Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Uma Anedota é Uma Expressão Paradoxal de Integração

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Você uma vez falou que gosta de jogos de palavras na forma de anedotas.

– Sim, não só das rudes, mas daquelas que são construídas sobre a combinação inesperada de partes opostas que em princípio não se deveriam conectar. A capacidade de conectar coisas que não se conectam é uma qualidade mental especial.

Algumas pessoas têm almas que são compostas de dois opostos e elas aspiram a conectar estes opostos numa única forma integral. Estas pessoas são especiais e se você ouvi-las contar uma anedota, então é uma verdadeira anedota. Todas as outras são rudes substitutas.

– Podemos usar esta forma no nosso método para que as crianças inventem boas histórias suas e as contem umas às outras?

– Sim. Mas não devem ser histórias mundanas sobre um marido, mulher e seus amantes. Elas não devem incluir insultos e clichés generalizados.

– Desde que idade podem estes jogos de palavras ser usados entre crianças? Quando estamos prontos para isto?

– Não acho que isso possa ser feito numa idade infantil pois isto requer sério desenvolvimento interior e experiência de vida, a capacidade de distinguir anedotas de piadas ou insultos camuflados e da agressão e calúnia que retratam os instintos mais negros do homem e portanto lhe parecerão agradáveis a ele. Mas estas não são anedotas.

Uma anedota é uma história que combina opostos de uma maneira completamente inesperada, os invertendo para revelar um aspecto especial, descobrindo a interligação, união, integração entre eles. Uma anedota é uma expressão inesperada de integração.

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O Modelo de Santidade

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Praticamente toda a pessoa considera algo “sagrado.” Pode ser uma bandeira ou a insígnia de um pelotão. É um conceito de algo que é sagrado e estático. Há alguma coisa neste método que possa ser chamado de sagrado?

– As pessoas sempre tiveram uma necessidade disto. Elas declararam estátuas, árvores e rochas sagradas ou certo adulto ou criança. Sempre houve uma necessidade de um modelo que pode até não ter um nome. Na realidade, esta é a necessidade de revelar a força superior, Deus, o Criador, algo superior.

Hoje esta necessidade não é exprimida com tanta claridade, mas ainda está lá. As religiões não estão a morrer. Elas foram se esconder durante um período e depois elas vêm novamente para a superfície e até para a linha da frente da vida. As religiões na sua forma normal e fanática ainda não foram exprimidas. Isto ainda está no futuro.

Aquilo que precisa de ser sagrado na sociedade humana é a integração, nossa total equivalência com a Natureza. Se nós alcançarmos isso, vamos entrar num estado onde nada nos pode magoar ou tocar, nada nos pode movimentar deste nível perfeito e eterno.

Quando entramos nesse nível, toda a Natureza será incluída em nós. Faremos um circuito completamente fechado dela dentro de nós e a percepcionamos como um todo eterno, perfeito e infinito. Os problemas da vida e da morte vão desaparecer, bem como as dificuldades e sofrimento pois não existiremos individualmente, mas no sistema comum, análogo e integral. Este modelo é exactamente aquilo que tem de se tornar sagrado.

O que significa sagrado? Tenho eu de experimentar qualquer movimento que eu realizo do ponto de partida de como eu posso criar, achar e formar uma acção dentro de mim pelo bem de realizar este modelo? Como posso ajudar os outros, na medida que os percepciono como existindo fora de mim, a ver este modelo, entendê-lo e concordarem que este é o nosso único estado futuro correcto? Isto é santidade, o futuro e perfeito estado da humanidade, que nós podemos criar hoje voluntariamente.

– Podemos jogar com esta coisa sagrada de algum modo?

– Ela é criada dentro de nós! Não sou eu ou você, ou outra pessoa, mas aquilo que todos criamos juntos. Nós não desenhamos uma espécie de pequeno deus ou alguma coisa que seja inaceitável para os outros, todavia agradável para o nosso próprio egoísmo. Nós criamos o Absoluto! Nós criamos esta força superior acima de nós e nós somos ela.

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Punição é Desnecessária na Sociedade Certa

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Na vida frequentemente encontramos situações onde uma criança tem de completar um trabalho que ela não quer fazer, mas entende que não fazê-lo vai infligir uma punição. Ela se encontra a si mesma apertada entre estreitos, passo a expressão.

