Canabis, também conhecida como marijuana, não foi inventada nos anos 60. Ela está aí há pelo menos 10,000 anos. Ela estava tão espalhada como está hoje e na maioria desse tempo, ela era legal.
Canabis foi proscrita durante muitos anos, todavia agora parece que há uma campanha mundial para a tornar legal novamente. Mas se ela é inofensiva e pode ser legalizada, por que foi ela proscrita em primeiro lugar? Também, por que está a ser legalizada neste ponto específico do tempo?
O efeito calmante da canabis tem sido conhecido desde que começámos a usá-la. Os povos indígenas a usaram e outras drogas, tanto para propósitos rituais bem como para ocasiões sociais. Ela estava presente em qualquer reunião social e ajudava as pessoas a se aproximarem.
A diferença entre os povos indígenas e a humanidade moderna é que hoje não pensamos nela em qualquer sentido espiritual, mas meramente como calmante. Os governos precisam de algo para acalmar as pessoas e drogas leves são um modo barato e bastante inofensivo de o fazer.
Mas por que teria alguém tanta intenção de manter todos relaxados? As pessoas não precisam de trabalhar? Não deviam elas estar a consumir e a criar crescimento?
A questão é que estamos no limiar de uma grande mudança. Na sua maioria, o trabalho humano já é redundante e a única razão pela qual a tecnologia para nos substituir não é introduzida é que se as pessoas não trabalharem, elas não terão para onde ir. Quando as pessoas não tiverem empregos ou vencimento elas serão desafiadas economicamente e se tornarão frustradas. Pior ainda, elas se tornarão desesperadas pois verão que o futuro não tem promessa de emprego e suas vidas se tornarão uma luta pela sobrevivência por uma vida basicamente sem sentido. Esta é uma receita garantida para a agitação social.
A única solução que no presente existe é fornecer às pessoas algum vencimento regular, tal como benefícios de desempregado, para acalmar sua insegurança a respeito do sustento e lhes fornecer um calmante para acalmarem suas mentes. Cabanis encaixa-se no último requisito na perfeição. Não devemos ficar surpresos se com o tempo viermos a ver a canabis a aparecer nos produtos do dia-a-dia. Se esta tendência continuar ela se tornará uma droga habitual tal como o paracetamol e o ibuprofen. E um anúncio que diga algo como, “Seu bebê está agitado? Dê-lhe Canabicetamol!,” será uma coisa habitual.
Mas, para parafrasear, “Você pode drogar algumas das pessoas a toda a hora e todas as pessoas a durante algum tempo, mas não consegue drogar todas as pessoas a toda a hora.” E há uma boa razão para isso: Estamos a crescer, estamos a transformar-nos por dentro e nossos desejos e aspirações estão constantemente a mudar. Se hoje nos podemos acomodar com uma vida confortável, amanhã questionaremos, “Por que vivemos de todo?”
Em mais e mais pessoas, a questão sobre o sentido da vida perturba a sua paz de espírito. Isto é algo que nem a canabis nem qualquer outra droga podem acalmar. Isso é algo que deve ser endereçado directamente e ao qual devemos fornecer uma resposta satisfatória.
Neste momento, vemos o surgimento (camuflado) desta questão no crescente número de pessoas jovens que se juntam ao ISIS e outros grupos fundamentalistas. Vemos as estatísticas assustadoras de depressão no mundo ocidental e além. Vemos-o na necessidade cada vez mais exagerada de diversidade, no sexo, comida, desporto, empregos e em toda a área de envolvimento humano.
Deste modo, com toda a sua tendência, o apogeu da canabis está destinado a ser de curta vida. Devemos já começar a preparar-nos para o dia em que formos enfrentados com a humanidade desesperada e irritada procurando o sentido da vida.
Quando as pessoas chegarem a essa fase, elas só o encontrarão na conexão. Não em mera socialização, mas no tipo de conexão que produz uma percepção abrangente do sistema de existência. Tal como as células nos nossos corpos existem como células individuais, todavia funcionam como elementos integrais e contribuidores positivos no inteiro corpo humano, rejubilando (de uma maneira celular) na saúde do corpo e agonizando nas suas dores, as pessoas sentem-se satisfeitas somente quando se percepcionam a si mesmas como indivíduos, todavia como partes do todo da humanidade. O sentido da existência de uma única célula não pode ser explicado ao olhar para a própria célula. Somente quando você examina seu lugar no organismo inteiro o consegue entender. Similarmente, as pessoas não encontrarão qualquer resposta significativa para suas vidas enquanto indivíduos separados e distintos, mas somente quando são elementos contribuidores do todo da humanidade.
Em toda a minha pesquisa como cientista e cabalista, não encontrei qualquer outra solução para a felicidade prolongada senão a compreensão do nosso lugar no “quadro maior.” E quanto mais rápido a humanidade entender que a felicidade reside no tipo de conexão acima descrita, melhor será para todos nós e mais fácil e mais rápido será para nós fazermos dessa transição uma realidade.
Publicado originalmente no Huffington Post