Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

E Quanto aos Ladrões e Outros Criminosos?

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Assim como muitas pessoas não corrigidas, ainda tenho muitas perguntas, preocupações e receios: o que acontecerá aos criminosos, ladrões e outras pessoas que poderiam usar essa realidade delicada, construída sobre um equilíbrio ultrassensível? E se elas chegam, roubam tudo e assumem todo o sistema?
− Você entende que metade da população da Terra estará envolvida nesse sistema? Quem pode ir contra isso? Onde estão os ladrões, os ativistas e os criminosos? Eles serão simplesmente esmagados pelas massas e não serão capazes de colocar o nariz para fora. Além disso, a eles também serão oferecidos uma vida decente, um salário igual ao de todos os demais. Não penso que essas dificuldades ocorrerão.
Haverá muitos problemas, mas todos solucionáveis, porque não há outro caminho para irmos. A Natureza está nos forçando a resolvê-los. Se não fizermos o que a Natureza dita e não nos equilibrarmos com ela, será o nosso fim. Você pode intelectualizar e filosofar tanto quanto quiser, mas existe uma lei da Natureza operando aqui.
Hoje, metade da humanidade passa fome e a outra metade não sabe o que fazer com todos os extras que possui. Corrigindo-se esse desequilíbrio, será estabelecida uma sociedade humana normal.
Mais importante, a sociedade humana deve ser semelhante à Natureza, internamente equilibrada, gentil e boa. Assim deixaremos de temer o aniquilamento.
− Eu entendo que você não gosta da palavra “punição”, mas não deve haver algum tipo de mão firme presente, como uma vara que, se poupada, estragará a criança? Pelo que você diz, parece que não há lugar para isso.
− Não, claro que há um lugar para isso.
− De que forma? Como?
− Sob a forma de uma muito poderosa reprovação social que, porém, deve ser dosada para não matar o “humano” na pessoa, de modo a não atropelar sua dignidade. A pessoa tem de ser influenciada pelo respeito, pela aprovação pública, ela não pode ser influenciada de qualquer outra maneira.
O último, mais notório criminoso também se orgulha: “Eu sou um ladrão no meu próprio direito. Olhe quem eu sou; olhe para a minha prisão! Respeite-me!”.
Não há meio mais poderosos sobre elementos negativos na sociedade do que lhes dar oportunidades de se elevar, ou vice-versa, colocá-los em um ambiente que os menospreze.
Eles têm uma atitude exagerada para com o seu próprio “eu”, que é fácil tratar. Eles são realmente pequenas crianças que podem ser manipuladas, dando-lhes a oportunidade de brilhar, ou, ao contrário, com uma ligeira reprovação, mostrando-lhes que determinadas ações os diminuirá aos olhos dos outros.
− Sou um adulto que está cercado por crianças. De repente, uma das crianças faz algo que me aborrece. Posso mostrar à criança que isso me irrita?
− Isso não será educação. Uma criança é educada por um meio ambiente que é igual a ela. A sua insatisfação, portanto, deve ser expressa por meio de seus parceiros. Para ela, eles são um meio ambiente respeitado e a opinião deles é importante, enquanto um adulto está em algum lugar acima. Suas emoções são percebidas por uma criança como um trovão do céu. Você “troveja” no mundo inteiro, mas você não está próximo de mim, você não é meu. Não dê, portanto, um passo à frente contra a criança, nem a transforme em um oponente. Isso só vai aumentar o egoísmo dela. Em vez disso, apenas a coloque em uma posição neutra e lhe mostre o caminho certo para agir, usando o exemplo de alguém.
A maneira de influenciar as crianças é fazê-las discutir, avaliar, defender e se analisar enquanto assistem a vídeos de seus comportamentos. Devem-se mostrar às crianças fragmentos de seu comportamento e deixá-las discutir suas ações. Assim é como uma criança começa a entender que, se ela se encontrar naquela situação novamente, não agirá da mesma forma.
A coisa mais importante na nossa educação é ensinar às crianças por meio de exemplos. Isso lhes permite realizar debates e analisar o comportamento dos outros e, em seguida, relacionar essa experiência para si mesmas.

