em outras partes do mundo e os EUA pela África cantaram “We Are the World.”

Ninguém está a cantar agora. O mundo está em modo de sobrevivência.

Nosso mundo se tornou denso, apertado, interconectado e interdependente. Ao mesmo tempo, nos tornámos distantes e alienados uns dos outros. A tensão entre nossas tendências anti-sociais e nossas conexões apertadas obrigatórias se tornou tão alta que ela se pode rasgar a qualquer momento.

Todavia, não nos podemos afastar. Tal como todas as outras partes da realidade, nos tornámos uma mistura inseparável cujas partes dependem umas das outras para a sobrevivência. Mas ao contrário do resto da realidade, nós detestarmos ser dependentes dos outros. Nós queremos governar, dominar, comandar ou pelo menos que nos deixem em paz.

Nada disto é possível. Conexão é a lei da vida. Sem ela não há criação ou evolução. Nada persiste sem conexões positivas e recíprocas com seu meio circundante. Desta forma, os humanos devem aprender a se conectar desse modo, também.

Quando nós não nos conseguimos conectar voluntária e positivamente, somos forçados a fazê-lo através de certa tragédia que nos conecta juntos, ou um tirano que nos une juntos através de certa forma de fascismo, que recebe seu nome da palavra, fascis, que em Latim significa “feixe.”

E quando as coisas se tornam difíceis, os Judeus se escaldam. Isso não acontece porque certo governante astuto nos culpa em prol de evitar ser culpado pelos seus próprios fracassos. A ira das massas para os Judeus é genuína. Elas sentem que (de alguma maneira) os Judeus causaram seus problemas. Elas podem não ser capazes de explicar essa ira através da lógica, mas seus sentimentos vêm de bem fundo no interior. Assim foi na Espanha do século 15, na Rússia do século 19, na Alemanha do século 20 e assim hoje é.

Mas nós os Judeus devíamos saber a resposta, pois em tempos estivemos muito mais conscientes do nosso papel. Nossos antepassados sabiam que todos os nossos problemas vêm de más conexões entre as pessoas. Foi por isso que se tornaram uma nação somente depois de terem se terem comprometido a amar seu próximo como a eles mesmos. Eles sabiam que más conexões conduzem os povos para a guerra em vez de para a paz, a denegrir em vez de elogiar, a receber em vez de dar e a matar em vez de curar. E somente eles, nossos antepassados, conseguiram se conectar de uma maneira não egocêntrica.

Estes antigos Hebreus se tornaram a nação de Israel quando prometeram ser “como um homem com um coração.” Colocando de parte as diferenças de etnia e fundo, eles adoptaram a máxima, “Ama teu próximo como a ti mesmo” e acharam nela um tesouro de poder e vitalidade. Como Abraão lhes havia ensinado, eles perceberam que é assim que a vida deve ser, que o mundo estava longe disso e que eles devem assumir sobre si mesmos a tarefa de serem “uma luz para as nações,” de trazer o Tikkun Olam, a correcção ao mundo, através da conexão especial que haviam descoberto.

E todavia, em vez de espalharmos nosso método de conexão especial, há dois mil anos atrás prontamente descemos para o hedonismo. E embora tivéssemos sido banidos e expulsos dos mais altos lugares, confinados a nossas shtetls, nossas cidades Judias, não perdemos nossa fé que um dia seríamos emancipados e nos seria permitido ser como todos os outros.

Eruditos tais como Liev Tolstói questionaram, “O que é um Judeu? … Que espécie de criatura é esta a quem todos os governantes de todas as nações do mundo desgraçaram e esmagaram e expulsaram e destruíram; perseguiram, queimaram e afogaram e que, apesar de sua ira e sua fúria, continua a viver?” Outras pessoas de direito, tal como Mark Tain, reflectiram sobre os Judeus e finalmente concluíram que “Todas as coisas são mortais menos o Judeu; todas as forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo da sua imortalidade?” E todavia, nunca nos ocorreu que há uma razão para a nossa sobrevivência.

Depois do Holocausto nos foi dado um intervalo, uma chance de nos reconectarmos a nossa tarefa e uns aos outros. Nós escolhemos usar esta liberdade sem precedentes e fazermos exactamente o nos propusemos fazer há 2000 anos atrás quando fomos exilados—nos misturarmos com as nações ao ponto do esquecimento.

Mas se desaparecermos, o mundo perderá sua única esperança de achar o modo certo de se conectar, através do amor pelos outros e responsabilidade mútua. E assim o mundo nos tem de juntar novamente e a janela de oportunidade de adoptarem nossas conexões agradavelmente está a fechar-se.

A UNESCO decidiu que Israel não tem direito, nem sequer histórico, ao Monte do Templo. Políticos britânicos especulam que seria uma esplêndida ideia se Israel estivesse, digamos, na América. Quanto ao resto do mundo, ele está a começar a pensar que “Talvez votar para estabelecer um estado Judeu em 1947 não tivesse sido uma ideia muito inteligente; talvez esteja na hora de mudar isso.”

