Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

APRENDENDO A VIVER A PARTIR DA PRÓPRIA VIDA

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

O que nós esperamos das visitas a esses lugares? As crianças deveriam associar a elas mesmas a pessoa ou o fenômeno que nós mostramos, positiva e negativamente. Elas deveriam se sentir envolvidas. Assim alcançaremos um efeito positivo, mesmo visitando uma prisão, por exemplo. Uma pessoa quis roubar algo ou infringiu alguma lei e foi isso o que aconteceu com ela, foi esse o resultado.
– Vamos dizer que as crianças foram a um hospital e viram algum fenômeno negativo. Como essa informação é processada e que conclusões são tiradas?
– Normalmente realizamos essas discussões. Nós voltamos do hospital, onde tudo foi filmado. E gravamos tudo no mesmo dia, portanto um dia inteiro é devotado a esse tópico. Também, antes do passeio, temos um briefing, em que mostramos e contamos às crianças o que elas irão vivenciar. No hospital, um médico ou um guia nos explica onde estamos e o que aconteceu a alguém. Ele nós leva para ver crianças hospitalizadas e nos conta como elas estão sendo tratadas e o que aconteceu a elas. Gravamos tudo em vídeo e cada criança faz suas próprias anotações. Nós até mesmo preparamos jalecos brancos para elas e, em geral, tudo é feito de um modo atrativo e intrigante.
Quando voltamos, começamos discutido todo o processo, mas de uma perspectiva mais ampla. Por que o hospital existe, como funciona, como se dá a prática médica das diferentes especialidades, como as crianças foram parar lá e assim por diante.
O mais importante é que elas também veem o benefício de todo o quadro de funcionários do hospital, médicos, enfermeiras e atendentes, bem como os remédios etc.. Nós mostramos a elas como a humanidade depende de várias profissões e formas de atividade e como tudo isso serve para ajudar as pessoas. Por outro lado, no entanto, elas veem que uma pessoa tem de tomar conta de si mesma, para que não termine num hospital e não se torne um fardo para as outras pessoas que agora têm de tomar conta dela.
Nós temos de pensar sobre o que podemos fazer para não nos tornarmos um fardo para as outras pessoas. Esta já é uma conclusão correta: quando você quer escalar algum lugar perigoso, primeiro pense no fato de que você não irá apenas quebrar uma perna, mas outras pessoas terão de tomar conta de você. E esse é um “peso” sério para se carregar. É uma boa conclusão para se chegar.

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A VERDADE SOBRE A VIDA NÃO É TÃO ASSUTADORA

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Há alguma regra com relação à idade? Por exemplo, uma criança entre 9 e 12 anos deveria receber mais informações sobre o reino animal, enquanto crianças mais velhas deveriam aprender mais sobre fenômenos sociais?
– É claro! Isso é natural! A cada idade os mesmos objetos são estudados diferentemente. As crianças estão mais familiarizadas com plantas e animais do que os adultos, porque essas coisas estão mais próximas delas. É claro, tudo depende da idade.
Por exemplo, recentemente nós tivemos crianças visitando uma fábrica que produz remédios. Isso é muito interessante! Isso envolve física, química, biologia e mecânica. Isso envolve processar materiais, bem como discernir que ingredientes são necessários para quais remédios e por quê.
À primeira vista, a fábrica parece uma pequena construção, mesmo as fábricas farmacêuticas não são usualmente grandes. Tudo lá é automático, com ingredientes sendo derramados um por um. Depois eles são misturados, as pílulas são agitadas e saem pré-embaladas. Os trabalhadores de lá, então, falam sobre esses medicamentos e como são usados: que são para dor de cabeça ou para alguma outra coisa. E tudo é mostrado a você na prática.
As crianças recebem a impressão correta dessa experiência. Elas entendem imediatamente que há uma quantidade enorme de profissões envolvidas aqui, integradas umas às outras, envolvendo mecânica, eletrônica, química, biologia e assim por diante.
Isso, entretanto, não é adequado para crianças pequenas. É mais apropriado para adolescentes sérios.
– Nós tivemos uma experiência importante, quando perguntamos às crianças de 9 a 13 anos se elas gostariam de fazer uma excursão à prisão…
– Eu estava apenas começando isso. Elas não deveriam aprender apenas a partir de fenômenos positivos. Nós planejamos levar as crianças precisamente a lugares como prisões e centros de reabilitação. Definitivamente, nós precisávamos mostrar isso a elas, e isso foi feito frequentemente! As crianças têm de reter impressões de todas as facetas da vida e assim formar uma atitude distinta.
Afinal, todo o problema é que a criança não sente as implicações de suas ações negativas. Se ela sentisse antes, então nós poderíamos tratá-la como um adulto.
Por que nós temos tal atitude compassiva para com as crianças? Porque elas não podem ver ou predizer o futuro. É por isso que nós dizemos que elas não podem ser responsabilizadas por suas ações.
Quando, porém, uma criança observa as consequências das ações negativas de outra pessoa, como alguém sendo preso, ou adoecendo, ou não conseguindo superar seu vicio em drogas ou álcool e vê o que acontece com essa pessoa: que teve câncer no pulmão por fumar, ou outra que morreu porque caiu do telhado, então nós podemos lhe ensinar a partir de exemplos de outros para “Considerar as consequências”. Dessa forma nós a resguardamos de repetir essas ações ou erros.
Nós não começaremos a tratar as crianças como adultos até que elas vejam essas coisas. Elas, porém, já se tornarão adultas.
– A partir de qual idade nós podemos começar a envolver uma criança nesse processo de observação de coisas negativas, tal como levá-la a um centro de traumatologia infantil, onde seus pares estão hospitalizados?
– Com a mesma idade que seus pares hospitalizados. Com 5 ou 6 anos elas já irão entender isso. “Olhe aquele menino. Deixe-o contar o que ele fez. Oh, ele pulou sobre um portão, e aquele escalou o telhado, e aquele foi atropelado por um carro e agora está com um braço ou uma perna engessada”. Você sabe que lição para a vida é isso!? É claro, nós deveríamos tomar cuidado com lesões sérias, tais como a perda de um olho ou um braço. Isso tem de ser feito muito gradualmente, mas eventualmente todas as consequências negativas deveriam ser mostradas.
E quando ficarem um pouquinho mais velhas, elas poderão visitar uma maternidade e assim por diante. É isso, nós temos de mostrar a todas elas a vida em sua forma apropriada. O que isso acarretará? Isso irá ajudá-las a interagir corretamente e a se colocar apropriadamente em relação a todas essas consequências.
– Eu penso que é aí que muitos pais deveriam perguntar: “Nós não iremos assustar ou até mesmo paralisar uma criança com essa verdade sobre a vida?”.
– Nós, porém, não estamos, gratuitamente, dizendo a uma criança: “Hoje nós vamos visitar um hospital e olhar alguns braços e pernas quebrados”. Nossas crianças estão em um processo constante de formação, em um processo contínuo de entendimento acerca delas mesmas e do mundo, e em uma constante discussão sobre tudo ao seu redor. É por isso que nós podemos ver a ordem em que podemos mostrar isso para elas, para que tudo seja percebido da maneira correta.

