“Das trevas veio a luz e da ocultação veio e revelou o abismo. Um saiu do outro. Do bem veio o mal e da misericórdia veio o julgamento. Todas as coisas estão incluídas umas nas outras, a boa inclinação e a má inclinação, direita e esquerda, Israel e o resto das nações, branco e preto. Todas as coisas dependem umas das outras.”
– O Zohar, Kedoshim, 7-8.
Os Cabalistas acrescentam à celebração dos 70 anos do Estado de Israel uma razão adicional para celebrar: que no Estado de Israel, uma grande emancipação espiritual está a começar a tomar forma passados 2000 anos de exílio espiritual.
Trevas e luz, descidas e subidas, exílio e glória, todos são característicos do povo de Israel, antigo e moderno. Nós desfrutamos de estados de união e amor fraterno floridos no tempo do Primeiro e Segundo Templos. Nós atravessamos estados de amarga derrota, onde o ódio infundado rompeu nossa união, permitindo ao império romano tirar proveito da nossa desunião e trazer com isso a ruína do Templo.
No exílio, até quando separados e dispersos pelo mundo, achamos maneiras de prosperar e desenvolver o países onde nos estabelecemos, deixando nossa marca na educação, economia, ciência, tecnologia, legislação e sociedade. Contudo, enquanto fazendo isso, dado que há uma expectativa semeada no subconsciente da humanidade sobre o povo de Israel trazer um tipo completamente diferente de prosperidade e crescimento que a versão materialista que trouxemos até agora, então temos sido atormentados com o constante fenómeno do antissemitismo: desde difamação ao libelo de sangue, até aos devastadores pogroms e ao Holocausto.
Passado o absoluto horror que milhões de nossos antepassados experimentaram no Holocausto, o mundo teve misericórdia de nós e apoiou o estabelecimento do nosso novo lar nacional: o Estado de Israel. Todavia, não passou sequer um dia de saborear nossa independência e novamente estamos em guerra para preservar aquilo que nos foi dado.
Setenta anos passaram. Guerras e instabilidade com toda nossa nação vizinha estimularam o desenvolvimento de um exército bem equipado que foi classificado como a força aérea mais poderosa do mundo. Lutas para construir infraestruturas e desenvolver exportações numa terra que fornece poucos recursos naturais foi o catalizador de nos tornarmos uma das nações mais avançadas tecnologicamente.
Tudo o que resta é reacender o amor nacional que está a murchar, reanimando a essência nacional que tem estado inactiva há 2000 anos, nos despertando para a união e iluminando a luz que a humanidade espera subconscientemente de nós.
Portanto, fico muito feliz que nos 70 anos da independência de Israel, nos foi dada uma oportunidade de ouro para orgulhosamente transportar a sabedoria da verdade e a publicitar. Passados 2000 anos de sobes e desces, luz e trevas, glória e exílio, o véu foi levantado da sabedoria de Israel – a sabedoria da Cabala – e nos estamos a tornar maduros para começar a utilizá-la para realizarmos nosso verdadeiro papel no mundo: alcançar “ama teu amigo como a ti mesmo” e “cada um ajudará seu amigo” em prol de nos tornarmos “uma luz para as nações.”
Como com o desenvolvimento de um fruto, nossa pele exterior está a ficar mais rigida, todavia a parte doce interior ainda está escondida por dentro. A hora chegou de aprender como podemos descascar esta pele e expor a parte doce e interior de Israel ao mundo.
A transição anual do Yom HaZikaron, o dia no qual prestamos homenagem aos soldados caídos de Israel e vítimas do terrorismo, para o Dia da Independência, em que celebramos o estabelecimento do Estado de Israel, é simbólica do modo como só podemos experimentar uma subida depois de uma queda. O povo de Israel experimenta trevas e luz adjacentemente e ganhamos discernimentos destes estados combinados. Nossa lembrança e nossa independência são como um, de manhã lamentamos e à noite celebramos. “E houve tarde e houve manhã, o primeiro dia” (Gênesis 1:5).
Publicado originalmente no Breaking Israel News