Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Prática, Exemplo e Interacção

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Um empregado de um centro de educação, onde várias milhares de crianças estudam, assistiu aos nossos programas e ficou muito interessado. A sua pergunta foi, “É possível começar já a introduzir certos elementos deste método numa escola normal? Ou este é um método inteiro que simplesmente não vai resultar em partes separadas?”

– Este método pode também ser aplicado em partes, em qualquer forma e não importa em que sequência. Penso que a transmissão tenha de ser feita do centro televisivo onde este método é desenvolvido. Grupos experimentados de crianças e educadores serão convidados até lá que demonstram, literalmente sobre si mesmos, todos os possíveis métodos de trabalho: debates, explicações, julgamentos, vários jogos e comunicação.

Isto será interessante para as crianças e vai garantir um emprego seguro para os educadores. Simultaneamente, podemos enviar-lhes ajudas. Não há problema em entregarmos nossa mensagem para qualquer lugar e obter feedback imediato. Tudo tem de ser interactivo.

– Que principio vamos encorajar a que os professores realizem uma vez que eles já têm uma área de trabalho, crianças e perguntas? O que tem de ocorrer primeiro e o que deve ser adiado por agora?

– Isso depende da idade das crianças. Tem de haver uma rígida divisão etária. Há um método que é adequado para crianças literalmente para as idades dos 3-6, depois dos 6-9, dos 9-12 ou 13 e etc.

Se trabalhamos com os grupos etários dos 3-6 ou 6-9, não há lugar para a teoria ou explicações extensas, somente prática. Nesta idade as crianças estudam este mundo colocando tudo nas suas bocas, sentindo com as suas mãos. É assim que elas derivam suas sensações. Sua inteira pesquisa do mundo é sensorial em vez de verbal. Mas crianças mais velhas devem receber explicações e escrever coisas.

Depois dos 9 a criança precisa de explicações em paralelo às acções, responder a questões tais como, “O que fizemos e por quê?” “Acabamos de levar a cabo várias acções sucessivas, o que concretizamos com elas?” O sistema é imediatamente clarificado, a pessoa recebe explicações e torna-se o seu próprio educador.

As crianças com mais de 13 já precisam de uma abordagem estritamente lógica: de onde, por quê, o que é a Natureza, geografia e história. Elas devem receber uma explicação para o nosso presente estado e por que somos obrigados a nos interconectar, por que podemos estar conectados ora por maus laços ou bons laços, o que é mais benéfico para nós e onde teremos de chegar no final.

E é claro, quando trabalhando com adultos, a primeira coisa que precisam não são jogos, mas explicações, tais como talk-shows. E é claro, isso tem de ser feito de uma forma respeitável.

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Auto-Educação Para Crianças e Adultos

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Em prol de realizar este método, têm de haver educadores deliberadamente preparados que entendam a educação integral. Como deve ser organizada a sua preparação?

– Nós temos de montar cursos televisivos para todos os grupos etários. Estes educadores podem ser meninos e meninas de 10 anos, seus pais de 40 anos de idade e até os avôs e avós. Todos estudarão.

Para aqueles que completarem este curso televisivo, que levará três meses, por exemplo e que desejarem continuar a estudar, haverá uma oportunidade para se tornarem educadores profissionais. Nós os convidamos. Eles virão até nós para obter um seminário onde veremos como eles absorveram, interiorizaram e aprenderam as bases e mais importante, o espírito! Nós sentiremos a que medida eles podem interagir com pessoas e especialmente com crianças. Depois lhes daremos uma bolsa de estudos e os começaremos a ensinar. E junto com a aprendizagem, eles entrarão em contacto com crianças e formarão grupos.

Assim que as crianças completarem seus estudos na escola normal (neste respeito nada mudamos), eles vão se reunir num programa extra-curricular onde são envolvidos pela educação integral. Eles fazem debates e discussões, desenvolvem contactos e resolvem conflitos da maneira certa.

Na TV, há cursos que são dados a estes grupos que são estudos demonstrativos, enquanto eles os concretizam nos seus grupos. É assim que o sistema de preparação começa a operar, o sistema de treinamento e desenvolvimento adicional deste sistema inteiro.