Nós podemos mudar a maré. Tudo o que temos de fazer é aprender a nos conectar tal como antes. A semente do amor pelos outros está dentro de nós. Nós só precisamos de a “regar” um pouco com alguma boa vontade para transcender nossa indignação farisaica de uns para os outros e vermos que somos todos uma nação, conectada por uma meta comum — de beneficiar a humanidade ao compartilhar o modo certo de se conectar.

Ser-se “uma luz para as nações” não é certa noção sublime e arcaica. Ela é uma tarefa muito terrena: Nos conectarmos uns aos outros até que nossos corações se conectem, então ensinar aos outros a fazerem o mesmo através do nosso exemplo. O mundo sofre por isso e acusa-nos de causar todas as guerras pois não sente que estejamos a espalhar o amor. Se aprendermos a nos amar uns aos outros e compartilhar este conhecimento com o mundo, então as pessoas não sentirão que causamos as guerras. Elas saberão que nós somos os portadores da Paz, da Tikkun Olam.

Nós podemos prevenir o segundo Holocausto. Tudo o que temos de fazer é pouco-a-pouco, nos unirmos “como um homem com um coração.” Ainda somos donos do nosso destino; a escolha ainda está nas nossas mãos. Não a percamos novamente.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Dia Internacional Da Memória Do Holocausto

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Hoje é o Dia Internacional da Memória do Holocausto. Talvez em preparação para este dia importante, a BBC dedicou a sua conta do Twitter As Grandes Questões (#BBCTBQ) para esta ocasião da seguinte maneira: “Nossa grande questão desta manhã: Está na hora de deixar de falar no Holocausto?” Se alguma olhou para um exemplo de zeitgeist, este título é bastante indicador.

Mas por todo o desânimo que tais afirmações evoquem, o que realmente me preocupa é como nós, Judeus, tratamos nosso passado. Se títulos tais como Judeus Americanos Devem Deixar De Se Obcecar Com o Holocausto podem ser casualmente atribuídos a indivíduos proeminentes tais como o Prof. Jacob Neusner, aqui está verdadeira causa para nos preocuparmos.
Tenho de admitir que eu, também, não sou entusiasta de nos demorarmos sobre o passado. Mas não podemos normalizar o Holocausto pois não há nada de normal nele. O Holocausto é um claro lembrete de que a aculturação (que nada mais é senão o eufemismo de assimilação) que a maioria dos Judeus Americanos procuram nunca vai acontecer, não agora, nem nunca, não na América, nem em lado algum.

Há seis séculos atrás tentámos ser assimilados na Espanha e todos sabemos como isto terminou. Há noventa anos atrás tentámos fazê-lo na Alemanha e tornou-se uma tragédia ainda maior que na Espanha. Agora estamos a tentar fazê-lo nos EUA. Não há razão para esperar que acabe bem.

Embora seja verdade que se olhar para os valores que a sociedade Americana nutre, parece não haver razão para pensar que o que aconteceu na Alemanha venha a acontecer aqui. Mas os Judeus na Espanha e os Judeus na Alemanha também não viram a onda a vir na sua direcção.

Para mim, está claro como o dia que se continuarmos a perseguir nossa presente trajectória social, enfrentaremos uma terceira catástrofe. Não se trata simplesmente da minha própria visão, mas uma que “herdei” do meu professor e do pai do meu professor (Yehuda Ashlag, autor do comentário Sulam (Escada) sobre O Zohar). O último escreveu sobre isso nos seus Escritos da Última Geração. Devo admitir que eu, também, sou um firme crente de que suas previsões tiveram uma exactidão de levar à letra.

Nós somos, sempre fomos e sempre seremos considerados e tratados como diferentes, porque o somos. Podemos não o ver quanto a nós mesmos e certamente não temos desejo de sermos considerados e tratados como o eterno culpado, mas este é um facto da vida. Não há razão para que o Antissemitismo se está a espalhar pela Europa não rasteje para a América.

Na realidade, em muitos aspectos, a situação em muitas universidades Americanas é pior que na maioria dos países Europeus. E se nos lembrarmos que foi precisamente este grupo etário que conduziu a toda a transformação social na América desde Woodstock ao Occupy, então podemos ver que não devemos baixar nossa guarda.

Mas fazer a mala e fazer aliyah em massa não é a solução. Aqui em Israel também não estamos a fazer o que devíamos em prol de prevenir o próximo cataclismo.

Em vez de fugirmos uns dos outros e tentarmos ser assimilados, nós temos de fazer o oposto. Nos devemos unir acima das nossas diferenças e dar um exemplo de solidariedade social e responsabilidade mútua. Nós devemos fazê-lo aqui na América e devemos fazê-lo entre Israel e os Judeus Americanos. O mundo já se encontra a observar todos os nossos movimentos ao microscópio. Agora devemos dar-lhe o que ele necessita.
E o que o mundo necessita é a habilidade de se unir acima das diferenças. As pessoas são odiosas e alienadas umas das outras, narcisistas e solitárias. É por isso que a depressão é a mais comum doença no mundo Ocidental. Mas a única cura para ela é união e camaradagem entre nós, que ninguém sabe como criar. As pessoas não querem ser oprimidas ou ser forçadas a ser idênticas. Pelo contrário, elas querem ser únicas e excepcionais.

