Do livro “Como Um Feixe de Juncos”
Ser Judeu, ou Não Ser Judeu, Eis a Questão!
Uma das mais importantes orações em Yom Kipur (Dia do Perdão) é conhecida como o Maftir Yoná (Jonas)171, durante a qual o livro inteiro de Jonas é lido. A história do profeta Jonas simboliza mais que alguma coisa a ambivalência que o nosso povo sente para com o seu papel no mundo.
Reconhecidamente, não é uma tarefa agradável ser uma coisa desanimadora eternamente. Até com nossa própria nação, os profetas raramente tinham uma vida fácil ou eram tratados com gratidão por nos salvarem da calamidade e aflição. Todavia, os profetas sempre levaram a cabo suas tarefas. Eles eram impelidos a fazer pelo pavor do tormento que inversamente cairia sob seus confiantes irmãos, então eles não podiam ficar quietos.
Jonas tentou ao seu máximo evitar sua missão. Ele escondeu sua identidade como Hebreu e entrou a bordo de um navio que velejou para Tarshish, longe de Ninevê, onde o Criador lhe havia dito profetizar. Mas como sabemos, o Criador o encontrou no navio e os marinheiros descobriram sua identidade e o jogaram pela borda fora, onde ele foi atormentado nas entranhas de um peixe. Finalmente, ele se arrependeu (orando das entranhas do peixe), ele foi para Ninevê e profetizou. Graças ao arrependimento de Jonas, os residentes de Ninevê aprenderam sobre a correção necessária deles, a executaram, a cidade foi poupada e seu povo foi perdoado.
Curiosamente, Ninevê não era uma cidade Hebraica. Ela era a cidade mais populosa no Império Assírio e um eixo de comércio próspero. Todavia, o Senhor ordenou Jonas a profetizar para eles para que melhorassem suas maneiras e evitassem a aflição. Isto, novamente, indica o caminho da correção e que a realização do Criador não era destinada somente aos Judeus, mas para toda a humanidade. Quão simbólico é que leiamos esta história no dia mais Judaico do ano – Yom Kipur, O Dia do Perdão. Assim, a história de Jonas resume o dilema do povo Judeu durante as gerações. Por um lado, somos o povo escolhido, destinado a demonstrar o caminho para a lu z à todas as nações. Por outro lado, insistente e infrutuosamente tentamos evitar o nosso destino porque a mensagem de responsabilidade mútua e união é desagradável ao ego do ouvinte, uma vez que todos nós nascemos egocêntricos e queremos permanecer dessa maneira.
Quando os Judeus regressaram do exílio em Babel para construir o Segundo Templo, aqueles que ficaram para trás se assimilaram tanto entre suas nações anfitriãs que desapareceram inteiramente. A Enciclopédia Judaica172 escreve que assim que libertos do cativeiro na Babilônia, os Judeus gradualmente se espalharam para a Síria, Egito e Grécia – principalmente como escravos, mas algo desadequados, então não tiveram problemas em serem resgatados e libertos.
“Além do mais”, informa A Enciclopédia Judaica, “devendo a solidariedade próxima, que é uns dos traços duradouros da raça Judia, eles não tiveram dificuldade em encontrar correligionários dispostos a pagar a quantia de seu resgate”.173 Contudo, continua a enciclopédia, “Os Judeus então libertos, em vez de regressarem à Palestina, frequentemente permaneceram na terra de sua anterior escravatura, e lá, em conjunto com seus irmãos de fé, estabeleceram comunidades. De acordo com o antigo testemunho de Filo (Legatio ad Caium, §23), a comunidade Judaica em Roma devia sua origem aos prisioneiros de guerra libertos”.174 A partir de Roma, os Judeus continuaram a se espalhar pelo resto da Europa.
Assim que liberada da Babilônia, contudo, a minoria dos Hebreus que não regressou à Terra de Israel se tornou o que hoje é conhecido como “o povo Judeu”. Depois da ruína do Segundo Templo, eles, também, se desejaram assimilar. Todavia, ao contrário de seus anteriores irmãos, os Judeus que foram exilados de Jerusalém e da Judeia nunca lhes foi permitido pelas nações se misturarem até ao ponto do desaparecimento. Tivesse isso acontecido, o propósito para o qual os Judeus existem, nomeadamente a revelação do Criador ao resto das nações, teria sido derrotado.
Talvez seja por isso que notáveis historiadores e teólogos escreveram palavras semelhantes às do Professor Emérito de Judaísmo na Universidade de Gales, Dan Cohn-Sherbok: “O paradoxo da vida Judaica é que o ódio e a sobrevivência Judaica têm estado interrelacionados durante milhares de anos, e sem antissemitismo, podíamos estar condenados à extinção”.175
Certamente, apesar de frequentes tentativas de misturar e assimilar, somos sempre recordados de nossa herança e ou somos duramente conduzidos de volta ao Judaísmo, ou permanecemos como exilados nas nossas novas religiões. Hoje, muitos Judeus ainda tentam assimilar nas suas culturas anfitriãs, mas por todo o sucesso aparente em alguns países, a história demonstra que isso nunca teve sucesso, e a tarefa Judaica manda que nunca tenha.
Exemplos particularmente notáveis de assimilação e rejeição Judia tomaram lugar na Espanha dos séculos XIV e XV, e na Alemanha, antes e durante a 2ª Guerra Mundial e o Holocausto, resultando no extermínio de virtualmente a inteira Judiaria Europeia. Embora muito tenha sido dito e escrito sobre essas duas épocas da história Judaica, é vantajoso notar algumas similaridades que podem apontar para uma tendência repetitiva que podemos usar como augúrio. Corresponderemos a esses dois períodos um de cada vez, e concluiremos com reflexões sobre a Judiaria mais proeminente fora de Israel – a dos Estados Unidos.
