Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

INTRODUÇÃO

Do livro “Crianças do Amanhã”

“Nós não criamos nada novo. Nosso trabalho é apenas iluminar

O que se esconde dentro de cada um. “

Menachem Mendel de Kotzk

E m cada um de nós, existe uma centelha que nos chama do lugar mais profundo. A correria da vida cotidiana pode
turvar isso em nossas mentes, mas cada vez que olhamos para nossas crianças deslizam para fora da escuridão e nos toca profundamente em nossos corações. Por um breve momento, nos lembra que uma vez, há muito tempo atrás, nós éramos diferentes. Tínhamos sonhos e víamos o mundo com outro olhar, mais simples, mais verdadeiro, mais puro, e mais penetrante.
hoje, uma nova geração está crescendo perto de nós e não está disposta a se contentar com o que existe, e certamente não se contenta com o que já passou. Esta geração não vai deixar que a faísca apague. É uma geração que quer saber, compreender, e descobrir para que a vida serve. e eles, nossos filhos, não descansarão até que possamos lhes trazer algo real, algo que nutra seus corações.
“Crianças do Amanhã” consiste em trechos inspiradores e pungentes extraídos das conversas do Cabalista Dr. Michael Laitman realizadas com psicólogos, educadores, pais e crianças. Juntos, esses trechos e oferecem uma pincelada de um profundo método educativo expansivo baseado na sabedoria da Cabalá, que é destinada para esta geração.
É um livro que vai trazer uma nova luz para aqueles cujos corações estão interessados pela educação, os pais que desejam ver um brilhante futuro para seus filhos, professores e educadores que desejam ampliar os seus horizontes, e qualquer pessoa cujo coração ainda tenha um pouquinho de criança em si.

 

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REVELANDO A NATUREZA DE BONDADE

