Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Será Tarde Demais Para a Judiaria Americana?

Pode já ser tarde demais para a judiaria americana, mas unir os judeus acima de todos os desacordos ainda é a única coisa que os consegue salvar de uma catástrofe que agora está vividamente no horizonte. 

Pessoas se reúnem para uma vigília em resposta à morte de um participante anti-protesto no protesto "Unir a Direita"

Pessoas se reúnem para uma vigília em resposta à morte de um participante anti-protesto no protesto “Unir a Direita” em Charlottesville, fora da Casa Branca em Washington, EUA, 13 de Agosto, 2017. . (foto:JONATHAN ERNST / REUTERS)

Durante mais de um ano tenho alertado que os judeus americanos se estão a colocar a si mesmos em perigo. Falei nesse momento que quando a América se tornasse fascista, ela culparia os judeus. Agora que o fascismo está a surgir nos dois lados do mapa político, em vez de desejar, “Muitos líderes judeus,” para citar a comentadora Isi Leibler, “se concentrando mais a denegrir Trump que a assegurar e promover seus interesses comuns. Eles abusam desenvergonhadamente dos seus papeis judaicos institucionais para promover a extrema esquerda e as agendas liberalistas, até rotulando seus rivais antissemitas para alcançarem suas metas.”

Líderes judeus e celebridades estão a competir uns com os outros para condenar o Presidente Trump pela sua reacção inicial quanto ao atropelamento de Charlottesville. Em vez de se emanciparem pela união, eles alimentam a divisão. A actriz Debra Messing citou o sobrevivente do holocausto e activista Elie Wiesel: “Devemos tomar partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vitima. O silêncio encoraja o atormentador, nunca o atormentado.” Então, falando de tomar partido, gostaria de citar um comentário que um dos leitores de Leibler publicou: “Onde estava todo esse ultraje judaico quando esse esquerdista disparou numa série de senadores e congressistas jogando softball há algumas semanas atrás?”

“Pois aqueles que semeiam o vento colhem a tempestade” (Oseias, 8:7), alerta a Torá. Quanto mais os judeus americanos alimentarem o ódio, mais ele se virará contra eles. Se os leitores judeus americanos pensam que o modo de lidar com o fascismo da alt-right é difamar o presidente, demonizando seu eleitorado e deslegitimar sua administração, só terão a si mesmos para culpar quando a raiva se virar contra eles. Eles brincam com o fogo.

O judaísmo nunca se tratou de guerra e certamente não de ódio. Nos orgulhamos na sabedoria de Rei Salomão que disse, “O ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes.” (Provérbios, 10:12). Nós cunhamos o princípio, “Ama teu próximo como a ti mesmo” e nosso próprio Rabi Akiva disse que isso é toda a Torá, nossa lei judaica. Como nos podemos chamar de judeus enquanto emanarmos tamanho ódio?

Nós fizemos da união acima do ódio nosso lema, nosso modo de vida e agora estamos a fazer precisamente o oposto. Nos diz o Mishná (Okatzin, 3:12): “Deus não achou um vaso que contenha uma bênção para Israel senão a paz, como foi dito, ‘O Senhor dará força ao Seu povo; o Senhor abençoará Seu povo com a paz.'” Está escrito no livro Shem Mishmuel que “Quando Israel são ‘como um homem com um coração,’ eles são uma muralha contra as forças do mal.” Então por que combatemos o ódio com ódio em vez de nos unirmos como sugerem nossos sábios? Será que alguém pensa que apadrinhar metade da população americana vai diminuir o antissemitismo? Que tipo de fraca política é essa?

A única coisa em que os judeus se devem concentrar é a união entre eles. E falando de união, não pretendo dizer que eles devem unir suas fileiras contra o presidente, mas que eles unam todas as facções da judiaria americana: todas as denominações, os não-afiliados, os casamentos mistos, os LGBTQ, todo e cada um. Se os judeus, que estão sempre no centro das atenções (e hoje mais que nunca) mostrarem à América que a união é possível, eles serão um modelo exemplar positivo para seguir e todos agradecerão à comunidade judaica por o fornecer.

É especificado no livro Likutey Etzot (Conselhos Sortidos) como nos devemos relacionar com aqueles com os quais não concordamos: “A essência da paz é conectar dois opostos. Assim, não fique alarmado se você vir uma pessoa cuja visão seja o completo oposto da sua e pensar que nunca será capaz de fazer a paz com ela. Também, quando você vir duas pessoas que sejam completamente opostas uma da outra, não diga que é impossível fazer a paz entre elas. Pelo contrário, a essência da paz é tentar fazer a paz acima de dois opostos.”

Se a judiaria americana quiser criar essa “muralha contra as forças do mal,” ela deve remover a muralha que ergueu contra seus irmãos. Não estou seguro que a judiaria americana tenha perdido o último comboio, mas a abordagem de unir os judeus acima de todos os desacordos entre eles é a única abordagem que consegue salvar a judiaria americana de uma catástrofe que está agora vividamente no horizonte.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Desafio da Baleia Azul: Por Que Os Jovens de Hoje Sucumbem a Tais Influências de Auto-Flagelamento?

 

“SENTIMENTOS DE INSIGNIFICÂNCIA, SOLIDÃO, VAZIO E DEPRESSÃO ABUNDAM NA SOCIEDADE E NOS JOVENS DE HOJE MUITO MAIS QUE NAS GERAÇÕES ANTERIORES.”

O Desafio da Baleia Azul ganhou fama global à medida que suicídios juvenis de cada vez mais países foram conectados ao “jogo.” A Série de tarefas diárias que isolam cada vez mais seus participantes numa bolha macabra na direcção da sua 50ª tarefa final, o suicídio, está a provocar medo e preocupação, especialmente entre os pais. Como resultado, nós enquanto sociedade fomos forçados a lidar com questões chave que este fenómeno levanta:

Por que estão nossos jovens de hoje a sucumbir a influências de auto-flagelamento?

Também, o que pode ser feito para impedir que nossos filhos e filhas sejam vitimas de tal incitação?

POR QUE ESTÃO OS JOVENS DE HOJE A SUCUMBIR A TAIS INFLUÊNCIAS DE AUTO-FLAGELAMENTO?

Os jovens de hoje procuram liberdade dos seus predecessores. Eles não têm o mesmo tipo de atracção para os valores que seus pais mantiveram. Sentimentos de insignificância, solidão, vazio e depressão abundam na sociedade e nos jovens de hoje muito mais que nas gerações anteriores.

Por que é esse o caso? Isto assim é pois nossa era é especialmente inaudita. O crescimento dos desejos humanos, desde nossas necessidades básicas de comida, sexo, família e abrigo, até ao dinheiro, honra, controle e conhecimento, alcançou uma nova fase de desenvolvimento, um novo desejo por sentido e conexão, que a sociedade não conseguiu entender como concretizar.

Uma vez que a sociedade circundante está focada em preencher os desejos dos níveis anteriores – comida, sexo, família, dinheiro, honra, controle e conhecimento, mais e mais pessoas, especialmente jovens, se encontram a si mesmas internamente desconexas da sociedade, amigos e família.

Nas fases sensíveis da adolescência e idade adulta inicial, quando a formação da identidade da pessoa é a principal preocupação, os jovens consumidos por sentimentos de desconexão se tornam vulneráveis a influenciadores persuasivos que visam tirar proveito da necessidade de sentido, propósito e direcção na vida, dos jovens.

O próprio criador do Desafio da Baleia Azul, Philipp Budeikin, declarou que a manipulação psicológica que ele conduziu destinava-se a fazer as vitimas felizes aos lhes dar calor, compreensão e conexão que elas não obtinham nas suas vidas. Na mesma entrevista, ele mencionou que seu motivo para conduzir o jogo era para “purificar a sociedade” de “desperdício biológico.” Ele agora está a cumprir prisão.

É assim que o Desafio da Baleia Azul pretende funcionar: As vitimas ficam obcecadas com a concretização das tarefas, perdendo a capacidade de activar o cálculo do mecanismo protector de pensamento. Aquilo que se torna mais importante para as vitimas é a identificação e adesão ao pensamento que as controla através das tarefas. Nesse estado hipnótico, as vitimas ficam inconscientes que estão a colocar em perigo suas vidas. E tal hipnose pode conduzir as vítimas a extremos: as fazendo caminhar para a extremidade de um terraço e saltar dele (a 50ª e final tarefa).

LEMBRA-SE QUANDO QUESTIONAMOS POR QUE TANTOS JOVENS SE JUNTAVAM A ORGANIZAÇÕES TERRORISTAS COMO O ISIS? É A MESMA MENTALIDADE.

Tal como hoje a ligação do Desafio da Baleia Azul aos suicídios de adolescentes atinge as manchetes levantou questões sobre por que os jovens sucumbiriam a tais influencias, não há muito tempo atrás, as notícias estavam cheias de histórias baseadas numa mentalidade semelhante: jovens que se juntavam a organizações terroristas como o ISIS e fugiam para zonas de guerra, alguns até se tornaram bombistas suicida e as pessoas questionavam por que isso estava a acontecer.

É a mesma mentalidade que se repete de uma maneira diferente. O psicólogo Erich Fromm descreveu em 1941 como tantas pessoas foram atraídas para a ideologia nazi porque um atributo da natureza humana teme a liberdade e prefere sucumbir à autoridade que estabelecer a sua própria vida. Embora a maioria da sociedade ocidental consiga lidar com sua visão mundial pluralista, liberdade liberalista e valores individualistas, mais e mais jovens se encontram a si mesmos a experimentar o lado negro destes valores: a suposta liberdade e individualismo são experimentados em vez disso como uma opressão de incerteza sem sentido e solidão. Portanto, eles são atraídos para a ideia de se conectarem à vontade de outra pessoa ou causa, que organize e direccione esses sentimentos.

Tanto uma vitima do Desafio da Baleia Azul como um bombista suicida terrorista vêem que a vontade daquele que os controla como mais importante que a sua própria vida. Se conectando a essa vontade, eles são libertos dos problemas da vida, da sua incerteza e conflitos, simples e cegamente se anexando a si mesmos a essa ideia. Eles seguem essa ideia como uma sombra e vêem essa sombra como uma espécie de anjo que os conduz até às profundezas da vida.

Para uma pessoa que participa voluntariamente nesta busca, não é uma morbidez horrível e medonha. Pelo contrário, é uma linha da vida, um “anjo da vida” que as pega pela mão para uma luz branca. Elas vêem uma solução para tudo nas suas vidas.