Toda a pessoa encontra o seu próprio lugar aqui. Precisamos de um grande número de educadores e há desemprego oculto por todo o país. Os educadores recebem um salário mediano. As crianças estão ocupadas. E não há grandes gastos.

Como resultado, nós envolvemos crianças e um grande número da população adulta em auto-educação e ensino. Este processo é recíproco. Ele transpira constantemente, tanto do lado do indivíduo e da sua conexão com os outros.

Penso que podemos esperar ver sérios resultados dentro de alguns meses. A sociedade será reanimada e todos os gastos serão imediatamente retribuídos. Podemos pedir e exigir os meios para estas reformas das pessoas ricas, que simplesmente ficarão envergonhadas por não participarem nisto pois aquilo que está em risco é o futuro do país.

Este programa governamental no cenário do vazio de hoje no ensino e na educação é um passo virtuoso. Há numerosos cientistas, psicólogos, sociólogos e cientistas políticos que entendem que esta é a cura para a sociedade moderna.

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Como Realizar o Método

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– É necessário trazer este método a toda a pessoa? Também, quem deve levar a cabo esta tarefa, talvez artistas, cientistas e educadores? E que meio podemos usar?

– Nós podemos fazer documentários e filmes sobre este tema, produzir peças, criar programas de televisão e jogos de computador. Nós temos de apresentar jogos de painel e debates sobre este tema na TV e na imprensa.

Porque este método fala da sociedade do futuro e do formato da sociedade, ele pode abranger quaisquer camadas da sociedade. Há várias maneiras de implementá-lo e mostrá-lo a uma pessoa. Penso que temos de fazer com que o governo fique interessado nisto também.

Isto pode ser feito pelas pessoas que trazem as suas ideias para o topo através de memorandos e concílios. Em qualquer sociedade e em qualquer governo, há institutos de pesquisa, grupos de ciências sociais e políticas cujas opiniões são bem escutadas. Nós podemos operar através deles.

É também vantajoso beliscar o interesse dos directores de TV. Afinal, este tema é muito interessante. Se várias pessoas famosas participarem em discuti-lo, então é claro que será suficientemente interessante e elas serão capazes de se permitirem a liberdade, do ponto de vista da segurança, de trazerem estas ideias ao juízo do público. É necessário que especialistas, incluindo economistas, sociólogos e psicólogos demonstrem, cada um do seu próprio ponto de vista, a que se deve parecer a sociedade do futuro imediato.

A Natureza nos obriga a educar a geração mais jovem. Não falamos de nós, adultos, agora, mas de criar nossos filhos.

Hoje, não há um país que tenha um programa inteligível de educação. Todos os sistemas de educação, incluindo a UNESCO (e não estou simplesmente informado disto segundo boatos) estão num triste estado. Eles não têm quaisquer planos concretos ou ideologia. Eles estão dispostos a ouvir qualquer um que tenha ideias nesta área porque eles não têm nenhuma ideia própria.

Se começarmos a oferecer a ideia da educação integral e isto é algo que os psicólogos, sociólogos, educadores e professores já estão a falar, nós demonstraremos a necessidade disto do lado de dentro da estrutura de discernir o que é a sociedade do futuro. Falamos do futuro com a esperança de que tenhamos um e isto acontecerá somente se conseguirmos superar a crise de hoje universal, multifacetada e sistemática, que nada tem senão egoísmo humano nela.

Como podemos começar a nos elevar acima dela? Como podemos elevar o homem para que ele possa se conectar com outras pessoas sem se isolar a si mesmo, para que ele saiba como ter uma família do modo certo, como coexistir com a esposa e com as crianças, com os vizinhos e com os colegas? Nós temos de suscitar a necessidade insistente da sociedade em resolver esta questão.

Eu não vejo quaisquer obstáculos do governo, clero, escola ou família. Ninguém pode contestar um movimento na direcção da união entre as pessoas. Pelo menos não devem haver objecções aparentes.

Portanto, temos de começar com o departamento da educação.

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Ensino na TV

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Você tem um método inteiro e harmonioso que é baseado em fontes antigas e leis da Natureza. Nós já vemos os resultados dele nas crianças que estão a ser educadas no seu sistema. Mas ainda está muitas milhas de distância do “povo.” Como podemos entregar o seu método aos pais do mundo inteiro?