Nós, Judeus, em tempos possuímos a habilidade de nos unirmos sob o lema, “ama teu próximo como a ti mesmo.” Este lema permite-o ser tanto único quanto se unir e esta é a combinação que o mundo procura. Somente quando contribuirmos sua singularidade para o benefício da sociedade seremos capazes de construir uma sociedade que se sinta pessoalmente concretizada enquanto contribuindo nossas aptidões e talentos para o beneficio da sociedade. Hoje, somente tal sociedade é sustentável.

É nosso papel enquanto Judeus reacender esta habilidade dentro de nós e a transmitirmos ao mundo. As nações não se importam quantos vencedores de Prémios Novel vêm de descendência Judia, ou quantos fundos doam os Judeus às caridades (muito além da nossa proporção na população global). E mais importante, a história e o presente estado das coisas provam que estas estes louvores não ajudaram um pouco para mitigar o Antissemitismo. Até que aprendamos a nos unir e a espalhar o método da união pelo mundo, as pessoas continuarão a nos culpar por tudo o que há de errado com o mundo e continuarão a nos considerar não só redundantes neste planeta, mas nocivos para suas vidas. E elas farão o que puderem para se livrarem de nós.

Podemos pensar que não nos podemos unir enquanto formos tão diferentes, mas isso é porque estamos a olhar só do nosso presente nível. Mas Einstein, um Judeu justamente inteligente, já disse que “os problemas significativos que temos não podem ser solucionados no mesmo nível de pensamento com os quais os criámos.” O que precisamos é deixar nossas diferenças intactas e nos unirmos acima delas. Se tentarmos, teremos sucesso. Está nos nossos “genes nacionais” inerentes e tudo o que é necessário para os despertar é um pequeno esforço da nossa parte.

Publicado originalmente no The Times of Israel

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Dia Da Memória do Holocausto — Recordar os Mortos, Preservar os Vivos

Cada ano bem antes do Dia da Memória do Holocausto, reflicto sobre o que pode ter ocorrido e o que o futuro nos guarda, especialmente nestes dias, em que demonstrações Antissemitas pré-Segunda Guerra Mundial estão a surgir novamente e o clima político se torna mais tempestuoso a respeito do estado de Israel.

Como muitos Judeus Europeus, perdi a maioria de minha família no Holocausto. Nasci no segundo verão após a guerra e as memórias ainda são frescas e dolorosas e assim minha infância foi fortemente influenciada pela memória daqueles que pereceram. Verdade seja dita, muita da minha busca por respostas foi impulsionada pelo espectro do Holocausto e o implacável Antissemitismo que eu mesmo experimentei enquanto Judeu crescendo na Bielorrússia.

Quando você cresce sob tal sombra, frequentemente se questiona “Por quê?” e “Como?”: Por quê nos aconteceu isto, aos Judeus? O que fizemos de tão errado? Por quê temos sido perseguidos durante nossa história? Como há ainda Judeus, quando tantas nações e povos que foram maiores e mais fortes que nós foram reduzidos a páginas em livros de história? É verdade o que os Antissemitas dizem sobre nós, que causamos todas as guerras e problemas e que estamos a tentar dominar o mundo?

Acredito que quase todo o Judeu ainda é um pouco incomodado por estas perguntas. Para mim elas foram tão penetrantes que me conduziram para a acção, na procura de respostas.

Procurei na ciência, religião, filosofia, ontologia e Cabala. Minha pesquisa me ensinou que vivemos num sistema fechado, cujos elementos são interconectados, interdependentes e cuja evolução inexorável determina suas leis.

Porém, também aprendi que embora você não possa mudar nosso futuro interconectado, certamente pode determinar se lá chega agradável e suavemente ou pelo contrário. Certamente, até o Holocausto, o acto mais satânico de genocídio alguma vez cometido, não é excepção à regra. Tal como um salto de um edifício de vinte andares inevitavelmente terminará na morte a menos que tenha um pára-quedas, desafiar a lei da evolução humana infalivelmente evocará o desastre, a menos que aprenda a usá-la como um pára-quedas. E se aprender, você vai deslizar à medida que a brisa acaricia a sua face e a paisagem se estende por milhas diante dos seus olhos e você vai tocar no solo são, salvo e alegre.

E esta escolha entre deslizar e esbarrar leva-me de volta ao Antissemitismo e o Holocausto. O progresso inexorável do sistema em que todos vivemos nos impulsiona para conectividade aumentada e crescente interdependência. Seria mais fácil separar os ovos em ovos mexidos que desatar as conexões já estabelecidas entre todas as partes do mundo. Quer estejamos conscientes disso ou não, todos os seres humanos estão conectados em todos os níveis da realidade. Desta forma, o único modo de estabelecer a paz e ordem nas nossas vidas é ao aprender a funcionar em sintonia e solidariedade uns com os outros.

Quando trabalhava na minha tese, aprendi que há aproximadamente 4000 religiões, sistemas de fé e paradigmas de pensamento no mundo inteiro. Então por que há tantas pessoas a reivindicarem que os Judeus são os culpados por tudo? Recentes sondagens pela ADL revelaram que quase dois biliões de pessoas no mundo inteiro têm visões Antissemitas. Isto não faz sentido. Além do mais, recentemente cruzei-me com um tuíte por um Antissemita que escreveu, “Aquilo a que vocês chamam ‘Antissemitismo,’ o resto do mundo chamada de ‘senso comum.'”