Porém, o novo desejo dos nossos dias por sentido e conexão não desperta para as pessoas acharem consolo em bolhas isoladas, auto-flageladoras e suicidas. Pelo contrário, ele está a despertar para que descubramos toda uma nova sensação de sentido, conexão, preenchimento e felicidade, outra dimensão de existência a qual ainda não experimentamos, corrigindo nossas conexões sociais.

Portanto, se nos preocupamos com nossos jovens e gerações futuras, devemos procurar criar desafios e jogos que os ajudem a formar conexões positivas. Enquanto eles progridem e cultivam sua conexão, eles devem sentir um crescimento de calor, apoio e cuidado, bem como desenvolver seu entendimento da vida.

UM DIAGRAMA PARA A ALTERNATIVA POSITIVA AO DESAFIO DA BALEIA AZUL

Uma alternativa positiva para o Desafio da Baleia Azul é um desafio para criar, principalmente porque ele precisa de inspirar as pessoas para desenvolverem conexões sociais positivas. Para possibilitar isto, os participantes inicialmente precisam de ser organizados em pequenos grupos, cerca de dez por grupo, cada um com um espaço virtual comum onde possam comunicar.

Este agrupamento de dez por grupo é para que os participantes se sintam reciprocamente importantes, onde sua actividade (ou a falta dela) numa base diária seja claramente visível. Se fosse um grupo de centenas de pessoas, então cada pessoa simplesmente desapareceria na multidão e isso não teria o impacto desejado.

Uma vez que há 50 tarefas diárias no Desafio da Baleia Azul, então o desafio alternativo também teria 50 tarefas diárias. As tarefas diárias, que podem incluir escrever, desenhar e outro trabalho criativo, precisam de fazer cada participante trabalhar atentamente sobre uma acção durante o dia. Eles também precisam desenvolver a sensação dos participantes de conexão de uns com os outros.

A conclusão das tarefas deve ser apresentada na forma de um espaço de grupo comum online para todos os participantes verem. Cada participante deve ser capaz de ver as contribuições de todos. Isto vai motivar os participantes a completarem as tarefas, a exprimirem sua singularidade e forças durante as tarefas e também a pedirem ajuda se acharem que é difícil.

Quanto mais os participantes entrarem no espaço comum do grupo, mais eles devem sentir que estão a criar a sua própria bolha. Gradualmente, se as tarefas forem correctamente direccionadas e se os participantes levarem a cabo as tarefas, eles devem começar a sentir diferentes forças que os influenciam que as forças que eles sentem nas suas vidas do dia-a-dia: forças especiais que habitam na natureza vêm à superfície quando as pessoas trabalham em criar uma conexão positiva.

Ao cultivar esta conexão positiva, os participantes vão descobrir gradualmente todo um novo sentido para a vida: preenchimento, felicidade e liberdade dos problemas da vida. Ao contrário do Desafio da Baleia Azul, os participantes não se desconectam da vida, mas em acréscimo a todas as coisas que estão a fazer, eles desenvolvem um sentido mais profundo da vida. Como detectives, eles entrariam numa investigação para solucionar o aspecto mais interno dos pensamentos, desejos, emoções e relacionamentos da vida e se tornariam mais pensativos, curiosos e analíticos.

Portanto, vejamos como podemos providenciar uma solução para os jovens de hoje: como uma alternativa para a falta de sentido, haverá uma sensação de que a vida tem sentido e propósito; em vez da solidão, haverão sentimentos de apoio, calor e cuidado; em vez do vazio, haverá a motivação para explorar e contribuir para a sociedade e em vez da depressão, haverá felicidade. Precisamos somente de trabalhar para melhorar nossas conexões e como resultado, todo um novo mundo se abrirá para nós.

Publicado originalmente no Kabbalah.Info

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Tu B’Av é Mais que Um Dia de Amor

Muito mais que corações e flores! Descubra o amor incondicional simbolizado por Tu B’Av e como ele pode elevar o mundo.

Na Israel dos tempos modernos, Tu b’Av (o 15 de Av) se tornou um dia de boa disposição, maioritariamente caracterizado por esposos que compram chocolate e flores uns para os outros para celebrarem seu romance. Basicamente, uma versão judaica do Dia de S. Valentim, se preferir.

Mas Tu b’Av foi muito mais que isso para o povo judeu. Está escrito, “Não há bons dias para Israel como Tu b’Av, um dia em que era permitido às tribos se mesclarem umas com as outras e onde toda e cada pessoa outorgou sua bondade sobre seu semelhante” (Tiféret Shlomô). O tipo de amor que Tu b’Av representa de verdade é um amor incondicional que se tem de espalhar por todos os judeus e então por toda a humanidade. Não é coincidência que ele vem logo após Tishá B’Av, que representa o seu oposto, ódio infundado.

Do Ódio Infundado ao Amor Incondicional

A transição directa do Tishá b’Av (nove de Av) para o Tu b’Av simboliza o único caminho no qual conseguimos alcançar o verdadeiro amor, ao primeiro reconhecermos que nosso estado é completamente o oposto dele. Por outras palavras, o reconhecimento de um ódio infundado que habita nos nossos corações é a condição preliminar para alcançar o amor incondicional entre nós, como está escrito, “Tu b’Av é a correcção e mitigação de Tishá b’Av.” (Likutei Halachot).

Pode não ser intuitivo para nós, mas a inteira natureza funciona deste jeito. A evolução apresenta uma dinâmica de duas forças opostas. Quer elas se manifestem como mais e menos, quente e frio, fluxo e refluxo ou macho e fêmea, elas criam níveis mais profundos de conflito e interesse pessoal e então níveis maiores de reciprocidade e conexão. Foi assim que as antigas bactérias evoluiram da competição hostil para a responsabilidade compartilhada, assim formando as células nucleares. Nossos corpos também exemplificam isto na perfeição, tendo mais de 100 triliões de células individuais integradas para criar um nível mais avançado de vida.

Há cerca de 4000 anos atrás, Abraão, o fundador do povo judeu, entendeu que esta dinâmica natural também se aplica à sociedade humana. Quando os Babilônios à sua volta se afundaram no interesse pessoal e separação, ele reconheceu esse estado como um precursor para um novo grau de conexão humana. Abraão “semeou amor por todas as pessoas” (Noam Elimelech, Séfer Noam Elimelech) com a visão de um estado superior e “andou de cidade em cidade, de reino em reino, até que milhares e dezenas de milhares se juntassem a ele… e eles se tornaram uma nação” (Maimônides, Yad HaChazaká).

Esta é a história pouco conhecida do nascimento do povo judeu. De facto, a palavra “‘Yehudi’ [Judeu] significa ‘Yechidi’ aquele que se apega ao ponto da vida, que é onde se encontra a união.” (O Admor de Gur, Séfat Emet).

Hoje Onde Está o Amor?

O calendário hebraico diz que é o tempo do festival do amor, mas a realidade mostra que talvez o povo judeu esteja mais dividido que nunca, com crescentes divergências entre os liberalistas e conservadores, judeus israelenses e judeus da Diáspora e entre as várias facções dentro da própria Israel, possivelmente a mais dura hostilidade demonstrada diariamente.

Porém, tal como Abraão vira milhares de anos atrás, o ódio e separação que persistem dentro do povo judeu hoje não são coincidência. É uma fase de evolução, um precursor para o próximo grau de união judaica.

E no nosso tempo, ainda mais que isso cozinha sob a superfície. Desde a formação do povo de Israel na Babilônia que o mundo começou a sentir qu e os judeus seguram algo especial e ponderam o que os mantém juntos. Pensadores, líderes, cientistas e artistas de várias nações escreveram sobre este enigma durante séculos.

“O que é o judeu?” contemplo o ilustre escritor russo Liev Tolstói. “Que espécie de criatura única é esta a quem todos os governantes de todas as nações do mundo desgraçaram e esmagaram e expeliram e destruíram… continua a viver e a prosperar?” (A Resolução Final). Mark Twain exprimiu isto ainda mais claramente, dizendo que, “todas as coisas são mortais menos o judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo da sua imortalidade?” (Sobre os Judeus).

Então o que isso que os judeus têm acesso? Eles têm o método para a construção de uma rede de conexões altruístas acima do crescente interesse pessoal. E a natureza do desenvolvimento humano é tal que ela gradualmente gera uma necessidade cada vez maior por este método. Portanto, o método para alcançar o verdadeiro amor entre todos os seres humanos, que é a fundação do povo judeu, está a tornar-se gradualmente aquilo de que o mundo necessita.

O Método para Alcançar o Amor

Durante cerca dos passados 2000 anos, aquilo que restou do método de união que fora criado pelo povo judeu são maioritariamente símbolos, tais como os costumes e feriados que se tornaram o judaísmo dos nossos dias como hoje o conhecemos. Somente uma mão cheia de pessoas em cada geração continuou a se envolver e a desenvolver o método de união. Com o tempo, este método assumiu o nome, “a sabedoria da Cabala.”

Em contraste com a crença popular, a Cabala autêntica nada tem a ver com misticismo, amuletos, astrologia e outros mal entendidos que foram ligados a ela durante os séculos. Em vez disso, ela trata-se de atualizar nossa natureza do crescente amor próprio que nos conduz para crises e nos deixa com uma percepção limitada da realidade para uma equivalência com a força de amor incondicional que permeia toda a natureza.

A sabedoria da Cabala tem as ferramentas e conhecimento para nos preparar para todo um novo nível de vida e experiência humana para a qual o mundo inevitavelmente avança. E assim, da perspectiva da Cabala, Tu b’Av não se trata de dar elogios uns aos outros durante um dia e então regressar para as lutas e dentadas. Em vez disso, este dia deve ser um símbolo atractivo para o trabalho que temos de fazer todos os dias para nos elevarmos a um novo nível de conexão entre nós e o compartilharmos com toda a sociedade humana. Como escreveu o astro cabalista Yehuda Ashlag, “todo nosso trabalho é descobrir o amor dentro de nós, todo e cada dia.” (O Fruto de Um Sábio).

Publicado originalmente no United With Israel

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Quando Um Debate se Transforma Em Ódio, Estamos a Selar Nosso Destino

Nenhum Imperador na terra alguma vez nos derrotou, mas quando esquecemos que todos os judeus são responsáveis uns pelos outros, por vezes nos derrotamos a nós mesmos. Agora, outra derrota tal está à vista.