– Penso que temos de criar programas de TV pois há um televisor em todo o lar. Deve haver um canal que seja gratuito, que constantemente transmita programas interessantes e agradáveis de assistir.

Este tipo de canal é também favorável para as autoridades e pessoas ricas pois ele vai acalmar o povo, o tornará mais amistoso e diminuirá a tensão. Ele está direccionado a educar crianças e responde à procura do público em certo sentido, ao desejo do público de trazer de volta os elementos positivos de uma sociedade socialista. Isso não vai exigir qualquer tipo de redistribuição por parte das autoridades neste momento e estará somente direccionado à educação.

Não falamos do facto de que hoje já começamos a redistribuir a propriedade e a tornará-la acessível à população inteira do mundo inteiro. Falamos de que é necessário educar pessoas no espírito da amizade, cooperação e união. Esta posição não pode ter quaisquer oponentes oficiais (embora é claro, certos movimentos nacionalistas podem sempre ver isto como conflituoso com as suas ideias, mas eles são forças muito insignificantes).

Esta é uma ideia segura! Ela é natural! E ela não envolve qualquer coação! Nós vamos implementá-la somente na medida que às pessoas for exigido se unirem para sobreviver (e veremos isso nos próximos anos). Antes disso acontecer, simplesmente escutamos, entendemos e estudamos-o, semelhante a como um estudante estuda durante 5 ou 6 anos antes de começar a trabalhar e a aplicar o conhecimento.

– Nós temos falado abertamente sobre este método há várias meses até agora e já há imensas pessoas que estão interessadas nele, incluindo cientistas famosos, estudiosos e especialistas reconhecidos mundialmente. Eles querem colaborar activamente connosco. Devemos interagir com eles?

– É claro! Onde estão estas pessoas? O que elas gostariam de ouvir de mim? Eu estou pronto para falar com todos, para explicar e desenvolver o método, pois em princípio, eu estou sozinho por agora. Mas a interacção com as outras pessoas, especialmente de outros campos de pesquisa, poderia ajudar a clarificar e suplementar aquilo que é necessário.

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Salvar a Civilização

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Nós temos de mostrar à humanidade que o fim está próximo. Ao menos se a humanidade pudesse espreitar esse tubo e visse que está vazio! Petróleo, gás e água não podem ser substituídos por usinas nucleares ou solares. Um automóvel viaja dez quilómetros com um litro de gasolina. E não temos qualquer outro combustível ou energia que se adeqúe a um litro de líquido e que consiga produzir este tipo de resultado. Por outras palavras, nossa sociedade é baseada em petróleo e quando desaparecer o petróleo, nossa civilização terminará também!

A única coisa que precisamos é reduzir imediatamente nosso consumo até ao nível mínimo. Nós temos de usar os recursos remanescentes somente para prover às necessidades básicas. Ninguém vai morrer à fome ou abdicar de coisas necessárias. As pessoas conduziram uma existência normal! A família moderna mediana precisa ter um apartamento, um emprego para todos seus membros e o meio para criar e educar as crianças.

Nós temos de inculcar a ideologia da limitação voluntária de baixo para cima. Isto inclui alimentar os esfomeados e baixar o nível de vida dos ricos para um nível normal. Na prática, isto é socialismo. Mas quem vai concordar com isto? Que tipo de sofrimento será capaz de nos forçar a redistribuir todos os recursos disponíveis, para fazer todos os membros da sociedade iguais, para nos unirmos uns com os outros e para estabelecerem as interacções certas entre eles?

Para chegar a um sistema tal, nós temos de começar a sentir nossa absoluta dependência uns dos outros como uma família. A pessoa contemporânea carece completamente desta sensação e é completamente indiferente a ela. Ela não precisa de família, filhos, parentes ou amigos. Seu único interesse é se divertir durante o período que a Natureza lhe permitiu a sua existência, chamada “vida.”

Nós temos tempo para trabalhar sobre a educação? Este é um processo longo que requer que um inteiro sistema seja criado. Infelizmente, estamos sob limitações do tempo pois durante os próximos 10-15 anos esgotaremos completamente os recursos remanescentes e nada vai sobrar.

Estes são dados de pesquisas publicadas e não publicadas.

