Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Pessoas Esfomeadas Engordam a ONU

“Mais de 20 milhões de pessoas enfrentam a fome.” Onde esteve a ONU até hoje? A comer às suas custas.

Em 20 de Dezembro de 2016, o site de Internet, Big Think escreveu sobre o lançamento pelo bilionário László Szombatfalvy de uma “competição internacional em prol de achar um sistema melhor de governação mundial.” Para explicar as razões por trás da competição, uma carta publicada na página da fundação afirma que “As maiores ameaças que hoje enfrentamos transcendem fronteiras nacionais, elas deste modo precisam de ser atendidas conjuntamente por todos os países baseando-se numa realização crescente de dependência mútua.”

E se uma pessoa se questionar por que o Sr. Szombatfalvy não abordou a ONU para este tipo de responsabilidade, pois essa deveria ser a entidade por defeito para levar a cabo nossas transformações globais, a página da fundação reflecte a visão do bilionário da ONU. Segundo o site, “Nosso presente sistema internacional, incluindo mas não limitado às Nações Unidas, foi definido noutra era após a Segunda Guerra Mundial. Ele não é mais adequado à finalidade de lidar com riscos do século 21 que podem afectar pessoas que vivem em qualquer parte do mundo. Urgentemente precisamos de novo pensamento em prol de atender à escala e gravidade dos desafios globais de hoje, que superaram a capacidade do presente sistema de lidar com eles.”

Certamente superaram. Há menos de uma semana atrás, Stephen O’Brien, o Coordenador das Nações Unidas para os Negócios Humanitários e Ajuda de Emergência, declarou que “mais de 20 milhões de pessoas de quatro países enfrentam a fome. Sem esforços colectivos e coordenados globalmente, as pessoas vão simplesmente morrer de fome. Muitas mais vão sofrer e morrer da doença.” Sr. O’Brien também disse que “$4.4 biliões eram necessários até Julho para evitar o desastre.”

O’Brien foi eleito há praticamente dois anos. Onde esteve ele durante os passados dois anos? Onde esteve a ONU? Fome de vinte milhões de pessoas, quase 1.4 milhões das quais são crianças, não acontece do dia para a noite. Por que é que a ONU não alertou o mundo que isto se revelava? Subitamente, imagens angustiantes de pequenas crianças emaciadas tomam conta dos feeds de notícias. Não podia ter sido soado o alarme mais cedo?

Tal como Sr. Szombatfalvy salientou no seu site, a ONU é uma entidade defunta e irrelevante. Ela está podre até ao núcleo. Os únicos interesses dos políticos e diplomatas que a servem estão nas suas folhas de vencimento para promoverem suas carreiras. Os biliões de dólares que a organização já recebe podiam ter curado os problemas do mundo várias vezes repetidas. Eles podiam ter enviado alguns milhões das 1.3 toneladas de comida em excesso deitada no lixo cada ano e solucionado esta crise, mas não têm interesse em fazer isso. Crianças esfomeadas abrem o caminho de donativos. Alimentá-las secaria o fluxo de dinheiro e mataria esta fábrica de dinheiro.

Para entender quão distorcida está a percepção da ONU em relação à sua tarefa, considere esta peça de informação sobre a UNICEF, Fundo de Crianças das Nações Unidas. Na sua página de Perguntas Frequentes, a UNICEF USA refuta o rumor “perverso” e não comprovado de que Caryl M. Stern, Presidente e CEO do Fundo Americano para a UNICEF, “ganha mais de 1 milhão de dólares.” Na verdade, a organização proclama, Srª Stern “ganha 521,820.” Certamente, um CEO que é um modelo exemplar de austeridade.

Em Busca de Governo Viável

Para “achar um sistema melhor de governo mundial,” como Sr. Szombatfalvy o colocou, precisamos de começar na causa raiz de todos os problemas. Em 1964, o laureado Prémio Nobel da física Dennis Gabor escreveu, “Até agora o homem tem estado contra a Natureza, daqui em diante ele estará contra sua própria natureza.” Mais de cinquenta anos depois, estamos ainda relutantes para aceitar a verdade destas simples palavras.

De facto, nos foi dito deste os tempos bíblicos que “A inclinação do coração do homem é má desde sua juventude” (Génesis 8:21), mas até recentemente, quando começamos a falar da epidemia de narcisismo que engole o mundo ocidental, obstinadamente tentamos contornar o problema em vez de solucioná-lo.

Com as eras, a humanidade experimentou todos os meios concebíveis de governo, da escravatura ao feudalismo, capitalismo, liberalismo, fascismo, nazismo, comunismo e todo o outro ísmo no meio. Mas se olhar para os anais da história, vai descobrir que temos balançado de uma brutalidade para a próxima. Mais que tudo, nossa história é um longo banho de sangue. Nós não encontramos um único meio de governo que seja tanto sustentável e que garanta o bem-estar de todos os seres humanos. E a razão de não o termos achado é que somos narcisistas e egoístas até ao cerne.

Portanto, se queremos de verdade nos ajudarmos e aos outros, precisamos de atender a dois problemas. O primeiro é a provisão de sustento. Num mundo onde tanta comida é perdida ou desperdiçada, é inconcebível deixar que outros seres humanos morram de fome. A comida já existe, então tudo o que precisamos é colectá-la e enviá-la para onde é necessária. O segundo problema no processo de cura é um programa educativo a longo prazo que vai prevenir que as crises reapareçam. Este é o problema sobre o qual gostaria de me focar.