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RECOMPENSA É GERADOR DE ENERGIA

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Suponha um grupo de crianças cuidando de um projeto e o completando. Nós devemos recompensá-las de algum modo? Um adulto pode premiar uma criança?
– É claro que nós podemos! Nós fazemos questão de que, sempre que os adultos se reúnem, haja crianças participando junto com eles. Nós chamamos as crianças para o palco e calorosamente agradecemos a elas e aos educadores. Elas ficam juntas em nossa frente com seus educadores, enquanto nós as aplaudimos e “as admiramos”, por assim dizer.
– Quer dizer, elas ganham reconhecimento social.
– Definitivamente! Há outra forma!? Isso deve ser uma recompensa. Isso é a energia que faz uma pessoa continuar. Se uma pessoa não é recompensada, como ela vai continuar trabalhando?
– Suponha que eu observe as coisas como um especialista (pelas costas do instrutor) e veja que uma criança fez alguma coisa muito bem e superou um estado difícil. Eu poderia ir até ela, cumprimentá-la e dizer: “Ótimo trabalho, eu realmente gostei!”? Ou eu não deveria fazer isso e deixar que o grupo o faça?
– Você pode fazer isso. De fato, eu mesmo também o faço. A questão, no entanto, é que isso deve ser feito gentilmente, de uma maneira amigável e de um modo que não evoque presunção. Há o risco do orgulho, de fazer a criança se sentir superior aos outros, porque assim ela pode começar a mandar nas pessoas em volta, pensando: “Agora eu sei como as coisas deveriam funcionar aqui”. Tudo depende da preparação, da criança e das circunstâncias.
– Nos últimos 100 anos, a psicologia desenvolveu um método de tomada de consciência e de trabalho com emoções “negativas”, tais como rancor ou senso de culpa. Existe algum problema em revelar a uma criança como esse mecanismo funciona, de modo que ela se torne apta a superar sua irritabilidade, por exemplo? Isso também é um mecanismo comportamental. Se uma criança souber como isso funciona, talvez seja mais fácil para ela se livrar dessa falha ou usar isso corretamente?
– Nós definitivamente discutimos e contamos às crianças as razões do porquê de as emoções negativas surgirem. Não tentamos, porém, observar as doutrinas atuais, porque amanhã essas doutrinas irão mudar. Em vez disso, apenas apontamos as coisas que naturalmente decorrem de nossas observações. Isso é o mais importante. Você não dita fórmulas prontas para as crianças, mas as encontra junto com as crianças: “Uau! Olhe como as coisas acontecem na vida”. E junto com elas você descobre sua dependência de certas qualidades que elas têm e suas expressões.
Desse ponto de vista, eu realmente gosto dos museus naturais, onde uma criança pode conduzir pequenas experiências, assistir a alguns fenômenos, colocar isso em movimento por si mesma e observar o resultado. Talvez alguma coisa imprevisível ocorra, e então teremos uma explicação de por que isso ocorre na Natureza.
Então a criança pode escrever sobre isso, e aí está uma lição de física para você. Você não precisa de nenhuma aula, nem de se sentar na frente de um professor chato, de um quadro negro, ou até mesmo da tela de um computador. Essa é a melhor forma de aprender sempre que for possível. Se, no entanto, for impossível fazer algo assim, ainda há muitos filmes científicos. O melhor, porém, é fazer isso na vida real e discutir depois.