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Quem define as regras desse jogo global, integrado que pode acontecer na internet?
– Nós definimos. O ponto principal do jogo é que praticamente não há regra. Nós, os jogadores, gradualmente criamos essas regras por nós mesmos. Juntos, gradualmente as aceitamos, as aprovamos e então as corrigimos. Nós o aperfeiçoamos e o corrigimos constantemente, porque ele é um sistema vivo.
Nós estamos construindo uma comunidade integrada fora de nós mesmos. E nela, você e eu determinamos que leis e regras de comportamento temos de observar para que possamos todos girar como engrenagens, funcionando da melhor maneira possível e provendo um ao outro com o melhor suporte.
Vamos começar desenvolvendo esse sistema. Eu estou certo de que tudo isso é herdado da Natureza. Tão logo nós comecemos a nos mover de acordo com seu plano, que deseja vir para a vida dentro de nós, começaremos a receber pistas. As crises estão acontecendo, porque estamos indo contra esse plano. É como se estivéssemos constantemente tentando sabotar a nós mesmos.
Quando começarmos a trabalhar de acordo com a Natureza, começaremos a ter os pensamentos e desejos corretos. Começaremos a entender melhor um ao outro, e regras completamente diferentes se formarão. Até mesmo nossos sentimentos e pensamentos mudarão de egoístas para integrados. Nós começaremos a resolver tarefas de uma maneira diferente e veremos camadas completamente diferentes da Natureza, que são mais internas. Nós iremos ver de onde a Natureza nos governa.
Hoje percebemos toda a Natureza a partir da lente de nosso egoísmo, prestando atenção apenas ao que é rentável para nós ou nos ameaça. Eu não vejo o restante da Natureza.
Todos os tipos de coisas devem estar acontecendo ao meu redor, mas eu observo a realidade circundante apenas na extensão do desenvolvimento do meu ego — o que é bom para ele e o que é ruim. Eu projeto toda a informação e todas as influências que me afetam a partir desse filtro.
É como se todo o resto não existisse! Eu não noto mais nada. Suponha que amanhã meu egoísmo fique maior (de fato, ele está sempre crescendo). Nesse caso, eu irei de repente descobrir novos fenômenos e leis na Natureza. Tudo é determinado pelo crescimento do meu egoísmo.
Se, além do crescimento do nosso egoísmo, nós criarmos um sistema integrado entre nós, deixaremos passar através de nós, nessa conexão integral, informação completamente diferente acerca da Natureza. E essa informação será altruísta e não egoísta.
Quando isso acontecer, nós começaremos a entender a segunda força da Natureza — não aquela egoísta, que eu sinto hoje, em que notamos apenas uma luta de opostos. Por trás dessa segunda força, nós não vemos uma luta, mas imensa bondade, amor e reciprocidade, exatamente o que permite a continuação da vida. A vida nunca teria surgido na Natureza sem a existência de uma força boa que empurra tudo para a união e o crescimento. Hoje parece que nós observamos apenas a força má da Natureza, mas podemos descobrir a boa, a força do bem.
É claro, “força do bem” e “força do mal” são apenas palavras. Tudo é percebido em relação ao observador, mas iremos descobrir uma miríade de coisas novas. Na justaposição desses dois sistemas — percepção da Natureza egoísta ou altruisticamente — entenderemos realmente o tipo de mundo onde vivemos. Então poderemos começar a entender nosso estado de antes do nascimento e de depois da morte.
Há muitas conjecturas aqui, mas, em geral, todas elas estão sendo reveladas para nós hoje, como um possível campo para pesquisas.
– Você está dizendo que essa força boa existe potencialmente e nossa tarefa é revelá-la, interagindo corretamente? Eu sou um pouco cético. A internet existe há muitas décadas. Na Europa e na América, uma geração inteira já surgiu nesse período e está agora com 40 anos. Como psicólogo, eu encontro essas pessoas e sei que elas perderam as habilidades elementares da comunicação física natural. Eu, portanto, me acautelo e imagino se o homem irá perder essas habilidades, caso mergulhe nesse nosso sistema de jogo virtual.
– O desenvolvimento não depende de nós. No melhor cenário, somos observadores, nós não estamos aptos sequer para observar e avaliar adequadamente o que está acontecendo, porque isso depende inteiramente do desenvolvimento da nossa natureza.
Nós criamos a internet porque nosso desenvolvimento interno nos empurrou para isso. Nós não a criamos há cem ou mil anos atrás, porque nossa consciência e desejos internos egoístas ainda não nos haviam levado a fazer isso.
O tempo chegou, portanto as condições tecnológicas necessárias foram criadas. A necessidade por esse tipo de comunicação surgiu e é por isso que ele emergiu e veio a existir. Não há motivo de voltar atrás e tentar ir contra esse fluxo. Pelo contrário, eu devo olhar para frente. Além do mais, a partir desse sistema, a humanidade está descobrindo a si mesma como mais conectada, e não no sentido físico. Por outro lado, o que a conexão a partir de nossos corpos nos proporciona?
Atualmente nós não estamos usando essa conexão em toda a sua extensão, exceto para preencher nosso egoísmo, para lucrar ou manipular as pessoas.
E se começarmos a usar a internet como uma comunidade virtual boa, que nos elevará da conexão virtual para aquela espiritual e integrada? Assim, com o espírito das pessoas e a comunicação apropriada, elas irão adquirir uma sensação completamente diferente de união e de cada uma delas. Isso é impossível sem a internet, por isso eu vejo tudo como positivo.
Em geral, eu não vejo nada negativo na humanidade ou no seu progresso. É claro, esse progresso poderia ter sido muito mais produtivo e misericordioso, mas isso depende do comportamento da humanidade nesse processo, da extensão em que não resistimos a ele, o entendemos e participamos dele com o melhor de nossas habilidades.
Em minha opinião, a saída do contato físico, do contato egoísta virtual para aquele altruísta integrado levará a um estado completamente diferente. Gradualmente, nós realmente perderemos a sensação dos mundos inanimado, vegetativo e animado e passaremos a um estado em que tudo é determinado por energia, informação e nossos pensamentos e desejos, em vez do conforto dos nossos corpos animados.
Essa é a próxima fase do desenvolvimento humano. Não há outra possibilidade! É para onde a Natureza está nos empurrando. As fases que temos atravessado claramente mostram que a humanidade tem de ascender para o nível dos pensamentos, desejos e informação em que estamos todos interconectados. Isso, restritamente falando, é o que define uma comunidade como humana. A comunidade humana não é os nossos corpos, mas precisamente o sentimento interno.
– Há alguns dias eu conheci um rapaz que gasta todo o seu tempo no mundo virtual. Como resultado, ele perdeu seu emprego e foi despejado de seu apartamento. A questão é: se esse mundo virtual é tão atraente e corresponde às leis da Natureza, onde, então, está a correlação entre o espaço virtual e o físico? Eu ainda deveria devotar tempo e atenção em ganhar dinheiro para não ser despejado do meu apartamento?
– Este é um problema importante: como nos realizamos na comunidade integrada e em nossas vidas cotidianas? Eu, minha família, meu emprego, a sociedade e o mundo — como nossa união na internet impacta nosso mundo e nossas vidas, como nós gradualmente transformamos nossas famílias, nossas relações com nossos parentes e com pessoas próximas a nós, o governo, nosso país e o mundo? Como nossas relações sociais e econômicas mudam de acordo com isso, bem com as indústrias e o governo? Esse é um tópico importante, que requer considerável atenção.
Hoje a humanidade está começando a sentir o desafio da Natureza — que alguma coisa desconhecida e ameaçadora está surgindo a nossa frente. Esse chamado da Natureza está se tornando real rapidamente e nosso problema é apenas como participar dessa realização a fim de nos sentirmos nadando para frente com o fluxo ao invés de remando contra ele e, assim, sofrendo um cataclismo inesperado e crises.
– E se por acaso eu entrar nesse jogo virtual integrado?
– Você tem de participar dele de maneira inteligente, entendê-lo e fazer movimentos independentes. Ele requer sua participação viva. Você não pode dizer “Eu vou pular dentro e deixar a corrente me levar para onde ela for”. A corrente não leva ninguém a lugar nenhum, porque a Natureza requer que participemos conscientemente, que passemos para um nível em que sentimos o mundo inteiro e participemos do processo junto com cada um. Você clica no seu vínculo com o mundo todo! E é isso exatamente o que a Natureza requer de nós.
Atualmente ela está nos levando por um caminho áspero, nos mostrando que, se não clicarmos em nosso link com cada um a fim de agirmos congruentemente, ela irá nos golpear. Essa é a razão da crise atual, que nos força a alcançar a colaboração.