Você Não Pode Saber a Menos Que Experimente

Numa palestra TED dada em Maio de 2010, o aclamado sociólogo e médico americano, Nicholas Christakis afirmou que os seres humanos formam uma espécie de super-organismo. Aproximadamente oitenta anos antes, o aclamado comentador do Livro do Zohar, Rav Yehuda Ashlag, escreveu que “Nós já chegamos a tal grau em que o mundo inteiro é considerado um colectivo e uma sociedade.” Ele também acrescentou que “na nossa geração, em que cada pessoa é auxiliada para sua felicidade por todos os países no mundo … a possibilidade e levar uma vida boa, feliz e pacífica num país é inconcebível quando assim não é em todos os países no mundo.” Ashlag admitiu que as “pessoas ainda não perceberam isto,” mas salientou que isso é somente pois “a acção vem antes do entendimento e somente acções comprovarão e vão empurrar a humanidade em frente.”

Por outras palavras, nós não sentimos que somos um único super-organismo (como Christakis o exprimiu) até que comecemos a agir como um. Assim que começarmos a “experimentar” com isto, subitamente vamos perceber que assim foi desde sempre, todavia estamos inconscientes disso.

Considere este facto interessante: A única nação que sobreviveu desde a antiguidade foi a nação judaica. As nações babilónia, grega e romana todas desapareceram. Somente o judaísmo permanece. Numerosos académicos, filósofos, filo-semitas e antissemitas questionaram, “Qual é o segredo da sua imortalidade?” como questionou Mark Twain sobre o Judeu.

A resposta é que há uma diferença fundamental entre os Judeus e todas as outras nações. O segredo para a resistência dos judeus é o adesivo da união. Os judeus originais eram completamente não afiliados, vindo de diferentes tribos e culturas. A única coisa que os mantinha juntos era a ideia de Abraão de que misericórdia e amor são as pedras basilares sobre as quais construir a sociedade e onde quer que irrompa o ego, eles o devem cobrir com amor em vez de lutar ou seguir rumos separados. Esta abordagem manteve os judeus juntos durante crises e guerras aproximadamente 1500 anos, desde o tempo de Abraão até à ruína do Segundo Templo há cerca de dois milénios atrás. Além do mais, a história nos comprovou que este “cimento” de união que cobre o egoísmo é tão forte que não só sustentou o povo judeu mais tempo que qualquer outra nação, mas os manteve intactos durante incontáveis tentativas de os destruir, dispersar e exterminar. Embora os judeus de hoje tenham esquecido o que os havia sustentado durante séculos, a força persistente desse adesivo ainda é forte o suficiente para manter esta nação em existência.

Implementar a União acima da Antipatia

Esta prova histórica é nossa chave para solucionar os problemas do mundo. União sobre o egoísmo é o único modo de governo que o mundo ainda não experimentou. Mas em face das presentes crises, o risco de outra guerra mundial, fome em massa, acelerado aquecimento global e poluição dos recursos naturais, penso que não temos outra escolha senão dar a esta abordagem uma consideração séria. Entre todas as pessoas, foi o notável antissemita Henry Ford que escreveu, “Os reformistas modernos, que constroem os sistemas sociais exemplares, fariam bem em olharem para o sistema social sob o qual os primeiros judeus estavam organizados.” Sobre este ponto, ele não podia estar mais certo.

Como disse Ashlag, “a acção vem antes do entendimento.” Hoje, implementamos o princípio da união acima da antipatia de facto. Após numerosos eventos bem sucedidos de união por todo o mundo, incluindo em zonas de conflito tais como Israel, com os Árabes e Judeus (Exemplo 1, Exemplo 2, Exemplo 3 [o último está em Hebraico, active a opção de legendas]), estamos certos que podemos reinstalar o método de nosso antepassado em larga escala. Até pessoas que experimentaram esta noção independentemente, após lerem meu livro, Completando o Círculo: um método empiricamente comprovado para achar a paz e harmonia na vida, testemunharam o seu impacto positivo nas suas vidas.

Na minha visão, até que lidemos com a raiz do problema, que é o egoísmo na natureza humana e o fizermos especificamente do modo que Abraão legou aos seus discípulos, conectando acima da sua animosidade, não encontraremos remédio para nossos males. A noção de que não precisamos de suprimir nossos egos indisciplinados, mas simplesmente nos esforçamos por nos unirmos acima deles pode ser uma ideia nova para alguns, mas na minha visão, esgotamos as opções e este é o único modo de poupar a humanidade de tormento desnecessário.

Finalmente, aconselharia o Sr. Szombatfalvy, que se ele desejar experimentar o método de conexão de Abraão e ajudar o mundo a “achar um sistema melhor de governo mundial,” como ele o colocou, a levar nossos materiais gratuitos e os espalhar por todo o mundo. Nossa organização sem fins lucrativos voluntária dá o seu máximo para circular esta noção de união. Se ele ou qualquer outro indivíduo capaz e entendedor nos puder assistir nesta tarefa, ficaríamos mais que felizes em fornecer o que for necessário.

Publicado originalmente no Haaretz

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