ESPANHA, A TRÁGICA HISTÓRIA DE AMOR
Flávio Josefo escreveu do caloroso acolhimento com o qual os expatriados foram recebidos na Síria e Antíoco depois de sua expulsão pelos Romanos. Os Judeus foram “muito misturados,” ele escreveu, e viveram “com a tranquilidade mais imperturbável”.176 Ele também escreveu sobre como o Imperador Romano, Titus Flavius, “os expulsou de toda Síria”.177 Nas Antiguidades dos Judeus, ele citou o geógrafo Grego Strabo dizendo, “Este povo já fez seu caminho para toda a cidade, e não é fácil encontrar qualquer lugar no mundo habitável que não tenha recebido esta nação e que não tenha feito seu poder sentido”.178
A maneira vacilante na qual os Judeus foram inicialmente calorosamente acolhidos, então rejeitados, então repelidos uma vez mais, se não por completo destruídos, se repetiu numerosas vezes desde a ruína do Primeiro Templo.179 Contudo, muitos, se não a maioria dos Judeus que foram exilados depois da ruína do Segundo Templo são ainda reconhecidos como tais, pelo menos por herança se não por algum nível de prática.
Houveram muitas tentativas de converter os Judeus ao Islamismo ou Cristianismo, e eles frequentemente o desejaram fazer, e ativamente tentaram se converter. E todavia, na maioria, essas tentativas ou falharam ou foram somente marginalmente bem sucedidas.
O Professor e investigador de História Judaica na Universidade de Wisconsin, Norman Roth, detalha tanto as tentativas massivas dos Judeus se converterem, e as consequências trágicas que resultaram dessas tentativas. Em Judeus, Visigodos, e Muçulmanos na Espanha Medieval: cooperação e conflito, ele escreve, “Nos séculos catorze e quinze, milhares de Judeus se converteram, principalmente por sua própria livre vontade e não sob qualquer dureza, ao Cristianismo. O papel destes conversos [Judeus que se converteram ao Cristianismo] na sociedade conduziu a feroz hostilidade contra eles no século quinze, finalmente resultando em verdadeiro estado de guerra. O antissemitismo racial, emergiu pela primeira vez na história de uma larga escala e os estatutos de limpieza de sangre [pureza de sangue] foram erguidos [distinguindo os Velhos Cristãos puros daqueles com antepassados Muçulmanos ou Judeus]. Finalmente, a Inquisição foi reanimada entre falsas acusações da ‘insinceridade’ dos conversos, e muitos foram queimados. Nada disto, contudo, teve alguma coisa a ver com os Judeus, que na maioria continuaram suas vidas, e suas relações normais com os Cristãos, como anteriormente.”180
Certamente, não só os Judeus que mantiveram sua fé não foram prejudicados, mas eles até nutriam um laço único com os seus anfitriões Espanhóis. De acordo com Roth, “Tão invulgar, se pode dizer única, era a natureza desse relacionamento [entre Judeus e Cristãos] que um termo especial é usado que não tem tradução precisa noutras línguas, convivência [dificilmente significando, “viver juntos em afinidade”]. Na verdade, a verdadeira extensão de convivência na Espanha medieval Cristã não havia sido totalmente revelada”.181
O estudo de Roth salienta que enquanto os Judeus permaneciam leais a sua herança e não se tentavam assimilar em culturas estrangeiras, eles eram bem-vindos para permanecer, ou era pelo menos deixados em paz. E especificamente na Espanha, em tempos o calor e intensidade do relacionamento verdadeiramente se assemelhava a uma história de amor, completa com todas as provações e tribulações que as grandes histórias de amor exibem. Contudo, quando os Judeus se tentavam misturar com outras nações e se tornarem como elas, essas nações os rejeitariam e os forçariam de volta ao Judaísmo, ou os forçariam a converter, mas de uma maneira depreciativa e coagida.
Jane S. Gerber, uma especialista na história Sefardita na Universidade da Cidade de Nova Iorque, eloquentemente detalha a extensão à qual os Judeus conversos Espanhóis se imergiam a si mesmos na vida cultural e secular Espanhola (ênfases são do editor).
“Profundamente enraizados na península ibérica desde a aurora da sua dispersão”, escreve Gerber, “estes Judeus ferventemente nutriam um amor pela Espanha e sentiam uma profunda lealdade à sua língua, regiões e tradições (…) De fato, Espanha havia sido considerada uma segunda Jerusalém.
“Quando o decreto de expulsão de Rei Fernando e Rainha Isabel foi promulgado para 31 de Março, [1492] ordenando que os 300.000 Judeus de Espanha partissem dentro de quatro meses, os Sefarditas reagiram com choque e descrença. Seguramente, eles sentiram, a proeminência de seu povo de todos os caminhos da vida, a clara longevidade de suas comunidades (…) e a presença de tantos Judeus e Cristãos de linhagem Judia (conversos) nos círculos internos da corte, municipalidades e até a igreja Católica forneceria proteção e evitaria o decreto.
“…Judeus Espanhóis eram especialmente orgulhosos da sua longa linha de poetas, cujas … canções continuaram a ser recitadas. Seus filósofos foram influentes até entre os acadêmicos do Ocidente, seus gramáticos inovadores ganharam um lugar duradouro como pioneiros da língua Hebraica, e seus matemáticos, cientistas e inumeráveis físicos haviam ganho aclamação. A desenvoltura e serviço público dos diplomatas Sefarditas também preencheu os anais de muitos reinos Muçulmanos. Na realidade, eles não só residiam em Espanha; eles haviam coexistido lado a lado com Muçulmanos e Cristãos, levando a noção de viverem juntos (la convivencia) com absoluta seriedade.
