Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Venha e Junte-se à União

 

Somente através da liberdade de expressão e contribuir nossa singularidade para a humanidade, nossa união vai crescer e nossa felicidade vai aumentar. Nossas vidas têm sentido somente quando contribuímos para a sociedade.

9000 participantes unidos durante os três dias da Convenção Mundial de Cabala de 2016. (foto: ASHER BITON)

Somente dois eventos tomam lugar numa base regular, em que milhares de pessoas de dezenas de países se reúnem em um lugar. O primeiro é um evento de competição de hostilidade. Ele toma lugar uma vez em cada quatro anos e é chamado os Jogos Olímpicos. O segundo é o exacto oposto: é um evento de amizade e colaboração. Este evento ocorre todos os anos e é chamado a “Convenção Mundial de Cabala.” Nos Jogos Olímpicos, as pessoas de todo o mundo vêm para competir umas com as outras e para provarem a superioridade dos seus países. Na Convenção Mundial de Cabala, pessoas de todo o mundo vêm para se unir umas com as outras e provarem a superioridade da união sobre as diferenças. 11000 atletas competiram durante os dezaseis dias dos últimos Jogos Olímpicos no Rio, enquanto 9000 participantes se uniram durante (apenas) três dias da Convenção Mundial de Cabala do ano passado.

Na semana que vem no Ganei Hataarucha, em Tel-Aviv, o milagre da união vai ocorrer novamente. De toda a América Latina e Central, os EUA e Canada, Europa do Leste e Europa Ocidental, pessoas vão afluir para Israel para se unirem. África, também, terá uma representação considerável, bem como o Japão, China, Índia, as Filipinas, Austrália e Nova Zelândia. Mas talvez a cereja no topo do bolo seja a crescente presença de países muçulmanos, principalmente da Túrquia, mas também da Autoridade Palestiniana.

A Convenção Mundial de Cabala é provavelmente o maior evento de paz mundial e ocorre todos os anos. Além do mais, eventos regionais relacionados tomam lugar várias vezes por ano em vários lugares pelo mundo. Cada ano, uma Convenção de Cabala é realizada na América Latina, América do Norte, Europa Ocidental e Europa do Leste. Devido a questões de segurança, os participantes de países onde o regime muçulmano é mais rigido têm tendência a ir a convenções na Europa em vez de em Israel. As únicas palavras que podem ser ditas sobre estes encontros é “ver para crer.”

Um participante do Japão se concentra durante uma aula na Convenção Mundial de Cabala 2016. (foto: ASHER BITON)

Por Que As Pessoas Vêm

Até meio dos anos 90, muito poucas pessoas sabiam verdadeiramente da Cabala. Ela estava envolta em mistério, medo e mal entendidos. Mas quanto mais as pessoas ficavam desesperadas para perceber o que estava a ocorrer com as suas vidas, mais esta antiga sabedoria ganhou reconhecimento. O maior cabalista do século 20, Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam pelo seu comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar, explicou na introdução a uma das suas principais composições, O Estudo das Dez Sefirot, para quem se destina a sabedoria da Cabala. Nas suas palavras: “Se dispusermos nossos corações para responderem senão uma pergunta muito famosa, estou certo que todas as dúvidas [sobre estudar Cabala] vão desaparecer do horizonte. Esta pergunta indignada é uma pergunta que o mundo inteiro faz, nomeadamente, ‘qual é o sentido da minha vida?’ É certamente verdade que os historiadores se cansaram de a contemplar. Especialmente na nossa geração, ninguém a deseja sequer considerar. Todavia a pergunta permanece tão amarga e veementemente como nunca. Por vezes ela nos encontra sem ter sido convidada, debica nossas mentes e nos humilha até ao chão antes de acharmos a famosa táctica de fluirmos inconscientemente com as correntes da vida como sempre.”

Desde meio dos anos 90, houve um surto de pessoas que procuram entender o mundo em que vivem, por que nasceram e por que estão aqui. Porque a Cabala responde a estas perguntas no nível mais profundo, elas vêm para estudar.

Por Quê Especificamente a União

Até na antiguidade, nossos antepassados sabiam bem demais que “a inclinação no coração do homem é má desde sua juventude” (Génesis 8:21). O livro, Pirkei de Rabi Eliezer (Capítulos de Rabi Eliezer) nos diz que no tempo da Babilónia, o ego reinava supremo. Segundo o livro, os construtores da Torre da Babilónia “empurrariam para cima os tijolos [para construir a Torre] do oriente, então desciam do ocidente. Se um homem caia e morria, eles não lhe prestavam atenção. Mas se um tijolo caísse eles se sentavam e lamentavam ‘Ai de nós, quando virá outro para tomar o seu lugar?’ Abraão, filho de Terách, passou por lá e viu-os a construir a cidade. Ele os amaldiçoou e disse, ‘Que o Senhor engula sua língua.'”

Quando o egoísmo se aprofundou entre os conterrâneos de Abraão, sua maldição se concretizou de uma maneira muito pavorosa. Pirkei de Rabi Eliezer explica depois que os Babilónios “queriam falar uns com os outros mas não conheciam a língua uns dos outros. O que fizeram eles? Cada um pegou sua espada e lutaram uns com os outros até à morte. Certamente, metade do mundo ali foi morto e de lá eles se dispersaram por todo o mundo.”

Abraão entendeu que o ego não podia ser subjugado, nem devia ser. Ele percebeu que a inteira finalidade do ego não é elevar uma pessoa acima da outra, mas obrigar as pessoas a se unirem acima dele. Hoje podemos ver quão verdadeira esta noção é. Quanto mais evitamos nos unir, mais egocêntricos nos tornamos e mais deprimidos isto nos torna à medida que nos tornamos mais solitários.