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UM VOO SOBRE O UNIVERSO

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

-Você tem mencionado repetidamente quão importante é para uma pessoa sair de seu “eu” e experimentar um papel diferente, ou olhar para dada situação de vida de uma perspectiva diferente. Se nós imaginarmos que nesse jogo global existem homens e mulheres de diferentes idades e profissões, então eu posso me inscrever e me tornar uma criança, por exemplo, ou devo sempre ser eu mesmo?
– Se eu me sintonizar a esse sistema, terei de incluir todos em volta dentro de mim. Caso contrário, não serei capaz de me conectar com eles harmoniosamente. Tenho, então, de conhecer e entender todo mundo. Isto é, eu tenho de revelar todas as minhas qualidades e todas as inclinações que existem em mim desde o começo, mas que, por enquanto, estão ocultas ou distorcidas pela Natureza. Eu me tornei um egoísta mutante! Se, porém, eu começar a revelar essas qualidades dentro de mim, irei descobrir a habilidade de sentir toda a Natureza —suas partes inanimada, vegetativa e animada —, bem como toda a humanidade, e até mais além.
Quando nós incluímos tudo dentro de nós, quando todos os fluxos de informação, pensamentos e desejos passam através de mim, eu começo a sentir o nível seguinte mais elevado da Natureza, seus planos, seu pensamento integral, a causa e o efeito, sua meta e o estado final da minha existência.
Em todo pedaço ou fragmento das ações da Natureza, vemos uma causa e efeito de desenvolvimento com um objetivo específico em cada etapa. Nós, porém, não vemos a meta final! Atualmente essa meta final é definida como harmonia absoluta de todas as partes da Natureza.
A partir da união entre nós e com o mundo inteiro ao redor, nós começamos a sentir o plano da Natureza e seu estado final, a meta. Nós começamos a sentir a nós mesmos existindo simultaneamente no próximo nível, que é informacional, comum e completo.
Uma pessoa começa a sentir eternidade, infinitude, perfeição, que existem além do nosso universo, no pensamento infinito da Natureza, o qual incitou essa gota de energia a explodir e criar nosso universo.
E talvez nós venhamos a sentir ou observar nosso universo conceitualmente, de fora. Isso, no entanto, já é uma mente diferente.
Isso abre tremendas perspectivas a nossa frente. E é o que deve acontecer, porque a realização da integralidade nos leva além dos limites do nosso universo. Esse é um avanço para o próximo nível de sensação, alcance e informação.
– Por entrar nesse jogo global na internet e começar a interagir, construindo o sistema comum, eu me tornarei apto a imaginar essa imagem comum?
– A sensação de integralidade, a conexão universal no nível de um ser humano inteligente (homo sapiens) o leva a um estado em que você inclui o sistema inteiro da Natureza dentro de você, inclusive suas partes mais baixas — inanimada, vegetativa e animada. Dessa forma você começa a entender seus planos, a fórmula interna de interconexões.
– Quando a integração se torna sua natureza, você começa a sentir o plano da Natureza. Quando você alcança o seu estado corrigido, você se torna um fruto maduro e começa a entender o significado de sua existência. É quando você se eleva ao próximo nível
– Isso tudo pode ser feito a partir da internet, por um jogo?
– Isso é alcançado mudando o homem. E a principio, é por isso que o egoísmo nos foi dado. Com sua ajuda, por constantemente ascender acima dele e mudar a nós mesmos de maneira contrária a sua influência, a qual parece que nos segura e entrava nosso caminho, nós nos desenvolvemos integralmente e assimilamos essa integração. Em outras palavras, o egoísmo nos ajuda constantemente a nos desenvolver.
Similarmente, quando você é um estudante do nível fundamental ou é universitário, você não pode avançar a menos que solucione exercícios no processo de estudo. É assim que nós nos desenvolvemos na Natureza, a partir de constantes resoluções de algum tipo de problema.
Há uma meta muito interessante a nossa frente. Nosso egoísmo é como um exercício de desenvolvimento constante e desgastante. Se nós tentarmos resolver esse exercício, nosso egoísmo se transformará em conexão, amor mútuo, altruísmo e integralidade.
Consequentemente veremos que fomos criados desse jeito de propósito. Esse egoísmo foi constantemente desenvolvido na humanidade através da história justamente a fim de nos levar hoje à realização inteligente em nossa comunidade. Então, precisamente graças a ele, por transcendê-lo, realizando-o no que parece ser a direção oposta — a direção de conexão e integração entre nós —,veremos que tudo isso foi criado com esse propósito, que é precisamente a fase superior da Natureza — a egoísta — e ele está nos puxando para o próximo nível. Que nível é esse? Nós iremos descobrir apenas quando nos elevarmos até ele. Nós iremos simplesmente senti-lo.
Informação, energia, pensamento e desejo irão mudar para um nível completamente diferente. Com a ajuda deles, pela conexão integral entre nós, nos elevaremos a um nível diferente de existência. Eu suponho que seja mais alto do que os pontos inicial e final de nosso desenvolvimento dentro das fronteiras deste universo. Será um nível acima do nosso universo.