“A experiência dos Sefarditas levanta o problema da aculturação e assimilação como nenhuma outra comunidade Judaica o fez. Durante muitos séculos, a civilização Judia pediu emprestado livremente da cultura Muçulmana. …Quando perseguições sobrecarregaram os Sefarditas em 1391 e lhes foi oferecida a escolha da conversão ou a morte, os números de convertidos excederam o número considerável de mártires. A própria novidade desta conversão em massa, única à experiência Judia, induziu acadêmicos a procurar causalidade no alto grau de aculturação alcançada pelos Sefarditas”.182
E todavia, não foi a aculturação que causou os Espanhóis a se voltarem contra os Judeus. Foi na realidade o abandono dos Judeus da coesão social e garantia mútua, traços que haviam (na maioria) lhes ganho a estima inconsciente das suas nações anfitriãs. “Comentadores medievais especialmente”, continua Gerber, “gostavam de colocar a culpa pelo rompimento da disciplina comunal sobre a aculturação Judia, e alguns dos maiores historiadores Judaicos modernos, tais como Itzhak Baer, citaram em acréscimo o impacto corrosivo da filosofia averroísta e o cinismo da classe Judia assimilada cortesã. Mas na onda das conversões massivas e os agudos conflitos comunais, não foram somente os filósofos que sucumbiram na face da perseguição”.183 Em vez disso, a comunidade inteira sofreu.
Assim, conscientes ou não, os Judeus foram afligidos, e foram eventualmente expulsos da Espanha porque se haviam tornado demasiado desunidos, esquecendo os poderes e o benefício que a união lhes pode trazer, e que nossos sábios ensinaram a nossos antepassados durante gerações. O Livro do Zohar escreve sobre a panaceia da união: “Porque eles são de um coração e uma mente … eles não falharão ao fazer o que lhes é intencionado fazer, e não há ninguém que os possa impedir”.184
Mas O Livro do Zohar, que ressurgiu em Espanha praticamente alguns séculos antes da expulsão, não podia salvar os Judeus. Eles eram estavam simplesmente demasiado espiritual e culturalmente assimilados para se unirem e levarem a cabo seu intencionado papel de serem uma luz para as nações. E uma vez que não ajustaram seu curso por sua própria vontade, a Lei da Doação da Natureza, o Criador, o fez através das suas imediações, os Cristãos Espanhóis, a quem os Judeus admiravam.
O classicista Inglês, escritor e professor na Universidade de Cambridge, Michael Grant, observou a incapacidade dos Judeus de se misturarem: “Os Judeus provaram-se não assimilados, mas inassimiláveis. …A demonstração que isto era assim provou um dos pontos de mudança mais significativos na história Grega, devendo a influência gigantesca exercida durante as eras subsequentes à sua religião, que não só sobreviveu intacta, mas subsequentemente deu à luz o Cristianismo”.185
Similarmente, o bispo do século XVIII, Thomas Newton, escreveu sobre os Judeus: “A preservação dos Judeus é realmente um dos atos mais sinalizadores e ilustres da Providência divina… e o quê senão um poder sobrenatural teria os preservando de tal maneira como nenhuma outra nação sobre a terra havia sido preservada. Nem é a providência de Deus menos marcante com a destruição de seus inimigos, que na sua preservação… Nós vemos que os grandes impérios, que por sua vez subjugaram e oprimiram o povo de Deus, todos chegaram à ruína… E se tal foi o fim fatal dos inimigos e opressores dos Judeus, que sirva de aviso a todos aqueles, que em qualquer tempo ou sobre qualquer ocasião sejam a favor de levantar um clamor e perseguição contra eles”.186
Porque, como mencionado no Capítulo 4, os Judeus representam no nosso mundo a parte da alma de Adam que alcançou união de corações e assim conexão com o Criador, e porque seu papel espiritual é o de espalhar essa união e conexão resultante ao resto das nações, as nações rejeitam as tentativas dos Judeus tentarem se parecer a elas. Não é um ato de escolha consciente, mas um impulso compulsivo que vem sobre elas do próprio pensamento da Criação. Isto só raramente chega à superfície da consciência dos perpetradores de aflição, mas eles executam-no infalivelmente.