– É necessário discriminar com absoluta clareza que esta abordagem está incorrecta. A criança tem de ser transferida para um tipo diferente de aperto: por um lado, a sociedade a pressiona e por outro lado, ela se vê a si mesma e se associa a si mesma à sociedade.

Não haverá um tratamento de punição dominante sobre ela. Ela mesma vai entender que inversamente ela não vai ganhar a aprovação da sociedade, que ela tanto deseja. Para ela é precisamente este o método para medir e se avaliar a si mesma, ao seu “Eu.”

Por outro lado, teremos de lhe dar a capacidade de controlar o seu “aperto,” ou seja a força de correcção compulsiva. Isto é possível se a criança entender de sua própria vontade que ela tem de fazer o seu trabalho-de-casa ou arrumar o seu quarto.

Suponhamos que meus pais iam de férias e me deixavam sozinho em casa, encarregue da casa. Mas em vez de desfrutar disso, eu tenho de limpar a casa pois quando os pais regressarem a casa eles me vão punir se eu não o fizer. Portanto, incapaz de evadir a punição, eu amaldiçoou minha vida minúscula e começo a fazer aquilo que é esperado que eu faça.

– Ou eu não o faço de todo.

– Neste caso, tudo depende da punição. Se ela for correcta, então da próxima vez eu não estarei à procura de uma maneira de evitá-la.

Suponhamos que a punição me força a superar a minha preguiça. Isto é, o sofrimento dela tem de ser maior que o prazer de ser preguiçoso. É assim que tentamos corrigir os animais, nós os punimos para que eles não repitam o seu crime.

Mas o que podemos fazer para que a criança entenda que tipo de tarefa a Natureza, a sociedade, ou seus pais lhe deram, um entendimento pelo qual ela seja capaz de superar a sua involuntariedade para fazer aquilo que é exigido dela? Falando na prática, qualquer tarefa que se resuma a superar a preguiça, egoísmo, o desejo de ter prazer da pessoa e levar a cabo uma tarefa que não lhe dê qualquer prazer. Onde vou eu buscar a energia para isso?

O medo da punição me dá energia negativa. O castigo pode parecer tão horrível que eu levarei a cabo a tarefa involuntariamente enquanto amaldiçoou tudo no mundo.

Mas é também possível criar um meio circundante, livros e uma sociedade, que apresentem esse mesmo trabalho para mim numa luz positiva. Para uma criança, isto pode ser algo como uma excursão e para os adultos uma descoberta interessante. Isto funciona somente se a sociedade circundante realmente aprove esta tarefa e a louvar.

Então o próprio trabalho se torna prazer. Eu não só não serei punido, mas talvez os pais até me recompensem com um quilo de gelado. O que é importante não é isto, mas o facto de que eu recebo prazer por este trabalho ser importante aos olhos das pessoas que me rodeiam. Eu não abro mão dele para ninguém. Eu próprio o farei porque ele se torna importante para mim.

Tudo depende do jeito através do qual criamos um meio ambiente à nossa volta que louve qualquer acção anti-egoísta, até a mais difícil, a tal medida que dê tanta importância que a vamos executar com prazer. E é assim que avançamos com alegria.

Para concretizar isso, deve ser ensinado à criança a ser psicóloga de si mesma e a saber como criar o meio ambiente certo. Ela tornará a sua vida agradável, embora ela lhe apresente constantemente novos problemas e barreiras ante ela. Mas ela vai olhar para eles como níveis que conduzem para um estado superior que é valorizado pela sociedade.

O problema reside em criar uma sociedade circundante e perto da criança que sempre a ajude a valorizar os esforços anti-egoístas. É isto que temos de fazer e temos de ajudar toda a pessoa a fazer isto.

– Como podemos fazer isso? Um dos meus amigos tem de escrever uma dissertação agora porque é necessário para o seu trabalho e para o seu progresso. Então deve cada pessoa no seu meio ambiente dizer-lhe quão importante é isto para o bem comum?

– É claro! Ele vai se sentar e vai escrever e vai completar a obra em dois meses! Você sabe que é possível trabalhar numa dissertação durante anos, ou isso pode ser feito literalmente durante vários meses. Tudo depende da tensão interior e você quer que essa tensão seja positiva.

Essa é a única maneira como eu trabalho. Eu acumulo os impulsos necessários que me obrigam, os ventos que inspiram, encorajam e me exaltam. E então começo a me sentir entusiasmado e revigorado, revelando completamente novos canais de percepção e sensação e modos de expressar as coisas. Isto é necessário.