Jerusalém Espiritual

Jerusalém . (foto:MARC ISRAEL SELLEM)

Após a remoção dos detectores de metal das entradas para o Monte do Templo, Rami Hamdallah, Primeiro Ministro da Autoridade Palestiniana, disse, “Nossa nação mostrou que através de firmeza, união nacional e luta pacífica, Jerusalém permanecerá como nossa capital eterna e a coroa da identidade dentro de nós.”

Por todo o mundo árabe, as nações se unem contra aquilo que o Rei da Jordânia, Abdullah II, chamou a “Judaização dos locais sagrados” em Jerusalém. Na baixa de Amman, o público evocou os mundos árabes e islâmicos para se unirem em apoio ao terceiro local mais sagrado do Islão. Na Turquia, foram realizados protestos em Ankara e Istambul em solidariedade com a Al-Aqsa. Até em Kuala Lumpur, milhares de muçulmanos malaios participaram na sexta-feira numa manifestação para “salvar Al-Aqsa,” segundo a al-Jazeeranet.

Ao mesmo tempo em Israel, os políticos jogam o habitual jogo da culpa sobre quem tomou a pobre decisão de remover os detectores, ou quem tomou a pobre decisão de os colocar lá em primeiro lugar. Tal como o mundo árabe usa toda a oportunidade para se unir contra nós, nós usamos toda a oportunidade para nos dividirmos cada vez mais.

Bem na passada Terça-Feira, comemoramos a ruína de ambos os Templos no 9 de Av. O Antigo Rabino Chefe do Reino Unido, Lord Jonathan Sacks, falou num vídeo que publicou em memória da ruína do Templo: “Nós somos ferozes argumentadores e essa é parte de nossa força. Mas, quando permite a nossa separação, então ela se torna terrivelmente perigosa. Porque nenhum Imperador na terra alguma vez foi capaz de nos derrotar, mas temos ocasionalmente sido capazes de nos derrotar a nós mesmos. …Lembrando a base derradeira da nacionalidade judaica. Todos os judeus são responsáveis uns pelos outros.”

Nestes dias, parece que esquecemos completamente esta derradeira base. Portanto não é surpresa que hajam claras indicações de que outra derrota se aproxima. E novamente, isso é por causa de nosso ódio de uns pelos outros.

Por que é que os árabes se conseguem unir e nós não conseguimos? O que nos faz desprezar uns aos outros tão profundamente que muitos de nós preferem muito mais se aliar aos nossos inimigos que falar com outro judeu que tenha uma visão diferente?

Paz entre Dois Opostos

Rabi Sacks falou que discutir é “parte da nossa força.” Mas discutir é mais do que isso. Nossa inteira nação foi baseada em discussões que conquistamos através do amor. Escreveu o Rei Salomão (Provérbios, 12:10), “O ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes.” Está escrito no Livro do Zohar (Aharei Mot) que quando os amigos “se sentam juntos, inicialmente eles parecem homens em guerra, desejando se matar uns aos outros. Depois, eles retornam a estar em amor fraterno.” “E,” continua o Zohar, “pelo vosso mérito, haverá a paz no mundo.”

Acrescenta outro aspecto à conexão que transcende as disputas o livro Likutey Etzot (Conselhos Sortidos): “A essência da paz é conectar dois opostos. Assim, não fique alarmado se você vir uma pessoa cuja visão seja o completo oposto da sua e caso pense que nunca será capaz de fazer a paz com ela. Também, quando você vir duas pessoas que são completamente opostas uma da outra, não diga que é impossível fazer a paz entre elas. Pelo contrário, a essência da paz é tentar fazer a paz [por cima de] dois opostos.”

Certamente, nós judeus fomos declarados uma nação somente quando prometemos nos elevar acima da desunião que foi nossa porção no Egipto e nos unirmos “como um homem com um coração.”

Nossa união não chegou com facilidade. Os primeiros discípulos de Abraão vieram de diferentes clãs de toda a Babilônia e o Oriente Próximo. A única coisa que os manteve juntos foi a crença de que o princípio de misericórdia e amor aos outros de Abraão era o modo certo de viver. Mas os descendentes de Abraão não mantiveram sua união e acabaram no Egipto, onde José os uniu uma vez mais.

Depois da sua morte, os israelitas abandonaram sua união uma vez mais e disseram, “Sejamos como os Egípcios” (Midrash Rabá, Shemot). Como resultado, “o Senhor transformou o amor que os Egípcios nutriam por eles em ódio.” Tivessem os hebreus mantido sua união no Egipto, eles não teriam sido escravizados.

Moisés, percebendo que a ausência de união era a fonte da praga dos israelitas, cimentou sua união com o juramento de se amarem uns aos outros como a si mesmos. Foi por isso que Rabi Akiva disse, “Ama teu próximo como a ti mesmo é a grande regra da Torá.” (Talmude de Jerusalém, Nedarim, Capítulo 9).

Ao superarem repetidamente seu ódio, o povo israelita desenvolveu um método único de conexão que até este dia existe em mais lugar algum. Todas as outras nações dependem de um nível mínimo de afinidade para fundar sua nacionalidade, seja de proximidade de sangue ou geográfica. Os judeus, todavia, nada têm em comum a menos que se submetam a si mesmos à ideia de que o valor da união transcende todos os outros valores. Na ausência da mesma, os judeus retornam a ser pessoas de clãs diferentes e frequentemente hostis sem nada senão a cisma e inimizade entre eles, a menos que uma força exterior os obrigue a se unirem.

Estas circunstâncias únicas são, de certo modo, uma espada de dois gumes. Quando os judeus estão unidos, eles são de longe mais unidos que qualquer outra nação na terra, uma vez que seu adesivo é a crença de que o valor da união transcende todos os outros valores. Mas quando os judeus são disputados, eles são tão odiosos de uns pelos outros que podem chegar às atrocidades que cometeram uns aos outros dois mil anos antes dos romanos terem atacado a cidade atormentada e terem massacrado o resto dos seus habitantes.

Acabar com o Jogo do Culpado

Porque a união que fundou a nação judia é tão única, imediatamente quando a alcançaram, os hebreus foram ordenados a compartilhá-la, para serem “uma luz para as nações” ao darem o exemplo da união acima dos conflitos. É por isso que enquanto mantivermos nossa união estamos seguros e prosperamos. Mas no minuto que a abandonemos, nos tornamos supérfluos aos olhos do mundo e a ira a que chamamos “antissemitismo” regressa à superfície. É também por isso que está escrito no livro Maor VaShemesh, “A principal defesa contra a calamidade é o amor e união.”

Hoje, a nação judaica está dividida tanto dentro de Israel como na Diáspora. Em tal estado, não somos “uma luz para as nações”, irradiamos divisão interna e desprezo mútuo. É por isso que as nações, todas as nações, querem ver o fim do estado de Israel e a extinção do povo de Israel.

Na sua “Introdução ao Livro do Zohar,” o Baal Ha’Sulam menciona a famosa Tikun nº30 do Livro do Zohar, que afirma que quando os judeus não estão unidos, nós “trazemos a existência de pobreza, ruína, furto, pilhagem, matança e destruições para o mundo.” É precisamente isto que os antissemitas afirmam que trazemos. Quando o Prof. de estudos do Corão Imad Hamato afirmou, “Até quando os peixes lutam no mar, os judeus estão por trás disso,” ele reflectiu inadvertidamente as próprias palavras do Zohar.

Nossa presente divisão inflige dor não só sobre nós, mas sobre o mundo inteiro e o mundo inteiro fica ressentido connosco por isso. Nossa separação une os árabes contra nós e empurra o mundo inteiro para os apoiar. Se tivéssemos união, não necessitaríamos de maneiras inovadoras de justificar nosso país. O mundo sentiria o benefício que derivaria do Estado de Israel e do povo judeu, tal como hoje ele sente o oposto. “O sucesso de nossa nação depende somente do nosso amor fraterno, sobre nos conectarmos uns aos outros como membros de uma única família,” escreveu Shmuel David Luzzatto.

Similarmente, no vídeo de Jonathan Sacks que antes mencionamos, ele fala sobre o povo judeu ser uma família extensa: “Podemos não concordar com coisa nenhuma, mas continuamos uma família extensa. E a questão sobre isso é que se você discordar de um amigo, amanhã ele não será mais seu amigo. Mas se você discordar com a sua família, amanhã eles ainda serão da sua família.”

Se pudéssemos ser como Sacks descreveu uns para os outros, seríamos “uma luz para as nações.” Porque não somos, estamos a trazer-nos às exactas mesmas atrocidades que nossa desunião trouxe sobre nós durante as eras. Não demorará muito até que o mundo ache alguma explicação “razoável” sobre o por quê do estabelecimento do Estado de Israel ter sido um equívoco e revogue essa resolução da ONU, deixando os judeus em Israel e por todo o mundo indefesos e perseguidos uma vez mais, mas desta vez, no mundo inteiro.

Somente nós judeus podemos impedir esta espiral descendente, pois como está escrito no livro Shem MiShmuel, “Quando Israel são ‘como um homem com um coração,’ eles são como uma muralha contra as forças do mal.”

Acabamos os dias da lamentação pela ruína do Templo e nos aproximamos do 15 de Av, o festival do amor. Mereçamos esse festival e sejamos aquilo que é suposto sermos – uma nação exemplar que mostre como elevar a união acima da desunião, coesão acima da separação e amor acima do ódio. Sejamos “uma luz [de amor] para as nações.”

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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A UNESCO Não Reflete O Antissemitismo Das Nações, Mas O Nosso Próprio Ódio Pessoal

É muito simbólico que a UNESCO, a organização responsável da herança mundial, negue nosso direito histórico a Israel. Sem um presente que justifique nossa reivindicação, nossa histórica é insignificante.

O logo da UNESCO é visto dentro do quartel general de Paris. (foto:MAL LANGSDON/REUTERS)

O logo da UNESCO é visto dentro do quartel general de Paris. (foto:MAL LANGSDON/REUTERS)

Em abril de 2016, quando a UNESCO adotou uma resolução negando a história judaica no Monte do Templo, eu escrevi que esse era apenas o início de uma campanha para negar a história do povo judeu na terra de Israel, uma campanha cuja finalidade é a eliminação do estado judaico. Em dezembro do ano passado, a campanha acelerou quando o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução que abriu as portas para sanções indiscriminadas e boicotes contra Israel sobre a sua política de assentamentos na Cisjordânia e Jerusalém. Alguns dias atrás, a UNESCO deu mais um passo na sua campanha para negar os direitos judaicos a Israel, negando a história de quase 4.000 anos da Caverna dos Patriarcas.