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Como Ocupar e Alimentar Sete Bilhões de Pessoas

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

− Em diferentes sociedades, as pessoas percebem a noção de “meu” de forma diferente. Algumas consideram apenas o seu apartamento como algo próprio e não se importam com o que está acontecendo no ônibus ou no metrô, por isso jogam o lixo lá, no chão. Outras pessoas, porém, consideram uma cidade inteira como sua. Será que a pessoa integrada que você descreve considera o mundo inteiro como seu próprio?
− Sim, mas ela chega lá de forma gradual. Não podemos exigir tudo das pessoas de uma só vez. Não devemos nos concentrar nos indivíduos, mas, em vez disso, no ambiente social, porque é isso que os educa. Temos de criar tal ambiente em torno de uma pessoa para educá-la da maneira correta.
Vemos hoje, em todo o mundo, um enorme número de pessoas desempregadas. Por outro lado, uma grande quantidade de produtos supérfluos está sendo produzida. Se liberarmos as pessoas que produzem os produtos supérfluos, descobriremos que apenas metade de um bilhão dos 6,5 bilhões de pessoas no mundo precisa trabalhar, enquanto o resto não tem nada para fazer. Então, como elas se alimentarão?
As pessoas serão pagas para criar o ambiente social certo. Deverão existir organizações globais, regionais, municipais e de bairro cuja única finalidade e atividade será promover o conceito do modo de vida integrado.
Se esse é seu trabalho, você, portanto, é um educador para todo mundo. Você tem de criar filmes, anúncios, fotos e livros sobre isso, e você tem de falar sobre isso. Seu trabalho é andar pelas ruas e sorrir para todos os que você vê. Isso mesmo! Haverá
trabalho para todos, enquanto metade de um bilhão de trabalhadores alimentará os outros, sem produzir nada de excessivo nem poluindo a terra.
Essa abordagem dá às pessoas a intenção correta. Elas começam tratando os outros com gentileza, porque é sua obrigação, enquanto os outros percebem isso como a norma do novo comportamento.
Não importa que elas recebam dinheiro para agir dessa maneira. O importante é que transformem o hábito em uma segunda natureza, evocando a influência favorável da Natureza sobre elas, porque elas se tornam semelhantes à Natureza.
Somente agora começamos a estudar a influência de nossos pensamentos e desejos sobre a Natureza. É impressionante como até mesmo animais e plantas percebem a bondade e começam a nos tratar de forma diferente. E as pessoas são ainda mais sensíveis que as flores e os animais.
Ao nos tornarmos semelhantes à Natureza, evocaremos uma enorme influência positiva sobre o mundo e ele realmente mudará. Para conseguir isso, precisaremos criar um bom sistema de educação, envolvendo nisso bilhões de pessoas desempregadas, que farão precisamente esse trabalho.
Isso exigirá cerca de metade da humanidade para erguer a geração jovem. Não serão necessários professores de várias disciplinas, mas educadores ─ pessoas que darão aos jovens exemplos de comportamento correto em uma sociedade global. Tem de haver tantos educadores como há pessoas sendo erguidas.
Então nos encontraremos nesse mecanismo integrado para o qual a Natureza está nos forçando. De repente, como a embreagem em um carro, começaremos a nos conectar como engrenagens, “click”, e estarei conectado, incapaz de me mover para qualquer lugar sozinho. Agora o que devo fazer?
Esse mecanismo também deve conter engrenagens adequadas que dizem: “Você não tem de girar juntamente com todos. Anule-se a si mesmo e você verá que todo mundo está girando do jeito que você quer.” Quando você fizer isso, então você alcançará a liberdade.
− Quando você descreve esse quadro, me lembra a minha infância. Nós também tivemos momentos em que agimos juntos. Havia uma atmosfera maravilhosa, quando nós construíamos castelos de neve em conjunto, por exemplo. Os valentões, no entanto, chegavam, destruíam tudo o que construímos e batiam em nós.
Você acha que, se construirmos esse sistema corretamente, não haverá nenhum valentão?
− Imagine que você contrate 3 bilhões de pessoas para o trabalho e comece a treiná-las. Elas não fazem nada além de estudarem na universidade. Todo mundo está sentado em frente às telas de computador, estudando pela internet. Cada pessoa está aprendendo na sua própria língua sobre o mundo em que vive, e ela está sendo paga para isso. As pessoas escrevem artigos e relatórios e estudam como na escola a partir dos 20 anos de idade até a velhice. Aos famintos e sem-teto é dado tudo o de que necessitam, e o trabalho pelo qual são pagos é estudar e fazer os deveres de casa.
Toda pessoa tem de passar por esse tipo de escolaridade e obter um diploma que lhe permita viver confortavelmente. Depois de seis meses, você a nomeia educadora durante metade de um dia, enquanto ela continua a estudar durante a segunda metade do dia de trabalho. Aos poucos, ela entra nesse sistema por conta própria e começa a se comportar do jeito que lhe foi ensinado.
Ao providenciar o trabalho necessário para todos, você cria uma atmosfera normal. A Natureza se torna equilibrada e cessa de nos punir com terremotos, tsunamis e furacões. Nós próprios evocamos esses problemas, porque a mente humana, os desejos e as diretrizes influenciam a Natureza mais do que tudo.