Você me pergunta, “Como pode isto ser feito?” Nós temos de criar uma pequena sociedade ao redor de cada pessoa que se torne o seu diapasão para se sintonizar correctamente nestas acções anti-egoístas. Com a sua ajuda a pessoa será capaz de se levantar a si mesma constantemente. E isto se tornará a sua inspiração e alegria.

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Eu e os Outros Nos Tornamos “Nós”

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Se a percepção do mundo é infinitamente polimórfica, então por que este o método correcto de entre todos os outros e por que é que todos o têm de usar?

– Porque é assim que funciona a Natureza. Ela é integral. Nós somos os únicos na Natureza que não somos integrais, ou seja as únicas criaturas egoístas. A Natureza é nosso berço, mas nós nos excluímos dela e nos posicionamos fora dela e até acima dela.

Esta minúscula e insignificante pessoa tem a ideia que ela está destinada a conquistar e quebrar toda a Natureza, como se ela soubesse o que está a fazer. Apesar do facto de que ela continuamente descobre que não sabe coisa alguma e que ela está a arruinar e a mutilar todas as coisas, ela tem esta sensação.

Este método nos foi dado para que o possamos rejeitar e segundo a lei da “dupla negação,” concluímos que somos a única parte não-integral da Natureza. A humanidade é como um tumor canceroso dentro da Natureza, ela se consome a si mesma e ao inteiro organismo. É assim que nos tratamos uns aos outros e a tudo que nos rodeia, o organismo único da Natureza.

Quando entendermos ao que nos assemelhamos de verdade, vamos descobrir a fonte e a razão para todo o sofrimento na nossa natureza humana. Então começaremos a mudá-la, consciente ou involuntariamente, sob a influência dos problemas que surgirão.

Este problemas serão revelados num futuro próximo em toda a sua horripilante, ameaçadora e toda-envolvente dependência de nós e eles nos exigirão que mudemos. Esta exigência da parte da Natureza nos forçará a mudar. Porém, nós o faremos sem aniquilar a Natureza egoísta, mas ascendendo acima dela! É exactamente isto que falta à sua amiga na Índia.

Há métodos psicológicos que suprimem o egoísmo, o desligam ou o nivelam, ou nos colocam num humor como se ele não existisse, “Sejamos como pequenos animais ou como plantas. Vivamos a vida como se não tivéssemos egoísmo. Vamos jogar jogos num campo verde e dançar em círculos de mãos dadas.” Tudo isto está incorrecto!

Por vezes assisto a performances de orquestras nacionais que tocam o acordeão e cantam. Tudo isto é lindo e bonito enquanto performance e evento cultural, mas não pode ser um exemplo para o comportamento diário das massas. Estes são costumes, a essência interior da nação. Mas hoje não se pode exprimir deste jeito. Isto é apenas bom no palco em eventos da cultura tradicional.

Nós não devemos erradicar nosso egoísmo e descer para este nível ingénuo. Pelo contrário, a chamada dos tempos é por um crescimento enorme e constante de egoísmo e nossa integração acima dele.

– Uma pessoa normal provavelmente questionaria, “Mas para que preciso disto no sentido prático, no sentido de receber prazer? O que me dará isto e aos meus filhos?”

– A resposta curta é que você vai alcançar a eternidade e perfeição. E posteriormente é possível explicar os detalhes disso.

Ao nos interligarmos com todos os outros como partes de si mesmo, você vai achar os elementos em falta que o transformam num organismo eterno e perfeito. Você perde o seu pequeno “Eu” egoísta, mas você adquire uma tremenda sensação do único “Eu” que existe. E quanto aos outros? Não há outros. Eu e os outros nos transformamos em “NÓS,” em um, todo comum. Então a imperfeição, deficiências e problemas do nosso mundo, nossa presente percepção, desaparecem.

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O Mundo enquanto Espelho da Nossa Imperfeição

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Então sucede-se que além de mim, ninguém mais existe?

– Tudo aquilo que existe é como um espelho, um reflexo da sua imperfeição interior pessoal. A sua perfeição será alcançada quando tudo aquilo que você agora sente como externo para você seja sentido como interno.

– Esse caminho é especificamente para mim ou há mais alguém, por exemplo você, que imagina isto do mesmo modo?

– Não, eu existo somente em relação a você e somente em prol de você absorver esta parte a que você me chama para dentro de si mesmo, para que você se una ou funda completamente com ela, como duas gotas de água se fundem em uma.