Todos, incluindo aqueles que votaram a favor da resolução, sabem que não existem motivos históricos ou científicos para a reivindicação dos palestinianos de ligação com o local. Mas os fatos, todos nós sabemos, são o fator menos importante nesta história. Tudo o que importa é que a campanha para eliminar o estado de Israel e revogar a resolução 181- que justifica a criação de um estado judaico em Israel – está ganhando impulso.

Essa última resolução é um sinal de alerta para todo o povo judeu, e especialmente para aqueles que vivem em Israel. Ele nos diz que devemos reavaliar quem somos como uma nação, o que atualmente defendemos, o que gostaríamos de defender, e como podemos realizar isso.

Um Fosso de Ódio

Cerca de duas semanas atrás, em seu primeiro discurso público, o embaixador dos EUA para Israel, o Sr. David Friedman, disse: “Eu tenho um grande discurso preparado sobre a amplitude e a profundidade da relação entre os Estados Unidos e o estado de Israel. Mas eu não vou fazê-lo hoje à noite. Em vez disso, o embaixador Friedman dedicou todo o seu discurso à unidade judaica, ou mais especificamente, à falta dela.

No entanto, olhando para isso, o nível atual de divisão entre os judeus é insustentável. Estamos envenenando nossos relacionamentos com tanto ódio que o mundo nunca vê nada de bom emergindo do povo judeu. Estamos disparando sobre as áreas de oração no Muro Ocidental e colocando na lista negra decisões de certificação de rabinos sobre a determinação do caráter judaico de pessoas que precisam que este caráter judaico seja confirmado. Estamos fazendo campanha contra o nosso próprio país através da ONU, BDS, a academia, e em inúmeras outras maneiras. Segregamos os judeus com base no fundo étnico e cultural, e nos associamos apenas com pessoas política e religiosamente semelhantes em ideias.

Israel, que supostamente deveria ser um modelo de caldeirão cultural, tornou-se um fosso que não emite nada além de ódio de nossos correligionários. Isso é exatamente o oposto da essência de nossa fé e contradiz o que estamos destinados a projetar para o mundo.

Por que a Perseguição Incessante aos Judeus?

Ao longo de gerações, os líderes do povo judeu – do mais ortodoxo ao mais secular – têm salientado que a nossa redenção, salvação, e até mesmo a sobrevivência dependem apenas de nossa união.

“Todo Israel é responsável um pelo outro… apenas onde há pessoas que são responsáveis umas pelas outras, lá está Israel”, escreveu o pensador sionista A.D. Gordon. “Somos chamados para unir o mundo. Mas antes de unirmos o mundo material, somos chamados a revelar a unidade espiritual. Esse é o nosso segredo mais íntimo”, afirmou o Rav Kook (Cartas do Raiah), o primeiro rabino chefe de Israel. “Tudo depende dos filhos de Israel. Conforme eles se corrijam, toda a criação os segue”, afirmou o livro Sefat Emet. “Ainda temos que abrir os olhos e ver que só a unidade pode nos salvar. Só se nos unirmos… para trabalhar em favor de toda a nação, nosso trabalho não será em vão”, ponderou Eliezer Ben Yehuda, restaurador da língua hebraica. “Ama o próximo como a ti mesmo” (Levítico, 19:18) é o mandamento superior no judaísmo. Com estas poucas palavras, a eterna lei humana do judaísmo foi formada… O estado de Israel só irá merecer o seu nome se a sua estrutura social, econômica, política e judicial se basear nessas três palavras eternas”, concluiu David Ben Urino, o primeiro primeiro-ministro de Israel.

Logo após o estabelecimento do estado de Israel, Rav Yehuda Ashlag, autor do Sulam (Escada) completo, o comentário sobre o livro do Zohar, escreveu em sua composição, Os Escritos da Última Geração: “O judaísmo deve apresentar algo novo às nações. Isso é o que eles esperam do retorno de Israel à terra!” De fato, continuou Ashlag, “É a sabedoria de doação, justiça e paz.”

Apesar dessas declarações várias vezes repetidas, nós não escutamos. Desde a ruína do Templo e do exílio que infligimos a nós mesmos através do nosso ódio mútuo e infundado, não aprendemos como superar o nosso ódio e nos unir. Como resultado, a perseguição de nossa nação não parou desde então. “Quando Israel é ‘como um homem com um coração’, eles são como uma muralha fortificada contra as forças do mal”, declarou o livro Shem MiShmuel. Mas quando foi a última vez que fomos “como um só homem com um coração”?

Subimos e Caímos pelo Poder da Nossa União

De acordo com o Rav Kook, “O propósito de Israel é unir o mundo inteiro em uma única família” (Sussurra-Me o Segredo da Existência). Quando um homem pediu ao Velho Hillel para ensiná-lo a Torá, o sábio respondeu: “aquilo que você odeia, não faça ao seu próximo; essa é a totalidade da Torá “(Talmude Babilônico, Shabbat, 31a). Assim como explicitamente afirmou o Rabino Akiva: “Ama o próximo como a ti mesmo é a grande regra da Torá” (Talmude de Jerusalém, Nedarim, capítulo 9, p 30B).

Semelhante a esses gigantes, o livro Shem MiShmuel escreve: “A intenção da criação foi para que todos se tornem um feixe…, mas por causa do pecado [inclinação ao mal/egoísmo], a matéria foi corrompida até o ponto onde mesmo o melhor nessas gerações não poderia se unir. A correção dessa matéria começou na geração da Babilônia, quando Abraão e seus descendentes reuniram pessoas em uma Assembleia conjunta. …Assim, o assunto continuou e cresceu até que a congregação de Israel fosse feita. Mas o fim da correção virá quando todo mundo se tornar um feixe”.

Israel se tornou uma nação quando todos os seus membros se comprometeram em se unir “como um homem com um coração.” Imediatamente depois, Israel foi ordenado a ser “uma luz para as nações”, para transmitir essa unidade sólida. Por essa razão, quando estamos unidos, há mérito para a nossa existência como uma nação. Quando estamos separados, não há justificativa para a nossa existência como nação, porque não podemos ser “uma luz para as nações”. Em consequência, as nações recuperam a terra e dispersam os judeus, que não são fiéis à sua vocação. É por isso que o livro Maor VaShemesh afirma, “A defesa principal contra a calamidade é o amor e a união. Quando há amor, união e amizade dentro de Israel, nenhuma calamidade pode vir sobre eles.

Nosso Destino Está em Nossas Mãos

Em seu livro, A Arte de Amar, o renomado psicanalista e sociólogo Erich Fromm escreveu, ” O homem — de todas as idades e culturas — é confrontado com a solução de uma única pergunta: a questão de como superar a separação, como alcançar a união”. Além disso, Fromm salienta, quanto mais a humanidade “se separa do mundo natural, mais intensa se torna a necessidade de encontrar novas formas de escapar da separação”.

Na verdade, a sociedade de hoje é tão narcisista que dezenas de milhares de pessoas sofrem overdose a cada ano como resultado da solidão. O neurocientista Marc Lewis candidamente sintetizou o veneno da humanidade com o título de sua peça sóbria, “Por que tantas pessoas morrem de overdose de opiáceos? É a nossa sociedade quebrada”.

O Livro do Zohar descreve muito claramente no famoso Tikkun no.30 que quando Israel não está unido, eles “trazem a pobreza, a ruína, e o roubo, o saque, a matança e destruições no mundo”. Em outras palavras, não devemos ficar surpresos quando a humanidade culpa os judeus por suas aflições. Em seu ensaio seminal, “Garantia Mútua”, Rav Ashlag escreveu: “Recai sobre a nação israelense qualificar a si mesma e todas as pessoas do mundo a se desenvolver até que elas tomam sobre si esse trabalho sublime do amor ao próximo, que é a escada para o propósito da criação”. Por quê? Porque, continua Ashlag, a nação israelense foi formada como “uma espécie de portal pelo qual as centelhas de amor ao próximo brilhariam sobre toda a raça humana no mundo inteiro”.

Mesmo que as pessoas não estejam conscientes de que os judeus têm sido formados como um portal para o futuro melhor da humanidade, esse sentimento intuitivo dita seus pensamentos e ações. Essa expectativa latente faz com que os acadêmicos, como o jornalista e historiador britânico Paul Johnson, escrevam: “Em uma fase muito precoce em sua existência coletiva, os judeus acreditavam ter detectado um esquema divino para a raça humana, da qual a sua própria sociedade era para ser um piloto”. Essa expectativa também faz com que antissemitas cubram o lugar do Memorial do Holocausto com faixas carregando a inscrição, “Heebs [Hebreus] não vão dividir-nos.”

Na verdade, nós subimos e caímos pela nossa vontade de ser uma luz de união para as nações. Como resultado, somos a única nação cujo destino está em suas próprias mãos. Se decidirmos “tomar sobre nós o trabalho sublime do amor ao próximo” e, assim, tornar-se “uma luz para as nações”, a nossa soberania, prosperidade e paz em Israel estão garantidos. Mas se entregarmos as rédeas aos nossos egos egoístas como temos feito nos últimos dois milênios, é provável que vejamos mais uma rodada de ruína na terra de Israel. A menos que acordemos em breve para a nossa tarefa, subamos acima de nossos egos e nos unamos, mas pode ser tarde demais.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Judaísmo Americano: No Caminho Da Autodestruição

A história repetidamente mostra que abusamos e condenamos ao ostracismo o nosso próprio povo, apesar da prova ocular de que a nossa divisão é a causa da nossa ruína.

A Sinagoga Conservadora B’nai Jeshurun em Manhattan. (foto:WIKIMIDEIA COMMONS CC BY SA AMERICASROOF)

A Sinagoga Conservadora B’nai Jeshurun em Manhattan. (foto:WIKIMIDEIA COMMONS CC BY SA AMERICASROOF)

As Três Semanas – o período entre o dia 17 de Tammuz, quando os romanos quebraram os muros de Jerusalém e entraram na cidade que havia sido devastada desde dentro, e o dia 9 de Av, quando os conquistadores destruíram o Templo – nos lembram que o terrorismo palestino, por mais doloroso que seja, não é a maior ameaça para o Estado de Israel. Em vez disso, nosso ódio por nossos correligionários é muito mais perigoso para o judaísmo mundial e o estado-nação dos judeus, ou seja, Israel.