 

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Semelhança com a Natureza É Garantia de Segurança.

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

− Os pais temem que uma criança que cresce nesse tipo de sociedade se torne excessivamente dependente da opinião dos outros e perca sua independência.
− Acho que isso é um absurdo. A maior força que fornece tudo no mundo é a força da Natureza. Se sou semelhante a ela, então não tenho nada a temer. Não serei fraco, nem estarei constantemente me protegendo, vivendo com medo e esperando um golpe. Esse tipo de vida realmente é pior que a morte. Pelo contrário, serei forte, independente, sensível, calmo e equilibrado.
Além disso, eu não consigo imaginar um pai normal dizendo a seu filho: “Seja forte e se arme. Se alguém a cinco metros de distância de você cuspir, mate-o. Se alguém atrás de você xingar, vire-se e atire nele.” Nós orientamos as crianças a serem gentis com as pessoas ao seu redor, porque isso é o mais seguro para elas. Nós dizemos: “Não retruque”, “Vá para outro lugar”, “Não fique perto dessas pessoas”, “Trate os outros de forma adequada e gentil.” Isso cria um ambiente favorável em torno da criança e reduz a probabilidade de alguém feri-la.
Os pais sempre instruíam os filhos a serem gentis, amáveis, afastarem-se de coisas prejudiciais ou ruins e se aproximarem de coisas boas. É o mesmo em todas as

sociedades, especialmente em uma sociedade global e integrada como a em que vivemos.
Mesmo se a pessoa é um atleta fisicamente forte, ela não usará essa força negativamente. Ela desenvolveu seu corpo por querer se sentir confiante, mas sem a mentalidade agressiva.
− Agora que começamos a empregar esse método, a questão de estúdios ou salas de trabalho surgiu, ou seja, lugares onde uma criança pode realizar suas habilidades únicas, como cantar, tocar instrumentos musicais, aprender matemática e ciências, e assim por diante.
Além disso, em poucos anos, as crianças começam a sentir necessidade de aprender algum tipo de arte marcial. Existe algum ponto na criação de uma classe como essa?
− Pensamos que todos os jogos devem ser praticados em equipes. Se toda a equipe ganha, então eu me sinto vencedor juntamente com outros, mas nunca devo me sentir como o destaque. Jogos têm de ser parte da educação. Se, porém, eu jogar uma pessoa contra outra, isso vai contra a demanda da Natureza.
Talvez essa habilidade possa ser útil em certas circunstâncias. Na verdade, porém, não vejo como as pessoas que conhecem as habilidades de combate possam ser bem sucedidas, como elas se defenderão dessa maneira e como isso as capacitará para salvar suas próprias vidas e a vida dos outros.
Eu penso que tudo isso é apenas publicidade feita pelos proprietários dos clubes. A Natureza não mostra qualquer evidência de que é necessário ser fisicamente forte ou levar vantagem sobre os outros. Não apenas as pessoas individualmente diferem umas das outras, mas também as nações: algumas são fisicamente mais duradouras e fortes, e outras são mais fracas. Mas isso não afeta nada.
Somente as semelhanças com a Natureza levam cada pessoa e cada nação como um todo a um estado confortável.

