“Nossa programação inerente para a conexão humana é uma droga natural e há abastecimento abundante. A crise de opiáceos nos diz exactamente o que temos de mudar na nossa sociedade.”
Este é o enredo típico dos 91 americanos que morrem de overdoses de opiáceos todos os dias. Um número que quadruplicou em menos de duas décadas, tornando os opiáceos a causa de morte numero um de americanos menores de 50 anos. Mais que as armas. Mais que os acidentes de viação. Mais que o câncer.
Continue a ler para descobrir a origem e cura para esta epidemia.
Eles começam com os analgésicos. Descobrem que conseguem ficar realmente drogados com esses comprimidos. Especialmente se os esmagarem e inalarem. Então continuam a ir ao médico para obterem mais. Mas em certo ponto, torna-se caro demais e percebem que conseguem obter uma droga semelhante por muito menos dinheiro nas ruas. Ela se chama heroína e eles não sabem exactamente com o que ela é misturada, mas começam a usá-la regularmente. Passado um pouco, sua vida gira em torno de fazer qualquer coisa para obter outra dosagem, até que acabam por tomar uma dose mais elevada que aquela com que conseguem lidar, pondo um fim à sua vida.
Este é o enredo típico dos 91 americanos que morrem de overdoses de opiáceos todos os dias. Um número que quadruplicou em menos de duas décadas, tornando os opiáceos a causa de morte numero um de americanos menores de 50 anos. Mais que as armas. Mais que os acidentes de viação. Mais que o câncer.
Um Sistema Que Gera Lucros e Viciados em Heroína
Esta crescente epidemia não deve chegar como supresa até nós, contudo.
O vício em heroína é um resultado natural de uma sociedade quebrada. Desde as empresas farmaceuticas até aos médicos, até aos traficantes – cada actor simplesmente procura maximizar os lucros e tornar o seu trabalho tão fácil quanto o possível quando quer que possível. Um vício crescente em heroína é o resultado inevitável no fim do tunel.
Tentar responsabilizar as gigantescas empresas de fármacos é uma batalha perdida à partida. Reprimir os médicos os vai pressionar para passar receitas, conduzindo os usuários a procurar heroína nas ruas muito mais cedo, como foi claramente demonstrado no caso da Flórida. A chamada “guerra às drogas” da ONU foi reconhecida como um fracasso colossal e deixa-nos a culpar os próprios viciados, que é como bater no mensageiro em vez de ler a mensagem.
A mensagem à qual devmos prestar atenção é clara demais: Devemos olhar mais fundo para a causa raiz do vício em opiáceos e fazer perguntas mais profundas como “O que faz com que as pessoas na nossa sociedade se voltem para os opiáceos para começar?” E, “O que é que a nossa sociedade não está a fazer para impedir o crescimento dos números de viciados em heroína?”
O Desejo pelos Opiáceos É um Desejo por Conexão
Primeiro, é importante reconhecer que a vasta maioria dos abusadores de opiáceos não os começam a tomar por dor física genuína. Em vez disso, na maioria dos casos, aqueles que abusam de opiáceos se volta para eles devido a um tipo diferente de dor – uma dor emocional.
Há receptores de opiáceos por todo o nosso corpo e eles estão desenhados para equilibrar emoções tais como o pânico e ansiedade, adicionalmente à dor física. Quando éramos bebés, o leite que recebemos das nossas mães era rico em opiáceos e quando alguém nos dá um abraço hoje, nosso caule cerebral gera opiáceos.
Muitos podem ficar surpresos por saber que, similarmente, o apoio social, a confiança recíproca, o relacionamento romântico, uma família amável ou até um clima seguro e positivo, todos impulsionam a produção de opiáceos bem dentro do nosso corpo. Portanto, a necessidade de opiáceos está profundamente atada à nossa programação inerente por conexão humana.
Com isto em mente, vamos olhar para o que está a acontecer hoje: Nossa sociedade na realidade faz as pessoas são estressadas, ansiosas e solitárias que a sua dose naturalmente equilibrada e saudável de opiáceos simplesmente não é suficiente. Para o exprimir numa equação social simples: Nós produzimos muito mais alienação, incerteza e stress que produzimos segurança, compaixão e camaradagem.
Portanto, as massas de pessoas que se voltam para os opiáceos artificiais podem ser vistas como um contrapeso natural para uma sociedade humana desequilibrada.
Uma Chamada de Atenção para a Cultura Ocidental
A questão interessante na crise de opiáceos é que é como se a natureza nos estivesse a dizer exactamente o que precisamos de mudar dentro da nossa sociedade.
Esta crise expõe a natureza profundamente interconectada da espécie social chamada humanidade. Nós estamos conectados uns aos outros até ao núcleo, como células de um único organismo e somos naturalmente atraídos uns para os outros por uma sensação de apoio e segurança. Tanto a nossa resiliência biológica como psicológica dependem de relações positivas e saudáveis dentro do nosso meio ambiente social. E tal como as células num corpo, quando perdemos contacto com o corpo como um todo, ficamos doentes e degeneramos até morrermos.
Contudo, esta crise das drogas também se junta a uma lista de outros sintomas dolorosos, todos convergindo para nos mostrar que não podemos escapar a uma transformação massiva da cultura ocidental. Nós temos de reconhecer nossa urgente necessidade de conexões humanas saudáveis e climas sociais positivos. E mais cedo ou mais tarde, teremos de curar activamente a nossa sociedade quebrada.
Para fazermos isso, simplesmente precisamos de sintonizar o mesmo mecanismo do qual abusamos no presente – nossa programação inerente para a conexão humana. Há um método de workshops de círculos de conexão que fornece interacção social segura e positiva. Estes devem ser introduzidos nos nossos locais de trabalho, escolas, lares de idosos e até jardins de infância. Eles devem estar nas nossas telas de televisão e por todo o mundo virtual, para que qualquer pessoa, muito antes de se voltar para o abuso de opiáceos, possa facilmente achar uma comunidade atenciosa que produza conexão humana calorosa.
Assim que começarmos a fazer isso, vamos descobrir a droga natural que estamos programados para experimentar simplesmente por estarmos conectados positivamente aos nossos semelhantes.
Publicado originalmente no KABNET