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DENTRO DOS MUROS DA ESCOLA OU FORA?

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Quando descrevemos esse método, nós salientamos que o melhor resultado é alcançado quando uma criança passa por todas as fases de desenvolvimento, começando pelo tipo correto de concepção, desde o período pré-natal, seguido pelo período de amamentação, e assim por diante.
– De qualquer forma, é assim que a Natureza é organizada. Você vê como isso começa? Nós evoluímos de uma gota de sêmen e também temos de levar em consideração o nosso desenvolvimento subsequente.
Olhe o início, as sociedades primitivas: uma criança cresceu e foi naturalmente incluída no processo de vida. Uma vez que atinja certa idade, ela pode misturar-se com os adultos. Como ela cresceu, pode participar progressivamente de suas atividades. É assim que ela adere naturalmente ao processo, juntamente com seus pares.
O que acontece conosco, no entanto, é que, ao colocarmos uma criança na escola, nós a retiramos da vida ao redor dela, criando condições artificiais e impertinentes. E, além do mais, nós prolongamos o período de estudo escolar. Na idade de 6 anos, nós a sentamos atrás das carteiras pelos próximos 12 anos. Quando eu era criança, havia apenas 10 séries. E assim que as crianças terminavam a escola, elas tinham de ir para a faculdade. E depois da faculdade havia estudos adicionais. O resultado final é que a pessoa não participa de uma vida social mais ampla e somente aos 25 anos, algumas vezes aos 30, ela se junta ao sistema comum.
Nós temos de organizar as coisas para que o estudo esteja completamente integrado com a participação na vida da sociedade. E isso não deveria acontecer somente quando a pessoa já se tornou adulta (considerando que entre 16 e 17 anos ela já é adulta), ou quando ela termina a escola e é jogada na vida real, sem saber o que é isso. Isso causa grande estresse.
Até agora ela tinha sido perdoada por tudo, tudo o que ela fez foi louvável e todos faziam tudo para ela: aqui está seu lanche, roupas limpas e algum dinheiro. Ela recebeu todos os serviços por muitos anos, quando, de repente, lhe falaram: “Vá e faça tudo por si mesma, faça sua própria vida”. Ninguém, porém, a preparou para isso. Ela foi preenchida com todo tipo de conhecimento desnecessário (se tanto, porque talvez ela somente tenha se sentando na classe por todos esses anos, sem escutar nada).
Todo esse tempo deveria ser usado para integrar a pessoa na sociedade! Isso, porém, não foi feito. A pessoa é educada artificialmente dentro de quatro paredes em alguma instituição de ensino, depois disso em diferentes clubes e festas, que também são artificiais. Isso não é suficiente. Nós temos de deixar que ela tome parte no trabalho real. Nós temos de deixar que ela se sinta como um adulto muito antes de ela se tornar um adulto e entrar na vida adulta.
Eu abriria uma conta bancária para a criança depois de certa idade e iria contratá-la para fazer serviços comunitários, pelos quais ela receberia certo salário. Isto é, ela deveria começar “brincando” de viver de um modo próximo à realidade. O benefício disso seria tremendo, para ela e para a sociedade. Ela entenderia melhor seus pais e desenvolveria senso de responsabilidade. É assim que nós ganharíamos um ser humano.
– Na Rússia Soviética havia um educador chamado Makarenko, que trabalhava com crianças de rua e delinquentes juvenis. Ele foi notável em demonstrar que a correção de uma criança ocorre sob a influência de uma atividade construtiva e criativa. Sob seu comando, as crianças montaram câmeras FED, que foi a única coisa que deu algum tipo de resultado.
Dentro do seu programa de educação, grupos de meninos ou meninas podem participar de algum projeto, criar certos valores e ganhar dinheiro fazendo isso?
– Os projetos em que eles trabalham têm de ser necessários. Nós os deixamos filmar coisas, então eles editam os materiais de áudio e vídeo, bem como textos sobre educação e formação.
Por um lado, isso os transforma em especialistas: eles aprendem a trabalhar com computadores, vídeo, áudio e textos. Eles trabalham com materiais e publicam os resultados de seu trabalho na internet. E no processo de trabalho de criar esses materiais, eles adquirem habilidades especificas que os ajudarão depois em sua orientação profissional. Além disso, eles se tornam criativos.
Por outro lado, isso os ajuda a entender a si mesmos. Isso porque estão trabalhando em seu próprio material e experimentando neles mesmos.
Por exemplo, as crianças visitaram uma fábrica, um planetário e depois um hospital. Elas têm de filmar tudo, discutir e editar isso. Assim elas têm o bastante para se ocuparem. Nós não temos tempo para dar a elas tarefas irrelevantes. Isso é similar ao que nós tínhamos na escola, quando eu era uma criança. Nós tínhamos uma classe chamada “artesanato”, e eu gostava muito dessa aula. Esse tipo de trabalho desenvolve uma pessoa.
Além disso, nós mantemos grandes unidades de eventos nos quais as crianças trabalham junto com os adultos. Isso as eleva tremendamente e permite que elas sintam que estar juntas com todos é importante. É assim que elas trabalham, e é assim que a vida é organizada.