Um incidente marcante do pensamento da Criação a surgir na consciência do perpetrador tomou lugar numa fadada e trágica noite em 1492. Em O Judeu no Mundo Medieval: Um Livro de Estudo: 315-1791, o acadêmico de história Judia, Rabi Jacob Rader Marcus detalha os eventos que ele descobriu que haviam tomado lugar. “O acordo os permitindo [Judeus] a permanecer no país [Espanha] sobre o pagamento de uma grande soma de dinheiro era praticamente completado quando era frustrado pela interferência de um prio r que era chamado o Prior de Santa Cruz. [Lenda relata que Torquemada, Prior do convento de Santa Cruz, trovoou, com crucifixo em cima, o Rei e a Rainha: ‘Judas Iscariotes vendeu seu mestre por trinta peças de prata. Sua Alteza o venderia novamente por tri nta mil. Aqui está ele, leve-o, e leiloe-o para longe’]”.187 O que aconteceu a seguir ilustra que o que quer que aconteça, os Judeus estão obrigados a serem o que são, e fazerem o que devem. “Então a Rainha deu uma resposta aos representantes dos Judeus, semelhante ao dizer do Rei Salomão [Provérbios 21:1]: ‘O coração do rei está na terra do Senhor, como os rios de água. Ele tornava -a no que quer que Ele quisesse’. Ela adiantou: ‘Acreditais que isto vem sobre vós de nós? O Senhor havia colocado esta coisa no coração do rei’”.188
Certamente, os Judeus foram expulsos não só por terem deixado de ter valor econômico aos Espanhóis. Os Judeus haviam sido reconhecidos como um bem econômico durante séculos. Na realidade, quando foram forçados para fora de Espanha, muitos deles fugiram para a Turquia, que os acolheu precisamente devido a sua contribuição para a economia de seu país anfitrião. Correspondentemente, o Sultão Otomano, Bayezid II, estava tão deleitado com a expulsão dos Judeus de Espanha e sua chegada à Turquia que é relatado que ele “sarcasticamente agradeceu a Fernando por lhe enviar alguns dos seus melhores súditos, assim empobrecendo suas próprias terras enquanto enriquecendo as suas (de Bayezid)”.189 Outra fonte relata que “quando o Rei Fernando que expeliu os Judeus de Espanha foi mencionado na sua presença [de Bayezid], ele disse: ‘Como podeis considerar o Rei Fernando um sábio governante quando ele empobreceu sua própria terra e enriqueceu a nossa?’”190
Nova e novamente, descobrimos que não é a nossa astúcia que nos concede o favor da nação. Em vez disso, é nossa união, pois a nossa união projeta sobre eles a luz, ou em vez disso o deleite que eles supostamente receberiam através de nós no pensamento da Criação. Nas palavras do escritor e pensador, Rabi Hillel Tzaitlin, “Se Israel é o verdadeiro redentor do mundo inteiro, deve primeiro redimir sua própria alma … Mas como redimirá sua alma? …Irá a nação, que está em ruínas tanto em matéria e em espírito, se tornar uma nação feita inteiramente de redentores? …Para esse propósito, desejo estabelecer com este livro a ‘união de Israel’ … Se fundada, a unificação de indivíduos será pelo propósito da ascensão interior e uma invocação para correções para todos os males da nação e do mundo”.191
Certamente, até se clamarmos todo o Prémio Nobel daqui até ao Juízo Final, por todos os benefícios que as concretizações cientificas trazem à humanidade, não ganharemos crédito mas aversão. Podemos produzir os melhores físicos, os mais ilustres economistas, os mais brilhantes cientistas, e os mais inovadores empresários, mas até que produzamos a luz, o poder que suscitamos através da união, as nações nunca nos aceitarão, e nós nunca justificaremos nossa existência neste planeta.
ALEMANHA NAZI: HORROR PARA ALÉM DAS PALAVRAS
Como salientado anteriormente no capítulo, outro exemplo notável da assimilação e rejeição Judia tomou lugar na Alemanha, precedendo e durante a 2ª Guerra Mundial. As consequências horrendas do desdobrar que tomou lugar na Alemanha foram cuidadosamente discutidas e analisadas, e não há muito a acrescentar sobre o que tomou lugar. O que devemos salientar, contudo, é a repetição dos culpados que afetaram a Inquisição Espanhola e derradeira expulsão da Espanha.
Historicamente, a Judiaria Alemã não desfrutou da liberdade e afinidade com que seus ducados anfitriões e alemães e cidades como fizeram os Judeus na Espanha. Em vez disso, durante séculos eles vagueariam de cidade em cidade, residindo onde permitido, sempre sob duras restrições e discriminação, e por vezes, tais como durante as Cruzadas, sofrendo perseguição, expulsão e até massacres.
E todavia, começando do século XVI, em tandem com o Renascimento, os Judeus na Alemanha desfrutaram de paz relativa. Enquanto não receberam estatuto igual ou cidadania de suas cidades anfitriãs ou ducados, foram deixados para conduzir suas próprias vidas relativamente ininterruptamente e separados do resto da sociedade Alemã.
“Por trás de suas paredes do gueto”, escreve Sol Scharfstein em Compreendendo a História Judaica: Do Renascimento ao Século XXI, “seguindo suas próprias tradições e seu próprio modo de vida, os Judeus enfrentavam as tempestades dos séculos que seguiram, as contendas entre Cristãos, entre igrejas e príncipes, e as guerras e revoluçõ es desencadeadas pelas novas condições e novas ideias.
“… [o Papa] João Paulo IV argumentou que era tolo que os Cristãos fossem amigos de um povo que não havia aceito Cristo como seu salvador. Numa bula papal ele decretou que Judeus que viviam em áreas controladas pela igreja fossem confinados aos guetos. Eles seriam permitidos abandonar o gueto durante o dia para ir trabalhar, mas proibidos de estar fora nos outros tempos. Os portões do gueto seriam fechados à noite e em feriados Cristãos”, e os portões foram “…guardados por vigilantes não-Judeus que controlavam a entrada e saída daqueles aprisionados lá dentro”.192
Mas contrária à crença popular, inicialmente os guetos Judeus não eram obrigatórios. Isso veio mais tarde, assim que os Judeus já estavam concentrados nas suas áreas de residência. O reconhecido historiador, Salo Wittmayer Baron, escreveu que “Os Judeus tinham menos deveres e mais direitos que a grande massa da população. …Eles podiam mover-se livremente de lugar para lugar com algumas exceções, podiam casar com quem quer que quisessem, tinham seus próprios tribunais e eram julgados de acordo com suas próprias leis. Até em casos misturados com não-Judeus, não no tribunal local mas frequentemente um juiz especial nomeado pelo rei ou certo alto oficial tinha competência”193
Algumas páginas mais tarde, continua Prof. Wittmayer Baron, “…A comunidade Judaica desfrutava de completa autonomia interna. Complexa, isolada, num sentido estranha, foi deixada mais severamente sozinha pelo Estado que maioria das empresas. Assim, a comunidade Judia dos dias pré-Revolucionários tinha mais competência sobre seus membros que o Estado Federal moderno, e os governos Municipais combinados [relevante para 1928, ano da publicação]. Educação, administração da justiça entre Judeu e Judeu, taxação para propósitos comunitários, saúde, mercados, ordem pública, estavam todos dentro da jurisdição da comunidade-empresa, e em acréscimo, a comunidade Judia era o manancial do trabalho social de uma qualidade geralmente superior ao de fora da Judiaria.