O que faz sentido para os Antissemitas é que nós, Judeus, somos responsáveis pelo seu sofrimento. E a razão, assim aprendi, é que apesar de nossa apreensão quase instintiva, nós somos o povo escolhido. Nós fomos escolhidos para sermos uma luz para as nações, mas não entendemos do que se trata a luz, nem desejamos aprender.

E todavia, o progresso inexorável do nosso mundo requer que o aprendamos. A antiga sociedade dos Hebreus era baseada em união que não implicava igualdade. Eles conseguiram dominar seus egos para o benefício do todo, assim permitindo a cada membro da sociedade realizar o seu potencial pessoal totalmente e ao mesmo tempo contribuírem totalmente os frutos desse potencial para o bem da sociedade. O resultado foi a sociedade próspera dos Hebreus que durou muitos séculos, através de provações e tribulações e se desmoronou somente quando falharam manter as regras que os haviam ajudado a direccionar seus egos para o bem comum.

Desde o desmoronamento, nosso egocentrismo tem andado à solta. Mas o plano original não era para os Hebreus guardarem o conhecimento de manterem tal sociedade para eles mesmos. A ideia era espalhá-lo para toda a humanidade, para que todos fossem capazes de desfrutar dos seus benefícios. Este é o sentido de ser uma luz para as nações—ser um modelo exemplar de união acima do egoísmo—alcançando preenchimento pessoal juntamente com prosperidade social.

Esta é a combinação única de que o mundo tanto necessita nos nossos dias. Quando não fornecemos ao mundo este conhecimento imperativo, embora não façamos ideia disso, somos culpados por causarmos guerras. O mundo instintivamente sente que seguramos a chave para sua felicidade, para seu sucesso social e pessoal. É por isso que lhes faz perfeito sentido nos odiarem, tal como o Antissemita escreveu no Twitter, enquanto interpretamos seu ódio como Antissemitismo ignorante e sem bases.

Evidentemente, a resposta que temos dado depois do Holocausto está rapidamente a chegar a um ponto de paragem. A tarefa nos incumbe a nós é tão válida agora quanto sempre foi. Podemos não gostar dela, mas não lhe podemos escapar, devido ao progresso imparável da realidade para a crescente interconectividade e a crescente urgência de achar um modo de inverter seus impactos negativos sobre nossa sociedade. Quanto mais entrelaçadas as pessoas se sentem, mais desamparadas se sentirão e mais o culparão nos Judeus. Isso é inevitável pois nós somos os únicos que podemos fornecer um método viável para lidar com isso e elas sentem-o subconscientemente. É por isso que o modo de lidar com o Antissemitismo é reaprender o método para nutrir a solidariedade, implementá-lo na sociedade e nos tornarmos um modelo exemplar que todos possam seguir, caso o pretendam.

Entendo que minhas palavras não serão populares ou bem recebidas, mas elas oferecem uma saída válida da barafunda na qual nos encontramos. Sem empregar este método, o extremismo de todos os tipos vai aumentar e a sociedade eventualmente se vai desmoronar. Como resultado, os Judeus serão responsabilizados, com tudo o que isto implica.

Simplesmente não podemos deixar isto acontecer novamente. “Nunca mais” não significa que diremos às nações que elas estão erradas por nos odiarem. Significa, ou pelo menos devia significar que nunca mais deixaremos que uma oportunidade de redimir nossa sociedade do ódio e animosidade passe por nós. Nós, a nação torturada, que é considerada pela maioria do mundo como a mais arrogante, devemos baixar nossas cabeças, nos unirmos e mostrar ao mundo que isso pode ser feito. Pois se nós—a quem a Torá (Êxodo 32:9) considera como teimosos e de dura cerviz—o conseguirmos fazer, todos o conseguirão fazer.

Publicado originalmente no Huffington Post

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O Que Se Passa Com O Partido Trabalhista?

Parece que desde que Jeremy Corbyn foi eleito o líder do Partido Trabalhista britânico, o Antissemitismo recebeu um impulso sério do beco dos fundos do partido para o palco central. Subitamente, o partido e seu líder, se encontram a si mesmos no meio de uma tempestade de fogo a respeito de publicações do Facebook Antissemitas, envolvendo expulsões e readmissões constantes de membros do partido descaradamente Antissemitas (que negam ser Antissemitas enquanto confirmando suas publicações Antissemitas) e outras expressões indecentes de preconceito e Anti-Judaísmo ou sentimentos Anti-Israel.

Para salientar alguns tais exemplos o Haaretz, o jornal da esquerda Israelita citou a página principal do editorial do Jewish Chronicle: “O partido trabalhista parece ser um partido que atrai Antissemitas como moscas numa fossa.’” A BBC reportou que “O Partido Trabalhista suspendeu uma segunda vez um membro que publicou tuítes Antissemitas.” A Srª Kirby, a pessoa no centro do relatório da BBC, é uma das supracitadas pessoas que foram expulsas e então readmitidas para o partido.