Portanto, nosso método de educação integral é primeiro de tudo dirigido aos pais. Nós contamos com o instinto natural do homem para salvar os seus filhos. Vamos transformá-los em pessoas! Vamos prepará-los para esta inevitável, necessária e futura interacção de toda a pessoa com todos os outros!

A pessoa que entre correctamente na integração vai beneficiar disso. Ela não será apenas bem educada, mas ela terá as habilidades necessárias para a sobrevivência pois não é o mais forte que vai sobreviver, uma vez que não haverá nada para roubar do próximo. A sobrevivência vai depender da habilidade da pessoa se adaptar, entender que a integração, interconexão, garantia mútua, concessões, conexões e unificação são o arauto da Natureza. E a meta da Natureza é trazer a humanidade ao equilíbrio.

Este sistema tem de ser desenvolvido em todo o idioma na Internet. Não há outra solução. E primeiro e antes de mais, ele deve ser dirigido aos pais pois as crianças são o nosso futuro. Crianças que tenham hoje 10 anos de idade serão essa nova humanidade. Nós temos de fazer tudo pelo seu bem.

Penso que a única solução é dirigir-nos ao desejo natural egoísta do homem de fornecer aos seus filhos um programa para a vida de confiança. Simplesmente jogar isto às pessoas será como gritar no deserto. Mas quando nos dirigirmos aos pais, tocamos num ponto sensível ao qual eles se conseguem relacionar.

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Aprender da História

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Nos baseamos em fontes antigas para formar as bases deste método. Estas fontes foram criadas na Antiga Babilónia, onde o mesmo problema apareceu pela primeira vez: conexões egoístas incorrectas numa sociedade integral.

Os residentes da Babilónia planeavam colaborar em prol de construir uma torre tão alta como o céu, mas rapidamente descobriram que não se conseguiam entender uns aos outros. A confusão e mistura das línguas é a falta de entendimento de uns pelos outros de muitos egoístas.

Joséfo Flávio escreveu sobre isso de uma maneira muito interessante. Três milhões de pessoas (nesse tempo essa era a civilização inteira) viviam num pequeno território, limitado pelo rio Tigre e Eufrates. Tendo sol e água abundantes, as pessoas cultivavam cevada, trigo e alho e apanhavam peixe. Sua comida continha todos os elementos necessários. Estas eram condições maravilhosas para uma civilização antiga. Mas subitamente, os residentes da Babilónia não conseguiram suportar estarem juntos. Como resultado, eles se dispersaram em todas as direcções. Toda a família, clã e grémio foram em diferentes direcções e fundaram nações. Mas nesse tempo havia espaço para que eles se dispersassem uns dos outros e fazendo isso foram capazes de apaziguar seu estado de separação.

Hoje estamos na mesma situação. Nós construímos nossa civilização como essa “torre tão alta como o céu,” desejando consumir todas as coisas. Estamos a extrair as últimas gotas daquilo que a terra tem para oferecer, minerais, metais, carvão, petróleo e gás. Mas no fim do tubo que a humanidade inseriu na terra, vazio está a começar a olhar de volta para nós.

E nós entendemos que enfrentamos o final pois a civilização que construímos não tem coisa alguma que a sustente mais.

Portanto, surge uma pergunta muito séria: O que estamos a fazer? Podemos cair na real? Como podemos educar pessoas antes do tempo, antes que chegue o final?

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A Meta: Humanidade Integral

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Escrupulosamente analisamos qualquer situação ou qualquer personagem, depois os representamos e experimentamos e eles permanecem na pessoa. Dezenas ou talvez centenas de tais personagens compõem o mecanismo de comunicação que permite à pessoa se conectar com o mundo. A pessoa se torna multifacetada e multicamada no seu entendimento de qualquer pessoa e portanto consegue entrar em contacto com qualquer um.

Este entendimento não é em prol de manipular as outras pessoas ou achar lucro de comunicar com elas, nem é para achar um modo conveniente e egoísta de posicionar o seu “Eu” segundo o princípio “uma senhora que é prazenteira em todos os aspectos.”

Nós dizemos que a coisa mais importante é a habilidade da pessoa trazer todo o personagem à vida no seu “Eu.” É assim que entraremos em contacto com toda a humanidade, criando um único todo. Depois, cada um de nós criará um “campo” de personagens ao seu redor, pelo qual vamos alcançar a humanidade integral.