Para ajudar as pessoas a se elevarem acima dos seus egos e a se unirem, Abraão desenvolveu um método de conexão e o apresentou aos seus conterraneos, os Babilónios. Em Mishneh Torá (Capítulo 1), Maimónides descreve a luta de Abraão com o Rei Nimrod, governante da Babilónia, que não subscreveu sua ideia de união acima do egocentrismo. Assim que o rei expulsara Abraão da Babilónia, o último deambulou para Canaã e reuniu no seu grupo qualquer um que visse o mérito do seu caminho.

Durante séculos, duas coisas ocorreram ao grupo de estudantes que se esforçavam para se unir acima das suas diferenças. A primeira foi que se tornaram uma nação assim que prometeram ser “como um homem com um coração” e procurar viver segundo o lema “ama teu próximo como a ti mesmo,” deste modo implementando o legado de Abraão. A segunda coisa que aconteceu foi que o método de conexão que Abraão desenvolvera continuava a mudar segundo as necessidades das épocas.

Moisés trouxe o método de Abraão ao seu povo e também ele queria corrigir o mundo inteiro do egoísmo. O Comentário de Ramchal sobre a Torá escreve que “Moisés desejou completar a correcção do mundo nesse tempo. … Contudo, ele não teve sucesso por causa das corrupções que ocorreram no caminho.” Como resultado, o povo que se unira no pé do Monte Sinai e se tornara a nação israelita, continuou a desenvolver o método de conexão segundo o lema de Rei Salomão (Provérbios 10:12): “O ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes.”

O método de conexão de Abraão continuava a se adaptar às necessidades dos tempos. No tempo em que o Livro do Zohar foi escrito, ele já havia adquirido o nome, “A Sabedoria da Cabala.” Porém, ele mantinha o lema original: união acima do ego. Na porção, Aharei Mot, o Livro do Zohar descreve este lema perfeitamente, bem como sua meta destinada de unir o mundo inteiro: ‘”Eis, quão bom e quão agradável é que os irmãos se sentem juntos.’ Estes são os amigos quando se sentam juntos e não se separam uns dos outros. Inicialmente, eles parecem pessoas em guerra, desejando se matar uns aos outros. Então, eles regressam a estar em amor fraterno. E vós, os amigos que aqui estão, tal como estavam em afeição e amor anteriormente, doravante também não se separarão. E pelo vosso mérito haverá a paz no mundo.”

A Diferença entre Antes e Agora

No tempo em que foi escrito o Zohar, o mundo ainda não estava pronto para a noção da união acima do ego. Ele estava demasiado preocupado com aspirações egoístas e procurava emular as culturas grega e romana. Como resultado, o Zohar foi escondido até ao tempo em que a humanidade estivesse farta dos “prazeres” que o ego consegue fornecer.

Hoje, nosso planeta quase não nos consegue abastecer pois nós o poluímos. Ficamos fortes o suficiente para exterminar a humanidade dentro de algumas horas e somos tão solitários que a depressão é a causa numero um de doenças no mundo ocidental. Como resultado, hoje estamos mais abertos a soluções que sugerem que nos devemos elevar acima do ego em vez de tentar derrotá-lo, que estamos a começar a perceber que é absolutamente impossível.

Este entendimento é o que trás mais e mais pessoas à sabedoria autêntica da Cabala, o método de conexão que Abraão desenvolveu há quase quatro milénios atrás. As pessoas que vêm até aqui chegam com muitas visões diferentes. Alguns são muçulmanos, alguns são cristãos, alguns são judeus e alguns não têm religião. Alguns são democratas e esquerdistas e alguns são republicanos e de direita. Porém, eles se reúnem não para discutir, mas para usarem seus pontos de vista diferentes como pontos de apoio para pisarem e se conectarem acima delas.

Os participantes das Convenções Mundiais de Cabala vêm a Israel pois quando eles se unem, eles percebem que a humanidade é uma entidade singular composta de biliões de pessoas, que são suas células e órgãos e o papel único de cada pessoa é precioso para todos nós. Escreveu Baal HaSulam sobre esta singularidade no seu artigo, “A Liberdade“: “Tal como a face de toda e cada pessoa difere, também suas visões diferem. Não há duas pessoas pessoas na Terra cujas opiniões sejam idênticas. Portanto, a sociedade é alertada a preservar a liberdade de expressão do indivíduo. Cada indivíduo deve manter sua integridade e a contradição e contrariedade entre pessoas devem permanecer para sempre, para que para sempre fique assegurado o progresso da sociedade livre.”

Certamente, somente se assegurarmos nossa liberdade de expressão e contribuirmos nossa singularidade para a humanidade, nossa união vai crescer e nossa sensação de confiança e felicidade vão aumentar. Nossas vidas têm sentido somente quando contribuímos para a sociedade. Com esta mentalidade de nos unirmos acima das nossas diferenças e contribuirmos nossas aptidões para criar uma humanidade energética de qual todos lucramos, cada um vai encontrar preenchimento e um propósito nas suas vidas e em cada acção sua.

Encorajo a qualquer um que queira provar a que sabe a união acima de todas as diferenças a vir até à Convenção Mundial de Cabala e compartilhar a alegria connosco. Vai achar toda a informação que necessita em Kabbalah.info ou ao marcar 1-700-509-209 (em Israel). Até se não tiver prévio conhecimento de Cabala, um momento especial será dedicado a você, venha simplesmente e junte-se à união.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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