“…Uma fase desta existência empresarial geralmente considerada pela Judiaria emancipada como um mal não mitigado era o Gueto. Mas não deve ser esquecido que o Gueto cresceu voluntariamente como resultado da autogovernação Judia, e que foi somente num desenvolvimento tardio que a lei pública interferiu e tornou-o uma obrigação legal que todos os Judeus vivessem num distrito isolado”.194
Assim, dependendo uns dos outros para sua subsistência, os Judeus se aproximaram, cultivaram sua própria literatura e viviam modesta e piamente.
Novamente, vemos que quando os Judeus se unem, eles estão desarmados. E novamente, vemos que quando coesão e união não são as escolhas dos Judeus na vida, circunstâncias o impõem sobre eles do exterior. Embora coagida, é sempre união que os mantém seguros.
E todavia, apesar da segurança fornecida pela união, e o fato de que os Judeus, como Prof. Grant anotou, são “inassimiláveis,” assim que a porta abre e os Judeus recebem permissão ao exterior, eles começam a se misturar da mesma maneira que trouxe sobre eles a calamidade na Espanha – assimilação cultural, e, pior ainda, assimilação religiosa. De algum modo, sempre parecemos esquecer as palavras de nossos sábios, que repetidamente afirmam, “Quando eles [Israel] são como um homem com um coração, eles são como um muro fortificado contra as forças do mal”.195 Certamente, como demonstramos através deste livro, a negligência da união foi o que causou a ruína do Templo e a dispersão do povo da sua terra, e certamente toda a calamidade que atingiu os Judeus desde então.
À medida que a emancipação Judia progrediu e os Judeus Alemães foram permitidos na sociedade Alemã Cristã, eles gradualmente se tornaram distantes de suas raízes espirituais. Perto do final do século XVIII, eles estavam tão dispostos a ser admitidos na sociedade Cristã que virtualmente fariam tudo para ser aceitos. Assim, de acordo com os professores em cultura e história Judaica, Steven J. Zipperstein da Universidade de Stanford e Jonathan Frankel da Universidade Hebraica de Jerusalém, em 1799, só alguns anos depois do começo da emancipação Judaica, David Friedlander, um dos líderes mais proeminentes da comunidade Judaica, foi tão longe ao sugerir que os Judeus de Berlim se converteriam ao Cristianismo em massa.196
Mas sequer sem converterem, os Judeus Alemães estavam dispostos a abdicar de tudo o que os seus antepassados tinham como sagrado. “Em prol de provar a lealdade absoluta dos Judeus ao estado e país,” escreve Zipperstein e Frankel mais tarde no seu livro, “[os Judeus] estavam prontos para remover do livro de orações qualquer referência à antiga esperança de um regresso à antiga pátria na Palestina e interpretar a dispersão dos Judeus pelo mundo não como Exílio mas como um valor positivo, como um modo para os Judeus transportarem a mensagem da ética monoteísta a toda a humanidade, como uma missão divinamente ordenada. Assim, o movimento Reformista tornou possível afirmar que os Judeus constituíam uma comunidade rigidamente religiosa despojada de todos os atributos nacionais, que eram Alemães (ou Polacos ou Franceses, como pode ser o caso) do ‘Mosaico da persuasão.’ Deste modo, o Judaísmo reformista tornou-se o símbolo, como ele foi, de uma prontidã o para comerciar crenças da antiguidade em troca de igualdade civil e aceitação social”.197
A abdicação da conexão dos Judeus a Sião, a terra de Israel e o desejo pelo Criador – a Lei da Doação, simboliza mais que qualquer outra coisa a extensão à qual os Judeus Alemães haviam se alienado da sua herança. Como vimos muitas vezes, e como aprendemos dos ensinamentos dos nossos sábios durante a história, assim que os Judeus abandonam voluntariamente o seu papel, eles são forçados de volta a ele pelas próprias nações dentro das quais eles almejam se misturar.
Acontece que, os Judeus Alemães não sabiam deste fato. Eles estavam em exílio, banidos da qualidade de doação e esquecidos da sua tarefa. Eles foram ignorantes no seu erro que no minuto em que trocaram coesão pela aceitação da sociedade geral, colocavam seu futuro e o futuro de seus filhos no caminho danoso. Embora ninguém pudesse prever a magnitude do horror que cairia sobre eles, o caminho para ele havia sido pavimentado, e sua conduta continuou a sustentá-lo.
Desde aproximadamente 1780 até 1869, apesar de vários atrasos, o avanço gradual da emancipação Judaica tomou lugar. Eventualmente, “A lei da igualdade foi passada pelo Parlamento na Confederação da Alemanha do Norte em 3 de Julho, 1869. Com a extensã o desta lei aos estados unidos dentro do Império Alemão, a luta dos Judeus Alemães pela emancipação alcançou o sucesso”.198
Mas o preço do sucesso foi o completo abandono de tudo o que havia mantido os Judeus juntos. De acordo com Werner Eugen Mosse, Professor Emérito de História Europeia na Universidade de Anglia do Leste, “Em 1843, a primeira sociedade de Reformismo radical – rejeitando circuncisão e evocando a mudança do Shabat Judaico para o Domingo – veio à existência em Frankfurt. …Nas duas ou três décadas seguintes, o movimento religioso de Reformismo reestruturaria o serviço religioso na maioria das grandes comunidades e desenvolveria o movimento religioso Liberal que dominou a Judiaria Alemã do século vinte.