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O GRUPO DEVE SER HOMOGÊNEO

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Atualmente, o processo de formação e educação é estruturado sequencialmente, assim, se uma criança sair do processo em algum estágio devido a uma doença ou a alguma outra circunstância, é frequentemente muito difícil ou até mesmo impossível para ela retornar.
O método sobre o qual estamos falando é aberto? Quer dizer, uma criança pode começar a participar dele em qualquer dado momento? Ou nós deveríamos ter certeza de que o nível de preparação da criança é aproximadamente o mesmo?
– Nós definitivamente temos de levar o nível de preparação da criança em consideração! Se uma criança fica doente ou algo lhe acontece e a obriga a faltar por um período de tempo, temos, então, de fazer todo o grupo, toda a classe participar disso. É melhor não chamar de classe, porque isso leva a uma associação negativa com classe social, com algum tipo de separação. Um grupo é algo amigável, um lugar onde cada um é amigo e igual. Sempre que qualquer pessoa ficar para trás, todo o grupo deve dar suporte a seu amigo.
O grupo deveria ser mais ou menos homogêneo. E mesmo que alguém se junte a ele depois de ele ter sido formado, isso deveria ser feito apenas quando não houvesse mais opções, e muito cuidadosamente. Será necessário dar a essa criança algum tempo de preparação, um “curso intensivo”, assim ela poderá se ajustar ao fluxo geral e ao método, e irá entender a perspectiva sobre a vida do grupo, e isso não é fácil fazer.
Nós, no entanto, temos tido casos de crianças de fora se juntando ao grupo com sucesso. Elas passam por um conflito, mas o superam e se tornam parte do grupo.
E mais, eu acho que esse período traumatiza ambos, ela e o grupo. Fica claro quão difícil é para todos e para ela. Isso deixa uma cicatriz que permanece lá, não importa o que se faça.
Nós entendemos que vida é vida e estamos em um período de transição de um mundo egoísta para um mundo integrado, mas temos de tentar proteger os grupos que estamos criando e liderar as crianças cuidadosamente, então estarão abertas a todos, abertas precisamente porque conhecem e entendem umas às outras. É muito difícil para as crianças, porém, permitir que alguém se junte a elas.

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NÃO “SUJE” A SI MESMO ATRAVÉS DA VIDA