Enquanto as legiões romanas acamparam fora das muralhas da cidade, os judeus dentro de Jerusalém se abateram sem misericórdia. ”Os comandantes romanos consideraram essa insubordinação entre [os judeus em Jerusalém] como uma grande vantagem para eles”, escreveu Josephus Flavius ​​na Guerras dos Judeus (Livro IV, Capítulo 6). Vespasiano, que supervisionou a supressão da rebelião judaica, escreveu aos seus comandantes em solo: “A providência de Deus está do nosso lado, colocando nossos inimigos uns contra os outros. … Deus atua como um general dos romanos melhor do que eu, e está nos dando os judeus sem qualquer dano de nossa parte [através de sua própria insubordinação] …”.

“Os judeus são despedaçados todos os dias por suas guerras civis e dissensões”, escreveu Flavius, ele próprio um judeu que se voltou contra seu próprio povo. ”Eu me arrisco a afirmar”, conclui Flavius ​​(Livro V, Capítulo 6), “que a rebelião destruiu a cidade, e os romanos destruíram a rebelião. Assim, podemos atribuir justamente nossas desgraças ao nosso próprio povo”.

Ao longo da história, nossos inimigos mais formidáveis ​​sentiram que, perseguindo os judeus, estavam executando o mandamento de Deus. Josephus Flavius escreveu que os judeus “perderam completamente a misericórdia entre eles” e “pisotearam todas as leis dos homens e riram das leis de Deus” (As Guerras dos Judeus, Livro IV, Capítulo 6).

Da mesma forma, de acordo com o historiador e rabino reformador Jacob Rader Marcus, no momento de assinar o decreto para expulsar os judeus da Espanha, a rainha Isabella disse aos representantes dos judeus: “‘O coração do rei é como canais de água na mão do Senhor; Ele o gira para onde quer que Ele deseje’ (Provérbios, 21:01). Vocês acreditam que isso recai sobre vocês de nós? O Senhor colocou essa coisa no coração do rei”.

O arqui-inimigo do povo judeu, Adolf Hitler, também sentiu que estava fazendo a vontade de Deus. Em Mein Kampf, ele escreveu: “A Natureza Eterna inexoravelmente vinga a violação de seus comandos. Por isso, hoje creio que estou agindo de acordo com a vontade do Criador Todo-Poderoso: defendendo-me contra o judeu, estou lutando pela obra do Senhor”.

A nação judaica foi estabelecida ao pé do Monte Sinai quando seus membros se comprometeram a se unir “como um homem com um só coração”. Imediatamente depois, os judeus foram ordenados a ser “uma luz para as nações”, ou seja, espalhar essa unidade em todo o mundo. Rav Kook resumiu sucintamente o papel do povo judeu: “O propósito de Israel é unir o mundo em uma única família”.

Esse compromisso é o motivo pelo qual o precedente de cada grande devastação que aconteceu com os judeus foi um período de intensa rejeição do nosso compromisso um com o outro e com o mundo. Em vez de se esforçar para se tornar um modelo de unidade, criamos o ódio mútuo e a divisão. Quando nosso desejo de sair da nossa vocação se traduz no desejo de se misturar entre as nações e dissolver a nossa identidade judaica, isso desencadeia uma intensa rejeição entre as nações, que interpretamos como um antissemitismo.

O judaísmo americano de hoje está passando pelo mesmo processo de negação de sua herança e vocação. Se esse processo continuar, ele trará consigo as mesmas consequências terríveis que a nossa nação experimentou inúmeras vezes. Em 16 de julho, Emma Green do The Atlantic publicou um ensaio fascinante detalhando as abordagens entre os judeus quanto aos casamentos inter-religiosos. O ensaio expôs a profundidade do abismo que aflige os judeus americanos e o crescente desrespeito pelo nosso patrimônio. Nas palavras do rabino Shmuly Yanklowitz, “Em última análise, estamos nos dirigindo para uma das maiores divisões da história do povo judeu”.

“O que algumas pessoas temem, em ambos os lados do debate entre casais”, acrescenta Green, “é que os judeus não serão mais um só povo, mas sim dois povos reconhecidos de acordo com padrões radicalmente diferentes”.

A rabina Felicia Sol da sinagoga conservadora de B’nai Jeshurun ​​ecoou as palavras de Green: “Podemos perder uma geração, senão o futuro da vida judaica”.

Mas os judeus americanos não vão desaparecer. Como sempre acontece, antes que os judeus se dissolvam completamente dentro de sua nação anfitriã, as mesas se ativam e a hospitalidade se torna hostilidade. Na Espanha, bem como na Alemanha, os judeus não viram seu fim se aproximando.

Eles eram muito complacentes para notar sua abordagem. Quando acordaram, era muito tarde.

Independentemente dos nossos desejos, os judeus nunca fazem parte da cultura local. Eles sempre são e sempre serão mantidos em um padrão mais elevado do que todas as outras nações, conforme indicado pelas repetidas condenações do Estado judeu nas Nações Unidas.

Os judeus sempre serão acusados ​​de todos os erros no mundo, não porque sejam malfeitores, mas porque não são benfeitores. Isto é, eles não estão trazendo a “luz” da unidade para as nações. É por isso que em Sefat Emet está escrito: “Tudo depende dos filhos de Israel. Ao se corrigirem, toda a Criação os segue”.

Nós somos verdadeiramente judeus apenas quando colocamos o princípio “Ama o teu próximo como a ti mesmo” acima de tudo. Quando abandonamos essa mentalidade, começamos a brigar sobre quem é o melhor judeu, e a partir deste ponto, estamos certos de acabar em uma condenação. Especialmente hoje, nosso dever como judeus é o de nutrir nossa unidade acima de todas as diferenças porque, como os romanos notaram, nossa força está em nossa unidade. Enquanto toleramos a separação entre nós, estamos acelerando a chegada de outra ruína ao nosso povo.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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Quem é o Soberano no Monte do Templo?

Esta terça-feira, marcamos o 9 de Av, quando o Templo foi destruído. O Templo representa nossa união. Quando restaurarmos nossa união, não precisaremos de tijolos para provar que nosso lugar é aqui em Israel.

O MONTE DO TEMPLO em Jerusalém, o local de um ataque mortal na semana passada. (foto:REUTERS)

O MONTE DO TEMPLO em Jerusalém, o local de um ataque mortal na semana passada. (foto:REUTERS)

Não é segredo que a campanha de gordurosa campanha árabe nos media e os protestos “populares” organizados contra a colocação de detectores de metais nas entradas para o Monte do Templo nada têm a ver com medidas de segurança. Da perspectiva do Wakf (a organização islâmica que controla e gere o Monte do Templo) e do resto do mundo árabe, a resistência aos detectores representa a resistência à soberania de Israel no Monte do Templo em particular, na cidade de Jerusalém e em toda a Israel. Quanto mais esta campanha durar, mais os árabes ganharão o favor do mundo e Israel será cada vez mais vista como o fanfarrão do bairro.

No presente, quase ninguém se lembra que detectores foram colocados nas entradas por causa dos três terroristas que abriram fogo sobre a polícia israelense, matando dois agentes e ferindo um terceiro. Tudo aquilo que todos vêem agora é que Israel não deixa os muçulmanos rezarem no seu lugar sagrado, quando de facto, as únicas pessoas que mantêm os adoradores no exterior do Monte do Templo são o Wakf, que dizem aos adoradores para não entrarem em protesto à colocação dos detectores.

O Templo – a União de Israel

Não só o Wakf contesta a autoridade de Israel no Monte do Templo. As resoluções da UNESCO que negam a história judaica no Monte do Templo, Jerusalém e a Gruta dos Patriarcas em Hebron representam a visão do mundo inteiro de que nós não pertencemos aqui. Se a ONU votasse hoje sobre o estabelecimento de um estado judeu, quem votaria “Sim”? Provavelmente nem a América.

Para ser soberano na terra de Israel e em particular no Monte do Templo, é necessário entender o que o Templo representa e viver sua vida respectivamente. Está escrito no livro Nétzách Israel (Capítulo 4), “A Casa foi arruinada devido ao ódio infundado, pois seus corações se dividiram e eles foram indignos de um Templo, que é a união de Israel.”

Se reflectirmos honestamente sobre nossa sociedade, sobre aquilo que projectamos para o mundo, está claro que estamos profundamente divididos e projectamos desunião e desacordo para todo o lado. O Maharal de Praga escreve em Chidushei Avot (Gitin 55b): “O Templo deve ser a inteireza do mundo inteiro, não exclusivamente de Israel. …Uma vez que o Templo é a inteireza do mundo inteiro, as nações incluídas, ele não foi arruinado pelas nações, mas somente pelo ódio infundado e divisão, quando Israel se dividiram.”

Por outras palavras, o Templo não pertence a uma nação ou a uma fé, ele representa a unificação do mundo. Portanto, somente aqueles que advogam e executam a união merecem estar lá. A palavra hebraica Yehudi (judeu) vem da palavra Yichudi, ou seja unido (Yaarot Devash, Parte 2, Drush nº 2). Quando nós, judeus, nos unimos “como um homem com um coração,” essa foi a primeira e única vez na história que pessoas de clãs diferentes e frequentemente rivais de toda a Babilónia e do Oriente Próximo se uniram e fundiram uma nação. Como resultado, imediatamente depois do estabelecimento de nosso povo, nos foi ordenado sermos “uma luz para as nações,” para levarmos nosso método de união para o resto da humanidade.

O livro Sefat Emet (Shemot, Yitro) descreve o que significa ser “uma luz para as nações”: “Os filhos de Israel são fiadores no sentido que eles receberam a Torá [a luz da união] em prol de corrigirem o mundo inteiro.” Mas se eles não estão unidos e portanto não projectam união para o resto do mundo, podemos verdadeiramente nos considerar os “filhos de Israel”? E se não somos verdadeiramente os filhos de Israel, unidos como é suposto estarem os filhos de Israel, podemos reivindicar a soberania da terra?

A Sedição Conquistou a Cidade e os Romanos Conquistaram a Sedição

O historiador judaico-romano Flávio Josefo viveu no tempo da ruína e testemunhou muitos dos eventos em primeira mão. Ele escreveu muito claramente sobre as causas da ruína do Templo e do exílio (As Guerras dos Judeus, Livro IV, Capítulo 6): “A sedição [entre os judeus] conquistou a cidade e os romanos conquistaram a sedição.” Nos dias do Templo, detalha Flávio, “O atributo que os [judeus] mais carecia era a misericórdia. …Eles transferiram sua ira dos vivos para os mortos e dos mortos para os vivos [do seu próprio povo]. O terror era tão grande que os sobreviventes chamaram aos mortos de ‘felizes’, pois eles já estavam no descanso. … Estes homens atropelaram todas as leis dos homens [amor pelos outros] e ridicularizaram as palavras dos profetas. Todavia, estes profetas pressagiam … que a cidade deve ser tomada e o santuário queimado pela guerra quando a sedição invadir os judeus e sua própria terra deve poluir o Templo. Agora estes fanáticos … fizeram de si mesmos instrumentos da concretização [das profecias].”