“…A pressão de integração social na sociedade geral conduziu muitos a abandonar práticas que eles sentiam que levantavam uma barreira contra as relações sociais (por exemplo as leis dietéticas), enquanto a necessidade de ser economicamente competitivo forçou muitos a fazer negócios no sábado, o Shabat Judaico. Em acréscimo, muitos Judeus aculturados se encontraram a si mesmos repelidos pelo serviço tradicional Judaico por razões estéticas”.199
“Outro aspecto do Reformismo proximamente ligada à educação”, continua o Prof. Eugen Mosse, “foi a nova cerimónia da confirmação. Esta cerimónia, baseada em modelos Cristãos, destinava-se a suplementar (ou mais raramente, substituir) o tradicional Bar Mitzvá. Tantas meninas como meninos, ao se formarem na escola religiosa, lhes era dada uma prova oral pública sobre as bases da religião Judaica e eram então abençoados pelo rabino e formalmente introduzidos ao Judaísmo”.200
Assim, tal como aconteceu na Espanha alguns quatro séculos antes, os Judeus Reformistas estavam com efeito se tornando “conversos Ashkenazi”. De acordo com Donald L. Niewyk, Professor Emérito de História na SMU, “A vasta maioria dos Judeus era apaixonadamente comprometido ao bem-estar da sua única Pátria, a Alemanha”.201
E tal como aconteceu na Espanha, quando a maré começou a se virar contra os Judeus, e o antissemitismo começa a aumentar na República de Weimar da Alemanha, os Judeus foram alegremente esquecidos aos alarmes soantes. “Nem uns poucos viram o antissemitismo como um benefício positivo que podia impedir os Judeus da gradual amalgamação com a sociedade maior e derradeiro desaparecimento como um grupo religioso distinto,” narra o Prof. Niewyk.202 Sem reparar que deixar as nações nos mantem juntos em vez de o fazermos nós mesmos traz inimagináveis consequências, Dr. Kurt Fleischer, o líder dos Liberais na Assembleia da Comunidade Judaica de Berlim, argumentou em 1929 que “Antissemitismo é o flagelo que Deus nos enviou em prol de nos conduzir juntos e nos manter juntos”.203 Isto, novamente, prova certas as anteriormente citadas palavras do Prof. Cohn-Sherbok: “O paradoxo da vida Judaica é que … sem antissemitismo, podemos estar condenados à extinção”.204 Certamente, quão tragicamente todas elas são.
Como acabou por ser, Hitler, também, pensou que o Criador usava os Nazis para fazer a Sua obra. Em Mein Kampf, ele escreveu palavras semelhantes à afirmação mencionada acima de Isabel, rainha da Espanha, sobre o Senhor punir os Judeus através do rei: “A Natureza Eterna inexoravelmente vinga a infracção dos seus mandamentos. Assim hoje acredito que estou a gindo de acordo com a vontade do Todo-Poderoso Criador: ao defender a mim mesmo contra o Judeu, estou lutando pela obra do Senhor”.205
Uma vez que o Criador é a qualidade do amor e doação, o surgimento dos Judeus dos guetos expôs seu exílio dessa qualidade. Consequentemente, em vez de trazer solidariedade e responsabilidade mútua a suas sociedades anfitriãs, eles espalhavam egoísmo, que é ruinoso a qualquer sociedade, e desta forma foram encontrados com intolerância e repulsa pouco depois da sua aceitação. O filósofo e antropólogo Alemão, Ludwig Feuerbach, liga os Judeus ao egoísmo da seguinte maneira: “Os Judeus foram mantidos na sua peculiaridade até este dia. Seu pri ncípio, seu Deus, é o princípio mais prático no mundo – nomeadamente egoísmo. E além do mais, egoísmo na forma de religião. Egoísmo é o Deus que não deixa seus servos chegarem à vergonha. Egoísmo é essencialmente monoteísta, pois ele só tem um, único eu, como o seu fim”.206
Certamente, quem acolheria tamanha ameaça para a sociedade? É precisamente esse egoísmo que causa que toda e cada nação dentro da qual vivemos a repensar, e eventualmente se arrepender e repelir sua abertura.
A única coisa que tornou os judeus únicos e poderosos nos tempos antigos foi sua união, seu altruísmo, e como demonstramos, essa foi a única coisa que Abraão e Moisés desejavam dar ao mundo. Inicialmente as nações acolhem-nos no seu meio, subconscientemente esperando que partilhemos com elas essa qualidade. Mas ao descobrir que lhes estamos a dar o oposto, sua alegria torna -se desilusão e cólera. Enquanto continuarmos a desiludir as nações, continuaremos a receber o mesmo tratamento, e a tendência demonstra que os meios pelos quais elas mostrarão sua desilusão se tornarão cada vez mais duros.
A TERRA DAS POSSIBILIDADES ILIMITADAS
Assim que impregnado como uma força principal na Alemanha, o Judaísmo Reformista espalhou-se para os Estados Unidos, Hungria e u m número de países na Europa Ocidental. Este foi um resultado da emancipação da Judiaria Alemã.207 Um processo semelhante de dispersão ocorreu com o Judaísmo Conservador,208 e as duas denominações se tornaram as forças religiosas predominantes na Judiaria dos Estados Unidos a meio dos anos 1800.