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Outro aspecto importante em psicologia é o “ciclo de experiência”, a preparação e a escolha de como agir, o ato em si e a realização e a integração da experiência resultante.
Quão importante é assegurar que projetos iniciados pelas crianças sejam completados? Se as crianças começarem a fazer algo, devemos encorajá-las a conduzir o processo à conclusão?
– Conduzir as coisas à conclusão é uma obrigação! E no processo, tudo deve ser descrito, filmado, completado e documentado. Conclusões claras devem ser tiradas e elas deverão ser muito concisas para que todos possam entendê-las, mesmo quando expressas em poucas palavras.
– Dessa forma nós treinamos uma criança para a demanda de tornar toda situação na vida concreta e real. Mais tarde, isso as ajudará a terem certeza de que não “sujam” a si mesmas através da vida, mas que sempre usam suas experiências ao máximo e aprendem com elas.
As crianças fizeram uma excursão e tiveram uma discussão. Talvez elas tenham criado algum tipo de novos limites ou regras de comportamento por si mesmas. Tudo tem de ser documentado e as discussões devem ser mínimas. O mais importante é a conclusão. Isso torna uma pessoa prática, preparando-a para qualquer forma de atividade.
– A identidade profissional de uma pessoa é parte extremamente importante de sua identidade geral. Assim sendo, as crianças deveriam procurar sua identidade profissional no grupo?
– Se nós não desenvolvermos em uma criança a conexão com os outros, jamais discerniremos quais são suas inclinações. Isso porque, em si mesma, uma pessoa é um pequeno animal. Suas inclinações são expressas precisamente em suas conexões com a sociedade, com o ambiente ao seu redor.
Isso significa que as crianças se sentam e decidem: “Você, Johnny, é melhor que seja um encanador. E você será um bom cientista…”. A criança deverá solucionar essas questões também num contexto de grupo?
Qualquer uma de nossas atividades visa à conexão entre nós. Mesmo que eu estude borboletas, isso significa que a sociedade de algum modo “delega” a mim essa atividade. Eu tenho de entender minha significância, o fato de que alguém precisa disso.
Primeiramente temos de passar vários anos estudando com crianças de idades entre 5 ou 6 até 10 ou 11 anos. Isso inclui conectá-las umas às outras, bem como visitar vários lugares — industrial, científico, médico e locações sociais, os quais gradualmente lhes permitirão entenderem as várias áreas das atividades humanas.
Essas viagens são discutidas todo o tempo, toda informação deve ser documentada. Cada criança escreverá um pequeno relatório, a partir do qual começaremos a conhecer sua abordagem e a discernir seus interesses. Por exemplo, ela pode gostar de conectar e dobrar tubos, talvez por isso ela realmente se torne um encanador. Ou talvez ela esteja interessada em como as pessoas são curadas. Ou ela goste de colecionar plantas ou borboletas, e assim por diante.
Dependendo de como ela descreve o que acontece — com uma inclinação física ou matemática, ou de uma maneira sensível — nós estaremos aptos a ver sua inclinação, para as ciências humanas ou em direção a questões concretas. Gradualmente tudo se tornará claro e as constantes discussões trarão à tona o mais importante: eu em relação aos outros. Essa é a profissão de uma pessoa.
Afinal, uma profissão significa que “eu sirvo às outras pessoas e à sociedade de alguma forma”. Isso define meu lugar na sociedade, meu salário e minha posição. Eu somente posso encontrar esse lugar depois de muitas impressões, discussões e sensações de tudo o que me cerca.
Apenas perguntar a uma criança “O que você quer ser?” é uma abordagem incorreta. Entre as idades de 4-5 e 11-12 anos (não depois disso), porém, nós já podemos ver a inclinação de uma pessoa com absoluta clareza.
13 anos é a idade para se tornar um estudante universitário. Eu penso que, como parte de nossa formação, aproximadamente na idade de 13 anos uma criança deveria começar a estudar em um programa universitário. Entre 17 e 18 anos ela deveria se graduar na universidade, o que significa receber o que hoje é considerado educação de nível superior. Depois disso ela realmente estará profissionalmente preparada para um tipo específico de atividade.
Deveria ser ensinado a uma criança como se autodesenvolver, como observar a si mesma e aos outros e como se comunicar com os outros. O mais importante, porém, é ensinar-lhe a entender o mundo em que ela vive. Uma pessoa deveria entender sua essência e sua meta na vida.
A educação integrada, global, ou melhor — a formação — desenvolve tanto uma pessoa, que não será difícil para ela estudar qualquer ciência. Isso porque primeiro as pessoas conversam sobre o mundo como um todo, sobre história geral e o sistema global geral. E segundo, elas explicam que a física, a biologia e a química são fragmentos de um enorme sistema global: a Natureza. Nós não estamos aptos a alcançar e absorver isso de uma vez, mas podemos absorver fragmentos. Se você cortar um pequeno pedaço de um bolo enorme, então você poderá comer aquela fatia. Você, porém, não poderá engolir o bolo todo de uma vez. Isso é o que as ciências são separadamente, tal como quando estudamos biologia, que examina células vivas, tecidos e assim por diante.
A criança se relaciona com o estudo como se fosse um campo especifico, o que não é tão assustador. Ela olha para tudo de fora. E mesmo se ela mergulhar mais e mais fundo, não se afoga dentro dele ou fica confusa entre “Onde tudo isso está acontecendo e onde eu estou?”. Ela olha para tudo objetivamente. Ela pode absorver todo o conhecimento em vez de se afogar nele, e isso é muito importante para as crianças!
Eu vejo frequentemente como as crianças têm medo da enorme quantidade de conhecimento jogada sobre elas. Todos os dias, inúmeras fórmulas são apresentadas a elas, indo de uma lição a outra. A física é seguida pela matemática, depois pela biologia, e depois pela história. Uma criança simplesmente se desliga e, no final, não absorve nada. Ela termina a educação formal e retém impressões, mas a maioria dessas impressões é acerca de coisas que aconteceram durante o recreio em vez do que aconteceu na sala de aula.
O importante é precisamente essa abordagem integrada, global que revela o mundo à pessoa. As crianças têm de discutir as lições por si mesmas, bem como a forma como são realizadas, além de todas as suas viagens e suas impressões sobre essas coisas. Desde tenra idade, as crianças deveriam ter a oportunidade de participar do mundo da maneira certa: ir a vários eventos, pelo menos duas vezes por semana, para saber como as coisas funcionam: um aeroporto, um hospital, um depósito, lares para idosos e asilos, fábricas e assim por diante. Assim irão sentir que estão preparando a si mesmas para o mundo real.
As crianças estudam na escola e ao mesmo tempo aprendem sobre o mundo externo. Elas estão mostrando o tipo de conhecimento que é necessário para viver nele. É assim que a preferência de alguém por uma profissão se torna clara, bem como sua atitude em relação ao mundo. Em uma escola normal elas são simplesmente forçadas a estudar. Nesse caso, porém, elas já entenderam que precisam desse conhecimento.
E mesmo que eu não precise realmente saber como o iogurte é feito, eu ainda sei que preciso de iogurte, e isso quer dizer que irei ver como ele é produzido. Afinal de contas, alguém vai fazê-lo, enquanto, ao mesmo tempo, eu irei trabalhar com motores, por exemplo. Isso significa muito! Eu não tenho de ser um médico, mas eu sei por que e como um hospital funciona.
O mais importante é mostrar às crianças que nós estamos incluídos uns nos outros e que todas as nossas profissões existem devido à criação da correta interação social. Dessa forma elas começarão a ter uma atitude muito calma em seus estudos. As crianças não querem ser incomodadas ou assustadas pela possibilidade de ingressarem na universidade na idade de 13 anos, mesmo considerando que elas são crianças normais e não de qualquer modo especiais. Elas têm simplesmente expandido seus limites, sua atitude em relação ao mundo, por isso o mundo não as assusta. O mais importante é superar o medo.