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“A BOA BABILONIA” – UM JOGO PARA INTERNET

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Se olharmos para a sociedade integrada e global no processo de evolução, veremos que a zona de jogo também está se desenvolvendo gradualmente, do escopo de uma sala para o mundo inteiro.
– Se pudéssemos apenas criar esse tipo de sistema de jogo na internet e oferecê-lo a toda a humanidade! Nesse jogo, a recompensa deveria ser bons prêmios e honras, coisas que atraem todos nós, que somos pequenos egoístas. Vamos criar uma sociedade humana única e chamar esse jogo de “Babilônia”, mas não Babilônia no sentido negativo da palavra, mas no positivo.
Esse seria um jogo de cooperação. E ele teria de envolver problemas egoístas que gradualmente aparecem em todos os níveis — emocional, pessoal, familiar, entre pessoas e entre civilizações. Ele deveria incluir lutas por fontes de alimentos, matérias primas básicas, riquezas, conhecimento, fama e poder. E as pessoas jogando esse jogo teriam de encontrar soluções para esses problemas. Especialistas, incluindo psicólogos, adicionariam tantos elementos quanto possível nesse jogo, quer dizer que eles moldariam esse jogo para evocar emoções reais nas pessoas.
O jogo iria gradualmente se transformar em um teatro em que o jogador começaria a desempenhar o papel de uma parte integrante da sociedade. Embora virtual por enquanto, ele já irá sentir as mudanças involuntárias ocorrendo com ele e verá resultados positivos desse jogo no mundo real. Verá quanto ele e o espaço ao seu redor se tornaram melhores, mais seguros e mais confortáveis. De fato, esse jogo poderá se tornar um sistema de formação integrada.
Eu espero que um jogo como esse apareça na internet. Que por isso é chamada “Internet” — um sistema mundial, universal que conecta todo mundo.
– Eu não gosto de jogos de computador, mas esse me interessou.
– Essa é uma oportunidade para criarmos uma pessoa, para moldá-la! E ela irá fazer isso por conta própria! Participando desse jogo, ela irá começar a ver oportunidades de mudar a si mesma com o objetivo de atingir uma meta especifica, enquanto recebe recompensas “ao longo do caminho”, incluindo aprovação e respeito, ou seja, tudo o que possa ajudá-la a avançar.
Se um adulto jogar esse jogo, as crianças verão como ele se comporta e como isso o empurra para frente. Ou, vice-versa, se os jogadores forem crianças que tiveram sucesso no jogo, os pais ficarão felizes e irão mostrar a elas sua aprovação. Nós temos de usar o egoísmo corretamente para nos movermos para a integração.
Olhe para todas as comunidades da internet! É tudo um jogo! Por que, então, não criamos um jogo desse tipo? Nós, porém, temos de torná-lo produtivo e direcioná-lo para que traga benefícios. Esse tipo de jogo criará um novo tipo de individuo que involuntariamente vê precisamente como tem de jogar na vida. Além do mais, nós sabemos que nossas ações nos transformam.
– Nós, então, não teremos problema de tirar as crianças da frente do computados. Nós não precisaremos fazer isso.
– A criança tomará parte e esse será seu ambiente! Sob a influência desse ambiente, cada um de nós se tornará apto a se experimentar.
E por que a globalidade e a integralidade gradualmente se manifestariam nesse sistema, a partir dele estaremos aptos a trabalhar fora de nossos subsequentes modelos de comportamento. Eu posso me relacionar com esse jogo como se fosse um especialista dos próximos movimentos que tenho de realizar e, consequentemente, cometerei menos erros.
Pode parecer que estou criando um jogo, mas na realidade estou criando um modelo de sociedade correta. Se eu ando por aí como uma ficha de jogo, me colocando em níveis específicos, ações, qualidades, mudanças e comunicação, então eu posso ver onde eu vou ter sucesso e aonde não ir antes do tempo. Além do mais, as leis da sociedade integrada, as quais se manifestam gradualmente nesse sistema, irão me fornecer a reação correta, tanto a negativa quanto a positiva. É assim que irei escolher o melhor movimento possível para alcançar meu objetivo de equilíbrio com o sistema inteiro, em direção ao meu estado mais confortável.
– E qual é o centro desse sistema equilibrado? Como eu posso dizer que estou me movendo precisamente para o centro?
– Isso é fácil: eu me sinto melhor do que em qualquer outro lugar. Por um lado, eu me sinto absolutamente livre e, por outro, absolutamente conectado a todos, o que me dá ainda mais liberdade.
É espantoso como, experimentando situações conflitantes e influências, eu sinto que estou preso a um ciclo com todas as outras engrenagens, girando com elas, já que estamos em um jogo coerente. Nós experimentamos prazer mútuo, expansão mútua, alcance, entendimento e divertimento. Eu recebo tudo e não oculto nada de ninguém. Gosto de estar em harmonia com os outros e outorgar a eles.
É como em um jogo cujo passe da bola cria o estado de jogo entre nós, no qual interagimos com cada um da maneira certa. A mesma coisa acontece aqui, mas em toda extensão e em todos os níveis, incluindo o animado e o humano. Eu começo a experimentar em mim mesmo o estado de um jogo global, integrado e maravilhoso. Fluxos de comunicação fluem através de mim como uma bola passada em um jogo. Nós experimentamos o prazer de jogar o jogo precisamente nessa harmonia.

