O resultado das eleições americanas revela a natureza dupla do Liberalismo, o expondo pela ideologia fascista que ele se tornou.
A resposta branda do CEO da Uber à proibição de imigração de três meses do Presidente o colocou no alvo dos fanáticos liberalistas, que se consideram “progressistas”. A mesma coisa aconteceu com o menino de poster de Silicon Valley, o empresário bilionário Elon Musk, por não criticar a proibição com mais resolução. Estes dignitários intimidados não concordaram com Trump. Seu único “pecado” foi que não o castigaram com uma torrente de insultos e palavrões, como é habitual nos nossos dias entre a “esquerda iluminada.”
Antes das eleições, a imprensa estava preocupada com a pergunta, “O que acontece se Donald Trump perder?” O repórter do Los Angeles Times, Doyle McManus, tal como qualquer outro jornalista liberalista, não considerou sequer a possibilidade de Trump vencer, e concluiu que após a perda de Trump, “É difícil imaginar que Trump simplesmente desapareça.”
Mas Donald Trump venceu e sua vitória surpreendente expôs a verdadeira face do liberalismo progressista na América. Há amplos exemplos da natureza não-democrata do liberalismo americano de hoje, tais como a sua mais recente tentativa de constranger a formação do governo do país. Todavia, talvez o testemunho mais autêntico que vi veio de um estudante meu que me escreveu sobre a situação no Nordeste, sob a condição do anonimato pelo medo de retaliação dos “liberais” e “progressistas.” Abaixo está apenas um pouco daquilo que escreveu o meu estudante.
Uma Inteira Geração Foi Educada em Fantasia [título dado pelo estudante]
Nós crescemos nessa bolha liberalista, uma terra de fantasia. Nossas aulas de inglês exigiam que lêssemos livros liberalistas que defendiam os apuros das minorias imigrantes enquanto condenavam o ocidental como o perpétuo antagonista.
Gosto de pensar que tenho um compasso moral decente. Não tenho prazer em discordar da tendência. Uma pessoa fica aterrorizada de dizer que ela não é liberal. As universidades e escolas nos educaram para respirar a noção que os não-liberais são racistas, retrogrados, brancos, velhos, homens e intolerantes.
Neste momento, aquilo que vejo na esquerda-liberal é a nova ideologia fascista. Eles são pelo menos o grupo embrionário neste país. De alguma forma, chegámos ao ponto onde nossa sociedade se encontra numa casca de ovo de politicamente correcto. Tudo é racista. Jerry Seinfeld fez uma piada sobre o seu amigo cujo último nome é black (negro). Ele disse ‘A vida de Black importa.’ Teve piada, mas Seinfeld foi quase crucificado por racismo. Isto é uma doença.
Eu sou progressista. Defino o meu progressismo como abertura para todas as opiniões, desafiando todas as coisas. Eu também me vejo como um campeão dos oprimidos. Os oprimidos neste momento são os eleitores de Trump – as pessoas que não são representadas por Hollywood, os media, ou as instituições tecnológicas e financeiras onde os imigrantes de visto H-1B têm todos os empregos de bom salário.
Fico muito alarmado com a insensibilidade da minha geração para aqueles que têm uma opinião diferente da deles. Trump obviamente não está sempre certo. Mas a birra de temperamento que a esquerda e a minha geração têm neste momento não me excita. Eles se sentem no direito e são TRISTES!
Do Sentido de Direito ao Fascismo
No final dos anos 40, Baal HaSulam, o pai do meu professor e autor do comentário Sulam (Escada) sobre O Zohar, escreveu sobre os problemas inerentes à democracia na sua compilação, Os Escritos da Última Geração. Segundo Baal HaSulam, “Não devemos aprender das democracias modernas, pois elas usam várias tácticas para enganar o eleitorado. Quando [os eleitores] se tornarem mais sábios e entenderem a astúcia deles [dos seus líderes], a maioria certamente vai eleger uma gestão de acordo com o seu espírito. E a principal táctica deles [seus líderes] é de primeiramente criarem uma boa reputação para as pessoas e as promoverem seja como sábias ou como justas e então as massas acreditam e as elegem. Mas uma mentira não dura para sempre.”
Além disso, mais tarde no livro, escreve Baal HaSulam, “A realidade prova que o passo que se segue à ruina de um governo democrata é aquele dos Nazis ou Fascistas. …Quando quer que o governo democrata seja arruinado, um regime fascista ou Nazi o vai herdar.” Certamente, a exposição do fanatismo do liberalismo americano comprova que a análise de Baal HaSulam estava correcta. Os “liberalistas” estão a mostrar as suas verdadeiras faces fascistas. Ironicamente, foi o autor e jornalista progressista liberal, Nicholas Kristof, quem melhor descreveu a dicotomia numa coluna que escreveu para o The New York Times intitulada, “Uma Confissão sobre a Intolerância Liberalista.” Segundo Kristof, “Nós os progressistas devíamos fazer uma pausa de atacarmos o outro lado e incorporar mais amplamente os valores que supostamente acarinhamos – como a diversidade – nos nossos próprios domínios.” Hoje, sem as medidas adequadas para remendar a trajectória perigosa da América, as precipitações para a sociedade americana e para o mundo no geral podem ser horrendas.