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ENCONTRE SUAS PRÓPRIAS RESPOSTAS A SUAS PERGUNTAS

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– A psicologia atribui muita importância a duas noções chamadas “mensagens misturadas” e “mensagens diretas”. Um exemplo clássico de mensagens misturadas é contar uma piada, enquanto uma mensagem direta é responder, séria e diretamente, à pergunta de uma criança. Qual é a forma mais correta de interagir com crianças: responder a suas perguntas diretamente ou há espaço para piadas e brincadeiras?
– O melhor é alguém fazer uma pergunta e depois procurar a resposta por si mesma. Quando uma pessoa lhe faz uma pergunta, pode muito bem não ser realmente uma questão, ou porque ela somente perguntou para distrair você ou para distrair a si mesmo, ou ela nem tinha essa dúvida, apenas a ouviu em algum lugar.
Uma pergunta é uma necessidade de receber certo preenchimento informacional ou sensual. Isso realmente existe na pessoa? Isso realmente amadureceu nela ou não?
Além do mais, a melhor abordagem é trazer a criança — ou qualquer pessoa —a um estado no qual ela encontre sua própria resposta à pergunta. Isso significa que ela realmente amadureceu interiormente para receber a resposta, para compreender completamente, para absorver isso e, depois, para aplicar sua conclusão ao que ela descobrir por si mesma.
Eu, portanto, nunca daria respostas a ninguém sobre nada. É precisamente com todos os tipos de debates, casos judiciais, discussões e fóruns que as crianças se mantêm umas com as outras, ajudadas por educadores, bem como com viagens a lugares diferentes, seguidas por discussões sobre o que elas viram, como e por que viram tudo de forma diferente que elas aprendem a encontrar suas próprias respostas. Elas também ouvem questões que os outros levantam, e isso inclui questões dentro delas. Elas desenvolvem essas questões, entendem-nas e procuram respostas para elas. Essa abordagem expande a percepção da criança e cria um mundo expansivo dentro dela, através do qual ela vê o mundo externo corretamente, de um modo multifacetado.
– Então, em essência, a criança passa por um processo de autorrealização e autoanálise?
– Sim, discutindo com os outros. Uma pessoa nunca alcança nada sozinha, pela realização pessoal. Ela tem de se integrar com os outros. É precisamente essa visão diversa e conflitante que ela acumula que desenvolve suas habilidades perceptivas.