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Deixando Claro que a Vida Não Nos Ensina com uma Vara.

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

− Você diz que a criança tem de crescer de uma forma que lhe permita perceber o mundo de forma holística desde a infância.
− Sim, somente dessa maneira. Afinal, estamos em um mundo global. Isso já está claro para muitas pessoas. Nós ensinamos as crianças a se adaptarem ao mundo.
− É uma boa ideia colocar um globo na frente de uma criança de 3 anos e girá-lo?
− Certamente, mesmo antes da idade de 3 anos. Mesmo que ela ainda não entenda o que é um globo, deixe-a jogar com essa bola. A criança reterá uma impressão dela.
Você pode não estar ciente disso, mas há imagens em seu subconsciente, lembranças de uma idade muito precoce, praticamente desde a idade 0 até 1 ano, que podem ser evocadas: lá está você sendo deitado, sendo enrolado em fraldas, alimentado e lavado. Você não vê a si mesmo ou o mundo ainda, mas algo já está lá. Em cada bebê há um adulto olhando do interior, enquanto o corpo ainda é pequeno. Não percebemos isso, porque só prestamos atenção ao corpo.
As imagens e ideias que uma criança retém antes da idade de 9 ou 10 anos são as bases de seu desenvolvimento. Depois disso ela só forma e os realiza, mas não é mais possível mudar nada.
Se não construirmos os fundamentos corretos em uma criança, se não lhes dermos a educação correta ao longo desses anos, será impossível elevá-la depois. Ela já terá outras ideias, outros exemplos de comportamento e relacionamentos. Por isso, tem de ser feito literalmente desde a idade 0, ou pelo menos começando aos 3 anos de idade.

− Quando os professores e os pais interagem com as crianças, eles se deparam com o problema de que é difícil trabalhar com a criança, porque ela é muito instável. Num momento ela está correndo e no momento seguinte está gritando, caindo no chão e chafurdando lá. Ou ela pode sair da sala de repente, porque é isso que ela tinha
vontade de fazer. Devemos limitá-la ou de alguma forma usar essa dinâmica?

− Você não deve fazer nada com ela. Você tem de criar um ambiente deliberadamente integrado ao seu redor. Isso é tudo. Significa que nesse ambiente ela depende de todos e todos dependem dela. Ela tem de entender isso sem explicações, mas, se necessário, pode lhe explicar, mostrando-lhe o mundo.
Quem é você? Você é um guia para o mundo no qual ela se encontra. Isso significa que você tem de mostrar a ela esse mundo e demonstrar como ele funciona. Mostrar- lhe como você trata os outros, como os outros tratam você, como você compartilha com os outros e faz algo por eles. Ela tem de ver tudo isso.
E gradualmente, com base nessas interconexões extremamente sutis, mostrar que, se ela não participa de tudo junto com todo mundo e não considera os outros, se ela não deseja estar integralmente conectada com eles, os outros não a tratarão do jeito que ela quer. E essa é a razão para seu sofrimento.
Então a criança começará a entender esse sistema a partir do interior, estudá-lo a partir da vida. Afinal, a vida está nos ensinando com uma vara, com pequenas decepções: assim é como você foi tratado, assim é o que sua mãe ou babá fez, ou as crianças ao seu redor. Isto é, ela tem de receber punição, mas também a remuneração adequada por ter a atitude certa para o ambiente integrado.
− Suponha que, durante uma atividade comum, uma criança venha até o professor e o chute. Isso realmente acontece hoje em dia.
− Se você pegar uma criança de rua despreparada e a trouxer para esse tipo de sistema, é claro que ela experimentará estados horríveis, porque não entenderá nada. Estamos falando de crianças que começaram a receber educação desde o nascimento. Temos de tornar nossas vidas mais fáceis de alguma forma. Nós não podemos frear as crianças que já se formaram de maneira egoísta, então temos de começar com as crianças que foram preparadas.
Depois disso, é possível, gradualmente, começar a aceitar crianças não corrigidas nesse ambiente, ou seja, aquelas que cresceram no meio ambiente sem correção. Uma vez que tenhamos um ambiente forte, podemos introduzir nele outras crianças e corrigi-las. Isso porque a correção só acontece sob a influência do exemplo dos outros.