Em Resposta à Modernidade: Uma História do Movimento do Reformismo no Judaísmo, o Professor Michael A. Meyer da HUC escreve que o Judaísmo Reformista na Alemanha constantemente teve de se defender a si mesmo de tanto o estabelecimento Ortodoxo impregnado e da intervenção governamental, estes impedimentos não existiam nos EUA. “Verdadeiramente, individual e coletivamente, os Americanos não eram inteiramente livres do preconceito”, Meyer acrescenta, “mas nos Estados Unidos não havia controle governamental sobre a religião, nenhuma igreja conservadora estabelecida para definir o padrão da vida religiosa”.209
Em Resposta à Modernidade: Uma História do Movimento do Reformismo no Judaísmo, o Professor Michael A. Meyer da HUC escreve que o Judaísmo Reformista na Alemanha constantemente teve de se defender a si mesmo de tanto o estabelecimento Ortodoxo impregnado e da intervenção governamental, estes impedimentos não existiam nos EUA. “Verdadeiramente, individual e coletivamente, os Americanos não eram inteiramente livres do preconceito”, Meyer acrescenta, “mas nos Estados Unidos não havia controle governamental sobre a religião, nenhuma igreja conservadora estabelecida para definir o padrão da vida religiosa”.209
Assim, o Judaísmo Reformista e Conservador encontra na América uma terra de possibilidades ilimitadas. A mentalidade da amalgamação com a sociedade anfitriã, predominantemente Cristã, finalmente encontrou solo fértil no qual crescer. De acordo com o Prof. Meyer, “Judeus Alemães nunca conseguiram sentir que eram realmente parceiros em moldar o destino da nação com a qual eles tanto se identificaram. Os Estados Unidos eram diferentes neste respeito também. Como todas as principais nações Europeias tinha achado seu próprio sentido profundo de missão, mas essa missão repousava sobre um destino não só não concretizado mas nem sequer totalmente determinado. Na América, os Judeus Reformistas podiam sentir que seu próprio conceito de missão podia ser cozido num sentido de propósito nacional rudimentar ainda maior”.210
Certamente, com a óbvia exceção de Israel, a contribuição dos Judeus para a formação de uma nação nunca foi mais substancial do que foi, e ainda é nos Estados Unidos. Seja na economia, entretenimento, educação, política ou qualquer outro aspecto da vida Americana, os Judeus desempenham um papel principal, se não condutor. Nunca em toda a história estiveram os Judeus numa posição melhor para concretizar o papel para o qual foram escolhidos. Eles estão embutidos em cada canto da vida pública Americana e impregnados nos meios que determinam o discurso público e a opinião pública. Considerando a predominância da cultura Americana mundialmente, os Judeus conseguem agora afetar mudanças que impactarão o mundo inteiro.
Colocando-o diferentemente, apesar do antagonismo para os Estados Unidos vindo de outras nações poderosas, a cultura global – e desta forma os padrões sociais – são ainda predominantemente Americanos. Os filmes dominantes vêm da América, a música pop vem principalmente da América, os principais canais de notícias vêm da América, e a Internet é dominada por empresas Americanas tais como a Google, Facebook, Microsoft, e Apple. Neste sentido, a América é para o mundo o que Nova Iorque é para a América – se você conseguir lá, conseguirá em qualquer lugar.
Os Judeus Americanos, desta forma, transportam uma responsabilidade maior por oferecer o que devem que qualquer outra Judiaria, talvez excluindo a do estado de Israel. Se a Judiaria Americana se une e projeta os valores da garantia mútua, o resto da sociedade Americana seguirá. Hoje, muitos Americanos não compreendem que os princípios sobre os quais o Sonho Americano foi formado já não são verdadeiros. O egoísmo feroz e um sentido excessivo de benefício pessoal consumiram tudo o que era bom sobre a liberdade de dizer o que se pensa, iniciar, trabalhar duro e ter sucesso e viver pela sua fé.
Há tanta violência, desconfiança, competição e exploração na sociedade americana que a menos que uma grande mudança ocorra muito em breve, a sociedade vai implodir. E se isso acontecer, os Judeus, como sempre, serão tidos como culpados. Argumentos sobre a contribuição Judaica para a ciência, cultura e economia serão refutados, e os Judeus serão os óbvios malfeitores aos olhos de todos. Antissemitismo que sempre esteve latente durante várias gerações rugirá para a superfície, e a repetição dos horrores da Alemanha Nazi não podem ser descartados.
Como vimos no decorrer deste livro, Judeus e não- Judeus em semelhança são profundamente conscientes de que os Judeus são essencialmente uma força de ação, uma unidade construída para uma missão muito específica. Em 1976 na Conferência Central de Rabinos Americanos (CCAR) adoptou uma plataforma que era intitulada, “Judaísmo Reformista: Uma Perspectiva Centenária”. Nessa plataforma a conferência anunciava, “Aprendemos que a sobrevivência do povo Judeu é a mais alta prioridade e que ao levar a cabo nossas responsabilidades Judaicas, ajudamos a mover a humanidade para sua concretização messiânica”.211
Certamente, atualmente, o povo Judeu são a única nação dentro da qual coesão e subsequente revelação, realização e aquisição da qualidade do Criador, a qualidade da doação, são possíveis. Nossa “concretização messiânica,” quer as delegações da conferência estivessem conscientes disso ou não, é para que todas as nações obtenham as qualidades supra mencionadas e desfrutarem de seus benefícios. Até que concretizemos nosso papel o mundo continuará a culpar-nos de cada adversidade e apuro que cai sobre ele. E quanto mais evitamos nossa missão, mais duramente eles nos forçarão de volta a ele.
O profeta Jonas deve ser um lembrete para cada Judeu que nossa vocação está pré- ordenada e não é negociável. Podemos segui-la voluntariamente e colher seus benefícios, ou segui-la involuntariamente e colher as punições do mundo, como a história provou tantas vezes.
Num espírito muito disposto, a seção final da plataforma é adequadamente intitulada, “Esperança: Nossa Obrigação Judaica”, Nessa secção, a CCAR assume um compromisso soberano (ênfases são do editor): “…nosso povo sempre recusou desesperar. Os sobreviventes do Holocausto, sendo concedidos com a vida, seguravam-na, nutriam-na, e, se elevando acima da catástrofe, demonstraram à humanidade que o espírito humano é indominável. O Estado de Israel … demonstra o que um povo unido consegue concretizar na história. A existência do Judeu é um argumento contra o desespero; a sobrevivência Judaica é uma garantia para a esperança humana.