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RECONHECENDO A SI MESMO

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Temos de permitir que qualquer pessoa se veja de absolutamente todos os ângulos, para sair de si mesma, para se avaliar objetivamente e concordar com o fato de que pode estar em formas completamente diferentes. Uma tem de aprender a aceitar todas as pessoas: ontem ele agiu daquela maneira e hoje ele está diferente. É muito importante internalizar que a percepção do mundo depende de mim, do meu humor, do nível de meu desenvolvimento e que ele pode mudar completamente. Uma vez que eu esteja autorizado, os outros estão autorizados também. Tudo isso, porém, requer um estudo muito sério.
Incidentalmente, a percepção das crianças é mais maleável que a dos adultos. Nós devemos simplesmente incutir nelas uma suavidade, um ponto de vista “flutuante” acerca das coisas e então elas usarão isso corretamente. Tudo depende de suas visões acerca de si mesmas, do mundo e de outras percepções que podemos incutir nelas.
– Voltando à questão dos testes, quando lidamos com os resultados dos testes, há um problema de confidencialidade. Nós dizemos que, em um pequeno grupo de crianças, nada deve ser ocultado. Os resultados dos testes devem ser colocados à mesa para uma discussão aberta?
– Eu não penso que a questão deva ser colocada à mesa dessa forma. Se nós abordarmos o problema integralmente, então todas as crianças em todas as escolas do mundo gastariam muitas horas de trabalho em autoanálise, discussão interna e autorrealização. “Autorrealização” é a melhor palavra, porque, a partir de si mesmo, você percebe o mundo, discerne quem você é e, assim, como você vê o mundo. Em tal estado não há a questão sobre se devemos revelar esses testes ou não.
Não são testes, mas somente uma discussão. Eles podem ser mostrados completa e livremente em qualquer lugar, até mesmo na TV. O que há para esconder? É assim que as crianças agem e é assim que elas pensam.
Eu penso que, hoje em dia, a maioria dos programas de que os adultos gostam é sobre eles mesmos. Eles são chamados “reality shows”. As pessoas sentam num estúdio e conversam sobre todos os tipos de problemas.
Eu não acho que a análise deva ser transformada em alguma coisa secreta. Por que fazer isso? O que poderia haver de secreto nisso? De fato, o que poderia ser secreto sobre uma pessoa em geral? Os psicólogos não entendem isso?
Uma pessoa tem necessidades animais e sociais dentro dela, e elas não deveriam ser ocultadas. Ao contrário, elas deveriam ser reveladas e discutidas. Uma pessoa tem de entender quão produtivas essas necessidades podem ser para ela em relação aos outros e a si mesmas. Então ela pode se avaliar corretamente e ficar confortável consigo mesma.
Em vez de ocultar as coisas, tudo deveria ser exposto para qualquer um aprender com isso. Não é uma discussão sobre alguém, mas um processo geral de aprendizado em que cada pessoa irá se tornar seu próprio terapeuta, e assim nós não teremos de ver o terapeuta depois.
– Que não ajuda ninguém de qualquer forma, mas…
Nós estamos falando sobre a noção dos processos do grupo. E se de repente, porém, acontecesse algo a alguém e o educador pegasse uma criança à parte e começasse individualmente a descobrir o que aconteceu a ela, e tivesse uma conversa “face-a-face” com ela? Isso também é algo que não pertence a esse sistema?
– Absolutamente não! Tudo tem de ser trazido para fora da esfera de individualidade da criança, ou mesmo ser específico para o grupo. Tudo deveria ser tratado como um fenômeno. Talvez isso nem devesse ser tratado ou endereçado no mesmo dia. A abordagem, entretanto, deveria depender do nível de preparação do grupo e do seu próprio nível de percepção, da habilidade das crianças de perceberem a si mesmas de diferentes formas e entenderem que “tudo isso que está acontecendo reflete quem nós somos”.
– Há duas abordagens conceituais: uma abordagem é agir de acordo com o cenário que foi planejado anteriormente, e outra é agir de acordo com a forma como o processo se desdobra. Por exemplo, a segunda abordagem ocorre quando alguma coisa acabou de acontecer a uma criança e nós discutimos precisamente o que é relevante agora mesmo. Essa é a melhor forma de agir ou ir de acordo com um cenário que foi planejado anteriormente?
Incidentalmente, a pedagogia e a psicologia discordam radicalmente sobre isso. A psicologia prefere o processo “Se uma pessoa está passando por isso agora mesmo, então é sobre isso que falaremos”. E os pedagogos dizem: “Não, tudo é planejado. Vamos estudar conforme o plano”. Qual é o modo certo de conciliar esse processo?
– Eu penso que todas as situações deveriam ser filmadas. Hoje temos câmeras por toda parte — nas cidades, nas ruas e nos parques. Nós também deveríamos colocá-las por toda parte, em todos os espaços aonde as crianças vão, incluindo escolas e parquinhos escolares.
Nós temos de tentar escolher seus relacionamentos e comportamentos, ou deixar as crianças sugerirem um tópico para discussão, tal como “Eu tenho certo relacionamento com uma pessoa ou outra. Eu penso dessa forma e outros pensam diferentemente, eles não concordam comigo. Vamos conversar sobre isso”.
Cada criança deveria ser solicitada a brincar em papéis diferentes, a estar no papel direito, no esquerdo e no neutro, “Eu estou certo” e depois “Eu estou errado”, significando que eu me “transformo” em outra pessoa e de lá eu me observo e debato ou a condeno. Ou eu sou uma “pessoa neutra”, como o júri em uma corte.
Eu penso que essas discussões são o fator mais importante para a formação de uma pessoa, porque isso lhe permite se desenvolver a partir de seu interior. As discussões expandem a compreensão acerca de si mesma. Ela aprende que “Eu posso ser de uma forma e o mundo pode ser completamente diferente, dependendo de como eu olho para ele, e outras pessoas são assim também”. Tudo se torna multifacetado, fluido e relativo. E é assim que o mundo realmente é.
– Podemos falar mais especificamente sobre isso? Por exemplo, suponha que nós tenhamos uma reunião em que planejamos discutir alguns fenômenos do mundo, mas uma das crianças chega à reunião com o olho roxo. O que nós fazemos? Nós continuamos a reunião conforme o planejado, falando sobre borboletas, ou nos reportamos ao hematoma e falamos sobre isso?
– Nós deveríamos discutir juntos e imediatamente o que aconteceu com a criança? Não sabemos, porém, até que ponto ela está apta a sair de seu estado e a razão disso. Talvez a situação deva ser tratada de forma diferente? Nós não damos nenhuma atenção ao seu hematoma e temos uma atitude “e daí?” sobre isso. Quer dizer que nós a aceitamos do modo como ela é: “Isso é problema seu. Cuide disso sozinho. Para nós você é uma pessoal normal. No momento estamos falando sobre borboletas. Você pode falar normalmente depois de ter tido uma briga, ou você fica completamente arrasado e agitado?”.
Desse modo ainda não prestaremos atenção ao que está acontecendo com ela, mas a partir de um lado oposto. Aqui tudo depende do educador, não posso lhe dar qualquer fórmula. Isso, porém, tem de ser olhado do ponto de vista da pedagogia: até que ponto isso pode influenciar a análise de si mesmo e do mundo? Talvez ela deva nos falar primeiramente de borboletas e depois da briga que teve na rua? Ou talvez ao contrário: para tirá-la de seus pensamentos, os quais distraem o grupo e a impedem de se juntar a ele, nós deveríamos dar a ela algum tipo de tarefa ou papel especial e fazer dela um herói, ao invés de manipulá-la até um estado completamente diferente. Ou,
usando o exemplo dela, podemos mostrar como esse incidente nos distraiu a todos do nosso tópico. Quer dizer, ela praticamente atrapalhou todos os nossos planos. Um educador deveria ver tudo isso e decidir.

