Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
– O talento pessoal ou o nível de preparação do educador importa? Quem pode ser um educador e quem não deveria ser?
-Essa é uma pergunta muito importante. Primeiramente, o educador tem de ter sido educado de um jeito que lhe permita elevar-se acima dele mesmo e de qualquer uma de suas qualidades pessoais, isto é, ser o mais objetivo possível em sua interação com as crianças.
É claro que, a seus olhos, nenhuma das crianças deve ser boa ou ruim, atraente ou não. Vocês sabem muito bem como isso influencia nossas atitudes em relação às crianças. O educador não pode ver ninguém como inteligente ou imbecil. Ele deve tratar a todos somente do ponto de vista de seu desenvolvimento: como eu posso ajudá-los a ser moral, espiritual, física e, mais importante, socialmente saudáveis?
O educador deve ser grato às crianças, porque elas fazem com que ele se desenvolva. Elas lhe proporcionam um ambiente fértil para um trabalho constante sobre si mesmo, ele aperfeiçoa seu nível espiritual e se desenvolve junto com elas. Afinal de contas, trabalhar em si mesmo é uma atividade maravilhosa.
O educador deve travar discussões constantes com outros educadores e expandir continuamente seu conhecimento no método de educação integrada global. Ele tem de estar nesse sistema de ensino e autoestudo vinte e quatro horas por dia.
É muito importante para ele estar numa sociedade de educadores que se importa somente com isso, que o influencia e que se empenha constantemente em transformar cada criança em um ser humano, assim como ele. Ao mesmo tempo, essa sociedade deve influenciá-lo de modo a transformá-lo em um ser humano.
Isto é, ele deve ser uma pessoa que constantemente se desenvolve espiritual e moralmente e para quem o desenvolvimento espiritual é a meta da vida.
Em princípio, essa é a meta de sua existência; é a meta de todos, da sociedade humana inteira. Essa é a tarefa que a Natureza nos deu. Esse é o desafio que ela propôs a nossa geração. E o educador deve simplesmente fazer com que tudo isso aconteça na prática.
É claro que suas qualidades pessoais são importantes. Crianças precisam ter educadores com variedade de qualidades e expressões externas. As crianças devem perceber essas expressões vívida e tangivelmente e discerni-las, percebendo que os educadores não são um tipo de máquina. Em vez disso, os educadores devem ser indivíduos marcantes.
Em dado momento, nós começamos a misturar as crianças com os adultos, assim elas podem se adaptar aos adultos e não somente a seus companheiros. Em seguida, os educadores simplesmente se fundem com o meio ambiente externo e circundante.
Pelo menos uma ou duas vezes por semana nós deveríamos organizar eventos em que as crianças e os adultos se unam. Quando as crianças participam desses eventos juntamente com os adultos, elas começam a entendê-los melhor, a aceitá-los e veem que os adultos também as apoiam, dão lugar a elas, deixando que se expressem, assim como os adultos fazem entre os adultos.