Um exemplo ligeiramente diferente, embora não menos desconcertante, é o caso de Bob Campbell, que foi, ou não foi expulso do Trabalhista. Neste caso, ele não nega as alegações de que publicou uma afirmação no Facebook afirmando que a Mossad Israelita dirige o  ISIS, ou que Israel está por trás do atentado terrorista em Bruxelas. O que ele realmente nega é a afirmação do Trabalhista de que ele havia sido expulso do partido.

Além destas há a lista de inimigos Judeus de Sr. Corbyn,  os comentários de Gerry Downing e o website doSocialist Fight do qual ele fazia parte e que fala sobre “caçadores de bruxas Sionistas” tentando eliminar o Antissemitismo no Trabalhista e o recentemente achado viveiro para sentimentos Anti-Judeus na prestigiada universidade de Oxford.

Como pode observar através do crescimento do Antissemitismo nos partidos liberais desde o Reino Unido aos Estados Unidos, até à Suécia e por toda a Europa, se está a tornar cada vez mais evidente que os partidos liberais, que apregoam o pensamento livre e liberdade de discurso, exprimem aquilo que seus membros sentem genuinamente. Por enquanto, o Antissemitismo está camuflado de Anti-Sionismo. Enquanto que acusações vorazes de abusos dos direitos humanos e crimes de guerra são niveladas para Israel, a mesma indignação farisaica que nunca foi suscitada pelos conflitos no Sri Lanka, Sudão, Ruanda, ou até na Síria e Irão. Como o jornalista do Guardian Jonathan Freedland ponderou, “[Judeus] questionam-se, o que há exactamente no único país Judeu do mundo que convence seus maiores oponentes que ele representa uma malignidade maior que qualquer outra no planeta?” Não nos devemos iludir; estas pessoas não têm inclinação para os Judeus. É com boa razão que o antigo presidente da câmara de Bradford (e membro do Trabalhista até ser forçado a se demitir sobre o assunto de seguida expresso), afirmou que Hitler matou “seis milhões de Sionistas.”

Liberdade de discurso é óptima e devemos apoiar a diversidade de visões. Porém, devemos também tomar nota que ela é rotineiramente usada como justificação para deslegitimar um grupo específico: os Judeus e um país específico: o estado Judeu.

Nas universidades de todo o Reino Unido e Estados Unidos, a liberdade de discurso é usada para atacar Israel e exprimirvisões Antissemitas enquanto silenciando agressivamente qualquer um que deseje exprimir uma contra-opinião. Ainda mais incomodador, muito poucos pensam que há qualquer injustiça nisso. Isto diz-nos que a opinião pública está a inclinar-se para os Antissemitas, até se a maioria das pessoas (ainda?) não o exprimir.

Então a resposta para pergunta apresentada no título, nada há de errado com o Partido Trabalhista em específico; ele é um mero reflexo do que muitos pensam. Na minha visão, a pergunta que devíamos realmente colocar é, “O que podemos fazer acerca disso?”

Em “Por Que As Pessoas Odeiam Os Judeus” elaborei sobre a importância da união entre Judeus. É um dado adquirido que a união fortalece, mas no caso da nossa nação, ela é mais que uma defesa contra os inimigos, ela é uma mensagem que devemos transmitir. O que aprendi de todos os meus estudos é que a razão pela qual somos culpados por todas as guerras é que somos percebidos como belicistas por causa dos conflitos eternos entre nós.

Quanto mais olhei para nossa situação, mais me despertou que nossos sábios estavam certos o tempo inteiro. Começo a ver quão longe estivemos do modo como nossos antepassados lidavam com suas disputas: “Embora Beit Shamai e Beit Hillel tivessem disputas, elas se tratavam uma à outra com afeição e amizade, para manter o que fora dito (Zacarias 8), ‘Amai a verdade e a paz’” (Maséchet Yevamot).

Parece-me que antes que nos possamos livrar do Antissemitismo, nos devemos livrar de nossa própria alienação. Diversidade de perspectivas é maravilhosa, mas quando ela nos faz odiar uns aos outros, isso canaliza o ódio aos Judeus.

O mundo está a tornar-se cada vez mais interconectado e interdependente. Contudo, porque as pessoas não têm desejo de se unir, elas estão a tornar-se cada vez mais odiosas umas para as outras. Além do fundamentalismo religioso há um claro elemento de misantropia na onda de terrorismo que nos lava.

Sem retratarmos união — enquanto não suprimindo nossas diferenças — seremos culpados pelos conflitos futuros tão rápido e automaticamente como somos culpados por eles hoje. Mirar os Judeus vai escalar à medida que especificamente os partidos com impregnada liberdade de discurso vão conduzir a matilha de lobos sedentos de sangue.

No decorrer da história Judia, líderes foram campeões da união Judaica, bem como da diversidade. Rabbi Lord, Jonathan Sacks escreveu, “Diferença, discussão, colisões de estilo e substância, são sinais não de doente divisão mas de saúde,” enquanto afirmando que precisamente a nossa união permite a diversidade. Acredito que se aprendermos como nos unir acima de nossas diferenças não haverá fim para o que podemos concretizar, incluindo desenraizar o Antissemitismo. Para concluir com outra citação do eloquente Rabbi Sacks, ““A união judaica existe enquanto ideia. Por quê então não deve ela existir como facto?”