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CONHECENDO A SI MESMO

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Eu estou interessado nos aspectos psicológicos do método da formação integrada. A psicologia tem sido aplicada como ciência nos últimos 100 anos ou mais. Durante esse tempo, pesquisadores têm desenvolvido vários métodos e testes, testes projetivos e treinamentos. A experiência adquirida pela psicologia materialista pode ser usada em um programa de formação integral de crianças?
– É interessante que a humanidade exista há centenas de milhares de anos e a psicologia, a ciência sobre o homem e o que ele é, existe apenas há um século. Você pode imaginar quanto tempo levou para nós apenas começarmos a pensar sobre quem somos? Nós evoluímos de forma completamente automática, sob a pressão de forças internas, desejos e pensamentos, sem parar para pensar “Por quê? Para quê? Quem somos? Por que fomos formados desse jeito? O que gera nossos pensamentos, sentimentos, desejos e aspirações?”.
Há uma impressionante, incompreensível diferença proporcional entre as centenas de milhares de anos do nosso desenvolvimento e uma centena de anos do desejo de entender quem nós somos.
Tudo fluiu calmamente durante esse longo período. Mesmo as maiores mentes não estavam muito interessadas nesse problema, e essa é mais uma peça que evidencia que apenas recentemente nós começamos a nos reconhecer como entidades distintas no mundo. Nós somos distintos e o mundo é distinto, mas qual é a conexão entre nós e o mundo?
– Agora, porém, o interesse das pessoas por questões como “O que é o ‘eu’?”, “Como nós interagimos?”, “Como podemos melhorar nossa interação?” têm surgido exponencialmente.
– E as teorias sobre isso têm mudado num ritmo assombroso! Eu imagino que os psicólogos modernos sejam pessoas muito instáveis.
– Isso é realmente assim. Alguns testes muito interessantes, entretanto, têm sido desenvolvidos. As crianças podem fazer esses testes a fim de se conhecer melhor, para entender como são construídas e que qualidades possuem? Ou nós não devemos deixá-las realizar esses testes?
– Nós temos de educar a próxima geração a fim de lhe ensinar a atitude correta para com a vida e para consigo mesma; então as pessoas podem testar a si mesmas. Essa é a nossa obrigação, o dever de pais e educadores e, de fato, de qualquer um que se preocupe com as crianças. Afinal, elas são o nosso futuro! Em 15 ou 20 anos, essa geração estará no comando e nós desapareceremos na história. Nós temos de filmá-la, mostrar a ela filmes sobre ela mesma e analisar seu comportamento de vários ângulos, da perspectiva do encorajamento, da defesa, da aprovação e da crítica.

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Os Adultos São as Mesmas Crianças Mal-Educadas

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

− A imagem da futura escola onde as crianças interagem dessa forma é muito atraente para muitas pessoas que estão familiarizadas com ela. Os mesmo exemplos podem ser usados para adultos?
− Os adultos são as mesmas crianças mal-educadas, eles estão apenas inconscientes. Você vê o que eles fazem na TV e que tipo de conversas estabelecem: eles falam sobre se casar, como perder peso ou cozinhar algum prato. As pessoas são atraídas para a socialização.
Socializar é a coisa mais importante para as pessoas, especialmente o tipo de socialização que lhes permite bisbilhotar a vida real. O tipo de discussão que temos com nossos filhos em nosso centro de educação são, portanto, o tipo mais útil para a sociedade. Essas discussões somente devem ser feitas de maneira adequada e eloquente, assim serão atrativas e dinâmicas. Se elaborarmos programas nesse estilo, eles terão enorme demanda na TV; estou certo disso.
A pessoa que não recebeu educação integrada na infância não sabe como é possível sair de si mesma, manter-se de lado, enquanto coloca outra pessoa no seu lugar; não sabe como se colocar no lugar de outra pessoa ou tomar as qualidades de outra pessoa para si mesma. Se às pessoas não forem ensinadas essas técnicas, elas não saberão como interagir umas com as outras corretamente e, é claro, serão miseráveis. Elas irão vagar como se estivessem no escuro, batendo umas nas outras, brigando e se ofendendo.
Às crianças tem de ser ensinado como se “revestir” dos outros, como entender outras pessoas, como acusar alguém, defender, ajudar e prejudicar. Tudo é pesquisado por cada criança, por meio de exemplos da vida, tanto em grupos como em programas de TV.
Temos de começar a nos preparar para levar toda a população do mundo ao novo sistema educacional. Sem isso não sobreviveremos. Não importa quão idoso seja o aluno, se ele é um adulto ou uma criança. Crianças estudam nesse sistema durante um dia inteiro, e temos de fazer a mesma coisa com os adultos.
O meio bilhão de pessoas que atenderá a todos os outros também estudará nesse sistema: estudará metade de um dia e realizará os trabalhos necessários na segunda metade. Temos de fazer isso, porque do contrário a humanidade não sobreviverá. Estamos entrando em um sistema no qual todos nós somos engrenagens. Sob a influência do pedal de embreagem – Natureza − começamos a fazer contato uns com os outros. Em breve começaremos a girar juntos. Já me sinto como se estivesse sendo
ligado junto com os outros, mas quando eu expresso mesmo que só um pouquinho da minha independência, descubro problemas.
A razão de todas as crises é que não estamos girando juntos. Como resultado, o sistema começa a travar e nós paramos de girar. Esse é o retrato de um colapso, a crise mundial em todos os campos da vida.
Com o que ficaremos? Como serviremos uns aos outros?A Natureza começará a nos excluir. Praticamente já excluiu o Japão, os países do Oriente Próximo e a Rússia de toda a produção mundial. Observe o que está acontecendo com a América, em que espiral descendente se encontra. E o que acontecerá com outros países? Será que chegaremos a um ponto em que a única coisa que restará no mundo será o terrorismo como forma progressiva de atividade? Tudo está em declínio e apenas o terrorismo está crescendo e florescendo. Onde vamos chegar?
Penso que vamos superar nossa resistência e compreender que só o ensino e a aprendizagem em nível mundial nos conduzirão à harmonia e à paz.

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