– E eu estou deitado sem fazer nada. Então será que o mundo à minha volta simplesmente desaparece? Ou ele “prossegue com sua vida” independentemente disso?

– As noções de “prossegue com sua vida” ou “pára” não existem. Isso depende daquilo que você sente. É uma imagem absolutamente individualista. A física explica que a imagem observada é retratada pelas características do observador.

– Por que é tão importante que eu não esteja sozinho neste campo, mas estar com outros sujeitos que são como eu? Por que estou tão assustado de estar sozinho?

– Porque há um programa instalado em você pelo qual você tem de alcançar integração absoluta do mundo dentro de você. Até que realize este programa, os genes informativos que surgem dentro de você, que promovem o processo para a integração, vão permanecer por concretizar. Você ainda não será capaz de se deitar simplesmente no sofá e fazer algo sub-conscientemente em prol de avançar o mundo para esta conexão universal e mais estreita.

Conquistas e vitórias sobre os outros são expressões de nossa demanda por conexão. Esta demanda também é revelada através das ciências, artes, política, economia e tudo no geral. É claro, estas são formas incorrectas de integração, mas ainda assim é integração.

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Tudo Está Dentro de Nós, Nada Está Lá Fora

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Por que é que as pessoas subitamente se começaram a unir? Elas poderiam ter feito isso há 100 ou 200 anos atrás, se unirem e revelarem a espiritualidade. Mas por alguma razão isso não aconteceu. Além do mais, as pessoas só começaram a falar de interacção em grupo no século 20. Formar grupos e discutir perguntas comuns é uma inovação do século 20. No passado este tipo de coisa simplesmente não existia.

– A ciência existe desde os tempos antigos. Por exemplo, Aristóteles, Platão e seus predecessores escreveram sobre a alma, sobre percepção e procuraram o lugar onde a alma existe. Todavia, a psicologia enquanto ciência surgiu e se desenvolveu somente no século 20.

Por que esperaram as pessoas tantos séculos?! Onde estavam estes cientistas há alguns milhares de anos atrás, através dos quais o homem não entenderia quem ele é e o que ele é? Houveram algumas tentativas de nos estudarmos a nós mesmos antes disso também, mas elas foram realizadas num nível tão primitivo que a pessoa só se sentiria envergonhada dessas pessoas!

Eles construíram cidades, países, conquistaram terras e as governaram, mas não sabiam coisa alguma sobre si mesmos. Eles descobriram novas terras, desenvolveram tecnologias, a economia e fizeram revoluções. Mas o que os impulsionou a fazer isso? Por que não tinham eles uma demanda interior ou necessidade de descobrir, “Homem, quem és tu?”

Aparentemente, isto depende do nosso desenvolvimento interior. Esta necessidade não surgiu em nós no passado e portanto não nos envolvemos nela, nós não tínhamos esta pergunta. Se não há pergunta, então não há nada para revelar nem nada sobre o qual trabalhar. Eu não tenho um sexto dedo na minha mão e não sinto uma necessidade de tê-lo.  Então como posso desejar que ele cresça na minha mão?

Agora entramos numa fase especifica de desenvolvimento onde uma demanda interior de nos conhecermos a nós mesmos está a ser revelada em nós. Ela está a surgir pois temos de entrar no próximo nível de percepção e realização.

A psicologia moderna foi formada há 100 anos atrás e continua a se desenvolver até este dia. Mas repare como ela se tornou parte das nossas vidas. Anteriormente, não era um passatempo elegante até para os aristocratas, para não falar de donas de casa. Elas não se podiam importar menos com a psicologia.

Mas agora o mundo se torna integral, interconectado e interdependente. E a necessidade está a surgir de se familiarizar com a psicologia, aquela das massas, da multidão, do indivíduo, das diferentes nações, das pessoas de diferentes idades e com a psicologia da família.

Cada vez mais conectamos o estado interior da pessoa à sua percepção e realização do mundo, à sua visão mundial. Começamos a sentir que o mundo é um resultado dos nossos estados internos.

Em paralelo à psicologia, as mesmas ideias se estão a desenvolver na física. Einstein pensou que tudo no mundo é relativo e Hugh Everett pensou o mesmo. Todavia a física parece uma ciência insípida. Pensamos, “Ó bem, engenharia, para quê todo o alarido, realmente?” Mas a física também começa a conectar realização, revelação, experimentação e as mudanças que ocorrem no mundo com a consideração pelas qualidades interiores do pesquisador.