Publicado originalmente no Jewish Business News

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Pós-Pessach — o nascimento de uma nação

Uma visão do sul de Israel. (crédito:AHUVA BRENER)

Na última semana, celebrámos a libertação de nossos antepassados da escravidão. Alguns fizeram-o com Gefilte Fish, alguns saborearam o Fatoot (sopa iemenita com matzá), alguns se deliciaram em Mina (tarde de carne com matzá, popular entre os Judeus dos Balcãs), ou com certa outra comida tradicional que desfruamos na noite de Pessach.

Tradições de lado, a essência do séder de Pessach é a mesma para todos nós. Mas a história de Pessach não termina quando as paredes do mar dividido se desmoronam sobre os Egípcios e se tornam seu túmulo marítimo. Esse é só o começo de uma jornada.

Como escrevi na coluna da semana passada,  para entender o verdadeiro poder da história do êxodo do Egipto devemos olhar além da narrativa tradicional. Em uma das suas cartas, Maimónides escreveu, “Devemos saber que Faraó é certamente a inclinação do mal.” Então Faraó e consequentemente o Egipto, reflectem um lado de nós que preferimos ver nos outros, em vez de em nós mesmos: o ego.

Mas fora do Egipto fomos liberados do nosso opressor, o ego e pudemos começar a formar a qualidade única que nos fez uma nação. Começámos a formar a fraternidade e união. A partir daqui começa uma jornada que culmina no pé do Monte Sinai, onde prometemos nos unir “como um homem com um coração,” deste modo nos tornando uma nação.

Nossa fraternidade nos havia mantido fortes durante gerações. Ela era nossa “principal defesa contra a calamidade” como o Maor Vashemesh o coloca. Nem sempre a conseguimos manter, mas conseguimos restaurá-la de tempos a tempos, até que não conseguimos mais. Essa hora fatídica, há cerca de dois milénios atrás, foi a ruína do Templo e o exílio — o resultado de nosso próprio ódio infundado.

Imersos no egoísmo e contendas, nos tornámos o “Judeu deambulante,” sempre procurando abrigo, mas sempre guardando “uma mala feita.” A luz da união que nos havia sido destinada emitir havia esmaecido e as nações começaram a questionar se nós somos verdadeiramente “o povo escolhido.”

Mas trágicas circunstâncias nos trouxeram de novo para a terra de nossos antepassados e para a liberdade. Ganhámos novamente a soberania e reconstruímos nossa força, mas ainda nos falta lembrar para que servem elas. Sendo um porto de abrigo para os Judeus é uma causa digna, sem dúvida.

Mas a fenda crescente entre Israel e os Judeus da Diáspora diz-nos que há mais sobre Israel que se tratar de um “campo de refugiados” espaçoso. Nosso país forte e soberano pode realizar seu destino. Mas em vez de sermos uma luz para as nações, estamos ocupados a brigar entre nós, demonstrando completa incompetência no que diz respeito à união e fraternidade e em vez de sermos “uma luz para as nações,” nos orgulhamos de sermos uma nação de incubadoras de empresas. A tecnologia é óptima como meio auxiliar, mas se é isto tudo o que temos para oferecer ao mundo, então devemos fazer séria introspecção sobre o que somos enquanto estado Judeu.

Há poucas semanas atrás, a Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas (UNESCO) votou (com uma maioria de 33-6!) a favor de uma declaração de que Israel não tem parte no Monte do Templo. O mundo simplesmente não faz ideia de por que estamos aqui. É nosso trabalho mostrar que estamos aqui em prol de nos unirmos e espalharmos essa união pelo mundo, para todas as nações. Ser-se “uma luz para as nações” significa dar um exemplo de fraternidade e responsabilidade mútua, preocupação, consideração e empatia, precisamente aquilo que o mundo mais precisa. A responsabilidade que estabelecemos no pé do Monte Sinai foi um “conceito comprovado,” se preferir. Mas agora é hora de a espalhar e ajudar o mundo a encontrar a paz.

Tal como emergimos da opressão do ego quando saímos do Egipto, nosso mundo pós-moderno, super-tecnológico está a procurar um caminho de saída do egoísmo que se tornou maligno. Nós, tal como Moisés, temos de mostrar o caminho. Sem nosso exemplo de superar o ódio, a humanidade vai quebrar-se em pedaços.

O mundo acusa-nos de provocar a guerra não porque o façamos, mas porque não estamos a espalhar a paz — primeiro entre nós, uma espécie de “ensaio prático” e imediatamente depois entre todas as nações. Nós não fomos “escolhidos” para ser a Tailândia do Médio Oriente, mas para ser um povo virtuoso, cuja qualidade é a misericórdia e cuja meta é compartilhá-la. Quando nos tornarmos isto, não haverá questão que é nosso direito termos um estado soberano e precisamente onde pensamos que ele deve ser.

Passados milhares de anos no exílio, somos agora livres de levar a cabo nossa missão. É uma oportunidade que não nos devemos permitir perder. As diferenças entre nós são um abismo profundo. Mas como o Rei Salomão disse, “Amor cobre todos os crimes.” Não devemos temer nossas diferenças, mas vê-las pelas pontes que elas são. Quanto mais subirmos acima delas e nos unirmos, mais forte nosso laço será e mais brilhante nossa luz vai brilhar.