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JOGANDO ATÉ ALCANÇAR TOTAL EQUIVALÊNCIA COM A NATUREZA

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– De acordo com a teoria dos jogos, o componente mais importante de um jogo são suas regras. Essas regras deveriam ser fixas ou deveriam estar sujeitas a mudanças?
– Elas mudam constantemente, porque nós investigamos mais profundamente dentro de nós mesmos e também o mundo ao nosso redor e constantemente nos descobrimos como globalmente conectados em camadas mais profundas. A Natureza é integrada e global em cada um de seus níveis; não há nem um único átomo no universo que não evoque mudanças no universo inteiro quando muda. Essa globalidade é total. O problema é que nós ainda não podemos sentir esse sistema e, assim, não podemos governar a sociedade humana.
Você pode imaginar que o estado ideal que a Natureza definiu para nós é aquele no qual qualquer movimento que façamos — físico, integral, no nível dos desejos ou em nossas mentes — está em total harmonia com o universo inteiro!? É simplesmente inconcebível o que nós temos de alcançar e como nós vamos perceber a Natureza no final do nosso desenvolvimento. A Natureza, porém, irá nos levar a isso.
Há um elemento de jogo, quando nos comparamos a essa natureza global e integrada e continuamente nos movemos frente a ela, porque há muita coisa que nós não sabemos. Nós não sabemos nosso próximo passo. De alguma forma, nós temos de antecipá-lo, representá-lo. Talvez nós possamos representá-lo e de alguma forma implementá-lo em nossa sociedade, possivelmente em partes da sociedade em que estejamos estudando esse fenômeno que queremos introduzir em nosso ambiente imediato ou na sociedade humana geral.
Há muitos elementos de jogo como esse que pertencem mais a uma pesquisa do que a um jogo. A pesquisa, porém, também é uma forma de jogo. E desde que estudemos a Natureza e a nós mesmos em níveis cada vez mais profundos, o jogo é constantemente todo o caminho para a total equivalência com a Natureza, um estado que nós não podemos imaginar hoje.
Nós, entretanto, podemos supor que isso é o que a Natureza tem decretado e incutido, e é para onde a Natureza está nos levando. Aparentemente, o egoísmo foi deliberadamente criado no homem, para que lhe fosse possível jogar, quer dizer, se desenvolver, todo o caminho até o ponto de entender, tomar consciência, se adaptar e até mesmo participar do governo dessa Natureza totalmente integrada.
– Existem algumas qualidades ou características de comportamento que podem revogar essa oportunidade e impedir alguém de se desenvolver?
– Se a pessoa não concordar, se ela se opuser ao sistema integrado. E nós vamos ver isso muito rapidamente, primeiramente no exemplo de países cujos regimes brutalmente suprimem a habilidade das pessoas de se desenvolverem integralmente.
O que significa “desenvolvimento integrado”? Nesse estágio, regimes fundamentalistas parecem estar mais perto de realizar a integração, porque eles unem a sociedade, liderando as pessoas sob seu slogan, símbolo ou bandeira. Em certo ponto ao longo do caminho, eles devem parecer mais bem sucedidos e mais correspondentes à integração, pelo menos dentro de seu país especifico. Depois, porém, eles irão se posicionar contra qualquer um, contra o governo mais global. Nesse ponto eles irão naturalmente começar a desmoronar. Sua destruição irá evocar mudanças enormes, sua reconstrução interna. Como resultado, cada regime fundamentalista e sociedade virão em contato consciencioso com o seu próprio povo e com outros. E por esses regimes serem egoístas — ainda que conectados internamente com seus egos —, por um lado eles irão parecer estar trabalhando em companheirismo, aparentemente em uma forma que combina com a Natureza. Por outro lado, no entanto, seu vinculo será apenas para ter êxito em destruir os outros, o que os torna opostos à Natureza. Por essa razão, eles terão um sucesso de vida curta, em que o vinculo entre eles prevalece, mas, eventualmente, eles ruirão, uma vez que sua oposição à Natureza se manifeste.
Nós devemos estudar esses fenômenos, mas do ponto de vista de cada uma e todas as partes como um todo, próximo da unidade global.