Se o pesquisador se movimenta ou muda por dentro, isso muda o mundo. Sucede-se que a sensação de tempo, espaço e movimento no espaço são nossas coordenadas internas, que não existem fora de nós. Elas podem ser diferentes para diferentes pessoas. Portanto, nosso entendimento comum depende de como as justapomos.

Por vezes visualizamos luz como partículas e por vezes como ondas. Se algo se movimenta ou não depende do observador. Será que o observador está imóvel ou se movimenta? O que está a ocorrer com tudo isto?

Os cientistas chegaram bem ao limite entre o mundo material, onde tudo se torna mesclado e pouco claro quanto a para onde tudo se dirige. Isto não é claro para os físicos, mas eles estão perto de entender que somente um novo meio de realização integral do mundo nos conduzirá ao próximo nível.

Nós nos alcançaremos e ao mundo precisamente quando descobrirmos que ele está dentro de nós. Então vamos alcançar a conclusão que ele só aparece ante nós como um espelho, como se existisse fora de nós, quando na realidade tudo está dentro de nós e nada está no exterior. Tudo aquilo que é sólido, ocupa espaço e é global, incluindo até o espaço sideral, só parece existir. Mas na verdade, estas são apenas nossas próprias sensações.

Quando os psicólogos compreenderem isso, a psicologia se tornará a ciência mais importante! Seremos capazes de medir nossa força integral e respectivamente medir a realização dos limites e qualidades do mundo. Ganharemos controle sobre as dependências funcionais entre este este novo órgão interior de percepção e aquilo que é sentido dentro dele. Esta será a nova psicologia. Ela incluirá todas as outras ciências pois o homem será colocado no centro desta percepção.

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O Mundo é uma Justaposição de Opostos

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Uma amiga minha que trabalha como guia turística na Índia começou a ter dificuldades porque os turistas dizem que ela está em nirvana, não reage adequadamente e não consegue explicar coisa alguma adequadamente. Será que as crianças que entram neste sistema integral não se tornam anjos, desconexos da realidade?

– Não. Eu não chamaria a este estado angélico. A divisão esquizofrénica, dolorosa e incorrecta do mundo em partes é explicada pelo facto de que a pessoa não se corrige a si mesma.

Ela não está a trabalhar com o seu egoísmo para se elevar acima dele e percepcionar dois níveis de atitude para a vida. Ela não está preparada para isto e não está num colectivo que consiga criar um novo sentido junto com ela.

A sua amiga é uma mulher infeliz que está a arriscar perder a sua abordagem normal, egoísta e terrena para a vida e vai acabar num mau e desadequado estado. O nosso ensino não é baseado no método indiano, que destrói ou reduz o egoísmo, mas desenvolve-o, por muito estranho que pareça. Nós dizemos que tudo é construído sobre a justaposição de opostos.

O mundo não é uma luta de opostos, mas em vez disso a sua combinação adequada. A dialéctica está certa quando diz que o mundo é composto de dois opostos, mas está errada em pensar que um deles deve ser destruído.

Um deles deve ser elevado acima do outro e os dois devem ser usados correctamente, como halteres. Isto é um dipolo. Dentro da tensão entre o mais e o menos, podemos achar a qualidade que os conecta. Com a sua ajuda vamos descobrir o verdadeiro mundo integral, isso não destrói nenhuma das suas partes.

Entendo o estado desta mulher, mas não posso oferecer-lhe qualquer conselho. Isto não acontece às nossas crianças. Pelo contrário, todos os dias o egoísmo saudável é exprimido nelas cada vez mais e elas até se tornam mais densas e duras. Porém, elas entendem de onde vem o seu egoísmo.

Ao mesmo tempo, nós conduzimos estudos teóricos e práticos com elas em prol de clarificar este egoísmo, entendê-lo, nos separarmos dele e pesquisá-lo do lado de fora, estudando tanto o nosso próprio egoísmo como o dos outros. Cada um muda de lugar em prol de ser incluído no próximo: Neste momento eu sou como você, você é como ele e etc.

Eu tenho de conhecer todos meus amigos e representar o papel de cada um deles. Isto nos permite ser incluídos uns nos outros e esta inclusão reciproca gradualmente cria uma nova entidade, a percepção integral, que não “me” inclui mas somente “nós.”