Estabelecer Pluralismo Sustentável
Um governo cujos líderes estão em posse durante um período fixo e relativamente curto de tempo requer certas condições prévias em prol de ter sucesso. Enquanto os limites do termo garantem que nenhum líder se torne um monarca, eles também obrigam os candidatos a competir pelos fundos eleitorais e procurarem o benefício dos seus grande doadores em cada quatro anos. Isto inevitavelmente torna os decisores e líderes reféns nas mãos dos poucos poderosos que executam seus honorários após a eleição, em completa desconsideração pelo interesse do público. O resultado inevitável deste sistema distorcido é uma marcha de presidentes fantoche que dançam para as ditaduras dos seus doadores, como vimos durante as passadas várias décadas. A elite rica são os verdadeiros governantes dos Estados Unidos; o “governo” – um reality show.
Como disse Baal HaSulam na citação acima, os chefe de estado de hoje não podem ser eleitos a menos que sejam publicitados como uma comodidade até que o público “compre” as histórias que são vendidas sobre eles. Em tal estado, o presidente não é eleito baseado nas aptidões de liderança, mas baseado nas aptidões de representação e simpatia. São estes os critérios certos para escolher o líder de uma nação?
Para eleger bons líderes, o povo deve determinar aquilo que ele quer ver num líder. Se o eleitorado tem o interesse da nação inteira no coração, ele vai eleger líderes baseando-se no interesse da totalidade do país. No caso da América, para que as pessoas tenham uma ampla visão elas devem se preocupar com a América e especialmente com o povo americano, todo o povo americano.
Lições do Passado
Na era de hoje de extremo egocentrismo, o único modo de restaurar a estabilidade da sociedade americana é abraçar o pluralismo em vez de o rejeitar. Se o fígado e o coração lutassem por sangue por ambos precisarem dele para sobreviver, nós morreríamos. Mas sua funcionalidade complementar garante que tenhamos um fluxo sanguineo livre de toxinas para o corpo inteiro.
Similarmente, toda a pessoa na humanidade é importante pois a saúde e força são alcançadas quando nos unimos acima das nossas diferenças e não quando nos esgotamos tentando ser o último de pé. A batalha constante que travamos uns com os outros é exactamente como o câncer se comporta para com o resto do corpo e sabemos como isto termina para o câncer e para nós.
Quando os antigos israelitas se conectaram acima das suas diferenças, eles conseguiram construir uma nação de milhões de indivíduos separados. Assim que juraram se unir “como um homem com um coração,” lhes foi dada a tarefa de transmitir o método para a conexão ao resto do mundo. A Torá definiu esta tarefa como serem “uma luz para as nações” pois a desunião de hoje está a “escurecer” a vida das pessoas. Quando a depressão, violência e alienação estão a engolir toda a humanidade, a união é a única luz possível no final do túnel, por muito ofuscada ou fraca que seja.
Em Olat Raiah, o grande Rav Kook escreveu, “União que procura o benefício de cada indivíduo é insustentável. Até quando ela parece crescer, acabará numa chama de ódio e guerra entre irmãos, uma vez que cada um puxa na sua própria direcção. Todavia, união que deriva de reconhecer o valor do amor pelos outros durará e se fortalecerá com o tempo.”
Certamente o método de Israel para alcançar a união pode ter sucesso precisamente num estado de desintegração social e alienação pois ele está concebido para tal estado. Ele não lamenta as fricções, ele as abraça como ferramentas para alcançar maior união e coesão social.
Meus estudantes por todo o mundo levam a cabo esse método, ao qual chamaram, “Educação Integral” e provam repetidamente que as pessoas de diferentes fundos se conseguem unir se estiverem dispostas a se elevarem acima das suas diferenças. Elas não precisam de suprimir suas visões como os apoiantes intimidados do Presidente.
Penso que a força da América e sua estabilidade são demasiado importantes para o mundo para que este país se comporte negligentemente. Penso que ele deve reinstalar o valor de abraçar todas as visões. Somente quando a América fizer isto pode ela começar a cuidadosamente abrir suas portas para os imigrantes. Porém, até então isso deve ser feito sob a condição que os imigrantes também abraçam os valores do pluralismo e união como base da democracia.
Nos anos vindouros, os desafios globais vão aumentar e se intensificar. A base para lidar com sucesso com estes desafios é a união. Se a América estabelecer isto, ela terá sucesso. Se não, ela vai acabar como a Europa.
Publicado originalmente no The Jerusalem Post