Quando você pensa no presente ódio entre os dois lados do mapa político de Israel, ou entre os dois lados do mapa político entre os judeus americanos, as similaridades quanto à inimizade entre nossos antepassados são demasiado chocantes para ignorar. “No fim do período do Segundo Templo,” está escrito no livro Uma Carta de Elias (Parte 3), “conflito e ódio se intensificaram em Israel e o orgulho foi a raiz do desejo de dominação absoluta. Isto os trouxe para o ódio pelos seus semelhantes até que não conseguissem suportar a própria existência de uns e outros. Dessa raiz do orgulho também surgiu a audácia de pecar descaradamente, pois eles não percepcionavam a contradição entre suas acções e suas visões e sua consciência não os fez ocultarem suas acções. E se eles não se preocupavam com o conflito entre suas visões e suas acções, então eles são considerados “todos pecam.” Estas são as coisas que causaram a ruína da Casa.”

Uma Terra sem um Soberano

Hoje, temos um estado e aparentemente temos soberania. Mas o nome, “O Estado de Israel,” ainda é desprovido de conteúdo. Nossa intolerância de uns pelos outros, nosso desdém para com nosso próprio povo está atingir máximos. Se não percebermos que estamos a repetir o mesmo crime de ódio infundado que cometemos há dois milénios atrás, seremos banidos desta terra de novo até que estejamos prontos para nos unir acima de nossas diferenças tal como nossos antepassados fizeram no deserto.

Esta noite de segunda-feira, marcaremos o nove de Av, a data em que o Templo foi destruído. Mas ele foi destruído nos nossos corações muito antes dos tijolos terem sido incendiados. Com estas palavras atractivas o Chida descreve esta ruína interior (Devarim Achadim, Tratado nº 6): “O que podemos dizer quando nos arrependemos todo o dia da ruína da Casa e da [ausência da] redenção? …Toda ela foi arruinada por causa do ódio infundado e se estamos agora desunidos e há ódio infundado, como pode ser construída a Casa, uma vez que a causa da ruína não cessou de nós? Como podemos dizer que esperamos Tua salvação o dia inteiro enquanto ainda há ódio infundado no meio de nós? Ai, como pode o homem praticar boas acções enquanto sua impureza de ódio sem razão ainda está nele?”

Para sermos os senhorios da terra de Israel, nos devemos tornar uma vez mais o povo de Israel, Yehudim [judeus] da palavra, Yihudi [unidos]. A menos que reconstruamos nossa união e assumamos de novo nosso compromisso de sermos um farol de união para as nações, o mundo não apoiará nossa estadia aqui e seremos expulsos uma vez mais.

Soberania na terra de Israel não é como a soberania em qualquer outra terra, adquirida pela força militar. Esta terra não tem soberano, seus habitantes são pessoas que estão dispostas a se conectar, a se unirem acima do seu ódio, tal como nossos antepassados. Se conseguirmos aprender a lição dos horrores dos nossos antepassados e transcendermos nossos egos egoístas, merecemos permanecer aqui e o mundo inteiro nos apoiará. Mas se optarmos uma vez mais pela inimizade, então sofreremos a hostilidade do mundo inteiro, mas não antes de brigarmos uns com os outros de novo.

Para mais informação sobre antissemitismo e o papel do povo de Israel, por favor visite Por Que As Pessoas Odeiam Judeus.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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O Único Caminho para a Paz é a União Judaica

Tal como uma vez perdemos o Templo e nossa terra devido a nosso próprio ódio de uns pelos outros, devemos nos reunir se desejamos alguma paz e sossego.

Enquanto a crise do Monte do Templo continua, muitos estão preocupados que enfrentemos ainda outra rodada de violência e derramamento de sangue da qual ficamos tão cansados. Está na hora de fazer algumas questões muito profundas, para chegar à raiz da nossa incerteza existencial, pois, tal como um famoso judeu chamado Einstein uma vez disse, “Podemos somente solucionar este problema com um nível superior de pensamento.”

Nossa história não é facilmente entendida pela mente racional: Exilados numerosas vezes da nossa terra, dispersos entre todas as outras nações durante milénios, sobrevivendo a inumeráveis perseguições e a um muito enigmático e terrível holocausto, somente para regressar a nossa pátria uma vez mais e reconstruí-la de uma terra deserta num país próspero moderno. Até quando o estado de Israel foi declarado, uma guerra estalou. Cinco exércitos diferentes de países árabes circundantes atacaram o estado recém-nascido, que não tinha exército, nem recursos, apenas um grupo de refugiados que haviam escapado recentemente do maior genocídio na história, lutando pelas suas próprias vidas. Essa vitória contra todas as probabilidades foi uma de uma série de vitórias milagrosas que o estado israelita conseguiu concretizar contra seus atacantes, até este dia.

Mas essa magia está de novo a se dissipar. Estamos a caminho de outro grande exílio? Alguns dos nossos maiores sábios dizem que estamos. Rabi Yehuda Ashlag escreveu que “nossa inteira realidade no Estado de Israel está em perigo… poucos serão capazes de suportar as dificuldades de nossa terra ao passo embora tenham a opção de imigrar… Gradualmente, eles vão escapar deste sofrimento até que a população que sobrar não seja suficiente para lhe chamar um estado independente e eles serão, D’us nos livre, imersos entre os árabes” (Escritos da Última Geração).

Tal desfecho desfavorável é certamente possível, a menos que despertemos para a verdadeira causalidade por detrás deste efeito de boomerangue, em que os judeus são tanto enigmaticamente perseguidos bem como milagrosamente salvos. Nossos males e nossos triunfos estão igualmente além do entendimento. O que pode explicar um conto tão irracional? Qual é a verdadeira razão por detrás da nossa peculiaridade?

O Enigma dos Judeus

Muitos ponderaram o enigma dos judeus. Liev Tolstoi, por exemplo, escreveu sobre eles:

“O que é o judeu? … Que tipo de criatura única é esta a quem todos os governantes de todas as nações do mundo desgraçaram e esmagaram e expulsaram e destruiram, perseguiram, queimaram e afogaram e que, apesar de sua ira e sua fúria, continua a viver e a prosperar?”

A resposta é que nós somos um povo com um propósito superior. Como Rabi Yehuda Ashlag escreve: “O judaísmo deve dar algo de novo às nações e é isso que elas esperam do retorno do povo de Israel à sua terra e isso não pode ser achado em outras sabedorias, pois nós nunca fomos capazes de acrescentar a essas não somos seus estudantes. É a sabedoria da fé, justiça e paz que a maioria das nações aprende de nós e esta sabedoria é atribuída exclusivamente a nós” (Escritos da Última Geração).

Certamente esta não é uma nação vulgar, mas uma que transporta um grande papel e responsabilidade. Embora o evitemos e o recalquemos, as nações do mundo ainda nos responsabilizam, directa ou indirectamente. A sabedoria de como alcançar a verdadeira harmonia e paz existe dentro de nós e ela espera que nós nos lembremos dela e a usemos para o bem de todos. Quando nos unimos entre nós e avançamos para nosso propósito superior nosso destino sorri sobre nós, mas quando nos demoramos, enfrentamos pressões que sinalizam para nós que nos desviámos.

A última vez em que o Monte do Templo nos pertenceu foi há cerca de 2000 anos atrás, quando o perdemos bem como nossa posse da terra de Israel por causa da separação e ódio que existiam nos nossos corações. Para ganharmos de novo nossa segurança e força é a isto que devemos atender. Medidas políticas e de segurança nunca serão suficientes. Podemos somente solucionar este conflito e todos os outros, indo até à raiz de quem somos e do que há dentro de nós que todos esperam que realizemos.

Nosso papel é criar uma sociedade exemplar, onde “o amor cobre todos os crimes” (Provérbios 10:12), onde a conexão e contribuição são valorizadas acima da riqueza, poder e sucesso pessoal. Em vez de basearmos nossa sociedade nas leis do Mandato Britânico ou outros sistemas estrangeiros, precisamos de ser baseados nos valores de Israel que derivam da igualdade, amor e compaixão que estão nas nossas raízes. Não na sociedade dividida, desequilibrada e indiferente de hoje, mas numa verdadeira nação, unida pelo amor e preocupação recíproca, com uma responsabilidade de compartilhá-lo com o mundo inteiro.

Concretizar a Promessa

No seu discurso pela conclusão do Zohar, Rabi Yehuda Ashalg escreveu que a terra de Israel nos foi dada mas nós ainda não a recebemos, pois ela nos foi dada somente como oportunidade para regressarmos ao nosso propósito superior e reconstruirmos a infraestrutura não com edifícios de cimento, mas feita de amor e conexão entre nós. Esta oportunidade, explica ele, não tem validade ilimitada e o tempo está a terminar. A Israel foi dada a chance de alcançar sua meta e o mundo louvou e apoiou-o durante um tempo. Contudo, desde 1967 o apoio internacional ao estado de Israel declinou drasticamente. Alcançamos um ponto em que a UNESCO determina que os mais sagrados dos locais judaicos de Israel, tais como o Kotel e a Gruta dos Patriarcas, sendo lugares de herança Palestiniana. Se a própria existência de Israel fosse hoje trazida a voto, há uma grande dúvida sobre se as nações do mundo a apoiariam.

Esta pressão não vai terminar até que nos aproximemos, até que vejamos realidade aparentemente irracional das nossas vidas e entendamos que a solução é também invulgar. Quando estamos conectados juntos, temos sucesso. Quando nos esquecemos de quem somos e caímos para a separação e ódio, nossos inimigos caem sobre nós. Nossa união é nossa força e quando o amor de Israel for reanimado entre nós, acima de todas as diferenças, nenhum inimigo nos conseguirá magoar e descobriremos que a estrada para a paz está aberta.

Como está escrito “Quando há amor, união e amizade entre uns e outros de Israel, nenhuma calamidade pode chegar sobre eles” (do livro Maor VaShemesh).