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As Sensações Individualistas São Defeituosas

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Suponhamos que há um grupo de pessoas que estão unidas por um desejo comum de alcançar esta meta sublime. O que acontece quando uma pessoa nova aparece neste grupo? Temos nós de a incluir neste sistema? Como acontece isso?

– Na medida que ela se adaptar ao grupo, ela se encontrará a si mesma no novo sentido de percepção integral, num mundo que é mais elevado que o mundano.

Ela sente a terra com a sua percepção individual. Mas ela pode existir no mundo espiritual se ela tiver aspirações que são compartilhadas com o grupo que forma este sentido integral.

– Isto significa que o nível material gradualmente se torna menos importante, como um cenário. Mas ele permanece na percepção da pessoa?

– Ele permanece na percepção da pessoa porque nós existimos numa sociedade que existe na percepção individual do mundo, em contraste com a sua percepção integral. Enquanto houver um grande número de individualistas, nós estamos rodeados da sua percepção do mundo. Eles projectam as suas sensações incorrectas e individualistas sobre nós pois nós somos um todo único e estamos todos integralmente interligados.

A imagem da dependência mútua universal está a começar a ser revelada no nosso mundo somente agora, mas de facto, sempre fomos desse jeito. Espero que esta revelação ocorra num futuro próximo, se não na nossa geração, então na próxima, ou naquela que vier depois. Julgando pela velocidade do desenvolvimento para a expressão desta integração, podemos supor que isso se clarificará muito em breve.

O mundo inteiro tem de alcançar o entendimento que o estado desejável é a percepção correcta da realidade, portanto uma que não seja distorcida como neste mundo, onde existimos num pequeno fragmento do universo inteiro. Cada um vai alcançar este entendimento, voluntária ou involuntariamente.

Neste mundo, nós existimos num estado incerto onde nossa percepção é fragmentada e muito nebulosa. Há certas antecipações vagas interiores: algo existe, existiu e existirá. Há adivinhas e respostas. As previsões dos videntes concretizam-se e todos começam a dizer que há um destino e vida após a morte.

Nós temos de entender que o verdadeiro estado será revelado quando nos tornarmos semelhantes à natureza integral, quando nos tornarmos um todo único como a Natureza e conectarmos todas as outras partes da natureza através de nós mesmos.

Então vamos descobrir que todas suas partes sempre estiveram conectadas. Era somente no egoísmo do homem que ele percepcionava tudo dividido, assim arruinando tudo dentro dele. Mas fora de nós, a Natureza é absolutamente ideal, interminável e perfeita. Revelando isto, nos tornamos o mesmo que ela, assim nos elevando ao seu nível de perfeição e eternidade.

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Do “Eu” para o “Nós”

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Se eu corresponder, irei eu lidar com uma existência miserável apenas para sobreviver, ou há algo de bom para nós, melhor do que o que temos agora?
– O estado que alcançaremos é aquele que não pode ser superado por nada. É um estado em que todos os problemas e conflitos são resolvidos, nos quais o homem alcança os níveis mais profundos da Natureza e de si mesmo.
É uma expansão da mente, emoções, qualidades e sentimentos do homem através dos limites da natureza infinita, onde incluímos todos os mundos, estados e dimensões que atualmente nem entendemos nem sentimos. A conexão integral entre nós tem que nos levar a esse estado.
E o mais importante, uma vez que estamos incluídos na qualidade geral de toda a Natureza, começaremos a sentir a sua eternidade e perfeição, e essa sensação se tornará nossa vida. Temos que subir do estado de “eu” para o estado de “nós”, que é infinito, eterno e perfeito. Nesse estado, deixaremos de sentir a nossa individualidade e iremos perceber apenas a nossa inclusão nos outros.
É como se uma pessoa subisse acima do problema da vida e da morte e começasse a sentir um nível mais elevado. Ela não simpatiza com o corpo, este estado animado, mas com a energia ou informação que está no campo único que nos inclui a todos nós.
Nós realmente estamos incluídos em um único campo de energia, pensamentos, mente, desejos e intenções. E este campo não está dentro de nossos corpos. É o que existe entre nós, o que nos conecta.
Dentro deste campo, você sente o que eu sinto, outra pessoa pensa o que eu penso, e assim por diante.
Os cientistas pesquisaram este tópico e aprenderam que estamos realmente em um corpo de informação. Quando entramos nesse nível de interconexão, começamos a nos sentir como não vivendo a vida animal (a vida de nosso corpo), mas a vida dessa informação, a comunicação única. E então uma pessoa sente que ela não simpatiza com sua vida animal, mas com a vida eterna e perfeita.
Aí está o programa da natureza: trazer o nosso componente interno, chamado “humano”, que nos diferencia do nível animado, da sua verdadeira forma ou nível verdadeiro – interação total dentro da sensação de eternidade e perfeição de toda a Natureza.