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A Necessidade da Comunicação de Massa Apropriada

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

− Psicologias sociais que estudam a sociedade ocidental moderna dizem que essa sociedade é operada pela lei da troca: “você dá algo para mim e eu dou algo a você”.

− Temos de criar o material de comunicação de massa apropriado para influenciar as pessoas. Os comunistas na Rússia sonharam com isso. É por isso que eles construíram o sistema socialista na União Soviética. Eles, porém, não conseguiram nada, porque quiseram impor sua visão de mundo pela força.
Nós não impomos nossas ideias a ninguém. Estamos apenas mostrando às pessoas o circundante. Somos os únicos que não estão em harmonia com o meio ambiente e, por isso, causamos todos os problemas e crises na Natureza.
Temos de criar um sistema de educação que constantemente, a cada momento, nos dê exemplos positivos por meio de livros, filmes, internet e televisão. Tudo o que vemos deve nos mostrar de forma inequívoca o que é bom para nós e o que é mau, considerando em que somos semelhantes à Natureza e em que não somos, e de que forma essa conexão recíproca opera.
A Natureza não conhece misericórdia, e a espada já está levantada sobre nossas cabeças, pronta para cortar. A lei da gravidade é imutável. Você pode conversar com ela e implorar por misericórdia, mas se você andar para fora do telhado do décimo andar de um edifício, você cairá, quer seja você uma pessoa boa ou ruim.
Em uma sociedade em que todos estão conectados como um todo único, todos estão sob a influência de uma única lei, independentemente de como você age. Existe uma condição chamada “garantia mútua”, segundo a qual todos dependem de todos os demais, cada pessoa é responsável por todas as outras, e ninguém tem qualquer
obrigação como uma entidade separada.
Constantemente explicando onde estamos e em que tipo de armadilha estamos presos, mostrando às pessoas que esgotamos nossas opções, criaremos um sistema de educação que as transformará. E se o criaremos voluntária ou involuntariamente, depende de nosso senso de urgência.
Para nossa sobrevivência, devemos nos tornar semelhantes a esse sistema ─ integral e globalmente conectados um com o outro e com a Natureza, assim como todas as outras partes da Natureza, porque somos uma parte da Natureza, nós não a governamos.
− O que você está descrevendo agora é evidente apenas para os pesquisadores que estudam a Natureza em profundidade.
− Eles, porém, podem nos apresentar todos os dados necessários. E quando os artistas aprenderem essas leis, irão expressá-las por meio de várias formas de mídia de massa e por outros meios de comunicação de massa. Eles criarão peças de teatro e filmes baseados nessas leis, os quais poderão ser mostrado ao lado dos filmes atuais que
retratam um final horrível para a civilização. Isso pode ajudar as pessoas a entenderem exatamente por que isso tudo está acontecendo do jeito que está, e como poderemos corrigir tudo. Isso as ajudará a ver que a Natureza já tem as forças de correção.

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Propriedade Partilhada de Recursos

