Do livro “A Psicologia da Sociedade Integral”
− Os pais temem que uma criança que cresce nesse tipo de sociedade se torne excessivamente dependente da opinião dos outros e perca sua independência.
− Acho que isso é um absurdo. A maior força que fornece tudo no mundo é a força da Natureza. Se sou semelhante a ela, então não tenho nada a temer. Não serei fraco, nem estarei constantemente me protegendo, vivendo com medo e esperando um golpe. Esse tipo de vida realmente é pior que a morte. Pelo contrário, serei forte, independente, sensível, calmo e equilibrado.
Além disso, eu não consigo imaginar um pai normal dizendo a seu filho: “Seja forte e se arme. Se alguém a cinco metros de distância de você cuspir, mate-o. Se alguém atrás de você xingar, vire-se e atire nele.” Nós orientamos as crianças a serem gentis com as pessoas ao seu redor, porque isso é o mais seguro para elas. Nós dizemos: “Não retruque”, “Vá para outro lugar”, “Não fique perto dessas pessoas”, “Trate os outros de forma adequada e gentil.” Isso cria um ambiente favorável em torno da criança e reduz a probabilidade de alguém feri-la.
Os pais sempre instruíam os filhos a serem gentis, amáveis, afastarem-se de coisas prejudiciais ou ruins e se aproximarem de coisas boas. É o mesmo em todas as
sociedades, especialmente em uma sociedade global e integrada como a em que vivemos.
Mesmo se a pessoa é um atleta fisicamente forte, ela não usará essa força negativamente. Ela desenvolveu seu corpo por querer se sentir confiante, mas sem a mentalidade agressiva.
− Agora que começamos a empregar esse método, a questão de estúdios ou salas de trabalho surgiu, ou seja, lugares onde uma criança pode realizar suas habilidades únicas, como cantar, tocar instrumentos musicais, aprender matemática e ciências, e assim por diante.
Além disso, em poucos anos, as crianças começam a sentir necessidade de aprender algum tipo de arte marcial. Existe algum ponto na criação de uma classe como essa?
− Pensamos que todos os jogos devem ser praticados em equipes. Se toda a equipe ganha, então eu me sinto vencedor juntamente com outros, mas nunca devo me sentir como o destaque. Jogos têm de ser parte da educação. Se, porém, eu jogar uma pessoa contra outra, isso vai contra a demanda da Natureza.
Talvez essa habilidade possa ser útil em certas circunstâncias. Na verdade, porém, não vejo como as pessoas que conhecem as habilidades de combate possam ser bem sucedidas, como elas se defenderão dessa maneira e como isso as capacitará para salvar suas próprias vidas e a vida dos outros.
Eu penso que tudo isso é apenas publicidade feita pelos proprietários dos clubes. A Natureza não mostra qualquer evidência de que é necessário ser fisicamente forte ou levar vantagem sobre os outros. Não apenas as pessoas individualmente diferem umas das outras, mas também as nações: algumas são fisicamente mais duradouras e fortes, e outras são mais fracas. Mas isso não afeta nada.
Somente as semelhanças com a Natureza levam cada pessoa e cada nação como um todo a um estado confortável.