É assim que a sociedade humana gradualmente se desenvolve para o ponto em que cada pessoa é composta de todas as pessoas que existem. Também, este processo não é difícil. Os psicólogos sabem que não há muitos protótipos de pessoa. Quantos contaram os psicólogos?

– Vinte.

– Então qual é o problema? Se uma pessoa adoptar estes personagens, através deles ela será capaz de entender e entrar em contacto com qualquer pessoa. Ela vai entender-me também. Ela me verá numa boa luz e terá boa disposição para comigo. Portanto, nós vamos evocar uma boa e favorável integração no mundo.

– Quem deve ensinar a representação às crianças? Podem ser convidados actores famosos para fazer isso? Ou, podem as crianças ser instruídas por outras crianças que são 2 ou 3 anos mais velhas?

– Não acho que crianças mais velhas sejam capazes de gerir este processo. Este tipo de trabalho requer um indivíduo maduro. Estou seguro que até os melhores actores e directores não serão capazes de dirigir o trabalho nas nossas salas de aula a menos que entendam nossos objectivos. Mestria profissional não é assim tão importante para nós.

Primeiro de tudo, toda a acção realizada pelos nossos educadores tem de ter um claro objectivo: entender os amigos, unir-se com eles da maneira certa e criar um todo comum com eles.

Um forasteiro não será capaz de nos ajudar pois estas tarefas simplesmente não estão no seu campo de visão. A coisa mais importante para um actor profissional é arte realista e convencedora. Mas isso não importa para nós. Nem toda a criança será capaz de se exprimir a si mesma total e agudamente. E isto não é necessário.

Mas no seu lugar, nossas crianças começarão gradualmente a entender ao que elas devem aspirar e que oportunidades se abrem ante elas. Elas trarão o seu desejo à sua concretização lógica e começarão a se entender uma à outra.

Elas se lembram do seu comportamento natural numa situação especifica e cada uma delas representa o papel do seu amigo. Depois disso elas retornam aos seus personagens iniciais e reproduzem o seu comportamento natural.

Por exemplo, eu culpo você de algo e você me culpa. Depois uma vez mais eu retorno às minhas qualidades naturais, representando a situação inicial.

As crianças colectam todas estas imagens dentro delas e discutem como isso as ajudará a se unirem, a se tornarem uma humanidade integral.

Eu começo a entender a natureza do meu amigo e ele começa a entender a minha. É assim que ascendemos acima da nossa natureza e decidimos como podemos unir todas nossas qualidades. A conclusão desta discussão é a parte mais importante do nosso trabalho.

Toda a pessoa tem de incluir o mundo inteiro dentro dela.

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As Mais Intensas Sensações Vêm de Uma Carência

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Acho muito mais interessante representar personagens negativos. Eles tocam-me muito mais, enquanto os positivos acabam por ser chatos. Uma vez que estes papeis nos influenciam muito mais, como os devemos tratar?

– Imagens negativas, música triste e acontecimentos trágicos são sempre mais vivos que os positivos, que nos parecem achatados. Isto está claro pois a pessoa é o desejo de desfrutar. Como resultado, nossas sensações mais intensas vêm de uma carência de algo. Quando o prazer vem até à pessoa, ela considera-o óbvio: “Enquanto egoísta, é isto que eu mereço, então não sinto o prazer com tanta intensidade. Mas uma carência de algo, que mereço mas que não tenho, é algo que sinto muito intensamente.” É assim que o egoísmo se avalia a si mesmo, unilateralmente, com uma propensão para a sensação de carência.

Que papeis devem ser representados pelas crianças, positivos ou negativos? Perguntas sobre isto não devem surgir. Eu tenho de representar o papel seja ele qual for. A pessoa primeiro deve dissecar o personagem inteiro em fragmentos e então tentar analisá-los tão objectivamente quanto o possível, escolhendo os mais indicadores e aprender a reproduzi-los, a criar estas sensações dentro dela, se tornando um director e depois exprimi-las.

Por exemplo, foi-me pedido para representar João. Isso significa que tenho de me lembrar das circunstâncias em que o conheci, me lembro dos seus traços de personalidade, como ele se movimenta e tudo aquilo que é típico do João. Eu tenho de entender aquilo que me é apelativo e aquilo que eu desgosto. Eu tenho de discernir tudo isto em relação ao meu egoísmo.