Publicado originalmente no United With Israel

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Como o Facebook Pode Realmente “Aproximar Mais o Mundo”

UMA CARTA ABERTA E PROPOSTA PARA MARK ZUCKERBERG

Caro Mark,

Sua nova missão para o Facebook, “aproximar mais o mundo,” são boas novidades para se escutar. Isso indica a perspectiva significativa que você obteve quanto ao estado doente do nosso mundo e aquilo que ele necessita para se curar. Apesar das alarmantes crescentes divisões na sociedade humana, eu não vejo muitos players influentes que visem responder ao problema no seu núcleo e direccionarem suas energias e recursos para aproximarem as pessoas.

Como alguém que dedicou os últimos 40 anos à pesquisa e prática da fomentação das conexões humanas, estou certo que este é o futuro inevitável do mundo. Minha experiência diária em promover comunidades conectadas de pessoas de todas as religiões e etnias do mundo me provou que o único modo de construir um mundo melhor é desbloquear a capacidade natural humana para a união acima das diferenças.

Então, quando alguém como você, que lidera uma grande porção da infraestrutura virtual da humanidade, declara a aproximação das pessoas como missão para a próxima década, isso me dá esperança que podemos ser capazes de orientar o mundo para a união com menos caos e sofrimento que aquele que seria inversamente esperado. É por isso que me sinto obrigado em lhe oferecer minha perspectiva quanto à capacidade humana natural para a conexão e para onde o mundo se dirige em esse respeito.

O MUNDO ESTÁ A MUDAR DE CURSO

Sua observação de que os desafios do mundo são globais por natureza e não podem ser atendidos por um único líder, país, ou estrutura vertical, está correcta. E isso é somente a ponta do icebergue. Nós avançamos para um ponto de viragem perigoso na nossa evolução social: As presentes estruturas de poder gradualmente se desmoronam ante nossos olhos, enquanto novas ainda não estão no seu lugar.

Políticos perdem suas rédeas enquanto se tornam cada vez mais desconexos do seu povo. Num mundo interdependente, a política da actualidade se torna um jogo ultrapassado, pois ela necessita que seus jogadores continuamente se submerjam em lutas de poder egoístas para manter o domínio. Esse é um meio ambiente que simplesmente é desadequado para salvaguardar os interesses do público, independentemente de quem são os líderes. Em muitos países, as pessoas vêem uma imagem mais ampla e pragmática da realidade que sua liderança política e estão a começar a levantar seus olhares para cima.

Em paralelo, as presentes fundações da sócio-economia tremem enquanto a automação e inteligência artificial se espalham pela força laboral. Como você bem sabe, os trabalhos num futuro próximo são incertos e alguma forma de rendimento básico universal é provável de se tornar uma necessidade. Com isto, profundas mudanças são esperadas em relação às noções de “trabalho,” estrutura de classes sociais e etos colectivo da cultura ocidental.

Sob o capuz, a economia e política são meras reflexões das relações humanas. Elas representam aquilo que nós damos e recebemos da sociedade, como tomamos decisões e solucionamos problemas, como distribuimos responsabilidades e damos prioridade aos interesses colectivos. É o relacionamento entre seres humanos por todo o planeta que está na cúspide da evolução: Relações exploradoras e percepções egocêntricas estão a atingir a capacidade máxima; preocupação mútua e uma percepção mais holítica se formarão no mundo de amanhã.

UM GINÁSIO VIRTUAL PARA A CONSTRUÇÃO DE COMUNIDADES

Como afirmei sobre sua missão, devemos dar o poder às pessoas para construírem fortes comunidades. Para fazermos isso, teremos de fornecer o conhecimento e orientação sobre como continuamente fomentar e aumentar nossa capacidade para a conexão humana, adicionalmente a fornecer as ferramentas tecnológicas e infraestrutura que ajudem as pessoas a se organizarem.

Por exemplo, você mencionou a importância de ajudarmos as pessoas a acharem o terreno comum antes de elas abordarem suas diferenças ou visarem solucionar desafios comuns. Precisamos de estabelecer práticas de comunicação virtuais que encorajem isto. E tal como as pessoas se habituaram a pensar sobre quantos “curtis” elas receberam pelas suas publicações, elas se podem habituar a pensar quanto mais elas conseguiram conectar sua comunidade.

Observar nossa humanidade comum é muito como um músculo que precisa de ser treinado. A cultura de hoje está a tornar ese músculo dormente ao pressionar nossos impulsos egoístas primários e perpetuando a divisão. Portanto, os membros da comunidade devem rotineiramente trabalhar sobre o fortalecimento dos seus laços e manterem um clima social de conexões positivas saudáveis.

Para os assistir, eles também precisam de medições colectivas e feedback pelos seus esforços combinados para manterem um clima positivo. A Inteligência Artificial podia certamente ser utilizada para fazer um meio de comunidade virtual como facilitador das relações humanas saudáveis. Por outras palavras, ele seria um ginásio virtual para a construção de comunidades.

De uma perspectiva globa, tais comunidades de Facebook também poderiam servir como modelos para nos ajudarem a aprender como construirmos nossa sociedade futura. À medida que o mundo se torna mais interdependente, as pessoas terão de expandir seus círculos de preocupação. Mas pregar valores morais não funciona mais. Em vez disso, necessitamos de melhorar nossa sensibilidade social, ampliar nossa visão do mundo, entender melhor nossa natureza enquanto seres humanos e o mais importante, aprender como desbloquearmos nossa programação inerente para a conexão humana.

MINHA PROPOSTA

Eu proponho definir um programa piloto para a criação de uma comunidade virtual que activamente nutra conexões positivas. Seus membros podem ser pessoas diversas de todas as classes sociais que estivessem interessadas em participar em tal experimento social.

Embora possa haver um amplo raio de possibilidades consideradas para futura implementação, da minha experiência, estou certo que ao simplesmente seguir algumas linhas de orientação e práticas de comunicação, seriam vistos resultados positivos imediatos.

Como sei que você bem sabe, multiplos campos de pesquisa repetidamente demonstraram que as conexões sociais positivas nos tornam mais feilzes, saudáveis e melhores naquilo que fazemos. Eu projecto que dentro de uma questão de meses, participantes em tal programa piloto experimentariam semelhantes efeitos positivos de um modo perceptível, que poderíamos medir empiricamente.

Caso esteja interessado, ficarei mais que feliz em colaborar na concepção de tal programa piloto e compartilhar a experiência que reuni durante muitos anos, construindo uma rede tanto de comunidades físicas como virtuais compostas de pessoas de todas as áreas da vida.

Atenciosamente,

Michael Laitman.

Publicado originalmente no Kabbalah.Info

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Quando a Marcha de Chicago Dyke Bane Uma Bandeira de Orgulho Judia, os Judeus Devem Sentir-se Inseguros

Quando uma marcha que defende a inclusão como seu lema exclui os judeus, não há mal entendido, é um sinal de perigo.

Bandeira de orgulho LBTQ judia

Participante com a bandeira de orgulho judia caminha pela Parada de Tel Aviv 2017. (foto:BECKY BROTHMAN)

Durante a Marcha de Chicago Dyke 2017 do mês passado, a verdadeira face da “inclusão” entre “progressistas” finalmente veio à superfície. Segundo o jornal oriundo de Chicago Windy City Times, a marcha decorreu calmamente com pessoas “de todas as raças e identidades de gênero” presentes, até que “o Colectivo da Marcha Dyke expulsou três pessoas que transportavam bandeiras de orgulho judias (uma bandeira arco-iris com uma estrela de Davi no centro).”

“Era uma bandeira da minha congregação que celebra minha identidade judia gay, que tenho feito há mais de uma década de marcha na Marcha Dyke com a mesma bandeira,” falou a participante expulsa Laurel Grauer para o Windy City Times.

O jornal também relata que “um membro do colectivo da Marcha Dyke falou quando questionado pelo Windy City Times, que foi dito às mulheres que fossem embora pois as bandeiras ‘faziam as pessoas se sentirem inseguras,’ que a marcha era ‘anti-sionista’ e ‘pro-palestiniana.'” Lá se vai a inclusão.

Eleanor Shoshany Anderson, outra das participantes expulsas, lamentou, “Senti que, enquanto judia, não sou bem-vinda aqui.” Ela está certa, os judeus não são bem-vindos entre os progressistas, liberalistas e esquerdistas. Num futuro próximo, isto se tornará cada vez mais perceptível e por uma razão muito boa.

O “Estranho” Entre as Nações

O antissemitismo não aparece do nada. Ele persegue nossa nação desde sua origem e está directamente conectado à nossa vocação comum.

Bem desde o início, nossa nação tem sido um “estranho” entre as nações. De facto, não só fomos estranhos, mas habitualmente em desacordo com aqueles que nos rodeavam, frequentemente com as pessoas mais próximas de nós. Abraão discordou com seu pai, que fez com que fosse julgado e condenado à morte por Nimrod, Rei da Babilónia. Isaac e Jacób estavam em desacordo com seus irmãos e José estava em desacordo com sua família, mas principalmente em desacordo com o resto da nação.

Depois da nação ser estabelecida, seus membros ainda assim frequentemente estavam em desacordo uns com os outros, mas também então em desacordo com o mundo inteiro. Onde quer que fossemos, nossos anfitriões nos odiaram, nos atormentaram e finalmente nos expulsaram, senão nos exterminaram por completo. Até em países que inicialmente nos acolhiam no seu meio acabaram por impiedosamente nos expulsar.

Hoje, o ódio para o povo judeu e seu estado nação, Israel, uma vez mais está a aumentar. Se, até hoje, os judeus do lado esquerdo do mapa político podiam dizer para si mesmos que suas visões progressistas e apoio dos inimigos de Israel os poupariam do duro criticismo jogado contra o estado judeu, espero que o evento da Marcha de Chicago Dyke seja o começo do entendimento de que o inteiro povo judeu está hoje em perigo.

Como começou o Judaísmo e Como Sua Queda Criou o Antissemitismo

Quando Abraão, o inquisidor filho mais velho de um estimado fabricante de estatuetas de Ur dos Caldeus, na Babilónia, que ocasionalmente ficava no lugar do seu pai na loja, reparou que o povo de Ur cada vez mais estava infeliz, isso o incomodou. Segundo várias fontes tais como o Mishnê Torá de Maimónides e o Midrash Rába, Abraão começou a caminhar pela cidade e pelo país tentando entender por que as pessoas eram tão miseráveis.