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JOGANDO CONFORME AS REGRAS

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Regras são muito importantes em qualquer jogo. Você pode descrever as regras desse jogo global integrado?
– Em tecnologia há o conceito de sistema “integral, analógico”, no qual a entrada e a saída são conectadas através de todo o sistema e todas as suas partes são completamente interconectadas, como engrenagens em um mecanismo fechado.
Conforme nós nos desenvolvemos, o vínculo entre nós se torna mais e mais rígido. No passado, nós poderíamos “dar um jeitinho” e de certa forma unir nossas pequenas engrenagens umas às outras apenas levemente. Hoje, no entanto, estamos nos movendo para um estado em que cada pessoa está necessariamente girando em um engate rígido com os outros, determinando, assim, se a humanidade se moverá em uma direção favorável ou desfavorável.
Portanto, se nós mapearmos nossas vidas menos de acordo com nosso egoísmo e mais de uma maneira mais integrada, chegaremos à conclusão comum de que é necessário criar um sistema conjunto de governança, um governo mundial que unirá todas as nossas operações em um sistema único. Esse é o caminho para alcançarmos um maior entendimento acerca desse sistema integrado e prevenirmos muitas catástrofes.
Nós vemos tremendas mudanças ocorrendo no mundo atualmente, tais como revoluções nos países do Oriente Médio, e não apenas lá. É assim que um governo mundial gradualmente se forma. A vida está nos forçando a isso. Seria melhor, no entanto, se tudo acontecesse de uma maneira mais humana e a abordagem frente a esse governo de desse de modo mais ordenado.
– Se acreditamos que o homem joga e age conforme as leis da Natureza, quem se oporá a ele?
– Uma pessoa corrigida é oposta a uma egoísta. Primeiramente, é necessário agir de maneira menos egoísta.
Atualmente, qualquer jogo de protecionismo traz horríveis consequências. É como se você estivesse girando as engrenagens na direção oposta. Isso é o que primeiro o prejudica. É necessário, portanto, parar de alguma forma esse movimento isolado, egoísta, de cada pessoa em sua própria direção. O mundo precisa ser convencido de que a cooperação é necessária. E hoje nós podemos fazer isso.
O que significa essa cooperação? Nós precisamos levar o mundo inteiro a seguir as decisões globais. Primeiramente, vamos nos aproximar! Vamos imaginar que não existe a América do Sul com seus ditadores, não há domínios no Oriente, não existem EUA ou Rússia, Europa ou China com sua população explodindo, mas que todos estamos num país global e integrado. Hoje temos o poder de fazer isso, porque dependemos uns dos outros economicamente, politicamente e especificamente para a provisão de matérias primas básicas. Nós podemos alcançar esse estado de cooperação e então envolver o elemento jogo.
– Você acabou de tocar em uma questão que está diretamente conectada com a formação. Minha geração foi educada para acreditar que, se você não gosta de algo ou não pode fazer algo, tem de tentar com mais força e eventualmente você irá conseguir. O que você está descrevendo soa, no entanto, completamente diferente. Então, eu tenho de me esforçar ou eu devo parar, olhar ao redor e ver onde estou e o que devo fazer depois?
– A maioria de nossas ações nos leva a resultados opostos, portanto nós não devemos continuar tentando e, assim, causando mais danos. Primeiro, nós temos de discernir se estamos ou não em harmonia com a Natureza. Isto é, até que ponto a Natureza apoia nossos planos e ações? Então nós temos de nos perguntar: “O que é requerido de nós?”.
Nós nos desenvolvemos sob a influência de unidades internas que a Natureza incute em nós, as quais nós apenas realizamos. Não seria melhor primeiramente descobrir que planos são inerentes ao nosso desenvolvimento natural e depois nos construirmos de acordo com eles?
A Natureza pode nos desenvolver misericordiosa ou rudemente, dependendo de como nós nos posicionamos. Esse posicionamento favorável é nossa primeira tarefa.
– Em muitos jogos que conhecemos, além dos jogadores há uma personagem objetiva, um árbitro. Se falarmos sobre o jogo global e integrado, há um árbitro nele, alguém que aja mais objetivamente que nós?
– Seria bom se houvesse uma assembleia de pesquisadores, cientistas sérios, sociólogos, cientistas políticos e economistas que pudessem trabalhar juntos. Isso porque nós constituímos um sistema único no qual tudo está interconectado. Nós entendemos que as decisões não podem ser tomadas à força. Eu penso que hoje isso está mais claro para todos. Noções acerca de estruturas de poder que podem decidir sozinhas, governar e executar estão desabando. Tem de haver, portanto, um árbitro, um sério grupo de pesquisas que ofereça suas decisões e soluções depois de observar o que está acontecendo, um grupo que possa verdadeiramente comparar a sociedade com a Natureza, reconhecer os erros e fazer avaliações, tornando nossas ações subsequentes mais corretas.