“Nós permanecemos testemunhas de Deus de que a história não é sem sentido. Nós afirmamos que com a ajuda de Deus as pessoas não são impotentes para afetar seu destino. Nós nos dedicamos a nós mesmos, como fizeram as gerações de Judeus que vieram antes de nós, de trabalhar e esperar esse dia em que ‘Eles não magoarão ou destruirão de todo Minha montanha sagrada pois a terra estará cheia do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar”.212
Certamente, a história, especialmente a história Judaica, não é sem sentido. Ela tem um propósito educativo: nos ensinar nosso papel na vida e nos mostrar o caminho certo a partir do caminho errado, o caminho doce do doloroso. Todavia, é nossa escolha por que caminho queremos avançar.
Na sua “Introdução ao Livro do Zohar”, o Cabalista do século XX, Baal HaSulam, relaciona-se especificamente ao papel do povo Judeu deste tempo: “Tenha em mente que em tudo há interioridade e exterioridade. No mundo em geral, Israel, os descendentes de Abraão, Isaac e Jacob, são considerados a interioridade do mundo [mais próximos ao Criador], e as setenta nações [o resto das nações] são consideradas a exterioridade do mundo. …Também, há interioridade em cada pessoa de Israel – a Israel no interior – que é o ponto no coração [desejo pelo Criador, pela doação] e há exterioridade – as Nações interiores do Mundo [todos os outros desejos]…
“Quando uma pessoa de Israel aumenta e dignifica a sua interioridade, que é a Israel nessa pessoa, sobre a exterioridade, que são as Nações do Mundo nela … ao assim fazer, um faz os filhos de Israel pairar acima em interioridade, e exterioridade do mundo também. Então as nações do mundo … reconhecem e admitem o valor dos filhos de Israel.
“E se, Deus proíba, for ao contrário, e um indivíduo de Israel aumenta e valoriza a sua exterioridade, que são as nações do mundo nele, mais que a Israel interior nele, como está escrito (Deuteronômio 28), ‘O estranho que está no meio de vós’. Ou seja a exterioridade nessa pessoa sobe e paira, e você mesmo, a interioridade, o Israel em si, se afunda? Com estas ações, se causa a exterioridade do mundo em geral – as nações do mundo – a pairarem cada vez mais alto e superarem Israel, os degradando até ao chão, e os filhos de Israel, a interioridade do mundo, a mergulhar no fundo.
“Não fique surpreso que as ações de uma pessoa tragam elevação ou declínio ao mundo inteiro, pois é uma lei inquebrável que o geral e o particular são tão idênticos como duas ervilhas numa vagem. E tudo o que se aplica ao geral, se aplica ao particular, também. Além do mais, as partes perfazem o qu e se encontra no todo, pois o geral pode aparecer somente após a aparição das partes nele, correspondendo à quantidade e qualidade das partes. Evidentemente, o valor de uma ação de uma parte eleva ou declina o todo inteiro”.213
Além do mais, continua Baal HaSulam, “Quando se aumenta o trabalho na interioridade da Torá e seus segredos [esforço para alcançar o Criador], a essa extensão a pessoa faz a virtude da interioridade do mundo – que são Israel – pairar alto acima da exterioridade do mundo, que são as Nações do Mundo. E todas as nações reconhecerão e admitirão o mérito de Israel sobre elas, até à realização das palavras, ‘E o povo os tomará, e os trará ao seu lugar: e a casa de Israel os possuirá na terra do Senhor’ (Isaías 14, 2), e também ‘Assim disse o Senhor Deus, Eis, Eu levantarei minha mão para as nações, e definirei meus padrões aos povos: e elas vos trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas serão transportadas nos seus ombros’ (Isaías 49:22).
“Mas se, Deus proíba, é ao contrário, e uma pessoa de Israel degrada a virtude da interioridade da Torá e seus segredos, que lida com a conduta de nossas almas e seus graus [realização do Criador e a transmissão dessa realização] … [as nações] humilharão e desgraçarão os filhos de Israel, e considerarão Israel como supérflua, como se o mundo não tivesse necessidade deles”.214
Quando isso acontece, acrescenta ele, “a exterioridade do mundo inteiro, sendo as Nações do Mundo, se intensificam e revogam os Filhos de Israel – a interioridade do mundo. Em tal geração, todos os destruidores do Mundo levantam suas cabeças e desejam principalmente destruir e matar os Filhos de Israel, como está escrito (Yevamot 63), ‘Nenhuma calamidade vem ao mundo senão por Israel. ‘ Isto significa que, como está escrito acima nas correções, que eles causam pobreza, ruína, roubo, assassínio e destruição do mundo inteiro.”215
Em conclusão, se levarmos a cabo nosso papel e passarmos a luz da benevolência ao mundo, a qualidade do Criador, a interioridade de que Baal HaSulam fala, então “a interioridade das Nações do Mundo, os Justos das Nações do Mundo, dominarão e submeterão sua exterioridade, que são os destruidores. E a interioridade do mundo, também, que é Israel, subirá no seu mérito e virtude sobre a exteriorida de do mundo, que são as nações. Então todas as nações do mundo reconhecerão e admitirão o mérito de Israel sobre elas.
“E eles seguirão as palavras (Isaías 14:2), ‘E as pessoas os tomarão, e os trarão ao seu lugar: e a casa de Israel os possuirá na terra do Senhor”. E também (Isaías 49:22), “E eles trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas serão carregadas nos seus ombros”.216 (Repetição das citações está no texto original.)
Pode parecer uma tarefa robusta para um número tão pequeno de pessoa s fazerem diferença tão grande no mundo, mas na verdade, o sucesso enquanto uma nação e no sucesso de nossa missão, o próximo capítulo será dedicado às palavras de nossos sábios durante as eras como eles descrevem seus pensamentos sobre união. Subsequentem ente, examinaremos o meio pelo qual podemos alcançar essa união.