Passadas muitas noites sem dormir e muitos dias a observar a natureza, ele entendera que toda a realidade mantém sua estabilidade através do equilibrio de dois elementos opostos: dar e receber, altruísmo e egoísmo. Mas aquilo que se aplicava a toda a realdiade, não se aplicava aos humanos. As pessoas, assim aprendera ele, são egoístas até ao núcleo. Alguns séculos mais tarde, Moisés capturou a essência das perspectivas de Abraão em relação à natureza humana através de versículos tais como “A inclinação no coração do homem é má desde sua juventude” (Génesis 8:21), “Pecado rasteja à porta” (Génesis 4:7) e “Grande é o mal do homem na terra; toda a inclinação do pensamento do seu coração é somente mal o dia inteiro” (Génesis 6:5).

Abraão não guardou suas descobertas para si mesmo. Assim que ele se apercebera do egoísmo da natureza humana, ele começou a desenvolver um método de correcção que permitisse às pessoas se elevarem acima do seu ódio e portanto instalarem o elemento positivo que existe em todo o lado excepto entre os humanos. Segundo Maimónides, o Rei Nimrod perseguiu e finalmente expulsou Abraão da Babilonia precisamente porque ele desejava compartilhar suas ideias, que pareciam ameaçar a hegemonia do rei. Todavia, enquanto abraão deambulava para aquilo que se iria tornar a Terra de Israel, ele escreveu livros sobre seu método e ele e Sara ensinaram a toda a pessoa que quisesse aprender o método da união.

Embora Abraão pretendesse compartilhar seu método com todos os Babilónios, porque ele fora expulso de sua pátria, ele teve de contentar por ensinar somente aqueles que o seguiram, deixando o resto daquilo que agora chamamos “o berço da civilização” a chafurdar no egocentrismo e ódio até que seu império se desmoronasse e eles se dispersassem.

O livro Pirkei de Rabi Eliezer (Capítulo 24) descreve a situação na Babilónia através da sua descrição da alienação entre os construtores da Torre de Babel. “Se um homem caisse e morresse, eles não lhe prestariam qualquer atenção,” está escrito no livro. “Mas se um tijolo caisse, eles se sentariam e lamentariam, ‘Ai de nós; quando tomará outro o seu lugar?'” Enquanto sua alienação cresceu até ao ódio, eles “queriam falar um com o outro mas não conheciam a língua um do outro. O que fizeram eles? Cada um pegou na sua espada e lutaram uns contra os outros até à morte. Certamente, metade do mundo ali morreu e de lá se dispersaram por todo o mundo.”

Está escrito no Mishnê Torá que Abraão legou seu conhecimento aos seus discípulos e ao seu filho, Isaac, que então o legou a Jacób. Jacób, por sua vez, ensinou a seu filho, José, que desejou unir seus irmãos. Apesar da rejeição inicial que ele sofrera de seus irmãos, José eventualmente os uniu ao seu redor e eles prosperaram na terra do Egipto.

Todavia, quando José morreu, os hebreus quiseram abandonar o método da correcção do ego e serem assimilados entre os Egípcios. “Quando morreu José,” está escrito no Midrash, Shemot Rába, disseram os hebreus, “Sejamos como os Egípcios. Porque eles assim fizeram, o Senhor transformou o amor que os Egípcios tinham por eles em ódio, como foi dito (Salmos 105), ‘Ele transformou seus corações para odiarem Seu povo, para abusarem dos Seus servos.'” A escravidão e perseguição dos hebreus no Egipto foi talvez o primeiro caso distinto de antissemitismo. Os eventos que se seguiram estão escritos na Torá e se tornaram o símbolo da luta do homem pela liberdade.

Contudo, inicialmente, os Egípcios deram a Israel o melhor da terra e tratamento de realeza. Então é vital nos lembrarmos que a perseguição dos judeus começou não porque os Egípcios subitamente se tornaram odiosos de judeus. Isso aconteceu porque os próprios judeus haviam começado a rejeitar o caminho da união e procuravam se tornar como o resto dos Egípcios: egoístas e egocêntricos.

Para triunfar sobre os Egípcios, Moisés não atiçou os hebreus para a revolta violenta. Tudo o que ele pediu a Faraó foi uma chance para estrem juntos, o povo inteiro. Assim que eles escaparam do Egipto, Moisés transformou os hebreus numa nação pelo seu juramento de se unirem “como um homem com um coração.” E para se certificar que eles não se esqueciam que tinham de transmitir o método da correcção ao mundo inteiro, a recente nação hebraica imediatamente foi encarregue de ser “uma luz para as nações.”

Desde esse dia, o mundo tem sido ambivalente para a nação judia. Somos sempre elevados a um padrão superior em relação resto do mundo. Ao mesmo tempo, somos acusados de todo o golpe que atinja as nações. Aquilo que chamamos de antissemitismo é na realidade a acusação das nações de que não estamos a levar a cabo nossa vocação de mostrar ao mundo o caminho para a união. Evitando-o, estamos a fazer com que eles continuem a se odiar uns aos outros, ódio é a origem de toda a dor e sofrimento desde o começo dos tempos.

No passado fim-de-semana, outro acto antissemita nos lembrou da natureza da culpa das nações quando vandalos cobriram um local de memória do holocausto com um lençol que continha a inscrição, “Hebreus não nos dividirão.”

O mais notável antissemita da história americana, Henry Ford, reconheceu o papel dos judeus para a sociedade no seu livro O Judeu Internacional – O Principal Problema do Mundo: “Não está esquecido que certas promessas lhes foram feitas em relação a sua posição no mundo e é dito que estas profecias serão concretizadas. O futuro do judeu está intimamente conectdo ao futuro deste planeta.”

Depois do seu compromisso para a união e a concepção da nação, os judeus experimentaram numerosos conflitos e reconciliações. Porém, todos eles fizeram parte da aprendizagem para equilibrar o ego com o altruísmo. Está escrito no Livro do Zohar sobre isso (porção, Beshalach): “Todas as guerras da Torá são pela paz e pelo amor.” Este método é o motivo dos judeus terem concebido conceitos tão sublimes como a caridade, responsabilidade mútua e preocupação com o estranho muito antes que qualquer outra nação desenvolvesse qualquer tendência para a compaixão e consideração.

Até aproximadamente a ruína do Segundo Templo, nós (mais ou menos) nos seguramos ao método da correcção. Mas perto desse tempo, o ódio entre nós dominou a nação e nos separou na totalidade. Foi por isso que nossos sábios não apontaram para um inimigo externo como a causa de nosso exílio e destruição do Templo, mas para o ódio infundado entre nós.

Desde então, cada vez mais nos tornamos alienados e odiosos de uns pelos outros e até hoje o mundo não nos consegue suportar. Enquanto indivíduos, as pessoas podem não desgostar dos judeus. Há pessoas decentes entre nós tal como há pessoas decentes em todo o lado. Mas enquanto nação, o claro contraste entre a união que é suposto projectarmos e a abominação de uns pelos outros que projectamos de facto é a causa do ódio das nações pela nação judia e pelo estado judeu.

Até Adolf Hitler não odiava todos os judeus. Seu comandante companheiro durante a Primeira Guerra Mundial era um judeu chamado Ernest Hess e Hitler instruiu Himmler para o proteger. Como resultado, em 27 de Agosto de 1941, Himmler instruiu à polícia secreta para conceder a Hess “o alívio e a protecção segundo os desejos do Fuhrer.” Todavia, isto não ajudou os judeus enquanto nação ou semelhante assim que Hitler determinara executar a Solução Final.

Procurando uma Sociedade Unida

Em busca de um remédio para os males da sociedade, a humanidade adoptou quase toda a ideologia e toda a forma de governo. Todavia, todas falharam pois em prol da sociedade manter sua estabilidade, primeiro devemos equilibrar nosso egoísmo com a união. Até alcançarmos isto, eventualmente o ego sempre vai dominar e toda a forma de governo e ideologia estão destinados a declinar para o fascismo ou nazismo, ou para ambos.

Agudamente consciente dos defeitos da sociedade, Henry Ford procurou respostas nos judeus. Quando ele não as conseguiu achar no judaísmo dos tempos modernos, ele procurou e as encontrou no nosso passado. “Os reformistas modernos, que constróem os sistemas sociais exemplares, fariam bem em olhar para o sistema social sob o qual os primeiros judeus se organizavam,” escreveu ele. Ao mesmo tempo, ele detestava a judiaria americana moderna, que está cheia de divisão e egoísmo.

Por falta de união, as pessoas concebem todos os tipos de noções, tais como a interseccionalidade. Elas fazem marchas que celebram a inclusão, mas elas excluem os judeus delas porque a divisão entre os judeus é a razão pela qual elas não se conseguem suportar umas às outras em primeiro lugar. Subconscientemente, elas dizem para os judeus: “Deixem-nos e unam-se entre vocês! É isto que precisamos de vós!”

No seu livro Os Judeus na Alemanha de Weimar, Donald L. Niewyk escreve que em 1929, Dr. Kurt Fleischer, lider dos Liberalistas na Assembleia da Comunidade Judaica de Berlim, salientou a conexão entre o antissemitismo e a desunião judaica: “O antissemitismo é o flagelo que Deus nos enviou em prol de nos conduzir juntos e nos manter juntos,” salientou ele. Quão trágico é que os judeus nesse tempo não seguiram esta observação.

No despertar da disputa reacesa à volta das áreas de oração do Kotel [Muro das Lamentações], David Friedman, Embaixador Americano para Israel, fez um forte apelo pela união entre nós. Todavia, como notou Caroline Glick na sua coluna, “O verdadeiro problema aqui é que enquanto todos os envolvidos falam da necessidade da união judaica, nenhum dos envolvidos na conversa parece motivado para trabalhar para essa meta.”

Hoje, penso que devemos nos unir independentemente. É claro que não estamos motivados. Como pode qualquer pessoa razoável querer se unir com uma pessoa que ela odeia? Porém, deve estar claro para nós que nosso ódio de uns pelos outros está a incitar o mundo contra nós.

Está escrito no Midrash Rába, “Esta nação, a paz mundial reside dentro dela” (Bereshit Rába, Capítulo 66). Mas se não há paz entre nós, como pode haver a paz no mundo? No seu livro Orot (Luzes), o Rav Kook escreveu, “A construção do mundo, que presentemente está desmoronado pelas terríveis tempestades de uma espada ensanguentada, requer a construção da nação israelita. A construção da nação e a revelação do seu espírito [de união] são uma e a mesma coisa e são uma e a mesma coisa com a construção do mundo, que se desmorona em antecipação pela força da união completa e sublimidade.”

Certamente, não podemos dizer que não sabíamos: Nossa segurança e aceitação entre as nações dependem inteiramente da nossa voluntariedade para sermos uma luz de união para todas as nações.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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