Tomemos estes últimos dias de Pessach e usemos este fim-de-semana para cultivar a fraternidade e amizade. É imperativo para o nosso sucesso hoje, como país e como nação, onde quer que vivamos.

Michael Laitman, um Professor de Ontologia, um PhD em Filosofia e Cabala e um MSc em Bio-Cibernética aplicada à Medicina, foi o principal discípulo do Cabalista, Rav Baruch Shalom Ashlag (o RABASH). Ele escreveu mais de 40 livros, traduzidos para dezenas de idiomas e é um orador procurado.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Moisés — o Líder Perfeito, Improvável e Relutante

Aqui está um pouco de sabedoria Judaica (Maséchet Iruvin, 13b): “Todo aquele que é grande, a grandeza lhe escapa. E todo aquele que escapa à grandeza, grandeza é a dele.” Assim era Moisés, o modelo exemplar ideal para um líder. Nestes dias de Pessach, recordar a liderança única de Moisés pode ser uma boa lição para todos nós, todos desde você e mim subindo ao topo até aos chefes de estado.

Moisés não era uma pessoa vulgar. Ele era um príncipe. E não um príncipe vulgar, mas o favorito do rei, aquele destinado a herdar o rei, tal como o descreve o  Midrash,

“Vós dizeis, ‘E a criança cresceu.’ Porém, ela não cresceu como todos crescem. …A filha de Faraó o beijaria, o mimaria e o amaria como se ele fosse seu próprio filho. Ela não o levava para fora do palácio do rei. E porque ele era belo, todos ansiavam o ver. Aquele que o via não seria capaz de o ignorar e Faraó o beijaria e o mimaria. Ele pegava na sua coroa e Faraó a colocava na sua cabeça, como estava destinado fazer quando ele crescesse.”

Ao mesmo tempo, Moisés era a antítese de um pretenso governante. Ele era tudo menos eloquente, ele era um exilado entre os Hebreus e Egípcios e falhou com frequência entender Deus, cuja mensagem ele carregava. Qualquer outro teria desistido muito antes. Mas não ele; ele tinha a qualidade que adoraríamos ver nos líderes de hoje: verdadeiro amor desinteressado pelo seu povo.

Seu amor lhe permitia liderar pois conectava o povo a ele e uns aos outros. Além do mais, seu amor eventualmente implantou um novo atributo neles — amor pelos outros. Quando se uniram no pé do Monte Sinai, “como um homem com um coração,” eles se tornaram uma nação. Enquanto continuaram a aderir à lei do amor, sempre aspirando seguir o lema, “ama teu próximo como a ti mesmo,” foram capazes de se sustentar a si mesmos enquanto nação.

Como Marduqueu no livro de Ester, Moisés primeiro une o povo e posteriormente eles são recompensados com um milagre e eventual redenção. No caso de Moisés foi o êxodo do Egipto e derradeira chegada à terra de Israel. No caso de Marduqueu, foi o eventual regresso à terra de Israel depois da “redenção” de Hamã e o retorno da Pérsia.

Não é coincidência que a união preceda à redenção. Apesar das numerosas tentativas de o mudar e apesar de ocasionais actos de gentileza, no seu núcleo, a natureza humana é egocêntrica. Isso é algo muito evidente nos nossos dias quando olhamos ao nosso redor e examinamos a nossa sociedade e isso é algo que era sabido há milhares de anos atrás, daí o versículo, “a inclinação no coração do homem é má desde sua juventude.”

E todavia, uma sociedade não consegue sobreviver somente com egoísmo. Ela requer equilíbrio entre dar e receber. Moisés ensinou ao povo a não lutarem com seus egos, mas a se elevarem acima deles e os cobrirem com amor, como em, “O amor cobre todas as transgressões.” Tal como hoje perdemos a batalha contra nossos egos, deste modo nos tornando cada vez mais egocêntricos, os antigos Hebreus não conseguiram lidar com isso. Em vez disso, Moisés lhes ensinou como se elevarem acima deles e estabelecerem uma aliança de amor recíproco que facilitava um modelo social justo baseado em responsabilidade mútua.

Certamente, um líder é primeiro e antes de mais um educador. Moisés educou seu povo para se amarem uns aos outros e ajudou-os a se conectarem acima de seus egos. Os Hebreus se uniram ao redor do Monte Sinai, que recebe seu nome da palavra Hebraica, sinaá (ódio). Eles não destruíram a montanha de ódio entre eles, mas enviaram o elemento mais puro do seu meio, Moisés, para subir à montanha, a conquistar e trazer para baixo uma lei (Torá) pela qual eles seriam capazes de estabelecer o amor entre si.

A Torá conta-nos que o processo de estabelecer um estado de “ama teu próximo como a ti mesmo” não foi suave ou fácil. Mas desde que ela foi dada no Monte Sinai, ele não mudou. Quando o povo de Israel estabeleceu a responsabilidade mútua, se tornando “como um homem com um coração,” lhes foi dado o princípio “ama teu próximo como a ti mesmo,” a grande regra da Torá. Nessa altura o Criador disse sobre eles, “Neste dia vos haveis tornado um povo.”