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A VIDA É UM JOGO

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Por alguma razão, acabei de me lembrar de um jogo de azar que costumava ser popular. De onde vem a esperança que as pessoas depositam em jogos de azar?
– Quando nós não sabemos exatamente qual é a decisão correta, nós nos colocamos nas mãos da sorte, esperando que haja um destino, uma força superior imprevisível que nos controla, e nos entregamos a ela. É claro, em jogos nós não levamos isso tão a sério.
Na vida, entretanto, nós vemos que, mesmo quando planejamos à frente e queremos que tudo caminhe de acordo com nosso plano, as coisas começam a se desdobrar de forma diferente. É aí que surge uma discrepância entre o senso comum, meus dogmas estabelecidos e o que realmente acontece na vida.
Como eu posso abandonar meus dogmas e me unir com as ações que estão acontecendo atualmente fora de mim, sob a influência da uma força superior externa da Natureza?
A humanidade está entrando em um estado de governança integrada global da Natureza. Anteriormente nós não notávamos isso, mas o desenvolvimento através das
gerações de acordo com o nosso egoísmo mudou a nós mesmos, a sociedade e a ordem social.
Hoje, no entanto, nós — individualistas, egoístas — estamos começando a nos encontrar em um formato completamente diferente. Nós estamos incluídos em um mecanismo que opera integralmente, como um sistema analógico em que todas as partes estão completamente interconectadas, mutuamente determinantes umas às outras e sem qualquer liberdade de movimento. Uma pessoa influencia o mundo inteiro com seus pensamentos e desejos, sem mencionar as ações físicas. Isso é chamado “ o efeito borboleta”.
Há uma contradição entre como fomos criados, como mapeamos o mundo baseados em nossa natureza, e como a Natureza atualmente funciona na realidade. Uma discrepância surge entre os dois sistemas. E é ai que o desejo de jogar emerge.
Jogar significa entregar-se à vontade da Natureza integrada que nos controla, a qual não podemos entender e com a qual não podemos agir em sintonia. Além do mais, uma pessoa parece entregar-se a uma força, uma governança que vem da Natureza. Em um sentido, ela joga um dado, pensando “O resultado não depende de mim. Estou simplesmente me entregando ao capricho do acaso”. Então, o que devemos fazer?
Se tentarmos “formar um time” com a Natureza, poderemos ganhar. É claro, nós não estaríamos, irrefletidamente, “jogando dados”, mas tentando penetrar a governança integrante. E mesmo isso parecendo contraditório ao nosso senso comum, se tentarmos chegar mais perto dessa governança integrante, veremos que algumas vezes vale a pena agir dessa maneira integrada, a vantagem de fazer isso é obvia.
– Se nós pegamos um jogo tradicional, normal, imediatamente surge um estereótipo, a ideia de competição e de que, ao final, um lado irá ganhar e outro perder.
Quando você fala sobre “vencer” o jogo global integrado, o que você quer dizer? Quais são o objetivo e o resultado desse jogo?
– O objetivo é não agir de um modo que esteja fadado ao fracasso, porque totalmente desconectado de ações que são incutidas na Natureza, as quais a Natureza vai realizar de qualquer maneira.
Se nós agirmos de maneira levemente diferente da Natureza, sofreremos na mesma extensão do nosso desvio do programa da Natureza. Se eu desviar 10 graus da lei integrada de desenvolvimento da Natureza, ou se eu desviar 20 ou 30 graus, consequentemente haverá terremotos, tsunamis, furações, catástrofes financeiras ou até mesmo guerras.
Se começarmos estudando a nós mesmos em relação à governança integral sob a qual existimos hoje, poderemos prevenir muitas catástrofes e gradualmente aprender a sentir e analisar nossas ações, para discernir se elas são desejáveis ou não. Uma velha máxima diz: “Se você não sabe como agir, é melhor se sentar e não agir”, porque, agindo sem saber como, você se desvia do curso correto, entretanto, não agindo, você apenas flui passivamente com o movimento.

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OS CINCO ATRIBUTOS DE UM JOGO

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Todo jogo tem cinco atributos ou características fixas. A primeira característica de um jogo é que o jogador é livre e participa dele voluntariamente. Huizinga escreveu que jogo é liberdade.
No método integrado, nós estamos falando sobre um grupo de crianças. Como nós arranjamos as coisas de modo que suas ações sejam voluntárias? Uma criança pode se juntar ao jogo e deixá-lo à vontade ou não?
– “Voluntário e livre” referem-se à escolha de ações e atos até a pessoa (seja criança ou adulto) se tornar certa de que está agindo de acordo com sua convicção, com a análise que ela fez e com a decisão que ela alcançou. Enquanto ela não estiver certa sobre o próximo movimento, ela não o faz.
E quando ela age na vida, ou “faz um movimento”, assim como em um jogo, ela sabe claramente que está fazendo isso por si mesma. Ela alcançou isso por si mesma e está agindo dessa forma por si mesma.
– Este, então, é o primeiro atributo: agir voluntariamente e ter a liberdade de entrar e sair.
Segundo: um jogo é sempre um “faz de conta”. A criança tem de saber que é apenas um jogo.
Terceiro: um jogo requer uma área espacial e um tempo, quer dizer que há um começo e um fim e certos limites espaciais.
Quarto: um jogo sempre vem com regras.
Quinto e último: o importante é o processo do jogo, enquanto o resultado é secundário. Huizinga mesmo disse que, tão logo um resultado apareça no jogo, ele deixa de ser um jogo.
– Se o resultado é definido com antecedência, ele limita a liberdade de escolha.
– Você disse que existem jogos no reino animado e até mesmo no das plantas. Poderia explicar?
– Nós observamos os elementos de um jogo até mesmo no nível de desenvolvimento celular, no desenvolvimento dos organismos e dentro de organismos vivos.
Nenhum crescimento ou desenvolvimento é possível sem a presença de diversas possibilidades. Sempre tem de haver uma escolha especifica que é jogada e feita, e essa escolha é sempre feita por meio de um jogo. Isso pode ser explicado usando a teoria das probabilidades, a teoria matemática e outras. Quer dizer, nós vemos que a Natureza está jogando.