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

− Em psicologia, uma “fronteira” é determinada como o lugar onde meus interesses colidem com os interesses das pessoas ao meu redor. Como acontece frequentemente, o recurso desejado é limitado. Nesse caso, dois cenários podem se desdobrar: ou eu obtenho esse recurso de outra pessoa ou eu luto para possuir o recurso. No conceito de sociedade integrada, o ser humano do futuro vai ceder ou lutar?
− Nenhum dos dois. Vai afirmar o que é compartilhado, e apenas o que é compartilhado. Não há “seu” ou “meu”. Você e eu temos a propriedade dos recursos em conjunto, e isso não significa que cada um de nós tenha sua própria metade, mas que o recurso é compartilhado. Esse é o objetivo da educação integrada.
− Quando os americanos tentaram civilizar os índios, encontraram um problema: os indígenas não possuíam propriedade privada. Eles não entendiam o significado de “roubar” ou “tomar a propriedade alheia”, porque tudo era compartilhado em sua comunidade.
− Agora você está descrevendo algo similar. Isso significa que não deve haver propriedade privada?
− Isso mesmo. Os índios não possuíam propriedade privada antes de o egoísmo surgir. Mesmo agora, na maioria deles, o egoísmo está em um nível muito baixo de desenvolvimento. Estou familiarizado com algumas dessas pessoas e eu mesmo tive a oportunidade de observá-las no Canadá.
Hoje, porém, estamos no pico mais alto de desenvolvimento egoísta. Nosso egoísmo é enorme, exigindo satisfação constante, independentemente de todos e, inclusive, apesar deles. Eu gosto de ser superior aos outros. Quanto pior outra pessoa se sinta, melhor me sinto.
Em nosso estágio atual, temos de criar uma sociedade na qual sentirei que tudo pertence a todos, incluindo eu mesmo, o que significa que eu pertenço a todos e não a mim mesmo. Não deve haver nada em mim que eu possa chamar meu próprio “eu”, mas apenas “nós” e “nosso”.
Nós, não os índios, somos os únicos que temos de conseguir isso hoje. Esse trabalho exige esforço enorme, educação e ensino, mas, quando acontecer, será uma correção séria da natureza do homem. Por meio do egoísmo corrigido, sentiremos uma realidade completamente diferente, um mundo diferente!
− Deixe-me ser mais específico. Suponha que haja cinco crianças e três cadeiras, e todas as cinco queiram se sentar. Como a situação deve ser tratada?
− Elas devem ser educadas de modo que, se não há cadeiras suficientes, elas não deveriam desejar se sentar em uma cadeira, mas prefiram se sentar no chão, ou pelo menos insistam para que alguém se sente na cadeira. Temos de incutir nelas o entendimento de que, se outra pessoa se beneficia, então eu também me beneficio.
Isso não é fácil, mas as crianças aceitam naturalmente, especialmente na idade de 9 ou 10 anos. Captam muito mais naturalmente do que adolescentes de 12 anos ou jovens  adultos com 17 ou 18 anos. Nessa idade precoce, é possível criar os pré-requisitos para resolver os problemas de “meu”, “seu” e “nosso”.

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Hiperatividade É um Problema dos Adultos, Não das Crianças.