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Não uma Multidão, mas Uma Sensação de União

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Quantas pessoas devem haver num grupo? Os psicólogos repararam que um grupo de 8-12 pessoas é o ideal porque ele simula um modelo da sociedade.

– É exactamente isso que nós fazemos: Nós temos um grupo de 10 crianças mais 2 educadores.

– Neste grupo de 10 crianças e 2 educadores, uma nova qualidade e nova percepção emergem. Se reunimos mil ou 10 mil pessoas, ela seria ainda mais sentida?

– A quantidade de pessoas é de importância menor. O que é mais importante é se elas conseguem ou não se unir umas com as outras e isso depende da capacidade da pessoa transcender o ego pelo bem de se unir com a sociedade, da sua sensibilidade, de quão desenvolvida é a sua sensação do colectivo.

A unificação sob a influência de uma multidão não produz quaisquer resultados. Essa não é uma interacção integral. Uma multidão unida por um eslogan comum, chorando por certa meta animalesca, não é uma sociedade integral.

Para as pessoas se unirem em uma sociedade integral, elas devem fazê-lo para achar a qualidade de outorga recíproca, unificação, união. Neste caso cada uma delas se eleva acima do seu egoísmo e se une com as outras apesar dos seus “crassos” impulsos naturais. Ela não é impulsionada pelo desejo de preenchimento pessoal pois ele nunca a deixará se unir com as outras.

Esta união é o seu recentemente adquirido órgão de percepção que não opera por dentro, mas por fora. É assim que ele está direccionado, de dentro para fora, na direcção da outorga. Ele pode ser criado somente se elevando acima do ego quando cada um se transcende a si mesmo na direcção de se conectar com os outros, acima do seu próprio egoísmo. E portanto, esta sensação não pode ser privada mas somente comum.

Ela é comum pois ela existe através do facto de a criarmos juntos e cada um de nós a percepciona como sendo seu próprio sentido de percepção externa e altruísta. Ele é um para todos nós, ou seja que é um e o mesmo dentro de cada um de nós.

Isto nos dá a oportunidade de falarmos sobre nosso coração e mente comuns, que produzimos juntos e dentro dos quais existimos juntos. Nesse caso percepcionamos todas as coisas de forma absolutamente idêntica, com os mesmos pensamentos e sentimentos circulando dentro de nós.

Nós ascendemos para um nível de sentir o mundo que existe fora de nós. Na realidade, este mundo está dentro de nós, mas começamos a senti-lo saindo do estado anterior egoísta e o sentimos todos juntos. Significando, enquanto desenvolvemos cada novo nível, nós o alcançaremos juntos.

Nós percepcionamos cada novo nível como uma existência que não depende de cada um de nós individualmente. Isto significa que não depende dos nossos corpos ou do nosso presente “Eu.” Se eu simpatizar com o “Eu” que existe nesta integração, então eu me desconecto da minha vida terrena.

Esta vida parece cada vez mais ofuscada e cada vez menos real para mim. Eu começo a entender que meu corpo e todas minhas impressões anteriores e sensações do mundo e da vida tomaram lugar na percepção egoísta. Mas agora atravesso para um novo estado e vejo o mundo diferentemente.

A percepção integral do mundo me dá impressões novas e mais vivas. O passado gradualmente se torna mais distante e menos importante, desinteressante, muito plano e infantil. Fico tão desinteressado nele que estou pronto para o abandonar sem me arrepender disso no mínimo.

A pessoa desenvolve o seu novo estado integral a uma medida que o passado desaparece.

Pensamos, “Como pode desaparecer?! Afinal, aqui nós somos os nossos corpos!” Nós não entendemos que nossos corpos existem somente na nossa percepção, que muda constantemente. É assim que mudamos da sensação do nosso mundo para a sensação do mundo que está no próximo nível. Mas lá ela também existe o nosso desejo e pensamento comuns, enquanto os corpos, como tal, não existem. Somente os pensamentos e desejos existem.

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