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NÓS CRESCEMOS BRINCANDO

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Outro tópico que eu gostaria de discutir são os jogos jogados por crianças e adultos. Há algumas décadas atrás, Johan Huizinga, historiador da cultura e filósofo, publicou um livro intitulado Homo Ludens (Homem Jogador), que se tornou cult. Depois de sua publicação, as pessoas começaram a conversar muito sobre o papel dos jogos no desenvolvimento do homem e da vida em geral. Então o que é um “jogo”?
– A extensa influência dos jogos sobre o desenvolvimento humano é conhecida desde os tempos antigos. Nós gostamos de brincar. E falando de maneira prática, nós gastamos a maior parte das nossas vidas brincando. Até mesmo o meu exame de pré-dissertação em filosofia incluía uma questão sobre jogos.
Os jogos estão em toda parte, inclusive na matemática e na Natureza. Os jogos têm um papel muito importante no desenvolvimento dos animais e até mesmo das plantas. O elemento lúdico está presente em qualquer transformação, em qualquer movimento para frente de um estado para outro.
– Não obstante, há a noção de que os jogos estão relacionados somente à infância e que, quando uma pessoa cresce, torna-se inapropriado, porque ela tem de ser mais séria.
– Infelizmente essa noção existe de fato. É claro, porém, que essa é uma percepção enfadonha acerca do mundo. Quando uma pessoa para de brincar, ela para de se desenvolver.

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Quem pode ser um educador

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– O talento pessoal ou o nível de preparação do educador importa? Quem pode ser um educador e quem não deveria ser?
-Essa é uma pergunta muito importante. Primeiramente, o educador tem de ter sido educado de um jeito que lhe permita elevar-se acima dele mesmo e de qualquer uma de suas qualidades pessoais, isto é, ser o mais objetivo possível em sua interação com as crianças.
É claro que, a seus olhos, nenhuma das crianças deve ser boa ou ruim, atraente ou não. Vocês sabem muito bem como isso influencia nossas atitudes em relação às crianças. O educador não pode ver ninguém como inteligente ou imbecil. Ele deve tratar a todos somente do ponto de vista de seu desenvolvimento: como eu posso ajudá-los a ser moral, espiritual, física e, mais importante, socialmente saudáveis?
O educador deve ser grato às crianças, porque elas fazem com que ele se desenvolva. Elas lhe proporcionam um ambiente fértil para um trabalho constante sobre si mesmo, ele aperfeiçoa seu nível espiritual e se desenvolve junto com elas. Afinal de contas, trabalhar em si mesmo é uma atividade maravilhosa.
O educador deve travar discussões constantes com outros educadores e expandir continuamente seu conhecimento no método de educação integrada global. Ele tem de estar nesse sistema de ensino e autoestudo vinte e quatro horas por dia.
É muito importante para ele estar numa sociedade de educadores que se importa somente com isso, que o influencia e que se empenha constantemente em transformar cada criança em um ser humano, assim como ele. Ao mesmo tempo, essa sociedade deve influenciá-lo de modo a transformá-lo em um ser humano.
Isto é, ele deve ser uma pessoa que constantemente se desenvolve espiritual e moralmente e para quem o desenvolvimento espiritual é a meta da vida.
Em princípio, essa é a meta de sua existência; é a meta de todos, da sociedade humana inteira. Essa é a tarefa que a Natureza nos deu. Esse é o desafio que ela propôs a nossa geração. E o educador deve simplesmente fazer com que tudo isso aconteça na prática.
É claro que suas qualidades pessoais são importantes. Crianças precisam ter educadores com variedade de qualidades e expressões externas. As crianças devem perceber essas expressões vívida e tangivelmente e discerni-las, percebendo que os educadores não são um tipo de máquina. Em vez disso, os educadores devem ser indivíduos marcantes.
Em dado momento, nós começamos a misturar as crianças com os adultos, assim elas podem se adaptar aos adultos e não somente a seus companheiros. Em seguida, os educadores simplesmente se fundem com o meio ambiente externo e circundante.
Pelo menos uma ou duas vezes por semana nós deveríamos organizar eventos em que as crianças e os adultos se unam. Quando as crianças participam desses eventos juntamente com os adultos, elas começam a entendê-los melhor, a aceitá-los e veem que os adultos também as apoiam, dão lugar a elas, deixando que se expressem, assim como os adultos fazem entre os adultos.

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