– E se eu não gostar de alguma coisa? Tenho eu de tentar justificar estas qualidades e concordar com elas?

– A coisa mais importante é representá-las. É muito importante lembrar o personagem muito distintamente, como ele é e o que ele é. Quando a pessoa começa a representar o papel e entra no personagem, ela sente a sua nova atitude para aquilo que está a ocorrer. Depois a pessoa concorda involuntariamente com como seu protótipo se comportou nesta situação. Representando qualquer papel, eu me aproximo da pessoa que eu represento.

– Há até uma expressão, “se apaixonar pelo seu personagem.”

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Nem Todos os Papeis Devem Ser Representados

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Os actores não gostam de representar pessoas psicologicamente instáveis ou experimentar a morte no palco. Quando trabalhamos com crianças, como devemos definir os limites sobre os quais são admissíveis os papeis?

– As crianças devem retratar somente personagens de pessoas com as quais elas entram em contacto. Isto pode ser um príncipe ou um pedinte, uma pessoa rica ou pobre, um malfeitor ou uma pessoa justa, um homem ou uma mulher, não importa.

Mas elas não têm de entrar noutros personagens. Eu preciso entender toda a pessoa com a qual estou em contacto na nossa sociedade, seja uma criança, um adulto, ou um velho homem. Eu tenho de aprender a representar os seus estados dentro de mim e adquirir os seus personagens.

– Então uma criança não deve representar uma pessoa que tenha morrido, por exemplo?

– Por que deve ela entrar em contacto com alguém que tenha morrido? Qual é o sentido disso? Ou, por exemplo, por que deve ela ter de comunicar com uma criança muito nova?

É claro, contacto com um bebé é possível. Mas habitualmente os bebés são cuidados pelas suas mães. Ela entende o bebé instintivamente. É assim que um animal entende o outro na Natureza. Eles são praticamente um organismo e a mãe exibe a sensação animal para com a criança.

Para entender o relacionamento entre a criança e a mãe, nós temos de ser incluídos neles e temos de representar estes estados. Mas para isso, nós não temos de ter contacto com o bebé pois há uma mãe para isso.

Porém, eu tenho de entender todas as outras pessoas e como resultado, acumular o mundo inteiro, toda a humanidade, dentro de mim.

– Deve uma criança representar várias situações de vida em vez de coisas abstractas? Deve ela retratar um medo verdadeiro em vez de abstracto?

– Que tipo de medo abstracto pode haver?

– A criança pode ver algo num filme por exemplo.

– A vida está cheia de imagens e impressões verdadeiras. É necessário ensinar à criança o entendimento certo e o modo certo de se juntar a toda a situação da vida e todo o incidente que ela encontrar.

Como é que a criança acha o meio certo de comunicar com um grupo especifico de pessoas que são de um sector social especifico? Ou como ela se entende a si mesma? Quem é ela? Deixe-a representar a si mesma. Parece-lhe que ela está sempre em si mesma, dentro da natureza que lhe pertence. Mas deixe-a imaginar o oposto.

Eu sou o director e este director observa-me a representar a “eu mesmo.” Isto me faz olhar para mim mesmo com criticismo e como exprimo meu “Eu”. É como se dois planos começassem a coexistir dentro de mim.

Sucede-se que este é o único modo em que eu consigo comunicar até com meu eu. Este é o único modo de me entender a mim mesmo.

Talvez seja ensinado aos actores a representar de outras maneiras, provavelmente usando termos profissionais específicos. Não estou familiarizado com as bases da representação, eu falo do jeito como eu entendo este processo, do modo como eu o vejo.

Nós temos de conhecer a natureza do homem. Apenas agora começamos a entender que todos somos egoístas e não vemos ou sentimos os outros. Mas em prol de salvar nossa civilização, nós temos de nos tornar semelhantes à Natureza e nos tornarmos integralmente conectados.

Representar é muito importante para o desenvolvimento pessoal. Para me elevar de um nível para o próximo, eu tenho de literalmente representar o próximo nível. É assim que a criança retrata um piloto ou motorista, por exemplo e quando ela se torna adulta ela realmente se torna um deles. Representar está instalado em nós pela Natureza.