E enquanto a nação estava a ser transformada, Moisés mostrava o caminho, sempre demonstrando mais dedicação e devoção ao seu povo que qualquer outro conseguiria convocar. Assim, o modelo exemplar perfeito era também o líder perfeito. Precisamente porque ele não tinha desejo de governar, por dinheiro, poder, pedigree (sendo o príncipe exilado do inimigo), ou até eloquência, mas só uma qualidade redentora — amor — ele era o líder ideal.

Certamente, somente um líder que alimente o amor fraterno em vez da cobiça pelo poder e auto-estima pode ter sucesso em Israel. O sucesso de Israel reside na sua união e somente tal líder consegue unir o povo. Se os líderes de hoje querem puxar a carroça do povo Judeu para fora do pântano do Antissemitismo, eles devem primeiro e antes de mais se focar em unir Israel. Esse será o começo da nossa verdadeira redenção — dos nossos prórios egos.

Publicado originalmente no Huffington Post

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Você Faz Limpeza De Primavera Ou Limpeza de Pessach?

Limpeza de primavera, segundo a Wikipedia, é “a prática de cuidadosamente limpar uma casa durante a primavera. A mais frequente utilização de limpeza de primavera refere-se ao acto inicial de limpar uma casa de cima a baixo, que tomaria lugar nos primeiros dias quentes do ano, tipicamente na primavera, daí o nome.”

Limpeza de Pessach é a limpeza cuidada que muitas famílias Judias fazem tradicionalmente bem antes da Páscoa. Como parte de tornar a cozinha kosher para Pessach, elas têm tendência a “aproveitar o momento” (que normalmente dura dias) e limpam a casa inteira, a arrecadação e tudo o demais, enquanto jogando fora lixo e arrumando gavetas. Uma vez que Pessach acontece na primavera, frequentemente misturamos os dois e tratamos a limpeza de Páscoa como um tipo de “limpeza de primavera com um toque Judeu.”

Sou todo a favor da limpeza e nos livrarmos de lixeira, mas a limpeza de Pessach na realidade tem um sentido muito mais profundo que mera limpeza do pó e arrumar armários na cave. O coração de uma pessoa é considerada o seu lar. Limpar a sua casa significa limpar o seu coração da “lixeira,” nomeadamente de maus pensamentos sobre os outros.

Pessach marca a primeira vez em que passamos de uma mentalidade egocêntrica, de outro modo conhecida como “inclinação do mal” e concretizamos o primeiro grau de amor pelos outros — uma escada de amor fraterno que subimos até alcançarmos um estado conhecido como “ama teu próximo como a ti mesmo.” Antes que cheguemos a esse primeiro passo, devemos escrutinar todos nossos desejos e evitar usar aqueles que são inclinados para nós mesmos. Este escrutínio é a limpeza da Páscoa.

Incidentalmente, o uso tipicamente extenso de lixívia durante a limpeza de Pessach encaixa-se bem com a limpeza interior pois limpar o nosso coração também é chamado de “branqueá-lo”. Duvido que seja isto o que os fabricantes de lixívia tenham em mente quando a fazem, mas se pensarmos nisso tornar o seu odor mais tolerável, é ao menos um pequeno conforto.

Na noite antes de Pessach, depois de tudo ser limpo e branqueado, há um costume de espalhar dez pedaços de chametz (pão fermentado) à volta da casa e procurá-los à luz da vela. Enquanto encontramos cada um dos pedaços, clamamos o nome de uma das dez  Sefirot—Kéter, Chochmá, Biná, Chésed, Gevurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yesod, Malchut. (Dica de amigo: não esconda os pedaços onde ninguém os consiga encontrar se quiser sua casa kosher para a Páscoa.)

Aqui, também, o simbolismo é que cada Sefira (singular de Sefirot), cujochametz relativo nós achamos, representa uma correcção de um certo tipo de desejos e pensamentos. Na manhã seguinte, na Noite de Pessach, queimamos os pedaços de chametz que colectámos e declaramos que nosso lar, ou seja nosso coração, está livre de quaisquer maus pensamentos sobre os outros.

Quando esse momento nos ocorre internamente, estamos prontos para passar do egoísmo para o primeiro nível de amor pelos outros e nosso Pessach interno começa.

O festival que celebramos acontece cada ano no 14 de Nisan. Mas internamente, ele pode acontecer em qualquer altura que estejamos prontos para colocar nossos egos de lado e nos conectarmos aos outros com verdadeiro amor fraterno.

Um pouco depois de passarmos e atravessarmos o Mar Vermelho, a Torá nos diz, que recebemos a Torá no pé do Monte Sinai, a montanha de  sinaá (ódio), daí o nome Sinai. Quando superamos o ódio e nos comprometemos a ser “como um homem com um coração,” nos tornamos uma nação, forjada em união e conexão.

Mas primeiro, nós temos de passar sobre. Então nesta Pessach, quer façamos a limpeza de primavera ou a limpeza de Pessach, vamos também limpar nossos corações um pouco de uns para os outros.

Feliz Branqueamento

Publicado originalmente no Huffington Post

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