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

As crianças não podem se encaixar em nosso limite ultrapassado, e isso não é culpa delas, mas nossa. Devemos, portanto, revisitar imediatamente nossos padrões de comportamento e desenvolver uma atitude diferente para com as crianças para não mantê-las “presas” o tempo todo. Estamos tentando impor nossas normas de comportamento e nossas limitações sobre elas. Elas, porém, não podem mais viver dessa maneira.
No passado, as pessoas não viam problema em viver a vida inteira na mesma aldeia, sem nunca deixá-la. Hoje, até mesmo os moradores de vilarejos são diferentes: eles sentem que precisam viajar, ver e aprender muitas coisas de modo que, quando regressarem a suas aldeias, ainda estarão conectados com o mundo. As pessoas hoje são diferentes!
Somos nós, portanto, que precisamos nos conter, e não as crianças.
− Isso, porém, é muito difícil, porque temos hábitos.
− É claro. E as crianças são mais fáceis de frear. Nada, no entanto, resultará disso, porque dessa forma estamos quebrando a Natureza.
A Natureza está nos mostrando a nova fase do seu desenvolvimento. Ela está nos dizendo: “Aqui está ele, o ser humano do futuro. Ele não está corrigido, não está terminado nem moldado ainda, mas essas são as suas verdadeiras qualidades iniciais, seus desejos, movimentos e direção.” Esse é um desafio que está sendo apresentado para nós, e temos de responder a ele.
− Você chama as crianças de hoje “o povo do futuro”. Muitos pais e professores, no entanto, dizem que elas são mais parecidas com macacos.
Uma mulher que conheci tinha um macaco de estimação em casa e tive uma experiência em primeira mão que me convenceu de que esses animais são indisciplinados e estúpidos, destruindo tudo em seu caminho. E agora muitas pessoas estão atribuindo precisamente esse modelo de comportamento a seus filhos.
− Estou certo de que se alguém ensinasse as boas maneiras corretas a esse macaco, ele então começaria a comer com garfo e faca e colocaria um guardanapo ao redor de seu pescoço. E pareceria maravilhoso sentado à mesa.
Se uma pessoa não recebe educação, ela agirá como se acabasse de sair da selva. Tudo depende do ambiente circundante. Temos, portanto, de criar um ambiente para as crianças que corresponda às exigências de nossa era.
Não podemos dizer: “Nós não podemos fazer nada com elas, porque elas não são como nós.” Então o quê!? Podemos realmente tratar nossas crianças, a coisa mais preciosa que temos, dessa maneira? É impressionante como somos egoístas.
Não existe um sistema de educação. O sistema de ensino existe, porque queremos as crianças fora de nossas costas, damos a elas algum tipo de profissão e as enviamos em seu caminho. Educação, no entanto, é algo que não lhes damos. Não construímos as pessoas fora disso. Quando fazemos algo para as crianças, não nos preocupamos com o seu conforto e não fazemos disso nosso objetivo, não coordenamos nossas ações com a sua natureza.
Hoje há enormes desejos, anseios, inquietação e desatenção sendo expressos por nossas crianças. Internamente, elas trabalham em uma velocidade enorme. O que podemos fazer para tornar as coisas simples e fáceis para elas, a fim de que se sintam bem e livres?
Que diferença faz o tipo de mundo que construiremos? Pode ser qualquer um, desde que as crianças estejam felizes. Essa deve ser a atitude de todos em relação a suas crianças. Então por que não nos sentimos dessa maneira? Nós, adultos, somos egoístas, querendo freá-las, para nossa própria conveniência, e isso é tudo o que existe para elas.

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Criando um Ambiente Integrado

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

− Gostaria de falar com você sobre o conceito moderno de “limite”. Quando as crianças contemporâneas se juntam, algo muito estranho acontece: é como se elas se tornassem animais incontroláveis. Os adultos constantemente se queixam de que as crianças são indisciplinadas e não aceitam serem educadas. O que está acontecendo e como devemos lidar com a hiperatividade das crianças?
– Hiperatividade é o problema do nosso tempo. Isso já ocorre há várias décadas, mas inicialmente não o reconhecemos. Primeiro pensamos que fosse algum tipo de doença ou distúrbio, mas depois percebemos que era um fenômeno e, logo em seguida, que havia se tornado a norma. Já discutimos que a nova geração é diferente: egoísta, rude devido a impulsos internos muito poderosos de uma qualidade completamente nova.

Não podemos, portanto, abordá-la com os padrões anteriores, a fim de decidir se o seu comportamento cruza a linha ou não, porque a sua “linha” é nova. Na verdade, tudo com ela é novo. Nós chamamos isso de hiperatividade, mas para a nova geração isso é normal.

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A HABILIDADE DE ATUAR NA EDUCAÇÃO

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

Autoanálise é a coisa mais importante. É muito importante, portanto, ensinar às crianças a habilidade de atuar. Elas têm de estar aptas a saírem de si mesmas, colocarem seus “eus” de lado e jogarem com uma regra diferente. Digamos que eu queria me tornar outra pessoa. Como eu imagino essa pessoa? Como atuar como ela? E como pegar o meu “eu” e colocá-lo de lado? Essa é a arte de atuar, e isso é muito importante para a criança. Isso lhe permite ser impessoal e assim entender os outros. Toda criança tem de aprender isso, bem como psicologia e outras técnicas.

Tem de haver uma preparação dialética muito séria, especialmente durante os primeiros anos de vida, desde a fundação da futura pessoa, aos 6 anos, até que ela esteja completa, entre 9 e 10 anos. Depois disso é apenas desenvolvimento.

– A atuação pode ser usada em forma de jogos já aos 6 anos?