A mesma coisa ocorre nos nossos workshops. Quando eu represento outras pessoas, é como se eu me tornasse elas e os personagens delas entram em mim. É assim que a pessoa acumula o mundo inteiro dentro dela.

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O Actor se Torna o Director

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Quando a pessoa se torna actriz profissional e é absorvida no novo modo de vida, ela começa a temer muitas coisas. A imagem de Mefistófeles (o diabo) imediatamente emerge no seu subconsciente. Por que esse medo surge?

– A pessoa tem medo de se perder a si mesma. Estando imersa em certo papel, por vezes ela sente que se ela ficar lá mais um minuto, ela não será mais capaz de voltar atrás.

Estes medos e apreensões estão bem garantidos. A estrutura psicológica da pessoa não está equilibrada e é possível formatar completamente o programa comportamental que opera nela, como num computador. Se um programa diferente for inserido lá, a pessoa pode esquecer tudo e se comportar diferentemente. Estas práticas e métodos são aplicadas por estruturas de poder em vários países do mundo.

Nossas crianças estão claramente conscientes que elas trabalham pelo bem de entenderem o seu amigo, pelo bem de sentirem a sua natureza. Para concretizar isto, eu sou incluído nas qualidades do meu amigo e crio a imagem dele dentro de mim. E meu amigo faz o mesmo em relação a mim. Portanto, haverão duas imagens em mim e duas imagens dentro dele. Isto nos permite comunicar correctamente e começar a nos entendermos um ao outro. É por isso que estamos a representar.

O facto de nos podermos entender um ao outro hoje não significa que nos entenderemos um ao outro amanhã. Nosso entendimento recíproco deve ser constantemente renovado. Amanhã teremos um novo egoísmo pois ele cresce constantemente. Nossos humores mudarão, bem como muitas outras coisas à nossa volta, tais como as circunstâncias nas nossas famílias e os relacionamentos com nossos amigos na escola. Tudo isto influencia nossas personalidades. Mudanças ocorrem a toda a hora.

Este tipo de trabalho numa equipe, onde nos observamos um ao outro, criticamos e encorajamos o trabalho um do outro, nos permite acumular uma enorme colecção de ferramentas analíticas e observar o inteiro processo do lado de fora, não mais através dos olhos de um actor que experimenta diferentes papeis, mas através dos olhos do director. Tal como a Natureza nos ordena por aí e joga connosco, eu, também, começo a ver este jogo. Eu desenvolvo uma atitude muito sensível para aquilo que está a acontecer e começo a entender que a vida é senão uma representação de vários papeis.

Portanto, se as crianças trabalham sobre certa situação com seus amigos e observam seus comportamentos juntas, não acho que quaisquer problemas surjam.

– É possível tentar representar o papel do director também?

– Falamos de crianças e crianças infantis nisso. Quando elas fazem 7 ou 8 anos, o egoísmo começa a se manifestar nelas de uma maneira severa. É então que devemos gradualmente começar a introduzir elementos de representação. “Tenta estar na sua posição agora e ele estará na tua. Lembra-te como ele gritou contigo ontem e agora tenta tu representar esse papel.”

É possível dirigir ou gerir este processo nessa idade? Eu não excluo esta possibilidade. Isso depende de há quanto tempo o grupo tem estudado e que aptidões ele adquiriu.

– Cada vez que uma cena é encenada, até se for a mesma cena, ela é representada diferentemente.

– Isto é aparente, especialmente quando representamos os mesmos papeis.

– Devem as crianças repetir as mesmas cenas uma e outra vez?

– Isto vai acontecer de qualquer jeito.

– O que podemos aprender disso?

– Neste processo, as crianças estarão constantemente a se estudar a si mesmas. Penso que é necessário gravar tudo aquilo que acontece com elas, assistir e deixar que as crianças avaliem aquilo que elas viram e então repetir.

Uma criança começa a ver quão relativo são o seu comportamento e opinião, que nada há de absoluto nelas. Aquilo que há de absoluto é o todo unificado que é criado quando todas elas se unem. E juntos construiremos o Absoluto. Mas o que quer que exista em cada um de nós, isso sempre muda.

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