– Certamente! As crianças adoram jogar, porque assim elas conhecem a si mesmas. Uma criança começa a entender: quando eu olho o mundo e as outras pessoas de forma diferente, eu mudo? Fazendo isso, as crianças preparam a si mesmas para a percepção qualitativa do novo mundo.

– Baseado em seu conselho, nós temos um jogo chamado “processo judicial contra o egoísmo”, em que as crianças trocam as regras. As crianças realmente se divertem fazendo parte disso, mas, interessantemente, quando nós oferecemos aos adultos o mesmo jogo, eles ficam amedrontados e o recusam.

– Veja só! É por isso que nós temos de trabalhar com as crianças. Elas têm de passar por várias situações nesse tribunal, experimentar diferentes regras e, desse modo, experimentar a si mesmas por diferentes ângulos: agora eu estou jogando como o acusado, agora eu sou o acusador, agora eu sou o advogado e agora eu só quero descobrir o que está acontecendo com ele, e assim por diante. Dessa forma, elas não ficam com medo. Mas nós, adultos, não entendemos isso. Nós estamos fechados dentro de nós mesmos. E ainda, nós temos de ensinar nossas crianças a se libertarem delas mesmas.

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O CRITÉRIO PARA O SUCESSO É A INTEGRIDADE DO HOMEM NO AMBIENTE

Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”

– Toda metodologia tem um critério para avaliar sua efetividade.

Em uma escola regular moderna, os resultados de uma criança são avaliados pela quantidade de informação que ela aprendeu, por seu esforço, seus resultados em outros campos, tais como competições, e assim por diante.

Quais são os critérios para mensurar a eficiência e o sucesso do método integrado e como esses critérios devem ser implementados?

– Primeiramente, nós não damos notas nem fazemos avaliações. Nós desenvolvemos as pessoas do modo como elas são. Toda pessoa tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e você não pode comparar pessoas.

Com as crianças de hoje em dia, a coisa mais importante não é suprimir as novas capacidades que são desenvolvidas nelas. Esse é o porquê de precisarmos abordá-las sem nenhuma nota ou outras escalas de avaliação. O único critério deve ser a integração da pessoa com seu ambiente integral.

Tudo, porém, é relativo, assim como nesse caso. Eu vejo isso em adultos também: alguns aprendem e avançam muito rapidamente, em algum momento eles deixam de progredir. Outros começam com muita dificuldade em aceitar e entender o que é o estudo. Isso lhes toma um tempo enorme, frequentemente anos, para ouvir esse clamor por união com os outros como um único, total desejo, similar à força comum da Natureza.

Nós temos de entender que fomos criados dessa forma, consequentemente não podemos dar notas às pessoas. Cada um de nós é completamente único.

Quando uma criança ou qualquer pessoa participa do processo com o melhor de suas habilidades, apenas isso é louvável e deve ser a única nota da pessoa. Qualquer tipo de participação tem de ter valor, porque o que é importante não é o sucesso, mas a participação!

– Suponha que houve dez reuniões com um grupo de crianças. Uma criança participou de todas as reuniões e se esforçou em criar um espaço comum; outra criança, no entanto, apareceu duas vezes e não foi muito ativa. Esse poderia ser um critério para avaliar a efetividade do trabalho?

– Definitivamente, porque nós somos produto da sociedade. Se eu pertenço a essa sociedade há um longo tempo, é claro que serei influenciado por ela e me tornarei similar a ela. Dez reuniões com essa sociedade me influenciarão muito mais do que se eu aparecer duas vezes acidentalmente.

O número de reuniões tem de ser fixado. E nós temos de ver o progresso de uma pessoa de acordo com isso.

É, entretanto, mais fácil e simples para algumas pessoas aprender isso devido ao fato de seu egoísmo não se expressar de forma vívida. É mais fraco. Elas avançam mais rapidamente, mesmo que tenham participado menos da comunicação com os outros.

Nós temos de entender que o sucesso só pode ser alcançado a partir de, ao menos, algumas horas de estudos diários, que incluam jogos físicos, todo tipo de discussões, leituras, viagens, excursões e outras formas de ganhar familiaridade com o mundo.

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